VERSO, MÉTRICA, RIMA E MUSICALIDADE

Antes que possamos estudar o verso, a métrica, a rima e a musicalidade, precisamos aprender (ou recordar) um conceito básico, característico do texto poético, chamado “acentuação”.
A acentuação se dá pela disposição das palavras utilizadas num verso e a posição que ocupam, dentro do verso, as sílabas tônicas de cada uma. A posição das sílabas tônicas é encontrada a partir da divisão silábica poética, que pode (ou não) ser diferente da divisão silábica gramatical.
Por exemplo, no verso abaixo, a contagem das sílabas poéticas e gramaticais são idênticas (as sílabas tônicas estão marcadas em negrito):

“No berço pendente de ramos floridos” (Casimiro de Abreu)

Separação silábica gramatical: No / …exibir mais conteúdo…

Vejamos:

João saiu para comprar leite.

Analisando esta frase, será que poderíamos chamá-la de “verso”? Assim como está, solta, certamente não. Talvez, se estivesse inserida em um “contexto poético” (um poema), pudesse assim ser classificada, mas, mesmo assim, seria um verso muito, muito, muito pobrezinho.

Vamos analisá-la utilizando o recurso aprendido na introdução, de divisão silábica e de acentuação: Jo / ão / sa / iu / pa / ra / com / prar / lei / te.

Credo! Que loucura, Jorge!

Esquematizando: A - T - A - T - A - A - A - T - T - A

Percebe-se, facilmente, que a frase não tem qualquer “ritmo”, não tem “sonoridade”. Também não tem nenhuma força imagética, isto é, ao leitor não vem qualquer outra imagem a não ser a passada pela informação de que “João saiu para comprar leite”! Assim, dificilmente poderíamos classificá-la como sendo um “verso” (vale reforçar: lembramos que estamos analisando a frase fora de um “contexto poético”, portanto, dependendo da situação, ela podería, sim, ser um “verso”).

Agora vamos analisar esta outra:

O leite amadurecia quente sobre a mesa.

Dividindo: O / lei / te a / ma / du / re / ci / a / quen / te / so / bre a / me / sa
Esquematizando: A - T - A - A - A - A - T - A - T - A - A - A - T - A

Apesar de não ter um andamento sincopado (ou seja, um tempo de “silêncio”, ou fraco, entre uma sílaba tônica e outra,