4 Capitulo De BLOCH APOLOGIA DO HISTORIADOR

14953 palavras 60 páginas
C a p í t u l o IV

A análise histórica

1. J u l g a r ou c o m p r e e n d e r ?
A fórmula do velho Ranke é célebre: o historiador propõe apenas descrever as coisas "tais como aconteceram, wie es eigentlich geweserí'. Heródoto o dissera antes dele, "ta eonta legein, contar o que foi". O cientista, em outros termos, é convidado a se ofuscar diante dos fatos. C o m o muitas máximas, esta talvez deva sua fortuna apenas à sua ambigüidade. Podemos ler aí, modestamente, u m conselho de probidade: este era, não se pode duvidar, o sentido de Ranke. Mas t a m b é m u m conselho de passividade. De m o d o que eis, colocados de chofre, dois problemas: o da imparcialidade histórica; o da história como tentativa de reprodução ou como tentativa de análise.
Mas haverá então u m problema da imparcialidade? Ele só se coloca porque a palavra, por sua vez, é equívoca.
Existem duas maneiras de ser imparcial: a do cientista e a do juiz. Elas têm uma raiz comum, que é a honesta submissão à verdade. O cientista registra, ou melhor, provoca o experimento que, talvez, inverterá suas mais caras teorias.
Qualquer que seja o voto secreto de seu coração, o b o m juiz interroga as testemunhas sem outra preocupação senão conhecer os fatos, tais c o m o se deram. Tratase, dos dois lados, de u m a obrigação de consciência que não se discute.
Chega u m m o m e n t o , porém, em que os caminhos se separam. Q u a n d o o cientista observou e explicou, sua tarefa está terminada. Ao juiz resta ainda declarar

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