Consumindo o “outro” - branquidade, educação e batatas fritas baratas michael w. apple
5052 palavras
21 páginas
Consumindo o “outro” - Branquidade, educação e batatas fritas baratas Michael W. Apple
Comendo Batatas Fritas Baratas
O sol se refletia no teto do pequeno carro, enquanto percorríamos a estrada de pista simples. O calor e a umidade faziam-me perguntar se sobraria algum líquido no meu corpo, ao fim da viagem, e levava-me a apreciar os invernos de Wisconsin mais do que seria de se esperar. A idéias de inverno parecia muito remota, neste pequeno país asiático pelo qual eu tenho grande apreço, mas o assunto em discussão não era o clima, eram as lutas dos educadores e ativistas sociais para construir uma educação que fosse consideravelmente mais democrática do que aquela vigente no país, no momento. O tópico era perigoso. Discuti-lo filosófica e formalisticamente em termos acadêmicos era tolerado. Trazê-lo abertamente à discussão e situá-lo dentro de uma séria análise das estruturas de poder econômico, político e militar que agora detêm o controle sobre tantas coisas na vida diária desse país é uma outra questão.
À medida que progredíamos por aquela estrada rural, no meio de uma das melhores conversações que já tive sobre as possibilidades das transformações educacionais e das realidades das opressivas condições que tantas pessoas estavam enfrentando naquela terra, meu olhar da alguma forma foi atraído para um dos lados da estrada. Num daqueles acontecimentos quase acidentais, que esclarecem e cristalizam o que realidade é realmente, meu olhar caiu sobre um objeto