E o sonho acabou?
Clementina era pequena e não se lembrava de muito, tudo o que sabia tinha sido contado por alguém. Sua mudança veio em um carroção de boi que trouxe também seu pai e seus irmãos mais velhos: Jorge com 16 anos e Álvaro com 14 anos. Ela, sua mãe e seus outros irmãos vieram de trem até Matão, onde já havia uma camioneta pé-de-bode esperando por eles a mando de seu Ludovico, o dono da fazenda do Quadro. Era uma manhã de céu azul e sol quente, enquanto seu pai e os maiores descarregavam a mudança, sua mãe os menores foram conhecer a casa. Eulina com 13 anos, Rosa tinha 11, o penúltimo era Moisés de 5,e por último é claro Clementina a caçula. Enquanto terminavam de descarregar a mudança, sua mãe começou a limpar a casa: Álvaro! Encontre a vassoura, Moisés o balde? Rosa, Eulina, vão buscar água na bica! E com a distração da limpeza sua mãe pensava: Agora se Deus quisesse tudo ia ser diferente! Acabariam os dias de angústias, de fome e todas aquelas dificuldades. Os Malangolini já haviam trabalhado em muitas fazendas, mas em nenhuma tinha dado sorte, sua mãe tratou logo de afugentar tais pensamentos. Cansada, Clementina começou a choramingar gritando pelo neve, neve, cadê o neve? Abrindo um berreiro por causa do gato, ao ver isso seu pai pegou o engradado, tirou o bichano e a entregou. O efeito foi imediato, Clementina sentou-se no chão e começou a fazer cafuné ficando quieta com o seu gato. Seu pai era um italiano forte, gesticulador e estava muito feliz