A INTERPRETAÇÃO DA SAGRADA ESCRITURA: OS QUATRO SENTIDOS DA SAGRADA ESCRITURA.
I - UMA TRADIÇÃO Tradicionalmente considera-se que a Escritura pode ter quatro sentidos, resumidos em quatro versos latinos: “Littera docet gesta Quid credas allegoria Moralisquiagas
Anagogia quo tendas”. (“A letra ensina os fatos aanagogia o que deves crer o sentido moral o que deves fazer aanagogia o que deves anseiar”). São Tomás de Aquino estuda a vitalidade destes quatro sentidos em sua “Suma Teológica” (Ia parte, Questão I, artigo X). São Tomás faz também uma distinção entre sentido literal e sentido espiritual, considerando o primeiro sentido acima mencionado como literal e os outros três como espirituais. Não foi São Tomás que inventou estes quatro sentidos: ele simplesmentes sistematizou a Tradição anterior, já afirmada pelo menos cinco séculos antes por Santo Agostinho: “A Escritura chamada Antigo Testamento transmite-se quadriformemente: pela história, pela etiologia, pela analogia e pela alegoria”, o que é um pouco diferente da tese de São Tomás, mas insiste na diversidade dos sentidos da Escritura: nota-se que Santo Agostinho atribui quatro sentidos somente ao Antigo Testamento. Veremos que, de fato, o Novo Testamento não possui quatro sentidos. Temos primeiro de esclarecer este conceito de quatro sentidos. Eles se referem principalmente à interpretação do Antigo Testamento onde quase tudo pode ser interpretado de quatro maneiras diversas. Por exemplo: