FABULAS
FÁBULAS
TEXTO 1: O ESCULARÁPIO (Millôr Fernandes)
Um escularápio foi chamado para tratar de uma rica senhora que sofria de catarata.
Sendo, porém, desonesto, o nosso querido amigo sempre que ia visitar a rica velha furtava-lhe um objeto precioso. Quando acabaram os objetos preciosos, ele começou, despudoradamente, a levar-lhe também os móveis, um a um. Afinal, certo dia, não tendo mais o que roubar, deixou de visitar a velha. Mas não contente com isso sapecou-lhe em cima uma conta terrível, capaz de abalar mesmo a fortuna do mais rico catarático. A velha protestou, dizendo que não pagava, e a coisa foi parar no tribunal. E foi no tribunal que a velha declarou o motivo de sua recusa em pagar. Disse: “Não posso pagar a conta do senhor esculápio, do doutor médico, porque eu estou com a vista muito pior do que quando ele começou a me tratar. No início do tratamento eu ainda via alguma coisa. Mas, agora, não consigo enxergar nem os móveis lá de casa”.
Moral: A extrema desonestidade acaba visível mesmo para um cego.
VOCABULÁRIO:
Abalar = causar abalo, sacudir, estremecer, diminuir a solidez.
Catarata = defeito da vista que consiste na perda da transparência do cristalino; o cristalino fica opaco, impedindindo que os raios luminosos cheguem à retina.
Catarático = indivíduo que sofre de catarata.
Despudoradamente = desavergonhadamente, desonestamente.
Esculápio = médico. (Deus da medicina na mitologia greco-romana).
Escularápio = palavra criada pelo autor