Níveis de lisina digestível em rações, utilizando-se o conceito de proteína ideal, para suínos machos castrados de alto potencial genético para deposição de carne magra na carcaça dos 60 aos 95 kg1
Foram utilizados 40 leitões machos castrados (peso inicial de 60,43 ± 1,56 kg e peso final de 95,66 ± 3,22 kg) de alto potencial genético para deposição de carne magra na carcaça para avaliar o efeito de níveis de lisina digestível, utilizando-se o conceito de proteína ideal, sobre o desempenho e as características de carcaça. Os animais foram distribuídos em delineamento de blocos ao acaso, com quatro tratamentos, cinco repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos consistiram de uma ração basal com 16,48% de PB, suplementada com L-lisina HCL, resultando em rações com 0,70; 0,80; 0,90 e 1,00% de lisina digestível. As rações foram suplementadas com níveis crescentes de aminoácidos sintéticos, resultando em rações com relações constantes entre os aminoácidos essenciais e a lisina, com base na digestibilidade verdadeira. Não houve efeito dos níveis de lisina digestível sobre o consumo de ração. Observou-se efeito quadrático dos tratamentos sobre o ganho de peso diário e a conversão alimentar, que aumentaram até os níveis estimados de 0,87 e 0,93% de lisina digestível, respectivamente. Os tratamentos afetaram de forma quadrática a concentração de uréia no plasma dos animais, que diminuiu até o nível de 0,83% de lisina digestível. Os níveis de lisina digestível das rações promoveram efeito linear crescente sobre o consumo diário de lisina, mas não influenciaram o comprimento de carcaça pelo método brasileiro, a área de olho-de-lombo, a espessura de toucinho no ponto P2 e os rendimentos de carne magra, gordura, pernil e lombo. O rendimento de carcaça reduziu conforme diminuíram os níveis de lisina digestível da ração. Os tratamentos influenciaram de forma quadrática a conversão alimentar em músculo, que melhorou até o nível de 0,94% de lisina digestível. O nível de 0,94% de lisina digestível verdadeira, correspondente a um consumo de 26,22 g/dia de lisina digestível (2,83 g de lisina digestível/Mcal de EM) proporcionou os melhores resultados de desempenho e características de carcaça em suínos machos castrados dos 60 aos 95 kg.
Palavras-chave: aminoácidos, carcaça, fase de terminação, genótipo, uréia
O consumidor tem exigido produtos suínos que, além de qualidades nutricional e sanitária garantidas, apresentem proporção maior de carne e menor de gordura. Dessa forma, a produção de carcaças com maior quantidade de carne magra passou a ser o principal objetivo do suinocultor, que, visando atender ao mercado, tem trabalhado com animais de alto potencial genético para desempenho, eficiência alimentar e deposição de tecido magro.
A taxa de crescimento de tecido magro dos suínos é influenciada pelo consumo de energia. De acordo com Schinckel & Einstein (2000), a deposição de proteína aumenta conforme o consumo de energia até atingir um platô, determinado pelo potencial genético do animal. Quando o limite genético de deposição de músculos é atingido, a energia excedente promove a deposição de gordura na carcaça (Bellaver & Viola, 1997). Desse modo, a deposição de tecido magro promovida pelo consumo de energia é obtida de forma eficiente somente se o aporte de aminoácidos permitir a expressão genética do animal.
A lisina dietética é o nutriente que mais influencia a deposição de proteína em suínos em crescimento, em virtude de sua constância na proteína corporal e de sua destinação metabólica preferencial para a deposição de tecido magro (Kessler, 1998). Assim, os fatores que afetam a deposição de proteína, como genótipo, sexo e fase de desenvolvimento do animal, alteram a exigência de lisina pelos animais. Portanto, todos esses fatores também devem ser considerados durante a determinação das exigências nutricionais e a formulação de rações para suínos.
As exigências de lisina dos suínos podem ser estabelecidas em g/dia a partir do conhecimento da deposição de proteína no corpo do animal. A deposição de proteína corporal, quando associada ao conteúdo de água, é caracterizada pelo crescimento muscular e de tecido magro e pelo rendimento de carne magra.
As exigências de lisina para suínos em crescimento têm sido estimadas em experimentos nos quais os níveis de lisina das rações foram obtidos, na maioria das vezes, por alterações nas proporções de milho e farelo de soja ou pela inclusão de lisina sintética sem ajuste nos níveis dos demais aminoácidos essenciais, o que resulta, quase sempre, em rações com deficiências em outros aminoácidos essenciais. Nesse sentido, é possível que o nível de lisina estimado não seja o nível real para a categoria em estudo. Em rações para suínos, quando o nível de suplementação de um aminoácido essencial é inadequado e o de lisina suficiente, as respostas dos animais podem ser limitadas pelo aminoácido insuficiente.
Segundo Yen et al. (1986), o método mais adequado é a utilização do conceito de proteína ideal, ou seja, a mudança na concentração da lisina da ração, por exemplo, deve ser acompanhada por uma alteração proporcional dos demais aminoácidos essenciais.
Conceitualmente, proteína ideal consiste no balanço ideal dos aminoácidos da ração capaz de prover, sem deficiências nem excessos, as exigências de todos os aminoácidos necessários à perfeita manutenção e ao crescimento da espécie (Zaviezo, 1998). Por esse conceito, deve-se prever a relação entre os aminoácidos essenciais digestíveis e a lisina digestível, considerada padrão (100) por ser utilizada basicamente para a síntese protéica, principal componente do tecido magro de suínos.
Assim, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar níveis de lisina digestível, utilizando-se o conceito de proteína ideal, para suínos machos castrados dos 60 aos 95 kg, com alto potencial genético para deposição de carne magra.
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