Fundamentação filosófica e o papel da sociedade no processo de inclusão das pessoas com deficiências

Enviado por Graziela Alves


Fala-se muito em construir uma escola inclusiva, mas será que basta a escola ser inclusiva? E a família? E a igreja? E a comunidade? E a sociedade como um todo? Será que estão fazendo sua parte? Apesar de muitos esforços para não haver mais exclusão "As pessoas com deficiência são tratadas com discriminação e preconceito em nossos dias, em quase todas as culturas" (CARVALHO, 1997)

Políticas Públicas devem a cada dia mais surgir e garantir que todos as pessoas com deficiência possam usufruir sem preconceitos ou exclusões de uma vida familiar e social comum, como qualquer cidadão tem direito.

Pontua-se que o que acontecia (e pior, ainda acontece) é o que chama-se de integração: percebeu-se que tem que aceitar o aluno com deficiência, inserí-lo na sociedade. Mas o que acontece com a integração: ela requer que as pessoas com necessidades adaptem-se a vida social e não o contrário, como deveria ser. Lógico, com certeza seria bem mais prático (e mais barato) para "os governantes" se todos os deficientes pudessem se adaptar igualmente aos ditos normais, mas isso não ocorre.

Já dizia Beyer apud Gil, 1997:

"Mudanças precisam acontecer, primeiramente na parte física e em seguida faz-se necessário e o mais difícil: alteração no comportamento das pessoas, no olhar, no modo de agir e tratar, de aceitar sem excluir, de perceber que eles são capazes. "Uma criança com necessidades educacionais especiais, antes de ser alguém impedido por uma deficiência, é alguém capaz de aprender"

Ninguém nasce sabendo tudo, ninguém nasce pronto, as pessoas sempre estão em contínuo processo se aprendizagem.

Clemente apud Gil (1997) salienta que:

"[...] O desenvolvimento das pessoas com deficiência deve ocorrer no processo de inclusão e não como um pré-requisito para que estas pessoas possam fazer parte da sociedade, como se elas precisassem "pagar ingresso para integrar a comunidade"

No Brasil existem 24,5 milhões de pessoas que têm algum tipo de incapacidade ou deficiência, física ou mental, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2000, é um número relativamente alto e pouco se tem feito para facilitar a convivência social dessas pessoas e sua inclusão. Esses 24,5 milhões de brasileiros correspondem aproximadamente de 10 a 15% da população do país. Não se pode fechar os olhos e fingir que eles não existem, a cada dia mais políticas públicas de real inclusão devem ser pensadas e postas em prática para integrar e mais que isso, incluir também esses cidadãos brasileiros.

 A maioria deles tem problemas de visão, vêm em seguida os portadores de alguma deficiência motora, em terceiro está o grupo dos deficientes auditivos, depois os deficientes mentais. Entre essas classificações há também os que acumulam múltiplas deficiências. Tem-se que ver formas de dar acesso e permanência a todos nas unidades de ensino e uma vida digna, normal em todos os ambientes e entidades públicas.

Uma das formas de estar incluindo essas pessoas com deficiência é inserí-las no mercado de trabalho, que está cada vez mais exigente e competitivo. Em 1988 a Constituição garantiu o espaço do portador de necessidades no mercado de trabalho, a partir daí os órgãos federais passaram a reservar vagas em concursos públicos a essas pessoas, já foi o primeiro passo para a inclusão nesse sentido.

            Além do já dito no parágrafo anterior, foi aprovada a lei nº 8.213, de 1991, que determina que empresas com 201 a 500 funcionários reservam 3% do quadro de funcionários aos portadores de deficiências; as que tenham de 501 à mil que deixem 4% e as com mais de mil empregados que reservem 5%. Vê-se aqui mais uma política (tentativa) de inclusão, o que se questiona é que se realmente isto está acontecendo na prática, será mesmo que os patrões estão cumprindo a Lei? Uma melhor investigação e cobrança deve ser feita. Outra questão a ser revista é se os empregadores estão capacitando esses novos profissionais, não adianta apenas jogá-los dentro da fábrica só para dizer que estão integrados, cumprindo a determinação, toda uma atenção especial deve ser fornecida a essas pessoas.

Uma das situações que mais causa constrangimento e de maior dificuldade aos portadores de deficiência é o acesso deles aos diversos locais. A Constituição garante a todos o direito de ir e vir, mas isso muitas vezes se torna bem difícil de ser exercido pelas pessoas com necessidades especiais, já que calçadas não são adaptadas, escadas, meios de transporte, etc. Mas  não é por falta de regulamentação, a Lei nº. 10.098 normativa que os ambientes públicos devem ser adaptados a essas pessoas. Não falta lei, falta na verdade o seu cumprimento, mais vontade política e fiscalização. (TONELLO, 2003)     

Quando se fala em inclusão de pessoas com deficiências, logo se pensa apenas na inclusão escolar, realmente a educação já está caminhando neste sentido, mas o que muitos estão esquecendo que essas pessoas têm direito de acesso em todos os lugares, como qualquer pessoa tem e não apenas na escola é que devem ocorrer as mudanças, mas sim em todos os ambientes. Para se promover essas mudanças físicas, antes de tudo é preciso alterações na forma de pensar das pessoas, de ver e agir sobre o mundo, seus pré-conceitos, atitudes, etc.


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