Dona Inácia conta a Missa do Galo
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Pelos anos de 1861 e 1862 recebi como hóspede em minha casa um rapaz que veio de Mangaratiba, deveria ter seus dezessete anos, Sr. Nogueira. Ele era primo da ex esposa do escrivão Meneses, na época ainda casado com minha filha, Conceição. Nossa família era pequena: minha filha e eu, o escrivão e duas escravas, mesmo assim o acolhemos bem. Nas ocasiões em que o Sr. Meneses começava a falar de sua apreciação pelo teatro, já sabíamos todas, inclusive as escravas, que ele não dormiria em casa. Quando seu romance com uma senhora separada do marido chegou aos ouvidos de Conceição, a pobrezinha padecera a princípio,mas acabou acostumando-se com a ideia. Na noite de Natal, foi o Sr. Meneses ao teatro. O Sr. Nogueira decidiu que ficaria acordado para ir à missa do galo e combinou de chamar o vizinho, que o acompanharia, à meia noite. Perguntei o que faria ele durante todo o tempo de espera. - Leio, D.Inácia – Respondeu-me o rapaz. Recolhemo-nos às dez horas da noite como de costume e Nogueira meteu-se na sala da frente carregando no braço o romance os Três Mosqueteiros. Adormeci por pouco tempo. Acordei incomodada com um barulho proveniente da escada, que era de madeira e já estava velha. Parecia ser alguém descendo até a sala de jantar. Verifiquei o relógio e havia se passado somente uma hora desde que me deitara. - Só pode ser Conceição. – pensei eu. Fechei os olhos na