Neste trabalho, analiso a produtividade de livros destinados à alfabetização na construção de identidades alfabetizandas ao final do século XIX e nas três primeiras décadas do século XX, no Estado do Rio Grande do Sul, com a instalação da Primeira República no Brasil. Tendo por referência os Estudos Culturais, inicialmente apresento a Cartilha maternal, cujo método do autor João de Deus foi adotado oficialmente no nosso Estado através de contrafação produzida pela Editora Selbach da obra lusa. Em seguida, apresento o primeiro livro Queres ler?, obra didática adaptada de obra original uruguaia. Este primeiro livro passou a ser adotado na Instrução Pública ao final da Primeira República. Após, apresento a trajetória da arte da escrita através das discussões e orientações que circulavam à época quanto ao uso da escrita inclinada ou da escrita direita, visibilizando-as nas duas obras didáticas examinadas.
Concluo observando que interpretações circulantes à época sobre métodos de ensino da leitura e da escrita e deslocamentos nessas significações podem ser reconhecidos nas obras didáticas examinadas, sendo que tais discursos e as identidades alfabetizandas que constituem são marcados por uma interpretação moderna da infância, da leitura e da escrita.
Iole Maria Faviero Trindade
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