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Nogueira (2002) cita o trabalho dos geógrafos Yves André e Antoine Bailly, no qual, os mapas mentais são representações do real e são elaborados por um processo que relaciona percepções próprias visuais, audiovisuais, olfativas, lembranças, coisas conscientes ou inconscientes.
Petchenick (1995), afirma que "toda percepção é também pensamento, toda razão é também invenção". Ressalta que apesar das ciências estarem avançadas, ainda não existe uma teoria completa para a leitura de mapas. Para a autora, a leitura do mapa não consiste em simplesmente uma soma de comparações perceptivas simples, de tamanho ou valor simbólico. Apesar de nos últimos anos várias teorias novas terem surgido e influenciado a cartografia, elas ainda não foram suficientes para tornar mais eficaz o processo de leitura de mapas.
Ainda seguindo esta linha de pensamento, a autora afirma que está surgindo um novo enfoque, formado através do processo mental do homem que cada um constrói ao longo da vida. Sob este ponto de vista, os meios de comunicação, tal como a linguagem e os mapas, não carregam significados, ou melhor, eles desencadeiam o processo. Para ela os mapas mentais não são simplesmente arranjos de mapas cartográficos, eles vão muito além do que se pode observar através do olhar, "é uma representação integrada", englobando várias representações que ajudam a interpretar a realidade ao redor.
Piaget afirma que, em todos os níveis de desenvolvimento cognitivo, as informações fornecidas pela percepção e também pela imagem mental, servem de material bruto para a ação ou para a operação mental. Por sua vez, essas atividades mentais exercem influência direta ou indireta sobre a percepção, enriquecendo e orientando o seu funcionamento, à medida que se processa o desenvolvimento mental (PIAGET apud OLIVEIRA, 1976).
O processo de desenvolvimento mental passa por etapas que se realizam, mais cedo ou mais tarde, em função das experiências e do meio onde o indivíduo adquire informações que refletem diretamente na percepção.
De acordo com Cavalcanti (1998), o desenvolvimento do mapa mental, no ensino sistematizado, objetiva avaliar o nível da consciência espacial dos alunos; ou seja, entender como compreendem o lugar que vivem. Nesse sentido, a partir de mapas mentais, pode-se conhecer os valores previamente desenvolvidos pelos alunos e avaliar a imagem que eles têm do seu lugar.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, a compreensão geográfica das paisagens significa a construção de imagens vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimento dos alunos, tornando-se parte de sua cultura (PCN, 1997).
Através das abordagens apresentadas, observa-se que os mapas mentais são desenvolvidos nos indivíduos, segundo as etapas de desenvolvimento mental do homem.
Quanto à interpretação dos mapas, sugerem considerar alguns critérios como, por exemplo, faixa etária, diferenças sociais, herança biológica, cultural e educação, pois estes elementos constroem diferentes percepções do espaço.
1.3-Caracterização dos Mapas Mentais
O Mapa Mental é uma ferramenta poderosa de anotação de informações de forma não linear, ou seja, elaborado em forma de teia, onde a idéia principal é colocada no centro de uma folha de papel branco (sem pautas), usada na horizontal para proporcionar maior visibilidade, sendo que as idéias são descritas apenas com palavras chaves e ilustradas com imagens, ícones e com muitas cores. O Mapa Mental é um recurso gráfico que substitui o processo convencional de anotações sob a forma de listagem. Um bom Mapa Mental mostra a "fotografia" do assunto, evidencia a importância relativa das informações ou conceitos relacionados ao tema central e suas associações, (ARCHELA, et al.2004).
Niemeyer (1994, p.6), salienta que os mapas mentais são produtos de mapeamentos cognitivos, tendo diversas formas como: desenhos e esboços de mapas ou listas mentais de lugares de referencia elaboradas antes de se fazer um percurso.
De acordo com Tuan (1975, p.209), define mapa mental como sendo, a planta de ruas.
Dentro desse contexto Oliveira (2002, p.192), argumenta que o mapa exerce a função de tornar visíveis pensamentos, atitudes, sentimentos, tanto sobre a realidade, quanto sobre o mundo da imaginação.
Esses mapas são representações espaciais oriundas da mente humana, que precisou ser lida como mapeamentos e não como produtos estáticos.
Os mapas na percepção ambiental não devem ser vistos como produtos cartográficos, mas como formas de comunicar, interpretar e imaginar conhecimentos ambientais.
Conforme Tuan (1975, apud Seemann, 2003), os mapas mentais tem as seguintes funções:
- nos preparam para comunicar efetivamente informações espaciais;
- tornam possível ensaiar comportamento espacial na mente;
- são dispositivos mnemônicos: quando desejamos memorizar eventos, pessoas e coisas, eles ajudam a saber sua localização;
- como mapas reais, os mapas mentais são meios de estruturas e armazenar conhecimento.
- eles são mundos imaginários, porque permitem retratar lugares não acessíveis para as pessoas.
Dentro desta perspectiva, é importante destacar que os mapas mentais estão relacionados às características do mundo real, ou seja, não são construções imaginárias, de lugares imaginários, mas são construídos por sujeitos históricos reais, reproduzindo lugares reais vividos, produzidos e construídos materialmente (kozel Teixeira e
Nogueira, 1999)[1]
Desta forma ao estudar os mapas mentais das pessoas, não podemos impor categorias acadêmicas e artísticas, mas devemos interpretá-los como uma forma de comunicação.
A percepção acontece de formas diferentes entre os indivíduos, isto é, cada pessoa apresenta determinada percepção com relação ao espaço, sua experiência de vida. Esse mundo percebido através da apreensão dos significados provoca a construção mental, na qual a razão não decodifica essas imagens. Essas imagens foram denominadas de princípios de mapas cognitivos, mapas conceituais e posteriormente mapas mentais. A partir da década de 60, em busca de novas perspectivas de comunicação, houve a preocupação de desvendar essa imagem. O arquiteto americano Kevin Lynch[2]foi um dos pioneiros a associar a percepção do "meio", ao comportamento e ação humana, a partir de mapas mentais.
As pesquisas sobre percepção ambiental requerem uma abordagem bastante ampla, necessitando englobar várias ciências, entre elas a psicologia, a antropologia a sociologia, a geografia, etc.
De acordo com Kozel (2001), o termo ""carta mental"" foi introduzido na geografia por Peter Gould[3]ao discutir o imaginário individual e coletivo relacionado à concepção de mundo.
Para discutir a relação entre mapa e a percepção ambiental tornou-se necessário definir o termo "mapa" conforme o contexto da abordagem humanística e não cartográfica. De acordo com Andreuls 1996, apud Seeman (2003, p. 200-223), o mapa é ""uma imagem simbolizada da realidade geográfica, representando feitos ou características selecionadas, que resultam do esforço criativo da escolha do seu autor e que são desenhados para o uso em que relações espaciais são de relevância espacial.
Ao discutir sobre os ""mapas da mente"", os pesquisadores nem sempre distinguem entre mapas cognitivos e mapas mentais. Os mapas cognitivos são vistos como informações dentro da mente, sem serem desenroladas sobre um plano (AGUIRRE,1999 apud SEEMANN, 2003, P, 200-223).
O homem comunica-se por um processo cognitivo, que é a construção do sentido em nossas mentes, cujo processo possui fases distintas: percepção (campo sensorial), seleção (campo da memória ) e atribuição de significados (campo do raciocínio), que leva `a ação e a memorização (BAILLY,1979, apud DEL RIO,1990, p.2).
Nesta linha de pensamento, o autor refere-se à percepção como um processo mental de interação do individuo com o meio ambiente, que se dá através de mecanismos perceptivos e principalmente cognitivos e a partir do interesse e da necessidade, estruturamos e organizamos a interface entre realidade e mundo, selecionado as informações percebidas, armazenado-as e conferindo-lhes significados (KOZEL, 2001, p.146).
De acordo com Kanashiro (2003, p.160), o mundo percebido pode ser imaginado a partir de estímulos exteriores, pois a filtragem de origem cultural ou até mesmo pessoal, pode evocar diferentes imagens do mundo real. Salienta ainda que essas imagens seriam tipos de estruturas ou de esquemas imaginativos que incorporam ideais e determinados conhecimentos, até como o mundo real funciona.
Na visão de Merleau-Ponty (1999), o corpo é o intermediário obrigatório entre o mundo real e a percepção, pois para perceber as coisas é preciso que seja um acontecimento interior ao corpo e que resulte de sua ação sobre ele. Assim o mundo desdobra-se no mundo real tal qual está fora de meu corpo e o mundo tal qual é para mim, sendo necessário separar a causa exterior da percepção e o objeto interior que ela contempla.
Dentro dessa corrente de pensamento, o conhecimento espacial adquirido pelos homens, consiste sobre tudo em imagens mentais, construídas na trajetória em sua vivência, a partir de sua percepção. Essas imagens levam a construir um espaço mental que, é percebido, concebido e representado pelos homens.
Nesse processo de percepção do meio ambiente, a Fenomenologia fornece subsídios que permitem desvendar o mundo percebido e vivido do homem e mostrar que os seres humanos estão sempre compartilhando percepções comuns e mundo comum, pelo fato de possuírem órgãos similares. No entanto, para analisar as relações do homem com o meio, é necessário compreender, como está estruturado esse espaço percebido na mente das pessoas, ou seja, como ocorre a construção das imagens mentais. Desta forma no texto seguinte, será abordada a questão sobre os mapas mentais, como forma de compreender e interpretar o meio.
O mundo vivido discutido por Dardel (1952), apud Kozel (2001), mostra-o como sendo o mundo experienciado como cenário, tanto o natural como o construído pelo homem e com o ambiente que provê sustento e uma moldura para a existência.
Nesta mesma perspectiva, no entendimento da relação dos homens com o ambiente físico, aparece o termo "topofilia", inicialmente criado por Bachelard em 1969. Em 1979, Tuan ampliou o referido conceito, incluindo aí as experiências das paisagens e dos lugares. A partir deste mundo vivido criamos uma aparente simpatia ou então vivenciamos experiências felizes nele (CERDEIRA, 1999).
Topofilia pode ser descrita como "qualquer coisa dos ambientes que nos faça sentí-los como estar nos relaxando ou estimulando, e tudo o que nas nossas atitudes e costumes nos capacite as experiências locais como dando nos prazer" (RELPH, 1979, p.19)
Segundo esta linha de pensamento, porém num sentido mais amplo Tuan (1980, p.106), descreve Topofilia como sendo a "compreensão de todos os laços afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material. Assim Topofilia, passa a ser vista como a relação existente entre o indivíduo e o espaço, analisando o seu sentimento e sua afeição para com o lugar, isto é, seu amor em relação ao lugar.
Em contrapartida a Topofilia, surge outro tema, também criado por Tuan (1979), a Topofobia, que é o antônimo de Topofilia, introduzindo a idéia de paisagem do medo.
Dentro dessa perspectiva, sabemos que a Geografia utiliza vários termos para referir-se ao espaço geográfico, como por exemplo: espaço, lugar, meio ambiente, paisagem, território terreno, região, etc. Entretanto a perspectiva humanística tem se esforçado para disciplinar o uso de pelo menos dois desses conceitos, que é espaço e lugar.
A categoria de lugar sempre esteve ligada às abordagens geográficas, indicando aspectos localizacionais, classificatórios ou determinando a presença de fenômenos. A partir da década de 1970, é incorporada uma concepção diferenciada das anteriores, agregando assim valores subjetivos referenciados pelos significados, propiciando sentido aos lugares, não podendo ser entendido sob a perspectiva dos fatos, objetos ou eventos, salvo quando vinculado a compreensão de sentimentos, significados e valores a ele atribuídos. Os seres humanos é que lhe dão significados (KOZEL, 2001, p.152).
De acordo com Tuan (1983.p.65), o espaço é qualquer porção da superfície terrestre que é amplo, desconhecido, temido e rejeitado. O lugar recortado afetivamente emerge da experiência e é um "mundo ordenado e com significado".
Os geógrafos humanistas insistem que o lugar é o lar, podendo ser a casa, a rua, o bairro, a cidade ou a nação. Enfim qualquer ponto de referência e identidade. Para o capitalista, o espaço é uma mercadoria destinada ao lucro, um meio de apropriação e controle. Para o homem comum, o espaço é transformado em lugar, nas experiências cotidianas e é carregado de valores simbólicos.
A figura 01 (anexo) mostra a representação entre lugar e espaço dentro da perspectiva da Geografia Humanística.
O espaço para Tuan (1983, 61), é aberto, livre, amplo, vulnerável e provoca medo, ansiedade, desprezo, sendo desprovido de valores e de qualquer ligação afetiva.
Já o lugar é fechado, intimo, humanizado. Desta forma, a ternura, a empatia e a permanência, interferiram na formação e cristalização desse espaço.
Nessa perspectiva entende-se que espaço e lugar são distintos, cada qual tem suas individualidades e singularidades. Assim o espaço poder ser um lugar em questão de horas, por exemplo: durante a semana o centro da cidade pode ser um espaço ou um lugar, pois para muitos, o centro é apenas um espaço aonde vem casualmente resolver algo, enquanto para outros é o lugar de trabalho, de lazer, enfim é a extensão de seu lar, portanto é lugar, Tuan (1983), afirma que a passagem de lugar para espaço pode ocorrer por motivos de dor ou de vergonha. Assim, certos espaços só se tornam lugares após uma demorada experiência. O que inicialmente é feio "sem vida" ou até mesmo odiado (espaço), com o tempo passa a ser o lugar.
Espaços se tornam lugares em razão do contato com outras pessoas e em trocas efetivas, econômicas etc.
Neste contexto, a leitura dos espaços e dos lugares por meio das experiências, evidenciou a valorização do homem enquanto sujeito, buscando desta forma a relação do espaço e do comportamento humano no ambiente. Dessa maneira, desvenda-se um mundo verdadeiramente percebido, construído sob os fundamentos cognitivos, afetivos e simbólicos do lugar.
O termo "lugar" em seu sentido geral significa uma porção ou parte do espaço terrestre, uma vez que o espaço é constituído por diferentes lugares que formam a paisagem geográfica.
Como parte do espaço, o lugar é ocupado por sociedades que ali habitam e estabelecem laços tanto no âmbito afetivo, como também nas relações de sobrevivência.
O lugar é fundamental no estudo da Geografia. Até o início do século XX, o lugar era usado para definir a Geografia, em seu sentido locacional, como simples conceito de localização espacial. Para La Blache, a Geografia é "a ciência dos lugares e não dos homens", (RELPH, 1976, apud ARCHELA 2004). Nesse sentido, a definição de lugar consistia em analisar as integrações que variam de lugar para lugar, relacionando o conceito de lugar ao da própria Geografia.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997), o lugar é um dos conceitos imprescindíveis para a compreensão da Geografia como forma de desvendar a natureza dos lugares e do mundo como habitat do homem.
Partindo do imaginário e de sua representação através do mapa mental, é possível levar a criança a realizar novas descobertas e redimensionar a experiência com o seu próprio lugar e a redescobrir seus próprios lugares no mundo. É no lugar que estão às representações da vida cotidiana, os valores, as representações pessoais, as coisas, os lugares que unem e separam pessoas. As representações do imaginário permitem estabelecer relações entre o modo como cada um vê o seu lugar e como cada lugar compõe a paisagem.
A discussão teórico-metodológica sobre lugar na ciência geográfica tem sido feita, atualmente, por geógrafos de abordagem humanista. Na Geografia Humanista, o conceito de lugar compartilha tanto a localização como o meio ambiente físico. [...] o lugar é o espaço que se torna familiar às pessoas, consiste no espaço vivido da experiência. Como um mero espaço se torna um lugar intensamente humano é uma tarefa para o geógrafo humanista, para tanto, ele apela a interesses distintamente humanísticos como a natureza da experiência, a qualidade de ligação emocional dos objetos físicos as funções dos conceitos e símbolos na criação de identidade do lugar (TUAN, 1982, apud HOLZER, 1999).
Para esse autor, todos os lugares são pequenos mundos: o sentido de mundo, no entanto, pode ser encontrado explicitamente na arte mais do que na rede intangível de relações humanas. Lugares podem ser símbolos públicos ou campos de preocupação, mas o poder dos símbolos, para criar lugares, depende em última análise, das emoções. (TUAN, 1979, apud HOLZER, 1999).
[...] ao propor o estudo da Geografia sob as duas óticas, o lugar como localização e como um artefato único, Tuan (1979) opta pela segunda forma de interpretação da ciência geográfica, justificando sua escolha pela afirmação de que o lugar engloba as experiências e as aspirações do ser humano, constituindo uma realidade que deve ser interpretada à luz da compreensão das pessoas que integram o universo de atuação do estudo geográfico. O autor reforça "que o espaço não é uma idéia, mas um conjunto complexo de idéias [...] o lugar é um espaço estruturado" (TUAN, 1979, apud HOLZER, 1999).
Em relação à importância do lugar para o estudo da Geografia, deve-se ainda considerar dois de seus componentes fundamentais: a identidade e a estabilidade. O primeiro refere-se ao espírito, ao sentimento do lugar, ou seja, à topofilia, ao lugar, [...] topofilia é o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico. Difuso como conceito, vivido e concreto como experiência pessoal (TUAN, 1980).
Assim, deve-se enfatizar que existe uma relação entre as noções de lugar e distância, definida por Fremont (1982 apud HOLZER 1999) como "a relação mais simples entre dois lugares ou entre dois homens". Para este autor existem cinco tipos de distância: distância métrica, distância tempo, distância afetiva, distância ecológica, distância estrutural.
Segundo Holzer (1999), deve-se reforçar que o deslocamento entre diferentes lugares permite estabelecer melhor as noções de distância. Dessa forma, a experiência forja as diferentes escolas de apreciação do lugar. Existem também considerações aos "lugares de memória", que caracterizam por um meio das noções da aceleração da história e ruptura do elo entre a memória e a história. Este autor afirma que o lugar debe ser: [...] um centro de significados e por extensão um forte elemento de comunicação de linguagem, mas que nunca seja reduzido a um símbolo despido de sua essência espacial, sem a qual se torna outra coisa, para a qual se torna outra coisa, para a qual a palabra lugar é, no mínimo, inadequada. (HOLZER, 1999).
Dessa forma, pode-se compreender o lugar como algo inacabado e que está num processo de constante alteração, aberto e em movimento. Daí, a necessidade de ampliar o entendimento do vivido para o concebido. Tuan analisa as diferentes maneiras como as pessoas sentem e conhecem o espaço e o lugar, e salienta como o homem experiencía e entende o mundo. Para ele, lugar é segurança, é também a liberdade que se sente quando se apega ao lugar. (TUAN, 1983 apud OLIVEIRA1976). Para Nogueira (2002), o lugar é parte essencial da identidade, como sujeitos. [...] a Geografia poderia antes de trazer uma caracterização acabada do lugar, procurar investigar e interpretar o saber que cada um traz e que é adquirido na relação de vida com o lugar. Como bem salientou Eric Dardel "para o homem, a realidade geográfica é primeiramente o lugar em que estão, os lugares de sua infância, o ambiente que lhe chama sua presença" [...] Esse lugar está sendo compreendido por nós para além de seus aspectos físicos e geométricos, aqui compreendido como lugar da vida (NOGUEIRA, 2002).
Assim, considerando os diferentes pontos de vista apresentados até aqui pelos estudiosos do lugar na Geografia, o mapa mental pode ser o instrumento ideal a ser utilizado pelos profissionais de geografia, para a compreensão dos lugares, uma vez que, através dessas representações, pode-se compreender o lugar das experiências e das vivências.
Dentro das perspectivas dos mapas mentais, como meio para interpretar e compreender o lugar acredita-se, ser necessário um trabalho mais intenso por parte dos órgãos responsáveis pela educação brasileira, principalmente no que tange à disciplina de Geografia, que é vista por uma grande maioria, como uma disciplina secundária, até mesmo por alguns geógrafos que, na sua falta de preparo e informação adequada, acaba por tornar a disciplina, apenas teórica e decorativa, onde os profissionais de outras disciplinas sem nenhuma formação geográfica se acham capacitados para trabalhá-la.
Quando na verdade, os geógrafos sabem que o trabalho geográfico não é tão simples assim, que exige um trabalho consciente e consistente, que leve o indivíduo a compreender a sua existência enquanto ser vivo, atuante no planeta, que juntamente com os outros elementos da natureza são os responsáveis por toda transformação que ocorre ao longo dos anos.
Os mapas mentais como metodologia utilizada nessa reflexão de compreensão do espaço e do meio vivido, fazem com que o professor tenha um diagnóstico mais preciso da vida social e cognitiva (intelectual) dos indivíduos. É através dos mapas mentais que os indivíduos demonstram o seu mundo vivido, a sua realidade, o conhecimento que tem de espaço, de orientação, os principais pontos de referências, enfim, através destes pode-se conhecer melhor a realidade dos indivíduos que estamos trabalhando. Assim, têm-se a possibilidade de compreendê-los melhor, analisando seu desempenho em sala de aula, seu comportamento, suas dificuldades, enfim é uma experiência muito válida. O professor educador tem muita preocupação com o desempenho dos alunos, questiona-se frequentemente sobre os problemas rotineiros de sala de aula. Desta forma, esta metodologia vai proporcionar ao educador uma melhor compreensão do ser humano com o qual está trabalhando, podendo assim, atuar mais ativamente no processo como agente transformador.
Figura 01
Fonte: Mello, 1990. Adaptado por Oliveira N. 2006.
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__________________. Topofilia. Um estudo da Percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Trad. de Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 288 p.1980.
Autor:
Nilza Aparecida da Silva Oliveira
nilollyver[arroba]yahoo.com.br
Professora Mestre em Geografia, formada pela UFPR em 2006, atuando no nível de Ensino Médio e Fundamental pela SEED
R: Catulo da Paixão Cearense, 35
Curitiba-Pr
Fonte: www.geografia.ufpr.br
[1] KOZEL T. S. e NOGUEIRA. A. R. B. A. Geografia das Representações e sua aplicação pedagógica: contribuições de uma experiência vivida, In: Revista do Depº de Geografia de São Paulo. FFLCH- USP.1999(13)239-257).
[2] LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo, Martins Fontes, 1980, apud KOZEL,2001,p.208.
[3] GOULD. P. Na Mental Maps In Image and Invironment. R.M.& D.Stea Ed. Chicago. 1973, apud KOZEL, 2001.
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