Analise semiótica do poema “amor é fogo que arde e não se ver”, camões, luís

948 palavras 4 páginas
Soneto de Luís de Camões por Gaby Carvalho¹

Introdução

Escrito em 1595, Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto, ou seja, é composto por 14 versos decassílabo, desenvolvido em dois quartetos e dois tercetos, se apresenta no estilo mais utilizado por Camões; o Lírico. Apresenta-se em enunciados opositores, se contradizendo em cada verso. Um fator interessante desse poema é seu início com a palavra AMOR em destaque e seu fim, ressaltando o caráter contraditório da temática.

Amor é fogo que arde sem se ver
Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a
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[C]

Mas como causar pode seu favor [D] nos corações humanos amizade, [C] se tão contrário a si é o mesmo Amor? [D]
Onde a primeira estrofe ABBA permanece ABBA na segunda e a penúltima estrofe CDC rima com a última alternada DCD. Outra característica de todos os sonetos, não apenas este, é que ele apresenta 14 versos, dois quartetos e dois tercetos, onde estes são decassílabos, ou seja, apresentam 10 sílabas métricas, ou poéticas (contam-se as sílabas ou sons até a tônica da última palavra de um verso).

Sirva como exemplo do verso decassílabo a seguinte estrofe:
A/ mor/ é/ fo/ go/ que ar/ de/ sem/ se/ ver,/
É/ fé/ ri/ da/ que/ dói, e/ não/ se/ sem/te;/
É um/ con/ ten/ ta/ men/ to/ des/ con/ ten/ te,/
É/ dor/ que/ de/ sa/ ti/ na/ sem/ do/ er./

Camões trata o conceito do amor no dualismo platônico; é uma estreita relação com as idéias de Platão a cerca do que seja o amor. Pois para o filósofo existe um mundo sensível – real e concreto e um mundo inteligível – universo das idéias, onde o primeiro vive à sombra do segundo e o mundo inteligível pode ser também interpretado como o paraíso cristão, no qual existe uma beleza absoluta, um gerador e gerenciador de todo ele. Aquilo que se tornou a grande busca cristã: Deus, o finito e o infinito, o mundo e Deus, a matéria e o espírito. Este soneto é uma definição, poética, do amor. Luís Camões tenta desmistificar esse sentimento misterioso e explicar o inexplicável,

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