Essência e aparência: aspectos da análise da mercadoria em marx
“Quanto à economia vulgar, ela se vangloria, aqui como em toda parte, com as aparências, para negar a lei dos fenômenos. Ao contrário de Spinoza, acredita que ‘a ignorância é uma razão suficiente’”.
É nesses termos que Marx avaliou, em numerosas oportunidades, a distância que separa a economia vulgar da economia política clássica e, a fortiori, da crítica que ele próprio fez a respeito desta última; ele nos fornece, ao mesmo tempo, uma concepção da condição mínima necessária a que deve satisfazer todo trabalho que ambicione revestir-se de um caráter científico: que esse trabalho abarque a realidade além da aparência que a esconde. …exibir mais conteúdo…
Nunca se sublinhará demasiado essa afirmação. Ela representa um primeiro passo para a compreensão do que o fetichismo implica. Marx escreve:
“...os trabalhos privados não se manifestam na realidade como divisões do trabalho social, senão pelas relações estabelecidas pelo intercâmbio ente os produtos do trabalho e, indiretamente, entre os produtores. Disso resulta que, para esses últimos, as relações internas a seus trabalhos privados aparecem tais como, isto é, não relações sociais imediatas das pessoas, em seus próprios trabalhos, mas, antes, relações sociais entre as coisas”.
É justamente por não serem essas relações de valor nem imaginárias, nem ilusórias, mas reais, que Marx pode fazer o juízo seguinte:
“As categorias da economia burguesa são formas do intelecto que possuem uma verdade objetiva, enquanto refletem relações sociais reais, mas essas relações não pertencem senão a essa época histórica determinada em que a produção mercantil é o modo de produção social”.
A desmistificação se realiza por meio de uma desnaturalização que não é a mesma coisa do que uma desobjetivação. Até a destruição da sociedade burguesa, o capital permanece forma objetiva, objeto social, cujo conteúdo e essência são acumulados pelo trabalho, objeto social que domina os agentes dessa sociedade. É dessa maneira que se deve aprendê-lo.
“O movimento das trocas dá à mercadoria por ele transformada em