Comportamento humano nas organizações
Quando a cervejaria belga Interbrew comprou a brasileira AmBev, em março de 2004, esperava-se mais um típico choque cultural, em que os valores e crenças da empresa adquirente invadem a cultura adquirida. Nesse caso, entretanto, parece que Davi ”engoliu” Golias. Na verdade, não se tratava exatamente de um confronto entre Davi e Golias (os acionistas da AmBev ficaram com 25 por cento do capital da nova organização): estava mais para uma disputa entre um briguento Pit Bull e um pacífico São Bernardo. Nesse cenário, ocorreu o que se classifica como um “reverse takewer” no jargão empresarial: foi a cultura agressiva e focada em resultados da AmBev que prevaleceu no choque entre os valores das duas companhias.
Controlada por ex-banqueiros, a AmBev, originada da fusão entre a Brahma e Antarctica, tem uma cultura bastante forte. A agressividade comercial e a meritocracia fazem que o clima interno seja de grande competitividade, uma vez que a parcela de remuneração variável é bastante superior a média do mercado mundial. Na empresa, focam-se a eficiência e o bom desempenho. Além disso, a informalidade é vista como regra, o que pode ser percebido tanto nas roupas simples quanto na comunicação dos funcionários e executivos. Para ser ter uma idéia, na linguagem coloquial da AmBev, é comum o uso de palavrões.
A Interbrew, por sua vez, era uma empresa controlada por tradicionais famílias aristocráticas belgas. Em função disso,