O artigo expõe a concepção sócio-histórica da gênese e desenvolvimento cultural da representação dramática de natureza lúdica. Discute a complexidade da abordagem histórico-cultural ao faz-de-conta esclarecendo sua importância pedagógica na educação pré-escolar.
Palavras-chave: Educação Pré-Escolar - Faz-de-Conta - Processos de Desenvolvimento - Psicologia da Educação - Teoria da Atividade
ABSTRACT
Pretend Play and Children"s Pre-School Education
The article exposes the socio-historical conception of genesis and cultural development of child"s dramatic representation. Discusses the complexity of historical-cultural approach to pretend play and its importance to children school pre-education.
Key words: Activity Theory - Developmental Process - Educational Psychology - Pre-School Education - Pretend Play.
Com o desenvolvimento da educação a partir da criança, as atividades lúdicas passaram a ser valorizadas na escola como poderosas ferramentas para o aprendizado de conteúdos "científicos" e de comportamentos socialmente desejáveis.
A idéia de o jogo ser educacionalmente importante já estava presente no pensamento de Platão e Aristóteles. Somente nos séculos XVIII e XIX, porém, com as pedagogias advogadas respectivamente por Rousseau e Fröbel, estabeleceram-se as bases necessárias para a construção de práticas educativas que passam a incorporar o lúdico de forma sistemática na educação escolar (Brougére, 1998).
Enriquecida por descobertas resultantes de pesquisas no campo da psicologia do desenvolvimento, a crença no valor educativo do jogo atinge o corolário com a concepção pedagógica liberal progressivista ou Escola Nova, difundida no Brasil nas primeiras décadas do século passado.
Diversos estudiosos da Educação investigaram a dimensão pedagógica do jogo como Pestalozzi, Drecoly, Montessori, Claparéde, John Dewey, Wallon, Piaget, Vygotsky, Freinet, Peter Slade, Bruner, Usova e Elkonin (França, 1990).
Mas o estudo das relações entre jogo e educação tem, sob muitos aspectos, despertado ainda hoje o interesse por parte de pesquisadores como Gilles Brougére, Artin Goncü, Suzanne Gaskins, Bárbara Rogoff, Jaan Valsiner, James Wertsch, Tia Tulviste, Bert van Oers, Tizuko Kishimoto, Gisela Wajskop e Zilma Oliveira entre outros.
No sentido de discutir os atuais conhecimentos, no Brasil, sobre a dimensão pedagógica do fenômeno lúdico, particularmente no âmbito da educação pré-escolar, é que se elaborou o presente artigo.
A organização dos saberes sobre a educação infantil brasileira intensificou-se durante os anos oitenta, particularmente com o movimento pré-constituinte. Sabe-se que foi unicamente a partir da promulgação da constituição de 1988 que se garantiu, legalmente, no país, o direito das crianças de 0 a 6 anos á educação pública e gratuita.
é oportuno recordar que as creches nacionais, até então sob os auspícios do Ministério da Ação Social, passaram a ser de responsabilidade exclusiva do Ministério da Educação. Kuhlmann Jr., pesquisador da Fundação Carlos Chagas, esclarece o que isso significa:
"A vinculação de creches e pré-escolas ao nosso sistema educacional representa uma conquista do ponto de vista da superação de uma situação administrativa que mantinha um segmento de instituições educacionais específico para os pobres, segregado do ensino regular, com todo o peso dos preconceitos relacionados a isso. (…) Nos textos legais, a intenção da letra é distinguir as faixas etárias atendidas, creche para as crianças de zero a três anos, pré-escola para as de quatro a seis. Essa intenção atendeu á demanda dos pesquisadores da educação infantil, que argumentavam ser necessário retirar da instituição creche o estigma de destinação exclusiva aos pobres, assim como delimitar aspectos relativos á educação das crianças pequenas." (2000:55)
As pesquisas educacionais focando a criança de 0 a 6 anos, que inicialmente tinham por finalidade encontrar respostas institucionais concretas para a reconhecida importância da educação infantil, deixaram de discutir as creches e pré-escolas enquanto co-responsáveis na formação cultural da infância e, hoje, voltam-se para o questionamento dos seus modelos de gestão e projetos pedagógicos, problematizando especialmente a formação profissional dos trabalhadores da educação infantil.
Conforme os resultados obtidos a partir das investigações de Eloísa Candal Rocha (1999:54-74), professora da UFSC, apesar do aumento na quantidade de pesquisas sobre a educação infantil, resultante da consolidação das instituições voltadas para a educação da criança de 0 a 6 anos, existem muitas lacunas ainda a serem preenchidas neste campo de estudo. é o caso, por exemplo, do papel do faz-de-conta para a formação cultural do pré-escolar.
De modo geral, a atividade com a representação de natureza dramática na educação infantil resume-se ao exercício livre e espontâneo do faz-de-conta a partir de estímulos materiais (brinquedos) presentes em "cantinhos" da sala de aula ou nas brinquedotecas escolares.
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