Após o Terremoto Verde

Enviado por Moisés Storch


  1. Paradoxos no Espelho
  2. De Oslo à Intifada
  3. Primavera com Poucas Rosas
  4. Verde Florescente
  5. Muro pela Culatra
  6. Não Tem Conversa
  7. Alerta Verde
  8. Democracia e Terror
  9. Retrocesso Perigoso
  10. Buscar Nova Chance...
  11. Poder Compartilhado
  12. Apesar do Hamas - Busquemos a Paz

Não temos nem o desejo e nem o tempo para esperar outros 25 anos, até que Israel e o Hamas descubram novamente as verdades básicas de que a Terra de Israel precisa ser dividida em duas Nações-Estado, e que isto não pode ser feito sem conversações.

Tom Segev - 30/01/2006  [> ref.1]

Se as recentes eleições legislativas na Autoridade Palestina representaram em si um avanço enorme da democracia na região, seu resultado imediato é um retrocesso ainda maior nas perspectivas de uma retomada do processo de paz.

 Mas será que o estrondoso resultado do Hamas nas urnas significa uma opção do povo palestino pelo terrorismo e por 'varrer Israel do mapa'?

 Consistentes pesquisas de opinião têm indicado que (ainda) não. Segundo pesquisa realizada nesta semana, 84% defendem um acordo de paz com o Estado judeu, e nada menos de 73% dos palestinos acha que o 'Hamas deve mudar sua posição com relação à eliminação do Estado de Israel". Mais ainda, 77% dos que votaram no Hamas são favoráveis a um acordo.  [> ref.2] 

Paradoxos no Espelho

 Voltando alguns anos atrás, encontramos paradoxo igual no lado oposto: a esmagadora maioria do povo israelense era favorável à criação de um Estado Palestino, mas elegeu um governo ultra-nacionalista que não reconhecia nem a existência do povo palestino e, muito menos, o seu direito à soberania.  

O que há em comum nestes dois aparentes paradoxos é que ambos os eleitorados, mais do que para uma plataforma de confrontação, votaram movidos pela desesperança e a insatisfação com uma realidade insuportável.

De Oslo à Intifada

Sharon foi eleito no anticlímax do processo de Oslo, quando tudo indicava que suas negociações iriam  desembocar numa paz justa e definitiva. Naquele momento, a partir das concessões inéditas que Ehud Barak propunha - incluindo a renúncia a parte de Jerusalém, até então um tabu - parecia que a paz estava à distância de um aperto de mão. 

As expectativas do povo israelense, que então se alinhava em massa ao campo pacifista, foram frustradas pela falta de reciprocidade de Arafat. Seu rechaço às propostas de Barak que, se não eram irrecusáveis, ofereciam uma base avançada e realista para negociar um acordo definitivo, foi acompanhado por uma onda sem precedentes de terrorismo e violência. Uma bofetada no campo da paz israelense, então majoritário.

Os israelenses, esvaziados repentinamente da confiança na possibilidade de negociações, votaram na figura carismática que lhes prometia segurança através da força. A longa revolta armada palestina, baseada em atentados terroristas, semeou a insegurança em cada lar israelense. As respostas do poderoso aparato militar de Israel representaram um castigo indiscriminado para todo o povo palestino.

O resultado foi uma acentuada degradação das condições sociais e econômicas de ambos os lados, e um ciclo vicioso mortal de violência, ódio e empobrecimento, com a perda da vida de milhares de pessoas.

Primavera com Poucas Rosas

Se do lado israelense houve uma grande frustração com a ruptura do processo de Oslo e o recrudescimento da violência e do terror, esta frustração não foi menor no lado palestino.

À euforia inicial, quando, pela primeira vez, em 1993, eles viam orgulhosamente a bandeira palestina, tremular na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém - símbolo de sua luta pela emancipação nacional -, seguiu-se uma promissora primavera de construção de suas instituições. Vicejavam iniciativas de cooperação entre israelenses e palestinos em áreas artísticas, educacionais, tecnológicas e culturais. 

 Com a criação da Autoridade Palestina, embrião de um futuro Estado, afinal, ambos os povos tinham a oportunidade de se enxergar e respeitar como seres humanos, com direito às suas próprias identidades. 

 Mas nem tudo eram rosas. Os anos se passavam, e as condições da massa da população palestina pioravam. 

As instituições criadas pela Autoridade Palestina, e os volumosos recursos financeiros que esta recebia de doadores internacionais, eram manipuladas por um sistema político despótico, centralizado pelo rais Yasser Arafat.

 Os recursos públicos não chegavam ao seu destino. Ficavam retidos nas malhas de uma burocracia corrupta, constituída basicamente pela 'velha guarda' da Fatah - que, com o Acordo de Oslo, voltou do exílio de Túnis junto com Arafat. 

 As péssimas condições dos palestinos, logicamente, eram atribuídas exclusivamente a Israel, através de propaganda sistemática nos meios de comunicação e currículos educacionais, igualmente centralizados.


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