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O uso adequado das novas tecnologias passa por transformações organizacionais. Em si, o computador, a internet, as novas tecnologias em geral permitem apenas acelerar e conectar as atividades. As bobagens, não custa repeti-lo, podem hoje ser feitas em volume muito maior, e muito mais rapidamente.
O professor realmente existente sofre a permanente pressão de um sem-número de atividades pontuais, e não se pode simplesmente ver as transformações em curso, com a enorme abrangência que implicam, como mais uma tarefa, mais uma atividade. Trata-se de articular de forma organizada, dentro dos horários e dos espaços escolares, os novos enfoques. Se não houver este redimensionamento organizado, fica realmente cada professor tentando sozinho equilibrar novas práticas, que podem até entrar em choque com orientações mais conservadores de outras áreas do estabelecimento.
Antigamente, as empresas organizavam a sua informatização criando um Centro de Processamento de Dados, o misterioso CPD, com os seus misteriosos especialistas. Só mais tarde se entendeu que a informática e a comunicação devem constituir um sistema de redes extremamente solto e difuso dentro das empresas, permitindo um fluxo amplo de informação entre todos os trabalhadores. As TCI deixaram de ser a especialidade de alguns, para ser uma dimensão do trabalho de todos, e os "especialistas" se tornaram mais modestamente agentes de manutenção do sistema.
Na escola, o processo é diferente, mas envolve igualmente esta lenta assimilação, e os dilemas organizacionais. Gera-se um "laboratório" de informática, com o dono da chave do laboratório, horários estritos de uso, e uma "disciplina" de informática, como se fosse mais uma área de estudo. A imagem que se usa relativamente a este enfoque, é que equivaleria, no caso de um lápis, a fazer aulas de "lapisologia". No caso das novas tecnologias, não se trata de estudar o computador, e sim de se acostumar a utilizá-lo nas diversas matérias. O aluno que usa a internet, deve pensar no seu objeto de interesse, e não na internet, da mesma forma que uma pessoa que faz um exercício não pensa no lápis, mas no problema substantivo que lhe interessa.
Constitui um fator importante também o fato de um número crescente de alunos disporem de computadores e de ligações internet nas suas casas, podendo se gerar um tipo de rede, flexibilizar usos fora de horário da escola, estimular trabalhos extra-escolares que aproveitem estas disponibilidades, além de criar, fato de crescente importância, uma rede de relações entre a escola e a comunidade.
Coloca-se igualmente o problema da tradicional segmentação do horário escolar, os 45 ou 50 minutos, que entram crescentemente em tensão com o aprofundamento de estudos e trabalhos interdisciplinares em torno de temas, formas ricas de trabalho mas que exigem uma distribuição mais flexível do tempo.
OOs trabalhos por temas envolvem por sua vez a organização do espaço de trabalho. Há escolas que passam a trabalhar em salas com subdivisões, com mesas acopladas em círculos que permitem trabalho em grupo, interações diversas. É interessante ver que hoje universidades como a McMaster, na área de medicina, aboliram simplesmente o sistema de aulas, transformando o trabalho do professor num tipo de assessoria a grupos de estudos constituídos pelos alunos.
A facilidade crescente de consulta aos professores via internet muda igualmente a organização de trabalho. Muitos professores hoje já disponibilizam material científico de consulta em sites pessoais, ou na home-page da escola, em vez de recorrer aos tradicionais escaninhos com fotocópias. E os alunos se acostumam gradualmente a consultar os professores via e-mail, a submeter os seus trabalhos a uma apreciação intermediária e assim por diante.
Não é aqui o lugar de redefinir estas formas de organização, que serão seguramente diferentes segundo as condições, a cultura local, o interesse das pessoas, as resistências à mudança encontradas. Os próprios pais resistem freqüentemente a qualquer "modernismo" ou até a simples formas mais inteligentes de organizar o trabalho, por insegurança, ou por excessiva fixação no objetivo único da "performance" no vestibular.
Em outros termos, não se trata aqui de sonhar com transformações revolucionárias e imediatas, e sobre tudo com transformações muito padronizadas. Mas a realidade é que as dimensões organizacionais, de tempo, espaço, hierarquias, divisões em disciplinas e outros temas estarão se colocando de maneira cada vez mais premente, e será preciso começar a trabalhar neste sentido.
É importante ter presente que as novas tecnologias colocam desafios organizacionais na escola, mas também colocam desafios institucionais mais amplos ao sistema educacional em geral.
Estas mudanças não são fáceis. Quando vemos a quantidade e qualidade das sugestões referentes à educação no Brasil, e as confrontamos com o processo real, vem-nos à mente o conceito de "impotência institucional" que utilizamos para caracterizar a perda de governabilidade na administração pública em geral. Quando boas idéias e pessoas bem intencionadas e com poder formal não levam a resultados, é preciso avaliar de forma mais ampla os mecanismos de decisão e a dimensão institucional do problema.
Além disto, é importante a nosso ver entender que a transformação dos espaços do conhecimento não pode se dar apenas de dentro dos espaços da educação: exige ampla participação e envolvimento de segmentos empresariais, dos sindicatos, dos meios de comunicação, das áreas acessíveis da política, dos movimentos comunitários, dos segmentos abertos das igrejas etc., na gradual definição dos nossos caminhos para a sociedade do conhecimento. A educação desempenha um papel chave nestas transformações, mas é um dos atores, e não pode olhar apenas o seu próprio universo, sobretudo se o seu papel deverá ser crescentemente o de articulador nos diversos subsistemas.
Não há fórmula para as alternativas institucionais. Mas é essencial a consciência de que muitas vezes, quando os problemas substantivos não estão sendo tratados, não se trata de maquiavelismos políticos, e sim do fato que não foram definidas as propostas de articulação institucional que permitam que sejam tratados. E na realidade, as tendências para a flexibilização e para a descentralização que hoje se manifestam no sistema educacional brasileiro constituem sem dúvida uma base extremamente significativa para as transformações necessárias.
É freqüentemente útil dar uma olhada nas transformações institucionais que estão aparecendo em países onde o uso das tecnologias da informação está bastante mais adiantado. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi criado o National Center on Education and the Economy, um espaço de criação de idéias que permite a confluência da visão dos educadores, das empresas, dos sindicatos e das administrações públicas. Não há dúvida que este tipo de espaço pode se tornar um instrumento de manipulação política, e não seria esta talvez a estrutura adequada ao Brasil. Mas a própria idéia de que devemos trabalhar com a criação de espaços de elaboração de consensos entre os atores chave que intervêm no processo, estes ou outros, é essencial, tanto no plano nacional, como no plano do município, ou da comunidade.
As transformações que nos interessam mais diretamente se dão sem dúvida na base, na própria escola. Mas é importante termos esta visão de que é o conjunto do edifício educacional que esta progressivamente se reformulando. É uma era onde não só somos chamados a nos entrosar melhor na compreensão das novas tecnologias e dos novos desafios, mas também a trazer idéias sobre soluções institucionais que geram melhores condições de sua aplicação.
As transformações em curso, em termos institucionais, podem ser agrupadas em torno de três grandes eixos. Por um lado, trata-se do já mencionado sistema de alianças e parcerias com comunidades, organizações da sociedade civil, sindicatos, empresas, meios de comunicação, enfim, o conjunto do novo universo que, como a educação, está se reconstruindo em torno da chamada organização do conhecimento. Por outro lado, trata-se da redefinição do que se faz no nível ministerial, no nível estadual, no nível municipal, e no nível da comunidade, num processo de redefinição da hierarquia de decisões. Finalmente, trata-se da horizontalização geral do sistema através da organização das redes. Aqui também, não se trata só do universo da educação: é o conjunto das atividades humanas que evolui do conceito tradicional de autoridade em "pirâmide", para o que já se chama de "sociedade em rede", a network society.
A educação, que trabalha com informações e conhecimento, e cuja matéria prima é portanto de total fluidez nos novos sistemas de informática e telecomunicações, é sem dúvida a primeira a ganhar com o conceito de rede, de unidades dinâmicas e criativas que montam um rico tecido de relações com bancos de dados, outras escolas, centros científicos internacionais, instituições de fomento e assim por diante. Esta nova e revolucionária conectividade, substituindo as pesadas e inoperantes pirâmides de inspetores, controladores e curiosos nomeados por razões diversas, pode dinamizar profundamente todo o sistema. Não é complicado imaginar uma conferência aberta de diretores escolares para intercâmbio de propostas pedagógicas, o intercâmbio de textos entre professores de uma área e de diversas escolas, ou um sistema informatizado de apoio da Secretaria de Educação para consultas pedagógicas permanentes de professores e assim por diante.
Em outros termos, no quadro de uma sociedade do conhecimento que trabalha com subsistemas muito diferenciados que evoluem de forma dinâmica e articulada, necessitamos de formas diferenciadas e flexíveis de gestão, o que só pode ser conseguido com ampla participação dos interessados. A tradicional hierarquia vertical e autoritária, movida por mecanismos burocráticos do Estado, ou centrada no lucro e no curto prazo da empresa privada, simplesmente não resolve.
Vejamos algumas implicações práticas no plano institucional:
De toda forma, é importante ter presente que se as novas tecnologais de comunicação e informação estão reorganizando a indústria, os bancos, a agricultura e tantas outras áreas, é natural que o edifício educacional, para quem o conhecimento é a sua própria matéria prima, tem de abrir o seu horizonte de análise, aproveitando o manancial de possibilidades que se abrem, batalhando por espaços mais amplos e renovados, com tecnologias e soluções institucionais novas.
Simplificando talvez um pouco, podemos dizer que o controle dos espaços do conhecimento, quando passa para o nível global, entra na órbita do poder das transnacionais e dos critérios de lucratividade, enquanto o resgate do controle pela sociedade civil, visando colocar o conhecimento a serviço do desenvolvimento social e do enriquecimento cultural mais amplo, passa pelo desenvolvimento dos espaços participativos locais. Esta visão mais comunitária e socialmente enraizada dos processos educativos não nos remete à segmentação: pelo contrário, o próprio surgimento das novas tecnologias nos permite desenvolver atividades articuladas em redes horizontais interativas, capitalizando-se tanto a vantagem da proximidade social como da conectividade universal. De certa forma, a globalização nos obriga a redefinir as nossas estratégias de trabalho, reforçando as âncoras que representa o espaço local, mas numa perspectiva de ampla articulação e de coordenação horizontal e descentralizada.
Neste sentido, adquire importância fundamental, em termos de orientação das nossas iniciativas, o rápido processo de urbanização do planeta. No caso do Brasil, o impacto é particularmente forte e, como é freqüente com mudanças estruturais de longo prazo, subestimado. Nos anos 50, éramos um país onde dois terços dos habitantes eram populações rurais dispersas. Todas as decisões, como era natural, eram tomadas na capital, onde se concentravam o governo, os bancos, a capacidade técnica. Hoje, numa inversão histórica, temos 80% de população urbana, o que tende a deslocar radicalmente o eixo de decisões do país: as cidades se tornam a unidade básica de gestão social.
Não que esta visão tenha amadurecido muito no Brasil. Como país de urbanização tardia, ainda não nos demos conta das implicações políticas e institucionais da revolução demográfica que sofremos. Basta comparar onde se dão as decisões referentes ao uso dos recursos públicos, nos países mais ricos, de urbanização mais sedimentada, e nos países em desenvolvimento, de urbanização recente: em média, os países do primeiro mundo gastam através de mecanismos locais de decisão entre 40 e 60% dos recursos públicos, enquanto nos países em desenvolvimento a cifra correspondente mal chega aos 10%. O Brasil, com nova constituição, chega nas visões mais otimistas a 17%.
Em outros termos, estamos somente agora começando a entender que a gestão urbana não consiste apenas em cosmética urbana: trata-se do espaço por excelência onde as iniciativas de obras públicas, de saúde, de emprego, de dinamização econômica, de formação de mão de obra, de comunicação e cultura e outras, podem se integrar e se articular numa visão de conjunto que tenha pé e cabeça. Onde as estruturas administrativas de diversos níveis, as empresas, os sindicatos, as faculdades ou escolas, as organizações comunitárias, os meios locais de comunicação, poderão se articular para definir uma política adequada às condições locais, e gerar parcerias capazes de construir uma visão local e regional que tenha pé e cabeça.
Hoje algumas centenas de municípios no Brasil já estão construindo concretamente estas novas visões, articulando formação de mão de obra com financiamento comunitário para dinamizar a formação de pequenas e médias empresas, desburocratizando a gestão, criando sistemas participativos de definição de prioridades orçamentais e assim por diante. Ainda é muito pouco, mas esta reconstrução do país pela base constitui sem dúvida uma das dinâmicas mais importantes onde a educação de jovens e adultos poderá se articular com políticas mais amplas.
De certa forma, os diagnósticos e o marco conceitual se juntam. A tragédia planetária em termos sociais está reorientando as prioridades para o desenvolvimento humano, e não mais o mero crescimento econômico. As tecnologias, ao mesmo tempo que exigem um conteúdo mais elevado de conhecimento nas atividades humanas em geral, estão transformando as atividades de formação e de gestão de conhecimento no eixo prioritário renovação das formas de desenvolvimento. O social emerge como principal setor de atividades econômicas, e não mais como mero instrumento útil para melhorar a "economia". A urbanização permite articular o social, o político e o econômico em políticas integradas e coerentes, a partir de ações de escala local, viabilizando - mas não garantindo, e isto é importante para entender o embate político - a participação direta do cidadão, e a articulação dos parceiros.
A gestão social aparece assim como eixo prioritário de transformação social. Um ponto de referência prático para esta visão teórica pode ser encontrado nas atividades da Câmara Regional do Grande ABC , onde 7 municípios se articularam para dinamizar as atividades locais da indústria de plásticos: a formação é coordenada pelo sindicato dos químicos, em parceria com as empresas, Senai, Sebrae, empresas, faculdades e colégios locais, com apoio financeiro do Fundo de Apoio ao Trabalhador e outros que se articularam no processo. Programas de alfabetização como o Mova e de formação de jovens como o Seja criam um processo mais amplo de mobilização. O IPT aderiu ao projeto criando um sistema móvel de apoio tecnológico à pequena e média empresa (projeto Prumo). A Unicamp participou com a realização de um diagnóstico do setor plástico regional, e as pequenas e médias empresas se articulam por meio de reuniões periódicas da região. O conjunto das iniciativas, estas e outras, encontra a sua lógica e coerência através da Câmara Regional, que reúne as administrações municipais da região, além de representantes de outras instâncias do governo e da sociedade civil. As diferenças do espectro político das prefeituras da região não impediram a articulação desta rede onde as diversas iniciativas - formação de jovens e adultos inclusive - se tornam sinérgicas em vez de dispersivas.
Isto nos orienta de uma visão tradicional da empregabilidade que consistiria em criar, através da formação, a capacidade individual de encontrar um emprego, para uma visão integrada de desenvolvimento que cria ao mesmo tempo os horizontes e a capacidade de caminhar.
Se esta orientação é clara, muito menos claras são as formas de implementar as políticas correspondentes. Uma das mais significativas riquezas do desenvolvimento local, resulta justamente do fato de se poder adequar as ações às condições extremamente diferenciadas que as populações enfrentam. Em outros termos, não há fórmula universal, e sim um conjunto de orientações, ou princípios, que devem permitir a identificação, em cada comunidade onde desenvolvemos a educação de jovens e adultos, das formas de atuação que melhor podem deslanchar um processo de autoconstrução educativa.
O universo cultural dos indivíduos ou de uma comunidade não possui uma gaveta estanque para "educação": os processos educativos devem articular-se com os diversos espaços de conhecimento existentes, envolvendo a televisão, a formação empresarial, as dinâmicas religiosas e assim por diante. A tarefa da educação se complementa assim com a articulação de atores sociais, promoção de eventos que aproximam as pessoas, identificação de problemas econômicos ou sociais que a comunidade possa enfrentar de maneira organizada e assim por diante.
Uma vez mais, a conectividade gerada pelas novas tecnologias tende a tornar estes processos mais simples, mais naturais e mais fáceis. Cabe a nós aproveitar as oportunidades.
Quando estudamos as formas da educação aproveitar o imenso potencial oferecido pelas tecnologias da comunicação e informação, devemos lembrar claramemente que não somos os únicos interessados. Inclusive, estamos atrazados, e somos, em termos econômicos, os primos pobres deste universo.
Vimos que o que estamos vivendo é uma transformação social tão ampla, que gera uma sociedade do conhecimento, da mesma forma como tivemos uma sociedade agrária e uma sociedade industrial. As implicações são profundas: as diversas sociedades agrárias se estruturaram politicamente e em termos de relações de produção em torno ao controle do fator chave, a terra; a sociedade industrial se estruturou politicamente e em termos de relações de produção em torno ao controle dos meios de produção, da máquina; que estrutura política e que relações de produção estarão implícitas nas sociedades onde o fator chave passa a ser o conhecimento? Para a terra, delimita-se o feudo, ou se coloca a cerca. Para a fábrica, colocam-se os muros e a portaria. Para o conhecimento, se faz o que? Na fábrica, o proprietário se apropria do excedente, o trabalhador recebe o salário. Como se define o acesso ao produto na nova sociedade que se estrutura. Por enquanto, no vale tudo por dinheiro que caracteriza a nossa sociedade, o professor tem o salário que tem, enquanto Bill Gates tem uma fortuna pessoal que se aproxima do PIB da Inglaterra. No mínimo, é uma repartição curiosa das contribuições para o conhecimento.
Alguns poucos dados colhidos nos relatórios das Nações Unidas nos dão a escala da mudança: entre 80 e 90% da inovação tecnológica são controlados por algumas centenas de empresas transnacionais; o conjunto do Terceiro Mundo, com quatro quintos da população mundial, representa cerca de 3% dos gastos mundiais em pesquisa e desenvolvimento; os países pobres não têm uma só agência de notícias para veicular mundialmente os seus problemas; os gastos em publicidade atingem 435 bilhões de dólares por ano segundo as estimativas mais conservadoras; o americano médio, que lê uns poucos livros no decorrer da sua vida, assiste neste período a uma média de 150 mil mensagens publicitárias na televisão; as escolas hoje receberem softwares educacionais de graça, mas com mensagens empresariais incorporadas; revistas científicas universitárias descobrem com espanto que dezenas de cientistas de renome escreviam cartas tranqüilizando a população sobre os efeitos de cigarro, recebendo discretamente uma média de US$10 mil por carta publicada.
Os sistemas públicos e preventivos de saúde se vêm engolidos pelo movimento dos gigantes financeiros que são as seguradoras. A educação está sendo rapidamente flanqueada pelas empresas transnacionais nas áreas da pesquisa, pelos novos gigantes mundiais da mídia na informação, pelas empresas de publicidade na formação de valores. O que foram ontem os tycoons da indústria e do petróleo, hoje são os Gates, Murdoch, Turner, Bertelsmann.
Há hoje uma guerra pelo controle destes vários segmentos que tendem a formar, cada vez mais, um espaço comum interativo: a cultura, a informação, a educação, a pesquisa, a comunicação. Este eixo está se tornando na espinha dorsal de uma série de transformações estruturais no planeta. Não se pode mais falar de uma ilha no meio do processo, o universo educacional, sem se referir ao processo de transformação maior.
Um segundo ponto essencial: articulada como dimensão dos diversos setores de atividades econômicas e sociais, a comunicação tende a se tornar um gigantesco setor econômico em sí. Um editorial do Business Week lembra que este conjunto de atividades, que eles chamam de entertainment industry, indústria do entretenimento, tornou-se hoje a locomotiva da economia norte-americana, ultrapassando setores como a indústria automobilística ou a indústria bélica. Esta área não é mais um "apoio" aos negócios, ela é o negócio. Se considerarmos as 12 empresas mais performantes nos Estados Unidos, selecionadas na tradicional listagem dos 500 "top corporate performers" da S&P, encontramos 8 empresas na área informática e de telecomunicações, uma de finanças não-bancárias (leia-se especulação financeira, onde tudo é informática e telecomunicação), duas empresas de saúde (também um novo Big Business, hoje controladas por seguradoras, por sua vez associadas aos bancos), e uma empresa de griffe de roupa, baseada essencialmente na venda de imagem. A Disney, com os seus simpáticos ratinhos, mas também com grandes redes de informação como a ABC, é hoje o segundo grupo mundial de mídia. O seu presidente, Michael Eisner, tem um também simpático salário anual de 575,6 milhões de dólares. Os ratinhos já não são nada virtuais, e têm longos e afiados dentes políticos. A mudança do papel desta área na sociedade é qualitativa, obrigando-nos a repensar o conjunto da visão que temos de como a sociedade se transforma.
Terceiro ponto básico: as diversas atividades "substantivas" estão cada vez mais articuladas com os meios de informação, e as fronteiras tendem a ficar borradas. Bill Gates, com a imagem degradada com os processos anti-truste, lançou um livro em 1999, Business @ the Speed of Thought, com algumas idéias e muita cosmética. A revista Time, de imensa circulação, colocou Gates na sua capa, e ofereceu gentilmente seis páginas de resenha do seu livro, o que constitui uma generosidade impressionante. Dando uma olhadinha nos bastidores, constata-se que a revista Time é publicada pela Time-Warner, sendo que a Warner Books é a editora do livro, e a Time-Warner tem importantes conexões econômicas com a Microsoft, que por sua vez está articulada com um sem-número de áreas empresariais. Este é apenas um exemplo, entre tantos outros, do que é hoje uma ampla tendência de confluência organizada de interesses. A revista Time explica naturalmente que o livro é muito interessante. Afinal, como sabemos, a comunicação apenas reflete a realidade, não a produz.
Rupert Murdoch, o gigante da mídia, busca a compra do time inglês de futebol Manchester United. O seu conhecimento de futebol é nulo. Mas como tem as emissoras da TV, compra times de futebol: com a capacidade de transmissão numa mão, e os jogadores (local onde se pendura publicidade) na outra, basta esperar os clientes. As redes de comunicação tendem a adquirir empresas dos mais variados setores, processo perfeitamente coerente com a evolução das atividades produtivas mais nobres para os "intangíveis". O gigante empresarial Pearson é dono do Financial Times, um dos principais instrumentos de informação financeira do mundo. Em 1998, comprou a grande editora universitária norte-americana Simon & Schuster, por 4,6 bilhões de dólares. Marjorie Scardino, texana que controla a empresa, "acredita que a educação é o futuro da empresa. As suas ambições on-line são particularmente ambiciosas. Neste outono (fins do ano 2000) Pearson espera lançar Learning Network (rede de aprendizagem) que visa ser o destino internet para treinamento e educação nos Estados Unidos".
O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano 1998, das Nações Unidas, constata que com 40 bilhões de dólares adicionais seria possível "conseguir e manter o acesso universal à educação básica para todos, cuidados de saúde reprodutiva para todas as mulheres, alimentação adequada para todos, água segura e saneamento para todos. Isto representa menos de 4% da riqueza somada das 225 pessoas mais ricas no mundo".O relatório estima os gastos atuais em publicidade em cerca de 435 bilhões de dólares por ano. Já se calculou que para liquidar a tragédia de 180 milhões de crianças que passam fome no planeta, os custos seriam inferiores ao que se gasta anualmente com publicidade de cigarros nos Estados Unidos. Os meios de informação e comunicação, como instrumento central de canalização de interesses e motivações na sociedade, desempenham um papel determinante na formação dos valores, ou apenas refletem estes valores?
Em outros termos, estamos entrando num universo que não tem nada de inocente, ocupado por gigantes financeiros e midiáticos, veiculando valores que podem representar exatamente o que não gostaríamos que contaminasse os nossos alunos. No entanto, estes alunos passam horas diariamente frente à televisão, jogam os jogos mais malucos e violentos que acessam na internet, são submetidos aos mesmos bombardeios publicitários. Não há mais ilhas culturais. Este novo universo de poder, devemos enfrentá-lo e domá-lo, e não fingir que não existe. O poder é um problema real.
O que era a área mais rica e mais nobre do intercâmbio social de valores e de criatividade, a cultura, está sendo apropriado pelo "big business". Cabe sem dúvida a crítica a este processo. Mas cabe também entender que estas mesmas tecnologias poderão se tornar o suporte de um fantástico enriquecimento social, se soubermos criar as condições políticas e institucionais que redirecionem o seu uso.
É essencial também uma visão orientada para o futuro. Ao olharmos o passado, uma cultura menos dominada por grandes grupos econômicos tinha também um caráter extremamente elitizado. A cultura era coisa de salão. O livro era coisa para uns poucos privilegiados. Ver um belo espetáculo era para quem tinha possibilidade de ir ao teatro. Hoje, muitos prazeres deste tipo chegam por exemplo a 92% dos domicílios brasileiros, que é a porcentagem de domicílios com aparelho de televisão. Mais uma vez, trata-se de não jogar a criança junto com a água do banho, e entender o imenso potencial que se abre. É o controle monopolizado dos meios mundiais de comunicação que está em jogo, e não a revolução positiva que estes meios permitem.
A importância da democratização dos meios de comunicação que dão suporte à divulgação cultural tem duas faces. Por um lado, trata-se de assegurar que este meio essencial de comunicação de uma sociedade mundializada respeite as diversas culturas, os diversos ambientes sociais, as minorias, a riqueza cultural do mundo, evitando a pasteurização generalizada do Marlboro country, ou a chamada Mcdonaldização do planeta. Ou seja, a democratização é essencial para a riqueza cultural dos próprios meios de comunicação.
Por outro lado, e mais importante ainda, está o fato que estes meios de comunicação são hoje vitais para a formação de atitudes e valores relativamente a todas as áreas da reprodução social. É vital a elevação geral da cultura ambiental, por exemplo, para refrear o ritmo atual de destruição dos recursos. É vital criar um grande número de instrumentos locais de comunicação, funcionando em rede, conectando-se a sistemas mais amplos ou globais segundo interesses diversificados, para permitir a gradual harmonização do desenvolvimento econômico no mundo, por meio de redes de consulta tecnológica ou outras. É vital disponibilizar amplas redes de comunicação para transformar a educação num processo interativo de enriquecimento mútuo de escolas de qualquer parte do mundo
Em boa parte a importância do exemplo citado da PBS (Public Broadcasting System) dos Estados Unidos, prende-se ao fato de se ter encontrado o equilíbrio necessário entre empresa privada e paternalismo estatal, entre financiamento próprio e subvenções, entre gestão autoritária e participação comunitária, entre competência técnica e gestão democrática.
Por enquanto, estas soluções criativas constituem a exceção. Na medida em que compreenderam a imensa alavanca econômica que representa controlar a circulação de informações numa sociedade centrada no conhecimento, grandes empresas se lançaram com unhas e dentes na disputa dos novos espaços das telecomunicações que, e enquanto geravam mais custos que lucro, eram pacificamente geridas pelo Estado em qualquer parte do mundo.
O elemento essencial, em termos de estrutura do setor, é a convergência de três grandes forças: as corporações transnacionais em geral, os grandes grupos de controle das comunicações, e os grupos políticos tradicionais. Ninguém nega hoje o peso da mídia na formação da consciência política. Nas palavras de Galbraith, "que a idealização não disfarce a realidade: nos Estados Unidos; uma parte influente dos meios de comunicação define como verdade a atitude política atualmente popular". No século XIX, Benjamin D'Israeli, que dirigia a política da rainha Victória da Inglaterra, resumia a questão de maneira bem simples: "He who controls information, controls reality", quem controla a informação, controla a realidade...
A própria mídia, segundo David Korten, trabalha no sentido das empresas transnacionais: "Nas sociedades modernas, pode-se considerar que a televisão se tornou a instituição de reprodução cultural mais importante. As nossas escolas são provavelmente a segunda mais importante. A televisão já está totalmente colonizada pelos interesses corporativos, que agora buscam apropriar-se das escolas. O objetivo não é simplesmente vender produtos e fortalecer a cultura consumista. Trata-se também de criar uma cultura política que identifica os interesses das corporações com o interesse humano na mente do público...Este reordenamento da realidade começa com a declaração de que numa economia de mercado, o consumidor decide e o mercado responde. No mundo de pequenos compradores e vendedores, isso pode ter sido verdade. Nenhum vendedor individual deveria esperar criar uma nova cultura que leve a que se compre o seu produto. Essa não é a nossa realidade corrente. As corporações atuais não têm reservas quanto a reformar os valores de toda uma sociedade para criar uma cultura homogeneizada orientada no sentido de estimular gastos de consumo e de avançar os interesses políticos das corporações." Trata-se assim de "cultivar valores políticos alinhados com os interesses das corporações". Sabemos que no Brasil manifestam-se os mesmos problemas, só que dão a impressão de serem vistos através de uma lente de aumento.
O mais importante é entender que a conectividade global revoluciona profundamente as próprias bases da nossa organização social. Este potencial pode se transformar, na linha de uma Internet universal, num tipo de pool mundial de informações e entretenimento, gerando uma verdadeira sociedade do conhecimento, ou se tornar um instrumento global de manipulação, fator de empobrecimento cultural, de dominação política, e de desequilíbrios econômicos mais profundos.
No conjunto, não podemos mais buscar soluções isoladamente na educação, ou na comunicação, ou em diferentes em espaços culturais. É a dimensão do conhecimento, nas suas mais diversas manifestações, que mudou de forma radical. O mundo do capital batalha hoje de maneira impiedosa este novo continente econômico. O mundo dos intelectuais, da educação, da cultura no sentido mais significativo - dos que fazem efetivamente a cultura - ainda permanece bem alheio a uma guerra onde estão se decidindo os destinos de todos nós.
O objetivo deste texto é trazer uma visão sistematizada dos desafios que a educação enfrenta, quando precisa redefinir as suas funções, formas de organização e até valores, para fazer face às transformações tecnológicas em curso. Privilegiamos aqui 10 pontos. Vamos revê-los brevemente, para formar uma visão de conjunto.
1 - Estamos passando de um universo onde o conhecimento era trabalhado por um segmento especializado da sociedade, o mundo da educação, para um universo onde o conjunto das atividades humanas se torna intensivo em conhecimento. A gestão do conhecimento torna-se assim um espaço mais amplo, no qual a educação tem de reconstruir o seu papel, reencontrar o seu lugar.
2 - A pressão por um nível mais elevado de conhecimentos atinge todos os setores, agricultura, indústria, bancos, saúde, a própria educação. Com isto, a educação deixa de ser uma breve passagem pelos "bancos" escolares, na preparação para a vida profissional. Trata-se de aprender e re-aprender em todas as fases da nossa vida, e de reorganizar a educação em função do novo universo.
3 - Ao mesmo tempo em que se transformou radicalmente o volume de conhecimentos, desenvolveram-se novos instrumentos para organizá-los, acessá-los, transmiti-los: as tecnologias de comunicação e informação. Mudam radicalmente as ferramentas que permitem lidar com o conhecimento. Além de serem novas, estas ferramentas estão em pleno desenvolvimento e transformação.
4 - Juntando as duas grandes transformações, do universo do conhecimento, e das ferramentas de trabalho, fica bastante óbvio que uma área como a educação tem de repensar os seus paradigmas. Não se trata de um pouco de cosmética, trata-se de uma reforma em profundidade.
5 - Na medida em que o conhecimento se torna gradualmente a matéria prima privilegiada de todas as áreas de atividade, e que surgem novos espaços como a formação nas empresas, as televisões, internet e outros, cresce o papel da área especializada em conhecimento que é a educação, como possível articuladora dos diversos subsistemas. O que não é mais possível, é ver a educação como universo isolado, ou ver a educação sem compreender as suas complementaridades com outros espaços do conhecimento.
6 - Não basta assimilar informática, internet e outras tecnologias do conhecimento: as novas tecnologias trazem transformações nas formas de trabalhar o conhecimento, e exigem por sua vez novas formas de organização do tempo, do espaço, das relações internas da escola: são as chamadas mudanças organizacionais.
7 - Além das mudanças organizacionais, no nível da escola, enfrentamos mudanças institucionais mais amplas no universo da educação. Está se gerando um universo mais descentralizado, mais flexível, mais participativo, mais interativo, única forma de enfrentar os novos desafios.
8 - A escola pertence a um espaço, a uma comunidade. O conhecimento nas suas novas dimensões exige uma interação muito maior entre a escola e o seu espaço social. As novas tecnologias, ao facilitar a conectividade, podem constituir uma ponte e melhorar a integração. Numa sociedade cada vez mais individualizada, e sedenta de sociabilidade, a escola pode neste sentido desenvolver novos papéis.
9 - O espaço que procuramos ocupar com a escola e as novas tecnologias não é mais um espaço vazio. Poderosas corporações da mídia, da informática, de pesquisa e desenvolvimento, buscam controlar os novos espaços. O desafio das novas tecnologias não é apenas técnico e pedagógico: é também um desafio de poder.
10 - Por outro lado, a facilidade de comunicar entre escolas de uma região ou com instituições de outros países, de facilitar a comunicação entre alunos e professores por e-mail, de fazer entrevistas on-line com cientistas, tudo isto abre um gigantesco espaço de democratização e de re-equilibramento social através das novas tecnologias.
Privilegiamos assim, para a compreensão do leitor e para animar o debate, alguns grandes "núcleos" de problemas. No conjunto, as transformações são demasiado recentes, e as tecnologias demasiado abrangentes, para se buscara conclusões, para se desenhar um tipo de "manual do usuário" das novidades que surgem. As novas dinâmicas deverão ser construídas por todos nós.
No início deste trabalho, citamos a famosa mensagem para educadores, deixada por um prisioneiro de campo de concentração da Alemanha nazista. Isto era nos anos 1940. Uma olhadinha na atualidade nos traz a imagem seguinte, apresentada por um relatório das Nações Unidas de 1998: Não se conseguem os 6 bilhões de dólares que seriam necessários para colocar nas escolas quem está fora delas, no planeta; tampouco se conseguem os 9 bilhões para assegurar água e saneamento para todos, ou os 13 bilhões necessários para assegurar saúde básica e nutrição para todos. Mas se conseguem 8 bilhões para cosméticos nos Estados Unidos, 11 bilhões para sorvete na Europa, 17 bilhões para ração para animais de estimação, 50 bilhões para cigarros na Europa, 400 bilhões para narcóticos e 780 bilhões para gastos militares no mundo. O relatório das Nações Unidas apresenta estas cifras com um título irônico: "Prioridades do Mundo?"
Os efeitos são devastadores. Morrem hoje 11 milhões de crianças por ano, de causas ridículas, quando temos dinheiro, técnicas e meios organizacionais para acabar com a tragédia. Meio milhão de crianças se tornam cegas, anualmente, por falta de vitamina A O custo anual por criança seria da ordem de 10 centavos de dólar. Hitler matou milhões. Era um bárbaro. Nós apenas deixamos morrer. E ouvimos, pasmos e impassíveis, uma grande e moderna empresa farmacêutica explicar que não é rentável produzir medicamentos para pobres, porque a demanda efetiva (isto significa dinheiro) é insuficiente.
O grande desafio da educação, é o de mobilizar as suas forças para reconstruir uma convergência entre o potencial tecnológico e os interesses humanos. O mundo da educação, no Brasil, juntando alunos e professores, representa cerca de 40 milhões de pessoas. É uma força. O novo peso do conhecimento no planeta, e da educação nos processos de reprodução social, podem constituir uma poderosa alavanca de humanização social.
BANCO MUNDIAL - Relatório sobre o desenvolvimento humano 1997: o Estado num Mundo em Transformação - Banco Mundial, Washington 1997 www.worldbank.org
BENEVIDES, Maria Victória - A cidadania ativa - Editora Ática, São Paulo 1991
CAMAROTTI, Ilka, e Peter Spink - Paracerias e Pobreza: soluções locais na construções de relações sócio-econômicas - Ed. FGV, São Paulo 2000
CASTELLS, Manuel - The Rise of the Network Society - Blackwell, Oxford 1996
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CNUMAD - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - O nosso futuro comum - Editora da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro 1988
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DOWBOR, Ladislau, Octavio Ianni, Paulo Resende e Hélio Silva (orgs.) - Os desafios da Comunicação - Editora Vozes, Petrópolis 2001 http://vozes.com.br
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LEVY, Pierre - L'intelligence collective: pour une anthropologie du cyberespace - Éditions de la Découverte, Paris 1994
LEVY, Pierre - Tecnologias da Inteligência - Editora 34, São Paulo 1996
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MORAES, Dênis de - Planeta Mídia: tendências da comunicação na era global - Letra Livre, Campo Grande 1998 - www.letralivre.com.br
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UNESCO - World Information Report 1997/98 - Unesco Publications, Paris, 1998 www.unesco.org
Contatos de Apoio
A bibliografia ajuda, mas é importante também poder reportar-se a organizações que prestam apoio nesta área de aplicações das novas tecnologias aos processos educacionais. Uma forma interessante de buscar informações e idéias, por exemplo, é consultar o site Gestaolocal: trata-se de um "anel" de bancos de dados sobre experiências de gestão local que deram bons resultados, com numerosos exemplos na área da educação: http://www.web-brazil/gestaolocal Um ponto de referência interessante é o Instituto Paulo Freire, que está dando continuidade aos ensinamentos do mestre que tanto nos trouxe em termos de educação, ética e inserção social. O Instituto Paulo Freire, além do seu próprio trabalho, é um bom contato para se informar sobre outras instituições da área: ipf@paulofreire.org O Instituto Polis, http://www.polis.org.br reúne numerosas experiências interessantes na área da educação, veiculadas entre outros através da sua publicação "Dicas Municipais". A CLACSO tem um grupo de trabalho sobre Educação e Sociedade, http://www.clacso.org/ A UnB disponibiliza o seu novo site, criando novos desafios metodológicos e teóricos no processo de construção do conhecimento: http://www.universidadevirtual.br/ A Biblioteca Virtual de Políticas Públicas em C&T - Desenvolvida pelo Prossiga/ CNPQ, é um site que compila um conjunto de informações de apoio para quem pretende entrar no universo de Bibliotecas Virtuais: http://www.prossiga.br/cnpq/politicas-publicas/ O CDI - O Comitê para Democratização da Informática (CDI) é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, que promove programas educacionais e profissionalizantes (Escolas de Informática e Cidadania), com o objetivo de reintegrar os membros de comunidades pobres, principalmente crianças e jovens, diminuindo os níveis de exclusão social a que são submetidos no Brasil e em todo o mundo: http://www.cdi.org.br/ O Cenpec, Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve pesquisas, assessorias, programas de formação, materiais pedagógicos e publicações especializadas: http://www.cenpec.org.br/ O Núcleo de Informática Aplicada à Educação, NIED, disponibiliza para download os softwares Superlogo (linguagem com a qual o aluno constrói o seu conhecimento através do computador) e Sicre (destinado à aprendizagem da resolução de equações de 1o grau): .http://www.nied.unicamp.br Estação Ciência contém informações sobre todos os projetos da Estação Ciência. Clicando no link do Laboratório Virtual é possível acessar animações multimídia sobre inércia, motor elétrico, sistema solar, mapa do Brasil, tabela periódica e outras: http://www.eciencia.usp.br/ A Escola do Futuro faz investigação das novas tecnologias de comunicação aplicadas à educação. No site, é possível acessar trabalhos nas áreas de ciências, matemática e um banco de dados sobre softwares educacionais. Uma de suas áreas mais visitadas é a Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, com acesso gratuito a um acervo de textos em língua portuguesa, imagens, sons e outras atividades relacionadas ao ensino de 1o. e 2o. graus e cursos técnicos no Brasil: a http://www.futuro.usp.br EdutecNet é uma comunidade virtual voltada para a aprendizagem colaborativa, através da Internet, na área da Educação. Essa comunidade forma uma Rede de Educação e Tecnologia e funciona através de uma Lista de Discussão, a EduTec. que hoje tem mais de 800 membros: http://www.edutecnet.com.br
Sobre o autor
Ladislau Dowbor nasceu na França em 1941, filho de poloneses que, com o final da Segunda Guerra, emigraram para o Brasil. Viveu inicialmente em Belo Horizonte, e em 1954 mudou para São Paulo, onde vive até hoje, já como brasileiro naturalizado. Em 1964 viajou para a Suíça, formando-se em Economia Política pela Universidade de Lausanne, na visão neoclássica de Walras e Pareto. Voltou ao Brasil em 1968, e participou do movimento de resistência à ditadura militar, sendo exilado em 1970. Depois de vários anos como refugiado na Argélia, Chile e outros países, viajou para a Polónia onde obteve os títulos de mestre e de doutor em Ciências Econômicas, na Escola Central de Planejamento e Estatística, na linha de Oskar Lange e Michal Kalecki. Com a "Revolução dos Cravos" de Portugal, em 1974, foi convidado para trabalhar na Universidade de Coimbra. Em 1977, a recém-independente Guiné-Bissau o convidou para assumir a coordenação técnica do ministério do planejamento, sob a direção de Vasco Cabral, com quem trabalhou quatro anos, realizando ainda numerosas assessorias para as Nações Unidas.
Com a anistia voltou ao Brasil, e passou a lecionar economia e administração na Puc de São Paulo, onde continua até hoje, no setor de pós-graduação. Mais tarde passou a lecionar também no mestrado da Universidade Metodista de São Paulo. Paralelamente, continuou a trabalhar na organização de sistemas descentralizados e participativos de gestão econômica, na Guiné Equatorial em 1984, na Nicarágua em 1987, no Equador em 1990, dirigindo projetos das Nacões Unidas. No período 1989-92 foi assessor de relações internacionais e Secretário de Negócios Extraordinários da Prefeitura de São Paulo, na gestão Luiza Erundina.
Atualmente desenvolve assessoria e pesquisa relativas aos sistemas descentralizados de gestão social, no quadro de prefeituras, governos de Estado e organizações internacionais como Unicef, Pnud/ops, Habitat e outras. É conselheiro de organizações não governamentais como Fundação Abrinq, Polis, Transparência Brasil e outras.
Tem numerosos livros publicados, entre os quais O que é Capital?; Formação do Capitalismo Dependente no Brasil; Guiné-Bissau: a Busca da Independência Econômica; Formação do Terceiro Mundo; O que é Poder Local?, todos pela Editora Brasiliense. Aspectos Econômicos da Educação, pela Ática. O Mosaico Partido, pela Editora Vozes. Seus artigos, livros e estudos técnicos podem ser encontrados na home-page http://dowbor.org ou através do e-mail ladislau@dowbor.org
Ladislau Dowbor
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