Ficha Formativa de Português
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Era um veado florido. Belo e acetinado, como os outros, corpo flexível, patas finas e focinho aguçado, humedecido de ternura. Mas, nas longas e recortadas hastes que lhe ornavam a cabeça, tinha flores. Eram brancas e tinham folhas, folhas de um verde luzidio e quase transparentes. Por ser um veado florido, era muito cobiçado e pretendido. (...) Um dia , enquanto pastava, um homem aproximou-se. O veado estacou quando o homem estacou. Parado no verde-escuro das sombras, parecia dizer-lhe: « Vem admirar-me de perto. Vem! ». Ele foi e o veado não fugiu. Queria que lhe fizessem festas. Gostava muito de festas.
Quem me dera este veado para a colecção do meu amo – pensou , em voz alta , o homem.
Prendeu o veado com uma rede, amarrou-o bem e levou-o consigo. Nunca caçara presa tão valiosa. Que bela recompensa iria receber!
Mas, pelo caminho, notou que as hastes do veado se despiam de folhas. As flores caíam. Quis guardar uma , mas ela desfez-se-lhe nas mãos. Olhou para as árvores em volta. Também não tinham folhas. E o criado julgou compreender:
É isso! Visto que estamos no Outono, caem as folhas das árvores e dos veados.
E o criado prosseguiu o seu caminho, satisfeito da vida, em direcção ao palácio do seu amo, homem rico e bem conceituado.
Trazes-me um veado insignificante. Não tenho lugar para tais bichos – disse-lhe o amo.
Espere Vossa Senhoria pela Primavera e verá como das hastes hão-de nascer flores