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A contabilidade medindo sua responsabilidade social




Enviado por beth.kraemer



    1. Resumo
    2. Contabilidade
      Social
    3. Ramificações da
      Contabilidade Social
    4. Conclusão
    5. Referências

    Resumo

    Hoje, as empresas refletem
    muitos índices que afetam de forma direta a sociedade e
    seus componentes, porque a sociedade vem sofrendo
    transformações profundas nas mais diversas
    áreas, as quais exigem informações
    confiáveis e principalmente transparência por parte
    das empresas para que elas possam atuar de forma mais efetiva e
    eficiente. Devido a isto, as entidades têm incluído
    a Contabilidade Social, ramo da contabilidade que incorpora
    distintos aspectos sociais, como a de recursos humanos,
    do meio ambiente e de
    caráter ético. São muitos os
    benefícios dados pela Contabilidade Social e a
    idéia é fazer com que as empresas se unam a ela,
    para que a Contabilidade Social consiga sua
    efetivação e êxito. Isto é
    possível se a organização adotar uma
    gestão eminentemente participativa, envolvente e
    comprometida com todas as camadas que formam o sistema social e
    organizacional. Os empresários, neste
    novo papel, tornam-se cada vez mais aptos a compreender e
    participar das mudanças estruturais na
    relação de forças entre as áreas
    ambiental, econômica e social.

    1 –
    Introdução

    Devido à crescente responsabilidade social que
    devem assumir as entidades econômicas, surge a necessidade
    de elaborar e apresentar informação sobre as
    atividades relacionadas com essa responsabilidade.

    Este volume de informações agrupa aspectos
    do tipo social, ético, ambiental ou ecológico, e
    ainda tem recebido diversas denominações como
    Contabilidade Social.

    A Contabilidade Social não só busca medir
    resultados no processo monetário, mas também toma o
    recurso humano desde a ótica humana, vendo-o como um ser
    que sente e que tem necessidades a satisfazer.

    A Contabilidade Social aparece como uma necessidade da
    empresa de
    contar com informação pertinente para tomar
    decisões inteligentes com relação à
    gestão social, medindo o impacto da entidade na
    sociedade.

    Cada um dos tipos de informação que
    compõem esta contabilidade tem registrado outras
    ramificações da mesma, entre as quais se destacam a
    Contabilidade Ambiental, a Contabilidade dos Recursos Humanos e a
    Informação de Caráter
    Ético.

    3
    – Contabilidade Social

    Grande é a responsabilidade social da
    informação contábil em face da sociedade
    humana. Existem, todavia, segundo Sá (2001), diversas
    utilidades da informação e algumas são de
    tal maneira específicas que a forma de
    conceituá-las nem sempre tem sido a melhor. Ele entende
    que, na área do inadequado conceitualmente, esteja, ainda,
    a denominação Contabilidade Social.

    Para que a Contabilidade Social consiga sua
    efetivação e êxito, é preciso que a
    organização adote uma gestão participativa,
    envolvente e comprometida com todas as camadas que formam o
    sistema social e organizacional.

    A Contabilidade Social é responsabilidade de
    todos e parte fundamental na companhia e pode ser ramificada em
    Contabilidade Ambiental, a Contabilidade de Recursos
    Humanos e a Informação de caráter
    ético.

    As definições de Contabilidade Social se
    dividem basicamente em: temas e objeto de tratamento,
    âmbito econômico que a utiliza e a
    continuação do conceito de alguns experts no tema.
    O quadro 1 traz algumas definições mais
    relevantes.

    Quadro 1 – Definições mais
    relevantes segundo alguns organismos ou autores.

    Autor/Organismo

    Definição

    American Accounting Association

    A contabilidade é uma ciência que
    mede e interpreta as atividades e fenômenos que
    são de natureza econômica e social
    essencialmente.

    Seidler e Seidler

    Modificação e
    aplicação das práticas, técnicas e disciplinas da
    contabilidade convencional a análises e
    solução dos problemas de natureza social.

    Ramanathan

    Processo de seleção de
    variáveis de acordo com os comportamentos sociais
    observados na empresa e sua
    evolução.

    Gray, Owen e Maunders

    A contabilidade social pode ter dois
    sentidos:

    a) Custos e benefícios do impacto de
    comportamento da empresa;

    b) Apresentação periódica
    de um informe social da entidade.

    Mathews e Perera

    Propõe ampliar os objetivos da contabilidade tradicional e
    estendê-los a empregados, produtos e comunidades e
    prevenção da contaminação ou
    sua redução.

    Fonte: Llena (2001)

    Mathews e Perera apud Llena (2001) classificaram a
    Contabilidade Social no seguinte:

    3.1 – Contabilidade da Responsabilidade Social
    (CRS)

    Publicação ad hoc e de
    caráter voluntário de informação
    qualitativa e quantitativa, econômica e não
    econômica relativa à atividade de uma empresa
    privada, incluindo informes sobre
    os trabalhadores e avaliação dos recursos
    humanos.

    O propósito da CRC consiste em tornar
    públicas questões concretas das empresas do setor
    privado que produzem um impacto social a curto prazo. Põe
    à disposição de todas as partes integrantes
    da sociedade informação relevante acerca dos
    objetivos políticos, programas,
    atuação e contribuição dos objetivos
    sociais da empresa. Pode-ser utilizarda com o fim de melhorar a
    imagem da empresa e inclusive a tabulação dos
    gastos destinados
    a melhorar o bem-estar de seus trabalhadores ou a
    segurança pública de seus produtos ou do meio
    ambiente.

    Este tipo de informação social tem
    caráter voluntário, não regulamentado,
    não sujeito a auditorias e,
    portanto, carece de uniformidade.

    3.2 – Contabilidade do Impacto Total
    (CIT)

    Efeito combinado total da organização
    sobre o entorno. É necessário avaliar os aspectos
    externos, tanto positivos como negativos. Muitas vezes se
    denomina análise de custos-benefício. O
    propósito da CIT consiste em avaliar os custos totais a
    médio e longo prazos (tanto custos públicos como
    privados) do funcionamento de uma organização do
    setor privado.

    Os custos privados são custos internos cobertos
    pela empresa, enquanto os públicos são custos
    externos, favorecidos pela comunidade em sua
    totalidade.

    3.3 – Contabilidade Sóciaeconômica
    (CSE)

    Consiste num micro enfoque do processo de
    avaliação de atividades realizadas com fundos
    públicos, utilizando índices tanto econômicos
    como não econômicos.

    O propósito da CSE objetiva promover a
    avaliação a curto e médio prazos de projetos
    de financiamento público.

    3.4 – Contabilidade de Indicadores
    Sociais (CIS)

    Utilizada na avaliação de
    macro-acontecimentos sociais, em termos de
    definição de objetivos e avaliação do
    grau em que estes têm sido alcançados.

    Esta avaliação é de grande
    interesse para os políticos nacionais. O propósito
    da CIS é promover uns índices de
    medição não econômicos a longo prazo
    para as estatísticas sociais do setor
    público.

    4 –
    Ramificações da Contabilidade Social

    4.1 – Contabilidade Ambiental

    É uma das ramificações da
    Contabilidade Social de maior relevância na atualidade. A
    Contabilidade Ambiental tem se convertido em uma ferramenta chave
    para as empresas com políticas
    ecológicas avançadas. Seu objetivo
    é promover a transparência e oferecer mais
    informação ao investidor.

    O necessário objetivo de
    conservação do meio ambiente obriga a contabilidade
    a assumir alguns controles em torno dos
    seguintes aspectos:

    ® Fornecimentos:
    de recursos mínimos e uso extensivo de materiais
    reciclados ou renováveis;

    ® Processos
    produtivos e investimentos em imobilizado: mínimo consumo de
    água e energia,
    mínima emissão atmosférica e mínima
    quantidade de resíduos.

    ®
    Características do produto: mínimos
    vasilhames e embalagens, reciclagem e
    reutilizaçã.

    Nos últimos tempos, as organizações
    empresariais e conseqüentemente a contabilidade têm
    sido influenciadas pelas incidências de novas
    variáveis: novas tecnologias, consideração
    primordial do ativo humano, na racionalização dos
    custos, gestão dos custos por atividades, etc., que vem
    contemplar e aperfeiçoar a doutrina existente.

    Diante disto, a Contabilidade Ambiental é o
    processo que facilita as decisões relativas à
    atuação ambiental da empresa, a partir da
    seleção de indicadores e análises de dados,
    da avaliação destas informações com
    relação aos critérios de
    atuação ambiental, da comunicação e
    da revisão e melhora periódica de tais
    procedimentos.

    As inovações trazidas pela Contabilidade
    Ambiental estão associadas a pelo menos três
    temas:

    ® a
    definição do custo ambiental;

    ® a forma de
    mensuração do passivo ambiental, com destaque para
    o decorrente de ativos de vida longa, e;

    ® a
    utilização intensiva de notas explicativas
    abrangentes e o uso de indicadores de desempenho ambiental,
    padronizados no processo de fornecimento de
    informações ao público.

    Junto a essas variáveis, encontra-se ainda o
    respeito ao meio ambiente, cuja incidência econômica,
    sócio-jurídica e cultural está fora de toda
    dúvida e cujo impacto deve ser reconhecido na
    Contabilidade.

    Posto isto, pode-se definir a Contabilidade de
    Gestão Ambiental – CGA como a
    identificação, estimação, a
    análise, o relatório interno e o uso dos materiais
    e da informação do fluxo da energia, da
    informação ambiental do custo, e de outras
    informações dos custos para a tomada de
    decisão convencional e ambiental dentro de uma
    organização.

    A aplicação da CGA pode potenciar grandes
    poupanças de custos na gestão de resíduos,
    dado que os custos de manuseamento e de deposição
    de resíduos são relativamente fáceis de
    definir e de imputar a produtos específicos. Outros custos
    ambientais, incluindo os custos da conformidade ambiental, custos
    legais, deterioração da imagem da empresa, riscos e
    responsabilidade ambiental, são mais difíceis de
    avaliar.

    A CGA, segundo a EPA Environmental Protection
    Agency
    (2002):

    ® focaliza nos
    custos internos à companhia;

    ® não
    inclui custos externos à sociedade;

    ® dá
    ênfase particular na contabilidade para custos
    ambientais;

    ® abrange a
    não somente informação ambiental e outra do
    custo, mas também informação
    explícita em fluxos do exame e os fatos dos materiais e da
    energia;

    ® a sua
    informação pode ser usada para a maioria de tipos
    de atividade ou de tomada de decisão da gerência
    dentro de uma organização, mas é
    particularmente útil para atividades ambientais proativas
    da gerência.

    Neste contexto, a CGA incorpora e integra dois dos
    três blocos de edifício do desenvolvimento
    sustentável: ambiente e economia, que se
    relacionam à tomada de decisão interna de uma
    organização.

    A informação da CGA serve essencialmente
    para ser utilizada internamente pela empresa nas suas tomadas de
    decisão. A nível interno, os procedimentos incluem:
    medições físicas do consumo de materiais e
    energia, fluxos de deposição e
    deposição final, avaliação
    monetária de custos, poupanças e receitas
    relacionadas com atividades que apresentam potenciais impactos
    ambientais.

    Os dados da CGA são particularmente valiosos para
    iniciativas da gerência com um foco ambiental
    específico. Esta contabilidade fornece não somente
    os dados de custo necessários para avaliar o impacto
    financeiro destas atividades da gerência, mas também
    a informação física do fluxo. Essa
    ajuda caracteriza impactos ambientais.

    4.1.1 – Práticas de Contabilidade
    Ambiental geralmente aceitas

    A International Federation of Accountants
    IFAC, mediante seu trabalho com as organizações
    emissoras de padrões internacionais e mediante
    várias comunicações,
    investigações e iniciativas de políticas,
    tem respondido a necessidade de práticas de
    Administração e Contabilidade Ambiental geralmente
    aceitas que podem às vezes ajustar e motivar as agendas do
    desenvolvimento sustentável corporativo.

    a)® Custos Ambientais

    Os custos das empresas em proteção
    ambiental, incluindo redução de
    poluição, gestão de resíduos,
    monitorização, conformidade, impostos e seguros,
    têm aumentado rapidamente nos últimos anos com
    crescente e mais exigente regulamentação
    ambiental.

    Os custos ambientais são apenas um subconjunto de
    um mais vasto universo de
    custos necessários a uma adequada tomada de
    decisões. Eles não são um tipo de custos
    distintos, mas fazem parte de um sistema integrado de fluxos
    materiais e monetários que percorrem a empresa.

    O preço das matérias-prima escassas, da
    poluição e da deposição, numa
    perspectiva macroeconômica, não refletem o seu
    verdadeiro valor e os
    seus custos para a sociedade. Os riscos para a saúde e a
    remediação dos locais contaminados, são
    exemplos de custos ambientais usualmente não suportados
    pelo poluidor, mas pelo público em geral.

    Os custos ambientais são os custos externos e
    internos e se referem a todos os custos relacionados com a
    salvaguarda e as degradações ambientais. Para a
    Divisão para o Desenvolvimento Sustentável das
    Nações Unidas (2001), os custos de salvaguarda
    ambiental incluem os custos de prevenção,
    deposição, planejamento, controle,
    alterações e reparação de
    lesões ambientais e da saúde humana, relacionados
    com empresas, governos ou pessoas.

    Para o cálculo
    dos custos ambientais totais da empresa, soma-se o custo dos
    materiais desperdiçados, do capital e do
    trabalho com os custos de salvaguarda ambiental, conforme o
    quadro 2.

    Quadro 2 – Custos ambientais totais da
    empresa

     

    Custos de salvaguarda ambiental (tratamento e
    prevenção)

    +

    Custos dos materiais
    desperdiçados

    +

    Custos das perdas de capital e
    trabalho

    =

    Custos ambientais totais da empresa

    Fonte: Divisão para o Desenvolvimento
    Sustentável das Nações Unidas
    (2001)

    A CGA, ao detectar, avaliar e imputar os custos
    ambientais, permite aos gestores identificar oportunidades para
    poupar custos. A Divisão para o Desenvolvimento
    Sustentável das Nações Unidas (2001)
    informa, como exemplo, as poupanças que podem resultar da
    substituição de solventes orgânicos
    tóxicos por não tóxicos, de gestão de
    resíduos perigosos e outros custos associados à
    utilização de materiais perigosos. Outros exemplos
    se referem a uma mais eficiente utilização de
    materiais, evidenciando o fato de que os resíduos
    são onerosos não tanto pelas taxas de
    deposição impostas pela
    regulamentação ambiental, mas devido ao
    desperdício, em termos de valor de compra, dos materiais
    em si. As emissões e resíduos são, por
    conseguinte, um sinal de produção
    ineficiente.

    Existem poucos dados quantitativos disponíveis
    sobre o valor econômico e social total da
    informação de custos ambientais. A EPA –
    Environmental Protection Agency (2002), identifica alguns
    benefícios de obter, administrar e utilizar esta
    informação dentro da empresa, como
    segue:

    ® o entendimento
    dos custos ambientais e do desempenho do processo e dos produtos
    pode promover um custeio e uma fixação de
    preços mais exatos e pode ajudar as companhias no desenho
    de processos, produtos e serviços mais preferíveis
    ambientalmente para o futuro;

    ® a vantagem
    competitiva com os clientes pode ser
    obtida de processos, produtos e serviços que podem ser
    demonstrados como preferíveis ambientalmente;

    ® a
    contabilidade de custos e desempenho ambiental pode dar suporte
    ao desenvolvimento e operação de um sistema geral
    de administração ambiental de uma
    companhia;

    ® a melhor
    administração dos custos ambientais pode dar como
    resultado um desempenho ambiental melhorado e benefícios
    significativos para a saúde humana, assim como êxito
    nos negócios.

    ® Custos
    ambientais reconhecidos e custos futuros

    Os custos ambientais não reconhecidos no momento
    de seu fato gerador com a classificação pertinente,
    segundo Paiva (2001), apresentar-se-ão no futuro como
    passivos não reconhecidos, repercutindo negativamente. No
    entanto, alguns custos, se reconhecidos no presente, poderão
    evitar transtornos às empresas, dado que não
    são responsáveis pelos produtos até o final
    do ciclo de vida
    destes.

    O mesmo autor cita, como exemplo de custos presentes que
    reduzirão impactos ambientais futuros, o poliestireno
    celular rígido (isopor), derivado do petróleo. Sabe-se que a
    industrialização de derivados do petróleo,
    além da utilização de recursos naturais
    esgotáveis, emite resíduo poluente e que, no final
    de seu ciclo de vida estes produtos proporcionam transtornos
    à sociedade de diversas formas causando entupimentos de
    galerias pluviais e poluição em rios e represas,
    entre outras formas de poluição, por não
    serem biodegradáveis.

    ®
    Evidenciação

    A partir do momento da ocorrência do fato gerador,
    devem evidenciar seus custos relativos ao meio
    ambiente:

    √ em razão de imposições
    legais, normatizações ou ambas, advindas de
    órgãos especializados em tal
    regulamentação;

    √ devido aos usos e costumes da cultura local,
    as empresas encontram-se pressionadas pelo ambiente externo,
    representado pelas pessoas físicas e jurídicas com
    as quais interage;

    √ no caso de empresas exportadoras, ao sofrerem
    pressões por parte dos importadores no sentido de cuidados
    e evidenciação de suas ações
    relacionadas ao meio ambiente.

    Como forma de evidenciação, Ribeiro &
    Martins (1998) dizem que as demonstrações
    contábeis podem ser o canal adequado, para tais
    evidências, principalmente porque nelas estão
    contidas todas as informações pertinentes à
    situação patrimonial e desempenho da empresa em um
    determinado período. A adição das
    informações de natureza ambiental viria a
    enriquecer tais demonstrações, como também
    permitiria aos usuários melhores condições
    de acesso à informação para avaliar a
    grandeza dos investimentos ambientais comparativamente ao
    patrimônio e aos resultados no período.

    A Comissão de Valores
    Mobiliários, através do Parecer de
    Orientação nº 15/87, sugere uma Nota no
    Relatório da Administração quanto aos
    investimentos efetuados em prol do meio ambiente.

    Empresas têm evidenciado os investimentos
    efetuados, quer através da elaboração de um
    Balanço Social anexo às demonstrações
    contábeis ou através de evidenciação
    dos recursos investidos, visando à
    preservação do meio ambiente no relatório da
    administração, anexo à
    publicação das demonstrações
    contábeis. Normalmente as empresas brasileiras o fazem de
    forma subjetiva ou parcial.

    b)® Ativo Ambiental

    Um ativo é um recurso controlado por uma empresa
    que surge de eventos passados
    e de onde são esperados futuros fluxos de
    benefícios econômicos diretos ou indiretos para a
    empresa, através de:

    √ aumento da capacidade ou aumento da
    segurança ou eficiência de outros ativos
    próprios da empresa;

    √ redução ou prevenção
    de provável contaminação ambiental
    resultante de futuras operações;

    √ ou, ainda, conservação do meio
    ambiente. Este tipo de gasto deve ser capitalizado, na forma de
    imobilizado ou diferido, se atender aos critérios de
    reconhecimento como um ativo, para apropriação nos
    períodos em que gere benefícios econômicos
    futuros.

    Os ativos ambientais representam:

    √ os estoques dos insumos, peças,
    acessórios, etc, utilizados no processo de
    eliminação ou redução dos
    níveis de poluição;

    √ os investimentos em máquinas,
    equipamentos, instalações, etc, adquiridos ou
    produzidos com intenção de amenizar os impactos
    causados ao meio ambiente;

    √ os gastos com pesquisas, visando ao
    desenvolvimento de tecnologias modernas, de médio e longo
    prazo, desde que constituam benefícios ou
    ações que irão refletir nos
    exercícios seguintes.

    Ativos ambientais são os bens adquiridos pela
    companhia que têm como finalidade controle,
    preservação e recuperação do meio
    ambiente. Se os gastos ambientais podem ser enquadrados nos
    critérios de reconhecimento de um ativo, devem ser
    classificados como tais. Os benefícios podem vir
    através do aumento da capacidade ou melhora da
    eficiência ou da segurança de outros ativos
    pertencentes à empresa, da redução ou
    prevenção da contaminação ambiental
    que deveria ocorrer como resultado de operações
    futuras ou ainda através da conservação do
    meio ambiente.

    Existem algumas polêmicas na
    identificação dos ativos ambientais, devido o
    surgimento das "tecnologias limpas". Para Ribeiro &
    Gratão (2000), essas tecnologias compreendem novos meios
    de produção, dotados de mecanismos que impedem a
    produção de refugos. Tratando-se de meios de
    produção e transformação, são
    ativos operacionais propriamente ditos e não ativos
    ambientais.

    Os ativos operacionais podem sofrer desgaste acelerado
    em função de sua exposição
    obrigatória ao meio ambiente poluído. Neste caso,
    efeitos do diferencial de vida útil, provocado por tal
    exposição, devem ser considerados como custos
    ambientais, dado que refletem as perdas decorrentes do meio
    ambiente poluído. Esta situação
    ficará patente nos casos em que os ativos possam ser
    comprados, com seus pares instalados, em ambientes menos afetados
    pela poluição.

    As características dos ativos ambientais
    são diferentes de uma organização para
    outra, pois a diferença entre os vários processos
    operacionais das distintas atividades econômicas deve
    compreender todos os bens utilizados no processo de
    proteção, controle, conservação e
    preservação do meio ambiente.

    Os ativos ambientais, todos decorrentes de investimentos
    na área do meio ambiente, deverão ser classificados
    em títulos contábeis específicos,
    identificando, de forma adequada, os estoques ambientais, o ativo
    permanente imobilizado ambiental e o diferido
    ambiental.

    Segundo a ONU
    UN-ISAR (1997), os gastos realizados com a intenção
    de prevenção ou redução de danos
    ambientais futuros ou conservação dos recursos
    podem ser classificados como imobilizado quando:

    √ estiverem relacionados com
    antecipação de benefícios ambientais,
    extensão da vida útil dos ativos, aumento de
    capacidade, melhoria de segurança e eficiência dos
    ativos da organização;

    √ propiciarem a redução ou
    prevenção de contaminação ambientais
    que possam ocorrer como resultado de operações
    futuras.

    Os gastos de tratamento de contaminação
    ambiental podem ser classificados como ativo permanente
    quando:

    √ forem recuperáveis;

    √ proporcionarem aumento de vida útil,
    capacidade ou melhoria de segurança e economia;

    √ forem incorridos durante o preparo do ativo para
    a venda.

    Os bens, cuja classificação se der no
    ativo permanente imobilizado ambiental e ativo permanente
    diferido ambiental, exceto aqueles de vida útil inferior a
    365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, cujos valores
    serão excluídos, quando da apuração
    do Lucro Real, estão sujeitos à
    depreciação/amortização.

    São ativos ambientais todos os bens e direitos
    destinados ou provenientes da atividade de gerenciamento
    ambiental, podendo estar na forma de capital circulante ou
    capital fixo.

    Para Santos & Silva (2001), o capital circulante
    (capital de giro) é o montante aplicado para a
    realização da atividade econômica da empresa,
    sendo composto pelas disponibilidades e pelos ativos
    realizáveis a curto e longo prazo.

    Disponibilidades – podem ser contabilizados
    os valores referentes a recebimentos oriundos de uma receita
    ambiental.

    Realizáveis a curto e longo prazo
    podem ser lançados os direitos originários de
    uma receita ambiental e os estoques, quando relacionados com
    insumos do sistema de gerenciamento ambiental ou com produtos
    reaproveitados do processo operacional.

    Estoques: são os insumos em almoxarifado,
    adicionáveis ao processo produtivo para eliminar, reduzir,
    controlar os níveis de emissão de resíduos
    ou materiais para recuperação ou reparos de
    ambientes afetados.

    Para os autores, no capital fixo as contas ambientais
    podem ser divididas em:

    Investimentos: participação
    societária em empresas ecologicamente
    responsáveis.

    Imobilizado: os investimentos realizados na
    aquisição de bens que viabilizam a
    redução de resíduos poluentes durante o
    processo de obtenção de receitas e cuja vida
    útil se prolongue além do término do
    exercício social, como por exemplo: máquinas,
    equipamentos e instalações.

    Diferido: investimentos em pesquisa e
    desenvolvimento de tecnologia no longo prazo, quando estes
    puderem ser claramente relacionados com receitas futuras de
    períodos específicos.

    Provisão para
    desvalorização:
    os ativos tangíveis e
    intangíveis, particularmente os não
    monetários, estão sujeitos à
    ação ambiental. Conseqüentemente, seus valores
    podem sofrer alterações por ganho ou perda do valor
    econômico, alterando o real potencial econômico da
    empresa.

    Portanto, para qualquer elemento do ativo
    tangível que tenha a extinção de sua vida
    útil acelerada ou a direta redução de seu
    valor econômico, no caso de terrenos ou estoques, em
    função de alterações do meio
    ambiente, deveria ser constituída, de forma segregada, uma
    conta de provisão para registrar sua
    desvalorização, evidenciando-se, nas notas
    explicativas, sua origem e natureza.

    Depreciação acelerada
    aceleração da depreciação em
    função da poluição
    ambiental.

    Goodwill: Monobe apud Ribeiro (1992) define
    goodwill como a diferença entre o valor atual da empresa
    como um todo, em termos de capacidade de geração de
    lucros futuros, e o valor econômico dos seus ativos.
    Retrata o potencial econômico da empresa não
    registrado pela contabilidade, mas seria incluído no
    preço em uma negociação de venda.

    O goodwill poderá se formar a partir da
    expectativa de lucros acima do que seria normal em
    decorrência de reputação junto aos clientes,
    fornecedores, empregados, comunidade, vantagens quanto à
    localização, know how, etc.

    Este bem pode ter seu valor econômico alterado em
    função do comportamento da empresa, no que se
    refere ao meio ambiente ou pela ação deste sobre a
    mesma.

    c)® Passivo Ambiental

    No Brasil, as regras
    contábeis e a literatura que envolve o
    passivo ambiental ainda são recentes. Certas empresas
    têm atividades complexas, dificultando o tratamento a ser
    dado no registro e na
    divulgação dos passivos ambientais.

    Os passivos ambientais normalmente são
    contingências formadas em longo período, sendo
    despercebidos às vezes, pela administração
    da própria empresa, envolvendo conhecimento
    específico. Neste caso, não só a
    administração da empresa se envolve, nem somente a
    contabilidade, mas também advogados, juristas,
    engenheiros, administradores.

    Normalmente, o surgimento dos passivos ambientais se
    dá pelo uso de uma área, lago, rio, mar e uma
    série de espaços que compõem nosso meio
    ambiente, inclusive o ar que respiramos, e de alguma forma
    estão sendo prejudicados pelo processo de
    geração de resíduos ou lixos industriais, de
    difícil eliminação.

    Os passivos ambientais, conforme Ribeiro &
    Gratão (2000), ficaram amplamente conhecidos pela sua
    conotação mais negativa, ou seja, as empresas que o
    possuem agrediram significativamente o meio ambiente e, dessa
    forma, têm que pagar vultosas quantias a título de
    indenização de terceiros e de multas para a
    recuperação de áreas danificadas.

    As autoras colocam como exemplos: a) os gastos assumidos
    pela Exxon, no caso do acidente com o petroleiro Valdez, no
    Alaska; b) o caso da Petrobras, na década de 80, no qual a
    região de Cubatão, no interior do Estado de
    São Paulo, foi seriamente afetada pelo vazamento de
    óleo, que culminou com a explosão de várias
    moradias; e c) em janeiro de 2000, o vazamento nas
    instalações da mesma empresa que provocou o
    derramamento de milhares de litros do óleo no mar na
    Baía da Guanabara, causando a morte de várias
    espécies de aves e peixes,
    além de afetar seriamente a vida das
    populações locais que viviam da atividade
    pesqueira. Tais situações exigiram enormes gastos
    dessas empresas e, o que é pior, gastos imediatos, sem
    qualquer forma de planejamento, o que afeta drasticamente
    qualquer programação de fluxo de
    disponibilidades, independentemente do porte da
    organização. Tão altod quanto os custos dos
    recursos físicos necessários para a
    reparação dos danos provocados pelas referidas
    situações, ou até mais, são os gastos
    requeridos para retração da imagem da empresa e de
    seus produtos, essencialmente quando tais eventos são alvo
    da mídia e da atenção dos ambientalistas e
    ONGs.

    Deve-se ressaltar que os passivos ambientais, como dizem
    as autoras, não têm origem apenas em fatos de
    conotação tão negativa. Eles podem ser
    originários de atitudes ambientalmente
    responsáveis, como as decorrentes da
    manutenção de sistemas de
    gerenciamento ambiental, os quais requerem pessoas (que recebem
    uma remuneração) para a sua
    operacionalização. Tais sistemas exigem ainda a
    aquisição de insumos, máquinas,
    equipamentos, instalações para funcionamento, o
    que, muitas vezes, será feito na forma de financiamento
    direto dos fornecedores ou por meio de instituição
    de crédito. Esses são os passivos que
    devem dar origem aos custos ambientais, já que são
    inerentes à manutenção normal do processo
    operacional da companhia.

    O IBRACON, segundo NPA 11 – Balanço e
    Ecologia, conceitua o passivo ambiental como toda agressão
    que se praticou/pratica contra o meio ambiente e consiste no
    valor dos investimentos necessários para
    reabilitá-lo, bem como multas e indenizações
    em potencial. Uma empresa tem passivo ambiental quando ela
    agride, de algum modo e/ou ação, o meio ambiente, e
    não dispõe de nenhum projeto para sua
    recuperação, aprovado oficialmente ou de sua
    própria decisão.

    Passivo ambiental representa toda e qualquer
    obrigação de curto e longo prazo, destinada
    única e exclusivamente a promover investimentos em prol de
    ações relacionadas à extinção
    ou amenização dos danos causados ao meio ambiente,
    inclusive percentual do lucro do exercício, com
    destinação compulsória, direcionado a
    investimentos na área ambiental.

    O passivo ambiental, como qualquer passivo, está
    dividido em capital de terceiros e capital próprio, os
    quais constituem origens de recursos da entidade. Santos &
    Silva (2001) citam os seguintes exemplos de origens:

    Bancos – empréstimos de
    instituições financeiras para investimento na
    gestão ambiental;

    Fornecedores – compra de equipamentos e
    insumos para o controle ambiental;

    Governo – multas decorrentes da
    infração ambiental;

    Funcionários
    remuneração de mão-de-obra especializada em
    gestão ambiental;

    Sociedade – indenizações
    ambientais;

    Acionistas – aumento do capital com
    destinação exclusiva para investimentos em meio
    ambiente ou para pagamento de um passivo ambiental;

    Entidade – através de
    destinação de partes dos resultados (lucro) em
    programas ambientais.

    Com a dinâmica dos negócios, os passivos
    ambientais devem ser tratados com
    muita atenção e devem fazer parte da tomada de
    decisões das organizações na
    aquisição de outras empresas, na
    formação de cluster, nas fusões, nas
    análises de riscos do negócio, na venda da empresa
    e na concepção de novos produtos, dentre outras
    transações pertinentes ao assunto.

    d)® Receita Ambiental

    É todo o ganho de mercado que a
    empresa passa a auferir a partir do momento em que a
    opinião pública reconhece sua política
    preservacionista e der preferência aos seus
    produtos.

    As receitas ambientais podem ser:

    √ prestação de serviços
    especializados em gestão ambiental;

    √ venda de produtos elaborados a partir de sobras
    de insumos do processo produtivo;

    √ participação no faturamento total
    da empresa que se reconhece como sendo devida a sua
    atuação responsável com o meio
    ambiente.

    Com relação a este último exemplo,
    apesar de sua complexidade, Santos & Silva (2001) dizem que
    pode ser calculado, tomando como bases estatísticas
    elaboradas com o mercado consumidor,
    determinando-se o percentual de clientes que realizaram a compra,
    tendo como exigência e pré-condição o
    item responsabilidade ambiental.

    4.1.2 – Evolução das normas
    ambientais

    Para Sá (2002), a constante
    evolução vem alcançando a nova
    aplicação da contabilidade que concerne aos fatos
    do ambiente natural. A intervenção do poder
    público nas áreas referidas também se
    acentua nos países que possuem responsabilidade com o
    planeta e com a humanidade. Normatizações
    compulsórias e doutrinas avançadas acenam para um
    futuro cada vez mais promissor neste campo.

    ® Espanha
    – Resolução nº 6389 de 25 de
    março de 2002.

    Está em vigor, na Espanha, a
    Resolução nº 6389 de 25 de março de
    2002, do Instituto de Contabilidade e Auditoria de Contas (ICAC).
    Esta Resolução é de caráter
    obrigatório e geral para todas as empresas espanholas, com
    ou sem finalidades lucrativas, na qual as entidades devem
    incorporar em suas contas anuais todas as
    informações relacionadas com as
    obrigações atuais e também aquelas que se
    liquidam no futuro, derivadas das
    atividades de prevenir, reduzir e reparar os impactos negativos
    sobre o meio ambiente.

    Esta Resolução trata de desenvolver os
    aspectos relativos à Contabilidade do Meio Ambiente,
    já incorporada ao Direito Contábil espanhol por
    meio do Decreto Real 437/98, de 20 de março. Este decreto
    teve como objetivo aprovar as normas de adaptação
    do Plano Geral de Contabilidade (PGC) das empresas do setor
    elétrico espanhol.

    Foram aprovadas nesta Resolução as Normas
    para o reconhecimento, valorização e
    informação dos aspectos ambientais nas contas
    anuais.

    Para a elaboração desta
    Resolução, o ICAC tomou como referência, de
    acordo com Moneva & Braga, três documentos
    distintos:

    √ os conteúdos exigidos pela Norma de
    Adaptação do PGC ao setor elétrico de
    1998;

    √ a recomendação da União
    Européia de maio de 2001;

    √ as normas do International Accounting
    Standards Board
    (IASB) que pudessem afetar especialmente a
    IAS 37, Provisão, Ativos e Passivos Contingentes (em vigor
    desde 1998).

    A composição da Resolução
    nº 6389, de 25 de março de 2002, de acordo com o ICAC
    – BOE nº 81 de 04 de abril de 2002, é a
    seguinte:

    √ Âmbito de
    aplicação.

    √ Conceito de meio ambiente.

    √ Obrigações, gastos de
    exploração e extra, ativos, provisões e
    contingências de caráter ambiental.

    √ As contas específicas que se empregam em
    casos que sejam de importância significativas.

    √ Informação a registrar nas Notas
    Explicativas – A nota 4 é sobre "Normas de
    Mensuração", na 15 "Situação Fiscal" e na
    22, que é uma nova nota, trata-se de
    "Informação sobre o meio ambiente".

    Conforme Gilet (2002), na Resolução, o
    meio ambiente se incorpora de pleno direito à
    contabilidade financeira: publicidade, auditoria, etc, e
    não contempla informação não
    financeira proposta pela Recomendação
    Comunitária no Informe de Gestão.

    A norma primeira da Resolução estabelece
    as obrigações de informar sobre as
    questões relacionadas com o meio ambiente, afeta as contas
    anuais individuais e consolidadas, de modo que ofereçam
    à sociedade informações e a imagem fiel de
    seu patrimônio, da sua situação financeira e
    dos seus resultados econômicos.

    Na segunda norma, responsabilidade de natureza
    ambiental
    – são obrigações atuais
    que se liquidarão no futuro, surgidas por
    atuações do sujeito contábil para prevenir,
    reduzir ou reparar o dano sobre o meio ambiente.

    A terceira norma é sobre atividade
    ambiental
    , que é qualquer operação cujo
    propósito principal seja prevenir, reduzir ou reparar o
    dano sobre o meio ambiente. Para Fenech (2002), meio ambiente
    como entorno físico natural, incluídos o ar, a
    água, a terra, a flora, a fauna e os
    recursos não renováveis, tais como os
    combustíveis fósseis e os minerais.

    Já a quarta norma trata das despesas de
    natureza ambiental
    , a quinta sobre os ativos de natureza
    ambiental
    , a sexta, provisões e contingências
    de natureza ambiental,
    a sétima sobre
    compensações a receber de terceiros, a
    oitava é sobre obrigações de longo prazo
    para a reparação do meio ambiente
    , a nona,
    informações a serem registradas em notas
    explicativas
    e a décima é sobre as contas a
    serem utilizadas para o registro dos efeitos
    ambientais.

    a)® Despesas de natureza
    ambiental

    Para o ICAC (2002), são despesas de natureza
    ambiental os ingressos das atividades do meio ambiente realizadas
    ou que devam realizar-se para a gestão dos efeitos do meio
    ambiente das operações das entidades, assim como os
    derivados dos compromissos ambientais do sujeito contábil.
    Neste sentido, são consideradas as seguintes:

    √ despesas ocasionadas pela
    prevenção de contaminação relacionada
    com as atividades operacionais atuais;

    √ o tratamento de resíduos e
    vertidos;

    √ a descontaminação;

    √ a restauração;

    √ a gestão do meio ambiente;

    √ a auditoria ambiental.

    As despesas ambientais se dividem em: despesas
    operacionais e despesas extraordinárias. As
    operacionais são as citadas acima, conforme o ICAC
    (2002) e devem ser evidenciadas na Demonstração do
    Resultado do Exercício, enquanto as
    extraordinárias são aquelas produzidas em
    conseqüência de acontecimentos ocorridos fora da
    atividade principal da entidade, como multas,
    sanções e compensações de terceiros.
    Não é considerada despesa extraordinária
    aquela derivada de autuação ambiental ocorrida no
    passado e que seja necessário assumir na atualidade,
    exceto quando ocorrer mudança de critério ou
    correção de um erro contábil de
    exercícios anteriores.

    Nas despesas operacionais, quando o valor for muito
    significativo, o ICAC (2002) alerta que seja criado uma conta
    específica denominada de "Despesas Ambientais" dentro do
    grupo "Outras
    Despesas Operacionais". Se numa operação for
    constatado que só parte é despesas de natureza
    ambiental e se este valor for significativo, deverá ser
    reconhecida separadamente sua importância.

    b)® Ativo ambiental

    São considerados ativos ambientais, de acordo com
    o ICAC (2002), os elementos incorporados ao patrimônio da
    empresa com o objetivo de serem utilizados de forma duradoura em
    sua atividade e cuja finalidade principal seja a
    minimização do impacto
    ambiental, proteção e melhora do meio ambiente,
    incluindo a redução e eliminação da
    contaminação futura das operações da
    entidade. Estes bens devem ser contabilizados no grupo
    Imobilizado.

    Para determinação do preço de
    aquisição, custo de produção,
    critérios de depreciação e
    correções a efetuar nestes ativos, adota-se o
    estabelecido nas normas de valoração estabelecidas
    no Plano Geral de Contas e em particular o previsto na norma
    terceira, letra "f", da Resolução de 30 de junho de
    1991, do ICAC e a Resolução de 9 de maio de 2000,
    sobre determinação do custo de
    produção. O ICAC (2002) ainda diz que, para efeitos
    desses cálculos, tem que se levar em
    consideração os fatores ambientais.

    c)® Provisão e Contingências
    ambientais

    É considerada provisão de natureza
    ambiental, as despesas originadas do mesmo exercício ou de
    outro anterior, claramente especificadas quanto à sua
    natureza ambiental e que, na data do encerramento do
    exercício, sejam prováveis ou certas, porém,
    indeterminadas quanto à sua importância exata e
    à data de sua produção.

    Em função da informação
    disponível, é importante que a provisão seja
    realizada com a melhor estimativa possível da despesa
    necessária para fazer frente à
    obrigação na data do encerramento do
    balanço. Esta estimação se dará nas
    seguintes circunstâncias, conforme o ICAC
    (2002):

    √ sua quantificação não
    será afetada pelo valor de vendas de elementos do ativo da
    entidade diretamente relacionados com a origem da
    obrigação;

    √ deverá ser objeto de revisão em
    exercícios posteriores em função da nova
    informação disponível;

    √ quando for significativo o valor estimado,
    deverá ser observado o efeito financeiro no cálculo
    da provisão;

    √ quando não é possível
    realizar uma melhor estimação, deve-se avaliar os
    possíveis valores de despesas futuras esperadas e
    informar, em Notas Explicativas, os motivos excepcionais desta
    situação.

    A obrigação terá caráter
    contingente nos seguintes casos:

    √ quando a liquidação da
    obrigação não é provável que
    origine uma saída de recursos;

    √ quando a obrigação está
    condicionada a que ocorra um sucesso incerto ou pouco
    provável sobre o que a entidade pode influir e que
    confirme a origem da obrigação.

    d)® Provisão e Contingências
    ambientais

    A referida Resolução, em seu artigo
    7º – ICAC (2002), diz que a compensação a
    receber de terceiros no momento de liquidar uma
    obrigação não deverá ocorrer uma
    diminuição do valor da dívida, devendo ser
    reconhecido, no ativo da entidade, o direito de reembolso e este
    valor não poderá exceder a importância da
    obrigação registrada contabilmente.

    e)® Obrigações de longo
    prazo

    As despesas relativas às atividades de
    descontaminação e restauração de
    lugares contaminados, eliminação de resíduos
    acumulados ou eliminação de ativos imobilizados
    requerem adotar uma provisão no momento em que a entidade
    tenha que atender a essas obrigações.

    f)® Informações a registrar nas
    Notas Explicativas

    Nas Notas Explicativas se deverá facilitar toda
    informação significativa em relação
    aos elementos descritos. O ICAC (2002) divide em três itens
    as informações das Notas Explicativas:

    ® Normas de
    mensuração
    – neste item se
    indicará:

    √ critérios de mensuração,
    assim como de imputação aos resultados dos valores
    destinado aos fins anteriores. Em particular se indicará o
    critério seguido para considerar estes valores como
    despesas do exercício ou como maior valor do ativo
    correspondente;

    √ descrição do método de
    estimativa e cálculo das provisões derivadas do
    impacto ambiental;

    √ políticas contábeis sobre
    descontaminação e restauração de
    lugares contaminados.

    ®
    Situação fiscal –

    será incluída informação
    sobre:

    √ as deduções por investir em
    medidas para reduzir o impacto ambiental.

    ®
    Informação sobre meio ambiente

    – neste item deve-se informar, segundo o ICAC
    (2002):

    √ descrição e característica
    dos sistemas, equipamentos e instalações mais
    significativos incorporados ao imobilizado, material de
    proteção e melhora do meio ambiente, indicando sua
    natureza, destino, assim como o valor contábil e a
    correspondente depreciação acumulada sempre que
    pode determinar-se de forma individualizada;

    √ despesas incorridas no exercício, cujo
    fim seja proteção e melhora do meio ambiente,
    distinguindo as despesas de caráter ordinário e
    aquelas outras de natureza extraordinária, indicando, em
    todos os casos, seu destino;

    √ riscos e despesas para provisões
    correspondentes a atuações ambientais;

    √ contingências relacionadas com a
    proteção e melhora do meio ambiente, incluindo os
    riscos transferidos a outras entidades, sistema de
    avaliação da provisão e fatores dos que
    depende, com indicação dos eventuais efeitos no
    patrimônio e nos resultados; neste caso, serão
    indicadas as razões que impedem as
    avaliações, assim como os riscos máximos e
    mínimos; efeitos operacionais e financeiros que se
    prevêem como conseqüência dos compromissos e os
    investimentos futuros de natureza ambiental.

    √ as subvenções recebidas de
    natureza ambiental, assim como os ingressos que se produzem como
    conseqüência de certas atividades relacionadas com o
    meio ambiente.

    g)® Contas a serem utilizadas para o registro
    dos efeitos ambientais.

    O ICAC (2002) diz que não obrigatório o
    uso o uso das contas a serem utilizadas para o registro dos
    efeitos ambientais, mas faz sugestão, através da
    referida Resolução, da inclusão das contas
    de acordo com o vigente PGC – Plano Geral de
    Contas.

    A Resolução de nº 6.389 entrou em
    vigor em 05 de abril de 2002, após ser publicada no
    Boletim Oficial Del Estado em 04 de abril de 2002.

    4.2 – Contabilidade dos Recursos
    Humanos

    O conceito de Contabilidade de Recursos Humanos como o
    processo de identificar e de medir dados sobre os mesmos foi
    enriquecido pela contribuição de acadêmicos e
    de especialistas a partir de 1973.

    Foi elaborado em 1996, o trabalho acadêmico do
    professor João Eduardo Prudêncio Tinoco, que
    é uma tese de doutorado do Departamento de Contabilidade e
    Atuaria da Faculdade de Economia, Administração e
    Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA
    – USP, com o título "Contribuição ao
    Estudo da Contabilidade Estratégica de Recursos Humanos".
    Este trabalho é pioneiro na área e está
    sendo muito usado como fonte de pesquisa, pois é
    considerado um excelente estudo da Contabilidade dos Recursos
    Humanos.

    Gupta (2003) diz que, embora houvesse teoristas
    adiantadas da contabilidade, como (Paton, 1922) e Scott, (1925),
    que reconheceram os recursos humanos como um recurso e comentaram
    que "em um negócio um pessoal bem-organizado e leal pode
    ser ‘um recurso mais importante’do que um estoque de
    mercadoria" (Paton, 1922), o fato remanesce, entretanto, que era
    Likert (1967) que usou primeiramente o termo "contabilidade de
    recurso humana" (um termo substituído pela "Contabilidade
    de Recurso Humano"), ao logicamente demonstrar a fraqueza da
    estrutura tradicional da contabilidade, não trazendo os
    recursos humanos dentro do seu contexto.

    Desde então, um número de investigadores
    tentou enriquecer o pensamento, construindo modelos para
    atribuir figuras do custo ou do valor aos recursos humanos e
    estabelecendo a utilidade de dados da Contabilidade de Recursos
    Humanos para várias situações na tomada de
    decisão.

    O conceito da Contabilidade de Recurso Humano segundo
    Rao (1993), pode basicamente ser examinado em duas
    dimensões:

    1. o investimento em recursos humanos; e
    2. o valor de recursos humanos.

    A despesa incorrida, criando, aumentando e atualizando a
    qualidade do recurso humano é um investimento em recursos
    humanos. Tal investimento traz resultados lucrativos como uma
    produtividade mais elevada e uma renda também mais elevada
    à organização.

    O rendimento que o investimento em recurso humano gera
    será considerado como a base de valor do recurso
    humano.

    A literatura em Contabilidade de Recurso Humano conforme
    Gupta (2003), revela que existem vários estudos, como os
    de Becker (1964), Thurow (1970), Mincer (1962) e Schultz (1962),
    que trataram do conceito da taxa de retorno do investimento no
    capital
    humano. A premissa básica para Flamholtz (1974) na
    teoria da Contabilidade para Recursos Humanos
    é:

    1. as pessoas são recurso valioso de uma empresa
      e
    2. informação no investimento e no valor
      do recurso humano é útil para a tomada de
      decisão interna e/ou externa.

    O custo histórico ou original de Brummet (1968)
    sugeriu a capitalização da despesa da empresa na
    seleção, orientação, treinamento,
    recrutamento e no desenvolvimento das pessoas, e trata-os como
    recursos com a finalidade da Contabilidade de Recurso
    Humano.

    O modelo do
    custo de oportunidade por Hekimian (1967) apud Rao (1993) deu o
    ímpeto para avaliar o custo de oportunidade dos
    empregados, chave para a base quantitativa, planejamento e
    controle para o funcionamento das atividades do recurso
    humano.

    Já Hermanson (1964) apud Gupta (2003)
    propôs um modelo ajustado do valor atual, quantificando o
    valor do capital humano de uma companhia. De acordo com ele, as
    quantidades dos salários futuros pagáveis
    representam uma responsabilidade, quando consideradas como
    recursos humanos ou operacionais, e devem ser inclusos na
    contabilidade. Tinoco (1996) diz que Hermanson foi um dos
    pioneiros contadores a abordar os recursos humanos no contexto
    das organizações, focalizando-os como
    ativos.

    Rao (1993) diz que Lev (1971) avaliou o capital humano
    como o valor atual, do salário futuro das pessoas
    até a aposentadoria. Likert (1971) desenvolveu um modelo
    para diagnosticar as mudanças na organização
    humana sobre um período de tempo. As variáveis
    humanas são divididas em três categorias:

    1. variáveis causais;
    2. variáveis intervenientes e

    (iii) variáveis de resultado final.

    Quanto às variáveis humanas, Tinoco
    (1996) diz que as:

    Ö
    variáveis causais
    – resultam em
    mudanças nas atitudes, motivações e
    comportamentos dos subordinados;

    Ö
    variáveis intervenientes

    produzem mudanças na produtividade, inovação
    e desenvolvimento da força-trabalho; e

    Ö
    variáveis de resultado final

    – as tendências dos lucros das entidades podem
    ser previstas. Lucros assim previstos podem ser descontados, para
    se determinar o valor presente da empresa e de seus recursos
    humanos.

    A interação entre variáveis causais
    e intervenientes foi mostrada para afetar a
    satisfação de trabalho, os custos, a produtividade
    e o salário.

    De acordo com Llena (2001), são propostas
    distintas técnicas de avaliação do capital
    humano:

    Ö
    valor do custo
    histórico;

    Ö
    custo de oportunidade;

    Ö
    custo de
    compensação;

    Ö
    custo de
    reposição;

    Ö
    desconto de salários
    futuros;

    Ö
    valor econômico.

    Todas estas técnicas de avaliação
    monetárias logicamente devem se basear em número de
    empregados de cada categoria existente na empresa. Também
    existem técnicas de avaliação não
    monetárias, as que se reconhecem como
    informações relativas a determinadas qualidades do
    capital humano. Entre as mais utilizadas se encontram o modelo de
    Likert-Bower.

    Este ramo da contabilidade ressurge na atualidade devido
    às novas propostas empregadas pela responsabilidade social
    das empresas. Desde o começo deste século tem-se
    reconhecido que as empresas têm um certo grau de
    responsabilidade social que não se limita a maximizar a
    atuação econômica e os
    benefícios.

    4.3 – Informação de
    caráter ético

    Ao começar o exercício profissional, tal
    como se deverá aplicar a "partida dobrada" para que um
    lançamento contábil se encerre, a ética
    será aplicada de igual forma. Pensemos em um conceito de
    equilíbrio entre estado, empresa, empregados, sociedade e
    região em seu conjunto.

    Toda organização cidadã incorpora,
    em seus valores e em suas atividades, a ética
    empresarial como norteadora e pré-requisito
    fundamental, a qual, segundo Schommer & Ficher (1999), diz
    respeito a um conjunto de princípios, ações
    e atitudes voltadas para a valorização da
    qualidade, para o respeito ao consumidor e ao meio ambiente,
    abarcando também o respeito para com todos os agentes que
    se relacionam com a empresa: funcionários, fornecedores,
    governo, clientes, comunidade, sócios ou acionistas,
    etc.

    A responsabilidade social e a ética caminham lado
    a lado. É a partir da moral e dos
    valores éticos daqueles que conduzem uma empresa, que se
    tem a prática da responsabilidade social
    corporativa.

    A ética passa a ser uma pressão coletiva.
    E espera-se que trabalhe pelo bem-estar coletivo. No Brasil, os
    consumidores já podem julgar se uma empresa é boa
    ou ruim, tendo por base a responsabilidade social. Este
    julgamento leva em consideração a maneira como
    são tratados os funcionários e a ética nos
    negócios.

    Neste contexto, cabe ao profissional contábil
    pautar suas ações profissionais sob a luz da
    ética que lhe oportuniza operar com justiça,
    prudência e equilíbrio, visando que seu trabalho
    seja realizado de forma eficaz, competente e com lisura, pois, do
    contrário, poderá o usuário sofrer
    sérias conseqüências.

    Dentre todas as profissões, a do contabilista
    talvez seja uma das que exija do profissional, a todo instante,
    um apelo ao comportamento ético, pois é a atividade
    contábil aquela que, através de seus
    relatórios, registros,
    demonstrativos e principalmente pela assinatura da
    responsabilidade técnica pelo serviço prestado,
    expõe aos dependentes e usuários da contabilidade
    tais informações.

    Llena (2001) diz que estas informações
    são de valores éticos da empresa, no que se refere
    a dados relativos às atuações da empresa
    relacionadas com a proteção do consumidor e da
    comunidade, ou da prestação de ajudas ou
    serviços à sociedade sem ter lucro.

    Os principais aspectos que se incluem neste tipo de
    informação estão demonstrados no quadro 3,
    conforme Llena (2001).

    Quadro 3 – Informações de
    caráter ético

    Políticas e relações com os
    clientes.

    Atividades e donativos de caráter
    político.

    Políticas, ações e
    medição de atividades dirigidas a oferecer
    igualdade de oportunidades entre coletivos diferenciados
    tradicionalmente por sexo,
    religião, raça, procedência, idade,
    etc.

    Atividades e políticas relacionadas com o
    bem-estar da comunidade.

    Publicidade

    Políticas e descrições de
    comprovação da segurança dos
    produtos e processos produtivos.

    Descrição de práticas
    éticas e práticas externas
    não-éticas.

    Atividades e donativos de caridade.

    Concessão de prêmios,
    etc.

    Fonte: Llena (2001).

    Sabe-se que a regulamentação a respeito da
    publicação deste tipo de informação
    tem sido escassa, todavia destaca-se a do Balanço Social
    que foi promulgado na França. Llena (2001) diz que existe
    também algum requerimento no Tratado da União
    Européia a respeito da segurança dos produtos, a
    fim de proteger e informar o consumidor.

    6 –
    Conclusão

    A Contabilidade Social contribui com elementos de
    caráter qualitativo que ajudam a orientar corretamente os
    administradores e empresários no manejo, fortalecimento e
    progresso do fator humano.

    Neste sentido, as entidades devem desenvolver sistemas
    de informação que incorporem aspectos sociais de
    forma mais clara e estruturada, de maneira que se justifiquem
    suas atuações em determinados campos sociais,
    porque a Contabilidade Social se sustenta nas necessidades de
    prover mensagens enfocadas na chamada gestão social, que
    busca satisfazer as necessidades dos trabalhadores e melhorar o
    nível de vida da população mediante o
    aumento da qualidade de seus produtos.

    A Contabilidade Social da empresa, de acordo com
    Ensuncho (2003), não tem só o objetivo de produzir
    utilidades. Tem também um objetivo social fundamental: "o
    homem".

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    FEA
    – Faculdade de Economia, Administração e
    Contabilidade – USP – Universidade de São
    Paulo – 1996. Tese de Doutorado.

     

    Maria Elisabeth Pereira Kraemer

    Contadora, CRC/SC nº 11.170, Professora e
    Integrante da Equipe de Ensino e Avaliação na
    Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI – Universidade do
    Vale do Itajaí. Mestre em Relações
    Econômicas Sociais e Internacionais pela Universidade do
    Minho-Portugal. Doutoranda em Ciências Empresariais pela
    Universidade do Museu Social da Argentina. Integrante da Corrente
    Científica Brasileira do Neopatrimonialismo e da ACIN
    – Associação Científica Internacional
    Neopatrimonialista.

    ENDEREÇO: Avenida Joca Brandão nº
    111, Edifício Dona Emília, apto 902 –
    Centro.

    CEP 88.301-300 – ITAJAÍ – SC –
    BRASIL

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    47-3446558

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