As duas faces de lolita

3873 palavras 16 páginas
AS DUAS FACES DE LOLITA: O JOGO DE PARADOXO NA OBRA DE VLADIMIR NABOKOV
Resumo: O objetivo deste artigo é fazer uma breve análise do romance Lolita do russo Vladimir Nabokov com o intuito de mostrar a existência de paradoxo envolvendo os personagens principais Humbert Humbert e Dolores Haze (Lolita). Através do jogo paradoxal, o autor possibilita ao leitor a interpretar o texto de várias formas, assim também, como a amar ou odiar os personagens. Dessa forma, caberá ao leitor tirar suas próprias conclusões com relação ao caráter dos personagens.

INTRODUÇÃO “Mas, seria Humbert um pedófilo ou um simplesmente um homem apaixonando por uma ninfeta?” ou ainda, “Lolita é uma vítima ou uma ninfeta manupuladora?” Estas são perguntas que fazem
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2006)
Partindo desses conceitos sobre perversão e considerando as várias possíveis interpretações do texto de Nabokov, Humbert seria considerado um perverso, um pedófilo incurável, sendo assim definido pelo próprio personagem como podemos notar no seguinte trecho: Eu seria um hipócrita se dissesse – e o leitor um tolo se acreditasse – que o choque de perder Lolita me havia curado da pedofilia. Minha maldita natureza não podia mudar, por mais que eu mudasse meu amor por Lô. Nas praias e nas pracinhas, meu olhar soturno e furtivo continuava a procurar, contra minha vontade, um clarão de um braço ou de uma perna de ninfeta, ou dissimulados anúncios de escravas, das damas de honor de Lolita.(p.290) Além do trecho citado anteriormente, muitas são as passagens que condenam Humbert Humbert por seus abusos contra Lolita, assim também como alguns autores estudiosos da perversão dentro do romance Lolita. No artigo “Lolita, de Vladimir Nabokov: A História de um Pedófilo”, Reinaldo (2010) define o personagem Humbert, citando o dr.John Ray: Falando sobre o livro, o dr.John Ray, Jr. Doutor em filosofia, declarou: "Não tenho a menor intenção de glorificar "H.H.". Trata-se, sem dúvida, de uma pessoa horrível a abjeta, notável exemplo de lepra moral, que assume um tom feroz e jocoso talvez para esconder o mais profundo sofrimento, mas não inspira simpatia. (...) A sinceridade desesperada que permeia sua confissão não o absolve dos pecados

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