A POSIÇÃO DE JOSÉ PAULO NETTO SOBRE O DOCUMENTO DE ARAXÁ (MG 1967)

Durante o conturbado governo de João Goulart (Jango) (1961-1964), no qual seguimentos políticos de orientação socialista, surgidos dentro da igreja Católica, juntos ao movimento da união nacional dos estudantes, (UNE), na luta pelo fim da exclusão e do alto índice de analfabetismo no Brasil, e com a posterior rebelião dos sargentos pelo direito à candidatura a cargos eletivos, – rebelião notada com maus olhos pelo militares das altas patentes, por considerarem um risco à hierarquia militar–, a imprensa lança uma derrocada de informes publicitários numa campanha pelo fim do governo de Jango frente ao o risco do comunismo totalitário, pregado massivamente. Com isso, a …exibir mais conteúdo…

Nele foram discutidas as questões práticas a estes dois níveis, por 38 Assistentes Sociais, “[...] cujas reflexões resultaram no documento de Araxá” (NETTO J. P., 2007).
Bem, é neste contexto de mudanças determinantes no cenário político e social do Brasil, – e também sul-americano– que os assistentes sociais se vêm com a necessidade de adequarem sua prática, até então conservadora, às novas lógicas da organização social da ditadura, a fim de “modernizar” suas praticas. Para Netto, o documento segue, desde o início, uma lógica de rompimento com o conservadorismo, – aí entendido como a ruptura com a exclusividade do tradicionalismo– no entanto, não há de fato uma ruptura com essa lógica, mas sim uma reconceituação do tradicional sob novas perspectivas (NETTO, J.P., 2007). Para ele, o documento é permeado por uma tensão onde, por um lado há o tradicionalismo da ação micro social, fundamentada numa lógica, digamos, paternalista, praticista e, por outro lado, o modernismo impregnado das ideias humanistas de integração global e realização total do homem. Tensão que, segundo o autor, tem solução ao se incluir uma perspectiva na outra, como sendo integrantes (idem, ibidem). Mesmo sem deixar claro os critérios de conceituação de globalidade, visto que existe uma contradição quanto a universalidade dos direitos declarados e positivados pela ONU em 1948, já que o autor considera contraditória