Consumo, digestibilidade dos nutrientes e desempenho de bovinos
de corte recebendo silagem
de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) e diferentes proporções
de concentrado
No atual cenário da pecuária de corte, é nítido o aumento da competitividade com carnes de outras espécies e com outros mercados. A possibilidade de o Brasil se consolidar no mercado mundial de carne bovina tem requerido da atividade pecuária de corte a oferta de produto de qualidade de maneira contínua durante o ano. O atendimento dessa meta é dificultado principalmente pela estacionalidade de produção das forrageiras, visto que grande parte da carne produzida no Brasil é proveniente de animais criados em sistemas de produção em pastagem.
Torna-se, portanto, necessária a avaliação de alternativas tecnológicas inovadoras compatíveis com as novas demandas, adequadas à nova ótica de aumento de eficiência do setor e à conseqüente reestruturação da cadeia produtiva de carne bovina. Verifica-se, no atual processo de intensificação da pecuária de corte brasileira, o aumento da prática de confinamento como estratégia alimentar ou alternativa de terminação de animais. No sistema de confinamento, os volumosos – geralmente forrageiras conservadas em forma de silagem – consistem na principal fonte de nutrientes para os animais, como conseqüência do alto preço dos concentrados.
Nesse contexto, o sorgo é uma das culturas que mais se destacam na produção de silagens, em razão de suas características intrínsecas (alta quantidade de carboidratos solúveis, baixo poder tampão, teor de matéria seca acima de 25% no momento da ensilagem e estrutura física que permite boa compactação nos silos), enquadrando-se perfeitamente entre as forrageiras desejadas para confecção de silagens de boa qualidade (McDonald et al., 1991). Além dessas características, o sorgo possui alta produtividade por área, maior tolerância ao déficit hídrico e ao calor, com possibilidade de se cultivar sua rebrota, que proporciona até 60% da produção do primeiro corte (Zago, 1991).
O consumo, relacionado diretamente ao aporte de nutrientes e, conseqüentemente, ao atendimento das exigências nutricionais dos animais, e a digestibilidade estão correlacionados entre si, dependendo da qualidade e do balanceamento da ração. Ao inverso do que ocorre com rações de baixa qualidade (acima de 75% de FDN), em rações de alta digestibilidade, ricas em concentrados e com baixo teor de FDN (abaixo de 25%), quanto mais digestivo o alimento, menor o consumo (Van Soest, 1994; Mertens, 1994).
Uma das melhores formas de se avaliar o valor nutritivo de uma dieta ou de um volumoso é pelo desempenho animal, que, segundo Mertens (1994), é função direta do consumo de matéria seca digestível, de modo que 60 a 90% de sua variação decorre de alterações no consumo e 10 a 40%, de mudanças na digestibilidade.
O ganho de peso dos animais, a conversão alimentar e a produção de carne são os parâmetros normalmente utilizados no estudo do desempenho dos animais. Drennan (1984), citado por Steen (1987), em uma revisão de 18 experimentos, encontrou aumento do ganho de peso corporal com o incremento de níveis de concentrado na dieta total. Entretanto, a porcentagem de concentrado utilizada na dieta ainda é bastante questionada pelos pecuaristas.
Constam na literatura vários trabalhos sobre o consumo e a digestibilidade total de nutrientes e o desempenho de bovinos de corte submetidos à dietas com diferentes níveis de volumoso e concentrado. Entretanto, em sua maioria, utilizaram-se como volumoso fenos de gramíneas tropicais (Ítavo et al., 2002; Silva et al., 2002; Silva et al., 2005) ou silagem de milho (Feijó et al., 1996; Souza et al., 2002).
Considerando que o sorgo possui grande potencial para cultivo na maioria das regiões brasileiras, conduziu-se este trabalho objetivando avaliar o consumo e a digestibilidade aparente total dos nutrientes e o desempenho de bovinos mestiços Holandês x Zebu alimentados com dietas contendo silagem de sorgo forrageiro e concentrado, em diferentes proporções, e analisar o custo destas dietas e da arroba produzida durante o experimento.
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