O Programa InfoEsp, "Informática, Educação e Necessidades Especiais" do Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD), unidade das Obras Sociais Irmã Dulce, Salvador-Bahia, implantado em 1993, tem como missão promover, utilizando os recursos de um ambiente computacional e telemático, o desenvolvimento das potencialidades cognitivas de alunos portadores de necessidades educacionais especiais.
E, com isso, torná-los mais autônomos no equacionamento e solução dos próprios problemas, capacitando-os a uma melhor interação com as pessoas e a realidade que os cerca. Dele participam alunos com deficiência física, sensorial e/ou deficiência intelectual.
Para atingir esses objetivos, optou-se, no trabalho, por um paradigma que valorize as capacidades, iniciativa e criatividade do aluno, entendido como o sujeito na construção de seus próprios conhecimentos. Em função disso, chegou-se à aprendizagem através de projetos, a chamada "pedagogia de projetos".
[...] diferentes conteúdos podem ser desenvolvidos através de projetos, definidos juntos por alunos e professor, mas a partir das necessidades e interesses dos alunos, utilizando os mais variados recursos computacionais abertos, facilmente encontrados e manipulados hoje, quando se construiu e se está inserido em uma cultura de informática. (GALVÃO FILHO, 2001)
Conteúdos de diferentes áreas são trabalhados de forma interdisciplinar, no desenvolvimento de um mesmo projeto. Nas palavras de Prado:
De um modo geral, o desenvolvimento de um projeto computacional pode abranger vários domínios na sua constituição, propiciando uma interação entre as diversas áreas do conhecimento. Assim, a atividade de produzir um projeto computacional evidencia características de uma aprendizagem interdisciplinar. (PRADO, 1999)
Na construção de projetos, professor e alunos engajam-se numa relação cooperativa de interações e intercâmbios, participando o aluno com todas as suas vivências e conhecimentos anteriores sobre os temas tratados, e o professor ajudando a explicitar os conceitos que vão sendo intuitiva ou intencionalmente manipulados no desenvolvimento dos trabalhos e das novas descobertas.
E pensando em termos de rede, de Internet, essa parceria extrapola a relação restrita entre aluno e professor, para ampliar-se sem fronteiras em direção a inúmeras outras interações, fontes, parcerias, convergindo para o que Pierre Lévy chama de aprendizagem cooperativa. Nessa perspectiva, ressalta Lévy que:
Os professores aprendem ao mesmo tempo que os estudantes e atualizam continuamente tanto os seus saberes 'disciplinares' como suas competências pedagógicas."... "A partir daí, a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento. (LÉVY, 1999)
No CRPD, a construção de projetos pedagógicos com a telemática, ou seja, por meio "da manipulação e utilização da informação através do uso combinado de computador e meios de telecomunicação" (Dicionário Aurélio), acontece em dois tipos de projetos:
os projetos cooperativos,
e os projetos individuais.
Cada um desses projetos também pode ser ou monotemático ou politemático.
Através de projetos cooperativos monotemáticos, têm sido trabalhados diferentes temas e conceitos, como, por exemplo: a epidemia da Dengue, a construção do Metrô de Salvador, a Copa do Mundo, o Meio Ambiente, etc.
Como exemplo de projetos politemáticos temos a publicação do "Jornal do CRPD On Line" (pauta com diversos temas sendo desenvolvidos por um grupo de alunos) e a construção das homepages pessoais.
No desenvolvimento desses projetos os alunos utilizam diferentes recursos computacionais e telemáticos, tais como: mecanismos de busca, pesquisas na WEB, troca de mensagens de e-mail, publicação dos resultados em websites, debates através de listas de discussão e outros.
O grau de complexidade dos projetos pode variar, desde o mais simples e elementar, até um nível mais complexo e sofisticado, sempre em função do potencial cognitivo e capacidade de abstração do aluno, mas, ao mesmo tempo, num patamar que o desafie a produzir saltos de qualidade em seus conhecimentos e capacidades atuais.
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