Para que possamos prever ou avaliar os benefícios das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, no processo de inclusão social de alunos com necessidades educacionais especiais, é vital detectar o contexto dentro do qual essas tecnologias são inseridas, tanto o educacional, quanto o contexto social. Buscamos, aqui, justamente introduzir essa análise de contexto. Por meio dela, podemos constatar que, com paradigmas baseados na padronização arbitrária de expectativas e resultados e na memorização de informações, a tendência é a exclusão social do aluno, pelo reforço a sua dependência e passividade. De outra forma, quando as interações ocorrem a partir de modelos que valorizem a iniciativa e a autonomia desse aluno, como sujeito na construção dos seus conhecimentos, é possível percebermos passos efetivos em direção à sua inclusão social.
Para tentarmos responder à pergunta do título deste artigo, entendemos ser necessário refletir, primeiro, sobre uma pergunta anterior: de que modelos de educação e sociedade estamos falando? Desejamos demonstrar que, em função da resposta que se dê a essa pergunta inicial, radicais variações poderão ser encontradas na resposta àquela outra.
Philippe Perrenoud, comentando sobre o novo mundo em que crescem as crianças de hoje, um mundo no qual elas dominam desde muito cedo as novas tecnologias, que influem determinantemente em seus cotidianos ( "As crianças nascem em uma cultura em que se clica..."), faz a seguinte afirmação:
"A escola não pode ignorar o que se passa no mundo".
(PERRENOUD, 2000)
Soa dolorosamente sintomática esta afirmação... Que escola é esta, que modelo educacional é este, sobre o qual é necessário explicitar tal afirmativa? Ela não deveria ser considerada como extremamente elementar e óbvia? Não deveria ser óbvio que a escola deve estar sempre "plugada", sempre "antenada", interagindo e dialogando com o que ocorre no mundo?...
Sim, deveria. Entretanto, infelizmente, um conjunto de circunstâncias fazem com que esse alerta de Perrenoud se torne dramaticamente atual e pertinente.
Embora já se multipliquem os movimentos para transformar o modelo educacional escolar no qual estamos imersos, premidos pelas aceleradas transformações que ocorrem nas sociedades e culturas e que o tornam mais evidentemente estéril, esse modelo ainda é marcadamente caracterizado pela rigidez, pela padronização massificada, pela transmissão e memorização de informações.
Como faz notar Mantoan:
A educação escolar e o professor que a ministra não têm, no geral, um referencial de mundo que se compatibiliza com a realidade circundante e com seus possíveis avanços. O espaço educacional parece imune, preservado desses avanços, mantendo o velho, pela indiferença às mudanças do meio (MANTOAN, 1997).
Esse modelo, de alguma forma, podia dar conta das necessidades do homem e das sociedades em outros momentos da história. Mas, hoje, vem tornando-se cabalmente inútil e anacrônico.
Se pensarmos no homem do século XIX ou mesmo do início do século XX, perceberemos que para que este homem fosse considerado "formado", ou "capacitado", em uma determinada área do conhecimento, era suficiente que dominasse, ou retivesse na memória, ou mesmo tivesse rápido acesso a uma considerável quantidade de informações, que corresponderia ao saber acumulado, sistematizado e disponível em seu tempo, sobre a referida área. E isto era alcançado com alguns anos de estudos, utilizando principalmente a literatura mais recente e reconhecida sobre os assuntos estudados.
E, a grosso modo, os conhecimentos que adquirisse em uma faculdade, por exemplo, continuariam válidos e úteis por praticamente toda a sua vida laboral.
O saber e os conhecimentos disponíveis, portanto, eram bastante estáveis e perenes. Mudavam num ritmo lento. Cada nova descoberta e informação permanecia válida e atual por um período de tempo bem largo, demorando muito para ser superada e ficar defasada.
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