A patologização da normalidade
The pathologization of normality
Paulo Roberto Ceccarelli
Ao ser convidado para fazer uma conferência no XVIII Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise, pensei que seria uma boa ocasião para discutir com os colegas algumas questões que venho me colocando já há algum tempo a respeito do que chamei, para situar minha intervenção, de patologização da normalidade.
Entendo por patologização da normalidade toda forma discursiva geradora de regras sociais e normas de conduta que são utilizadas para classificar, etiquetar e às vezes punir. Regras que determinam como os sujeitos devem proceder a partir de parâmetros que, na maioria das vezes, não levam em conta a particularidade da dinâmica pulsional do sujeito em questão. Pergunto-me, ainda, qual a nossa participação, como psicanalistas, nesse processo que pode estar conduzindo a uma patologização da existência.
1 Conferência de abertura pronunciada no XVIII Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise. Rio de Janeiro, 20 de maio de 2010.
Nunca é demais lembrar que o termo psico-pato-logia traduz um discurso, um saber (logos) sobre as paixões, a passividade
(pathos) da mente, da alma (psiquê). Tratase, pois, de um discurso representativo a respeito do sofrimento psíquico; sobre o padecer psíquico.
Sendo o tema deste congresso A Psicopatia da Vida Cotidiana, seria interessante pensar quais os caminhos do pathos na atualidade que têm feito com que as paixões