Seja o seguinte Modus Ponens (MP):
(1) Se P, então nec. P
(2) P
(3) Nec. P
Saul Kripke alega que este argumento é válido e que as duas premissas (1) e (2) podem ser verdadeiras, sendo o valor de verdade da primeira conhecível a priori e o da segunda conhecível a posteriori, resultante de uma descoberta científica como qualquer outra; pelo que se deveria seguir, da verdade daquelas premissas, a verdade da conclusão, (3), que é uma proposição necessária conhecida a posteriori que resulta por MP das anteriores.
O que causará perplexidade nas verdades necessárias a posteriori e levará a duvidar da consistência do argumento acima exposto? Aparentemente, é um certo passo de magia pelo qual e repentinamente o mesmo conhecimento empírico que permitiria afirmar uma verdade contingente se revela, afinal, suficiente para que se afirme uma verdade necessária acerca do mundo. Por exemplo, se sabemos que a água é H2O que passo nos permite a partir daí vir dizer que a água é necessariamente H2O?
Ora, o que proponho com esta comunicação trazer à discussão será a natureza da necessidade nestas verdades necessárias a posteriori; mais em particular, procurarei apresentar um conjunto de argumentos contra a posição que defende que a natureza da necessidade envolvida é metafísica.
Para esse efeito começo por distinguir duas classes de verdades necessárias a posteriori, as identidades e as predicações, classes que tratarei separadamente, primeiramente as identidades e, depois, as predicações.
André Barata
abarata[arroba]ubi.pt