Um dos riscos presentes nos principais estudos que criticam a ideologia da globalização é a ausência de propostas alternativas. A falta de perspectivas, o ceticismo e o exagero de alguns desses críticos tornam quase inócuas, ou até mesmo nocivas, as tentativas de refutação do ideário neoliberal “globaltotalitário” do pensamento único (Estefanía, 2000) ou do “ethos”1 da globalização.
Cumpre esclarecer ao leitor que o conceito de “ethos” utilizado neste artigo pode ser entendido, em acepção baseada em Küng, como a universalização de um “consenso básico referente aos valores vinculantes, às normas inalteráveis e às atitudes pessoais básicas, consenso sem o qual toda sociedade, mais cedo ou mais tarde, passa a estar ameaçada ...” (Küng, 2001:188-189). Como este “consenso universal” não se realizou através do ideário neoliberal de globalização nem do pensamento único globaltotalitário, utiliza-se neste artigo a palavra ethos entre aspas. Entende -se que um ethos enquanto consciência ética universal (Weltethos)2 ainda não se constituiu, ou está por se constituir através da luta pela preservação da Declaração do Direitos Humanos da ONU e por uma globalização solidária em escala planetária.
Para se contrapor ao viés ideológico neoliberal, que defende a inevitabilidade da globalização, faz-se necessário conhecer as "teses" ou postulados teóricos do discurso que alimenta o ideário deste pseudo “ethos” globalista.
Este trabalho tem por obje tivo desmitificar, a partir de uma perspectiva geoeconômica, alguns dos argumentos utilizados pelo pensamento único contemporâneo sobre o atual processo de globalização. Para alcançar tal intuito, divide -se em cinco partes de investigação
Hindenburgo Francisco Pires
hindenburgo[arroba]uerj.br