Análise fenomenológica do filme “minha vida sem mim”
O dasein é um ser que está condenado a dar conta de sua existência o tempo todo, pois ele não é algo, ele está algo. Ann parece fugir a essa responsabilidade. Como essa responsabilidade gera angústia, Ann deixa que o impessoal tome conta de sua existência por ela, vivendo uma vida que não escolheu. É importante que tenhamos em mente que, para a fenomenologia, o termo impessoal denomina algo que é compartilhado, coletivo, não possuindo um caráter de julgamento positivo ou negativo. É via impessoal que o dasein chega ao mundo, que este lhe é apresentado. Ele não nasce si mesmo, mas chega a si mesmo através …exibir mais conteúdo…
Esta mantémse ocupada com tudo e com todos, ocupandose com as coisas que chegam a ela de modo superficial e fugaz (lógica da ocupação): cuida do marido, das filhas, da casa; no entanto, "esquece" (ou melhor, evita) fazer o mesmo por si mesma, pois esse cuidado é mediado pela angústia. Quando se trata de sua existência, de falar dela, Ann desvia o foco da conversa mudando de assunto. Não decide sua existência com propriedade e, pelo que vemos, prefere não pensar muito nela para não angustiarse. Não posso falar que nenhuma de suas escolhas no decorrer de toda a sua vida não haviam sido feitas de modo autêntico, mas concluise, diante do que Ann nos mostra, que as escolhas mais importantes de sua vida não foram feitas por ela, mas sim pelo impessoal, pelo "a gente". Quando se fala de “a gente”, de todo mundo, na verdade não se está falando de nem de si mesmo nem de ninguém. Ann não se coloca em jogo, não põe sua existência em jogo ao não se angustiar e deixar que o impessoal tome conta de sua existência por ela. Por ter passado a vida inteira fugindo da responsabilidade de tomar conta de sua própria existência, pareceme que quando Ann decide não contar às pessoas sobre sua doença, ela não faz isso para proteger outras pessoas de um