Filosofia antiga e medieval
Talvez nada caracterize melhor o ser humano do que a consciência, isto é, o desenvolvimento dessa atividade mental que nos permite estar no mundo com algum saber, “com-ciência”. Por isso, a biologia classifica o homem atual como sapiens sapiens: o ser que sabe que sabe. Isso significa que o homem é capaz de fazer sua inteligência debruçar sobre si mesma para tomar posse de seu próprio saber, avaliando sua consistência, seu limite e seu valor.
O animal sabe. Mas, certamente ele não sabe …exibir mais conteúdo…
Quando falamos em mito num sentido antropológico, que é o que nos interessa aqui, queremos nos referir às narrativas e ritos tradicionais , integrantes da cultura de um povo, principalmente entre as populações primitivas e antigas, que utilizam elementos simbólicos para explicar a realidade e dar sentido à vida humana. Para o especialista romeno em história das religiões Mircea Eliade (1907-1986): “ O muito conta uma história sagrada: ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial (...) O mito narra como, graças às façanhas dos entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir”.
Através dos mitos , os homens procuravam explicar a realidade e, a partir dessa explicação, criavam meios para, por exemplo, se proteger dos males que os ameaçavam. Por intermédio de ritos sagrados, afirmavam e renovavam suas alianças com os seres sobrenaturais e, com isso, produziam uma sensação de amparo diante dos perigos da vida.
Embora não fosse um conhecimento do tipo racional, conforme veremos adiante, a consciência mítica mostrava-se operativa, isto é, trazia resultados , transmitindo valores e normas de conduta desejados pelas sociedades. Nesse sentido, as lendas míticas de vários povos são ricas em metáforas e reflexões sobre os homens