Este artigo parte da premissa de que o indivíduo da modernidade, construído a partir da filosofia política do século XVIII, senhor absoluto dos direitos de igualdade e liberdade, não dispõe de tamanho poder no que concerne ao seu corpo físico. Considerar as possíveis relações entre o individualismo e a biomedicina, nos permite observar com outros olhos as questões mais contemporâneas que envolvem os debates sobre sexualidade e direitos reprodutivos, principalmente no que se refere à homossexualidade e ao aborto.
O presente trabalho tem por objetivo abordar a construção da homossexualidade no Ocidente e as implicações dos conceitos de saúde e doença nessa história que se fortalece no século XIX, mas que começa a ser cunhada a partir da Revolução Industrial do século XVIII. Se o desenvolvimento da biomedicina na era moderna se dá por um controle cada vez mais preciso dos corpos, potencialmente perigosos à ideologia liberal-capitalista, é através de movimentos em torno da corporalidade que essa ideologia tem sido questionada, invertida ou renovada, no sentido de subverter ou construir novas formas de controle.
Marco Aurélio da Silva
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