A fase científica da economia - novos valores ou nova oikonomia?
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GUSMÃO, A.S. Miséria: a ascensão moral do homo oeconomicus. Dissertação (Mestrado em Política Social) – Programa de Pós-Graduação em Política Social, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2007. cap. 2, p. 82-101.2.2 A fase científica da economia: novos valores ou a nova oikonomia?
“Dirigimo-nos, não à sua humanidade, mas ao seu egoísmo, e nunca lhe falamos das nossas necessidades, mas das suas vantagens”[1]. Esta seria a orientação de Adam Smith, aceito como pai da economia moderna, para as ciências econômicas. Deveria a economia ocupar-se da investigação sobre as causas, as origens e a apropriação da riqueza. Mas é somente a partir desse ponto que a ciência econômica deveria ser considerada. A história das doutrinas …exibir mais conteúdo…
Nas palavras de Marx,
A doutrina fisiocrática de Quesnay constitui a transição do sistema mercantilista para Adam Smith. A fisiocracia revela-se diretamente como a decomposição econômica da propriedade feudal, mas por esta mesma razão surge também como a imediata transformação econômica, com o restabelecimento da sobredita propriedade, só que a linguagem já não é feudal, mas econômica. Toda a riqueza se reduz a terra e à agricultura. (MARX, 2005, p. 133, grifo do autor)
Como vimos, e de acordo com o exposto no item anterior, o conceito de riqueza muda de acordo com o sistema e idéias vigentes, mas ela é cada vez mais, progressivamente, nuclear. Smith, por sua vez, tendo conhecido profundamente a escola fisiocrática, desvinculou-se dela ao tratar a riqueza da sociedade industrial, priorizando questões como a divisão do trabalho e traduzindo a lei universal – absoluta e imutável, como os interesses individuais e egoístas que conduziriam a uma harmonia social. Por suas idéias, podemos dizer que a economia de mercado torna-se a base e o resumo da moderna economia. De acordo com Smith, “Uma vez que é a capacidade de troca que dá origem à divisão do trabalho, da mesma forma a magnitude desta divisão deverá ser delimitada pela amplitude da referida capacidade, ou, em outras palavras, pela expansão do mercado” (SMITH, apud MARX, 2005, p. 162). Contudo, segundo o economista, a evolução da