No tempo do possível: notas sobre educação para a paz

Enviado por João Beauclair


  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Bases holísticas da Educação
  4. A Paz como meta e busca humana
  5. Criando harmonia e sentido para construção de um novo tempo
  6. Bibliografia


RESUMO:

Este texto é o resultado de algumas reflexões sobre Educação para a Paz a partir da vivência do autor enquanto pesquisador autônomo interessado em estudar sobre modelos de auto-regulação de aprendizagem que construam a mudança de mentalidade educacional necessária a construção de um outro tempo humano, onde solidariedade, harmonia e paz encontrem efetivo espaço. Oriundas de um exercício educativo que pretende ser mediador de conflitos nos espaços e tempos onde humanamente podemos continuar a aprender, estas reflexões exigem o intercâmbio e a continuada discussão, desejo que aqui deixa expresso o seu autor.

ABSTRACT:

This text is the result of some reflections on Education for the Peace from the experience of the author while interested independent researcher in studying on models of learning auto-regulation that construct to the change of necessary educational mentality the construction of one another human time, where solidarity, harmony and peace find cash space. Deriving of an educative exercise that intends to be mediating of conflicts in the spaces and times where human we can continue to learn, these reflections demand the interchange and the continued quarrel, desire that leaves express its author here.

INTRODUÇÃO:

"(...) sem a curiosidade que me move,
que me inquieta,
que me insere na busca
nada aprendo nem ensino".
Paulo Freire

Neste limiar do século XXI, talvez de uma nova civilização caracterizada por rápidas e complexas mudanças, cabe revermos posturas e questionarmos nossos valores e ações, buscando redirecionarmos nossa prática de "ensinagem" à Educação em Direitos e Valores Humanos, à Educação para a Paz.

Vivendo numa era de perplexidades, a sociedade humana se depara com a necessidade de encontrar novas sendas que levem a ruptura com o mecanicismo, com a fragmentação, com a linearidade. A partir de novos paradigmas, a Ciência se prende ao desafio de compreender o mundo a partir de uma perspectiva holística, gerando assim uma nova concepção sistêmica de realidade.

Apesar de longa a citação, cabe aqui lembrar que, já em 1986, diferentes cientistas e pensadores importantes ressaltavam que todos nós somos "... testemunhas de uma importantíssima revolução no domínio da ciência, engendrada pela ciência fundamental (em particular, pela física e pela biologia), pela perturbação que suscita na lógica, na epistemologia e também na vida cotidiana através das aplicações tecnológicas. No entanto, verificamos, ao mesmo tempo, a existência de uma defasagem importante entre a nova visão do mundo que emerge dos estudos naturais e os valores que ainda predominam na filosofia, nas ciências humanas e na vida da sociedade moderna. Pois estes valores estão fundamentados em grande parte, no deformismo mecanicista, no positivismo e no niilismo. Sentimos essa defasagem extremamente prejudicial e portadora de pesadas ameaças de destruição da nossa espécie. O conhecimento científico, por seu próprio movimento interno, chegou aos confins, onde pode começar o diálogo com outras formas de conhecimento. Neste sentido, reconhecendo as diferenças fundamentais entre a ciência e a tradição, constatamos não a sua oposição mas a sua complementaridade. O encontro inesperado entre a ciência e as diferentes tradições do mundo permite pensar no aparecimento de uma nova visão da humanidade, até de uma novo racionalismo, que poderia levar a uma perspectiva metafísica. Reconhecendo a urgência da pesquisa de novos métodos de educação que levem em conta os avanços da ciência, os quais se harmonizam agora coma as grandes tradições culturais, cuja preservação e estudo aprofundado parecem fundamentais. O estudo conjunto da natureza e do imaginário, do universo e do homem poderia, assim, melhor aproximar-se do real e permitir-nos enfrentar diferentes desafios de nossa época."

Assim, compreendendo a educação como um caminho possível, a medida em que é responsável pela produção e reprodução de bens simbólicos e materiais, é mister discutir a parcela de contribuição que cabe a nós, enquanto educadores/as para a superação deste quadro e o enfrentamento dos desafios que se impõem. Este é o meu foco principal nestas notas: propor e buscar significados e sentidos na Educação em Paz, a partir de minha própria prática educativa e da permanente busca por referenciais que me forneça subsídios para tal. Num primeiro momento, é preciso analisar os diferentes planos que a perspectiva holística pode nos fornecer. A temática em foco, nem sempre privilegiada nos espaços acadêmicos, é essencial para os processos de interação sociais e suas relações com à evolução das consciências.

É preciso discutir as condutas pró-sociais, percebendo os pressupostos da Educação para a Paz como ricos possibilitadores de formação neste sentido, integradores do espaço da existência e do espaço de ‘ensinagem’. A partir das idéias de ASSMANN e SUNG (2000), é possível discutir aspectos primordiais ao construir do educar para a esperança, a partir dos referenciais de competência e sensibilidade solidária para tal modo de educar.

Os desafios da formação continuada de educadores, diante da complexidade do tempo presente, com suas tessituras e tramas no cotidiano escolar precisam ser enfrentados e, nos "espaçostempos" desta formação, este tema pode e deve estar presente. A partir da minha vivência e prática educativa como mediador de cursos de formação continuada, de pós-graduação e de mini-cursos, busco sempre delinear algumas idéias sobre horizontes possíveis para que a escola possa se transformar em um prazeroso lugar, porque aprender de verdade é uma fonte imensa de alegria e de sensação de poder, pela energia que esse prazer contém (GROSSI, 2000).


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