E, agora, o que querem estas mulheres? São tão ousadas que, desavergonhadamente, se assumem feministas, e, se não bastasse isto, afirmam suas convicções sobre o campesinato. Não seria no mínimo, contraditório?
Feminismo e campesinato são temas carregados de contradições em si e entre si. Para GEBARA (2001), o patriarcado1 se encarregou de construir uma identidade subalterna nas mulheres e por isso o desafio do feminismo é de colocá-las em equiparidade com os homens. Já MÉSZÁROS (2002), afirma que a igualdade entre homens e mulheres não é possível pelo fato de que se vive numa sociedade capitalista, então, como afirmá-la sobre a base do campesinato brasileiro, que, segundo RIBEIRO (1995), violentou as mulheres?
Eis a tentativa de reflexão: afirma-se o campesinato, pela relação que as mulheres camponesas possuem com a terra e com a unidade de produção em que se encontram inseridas, pois, daí provém o seu sustento. Para CARVALHO (2005), ao contrário do agronegócio, o campesinato deve, obrigatoriamente, compreender o campo com as pessoas que nele vivem e estabelecem ou estão em vínculos entre si. Logo, dá para misturar feminismo e campesinato!
Isaura Isabel Conte
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