Doses de fósforo e crescimento radicular de cultivares de arroz de terras altas



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Material e métodos
  4. Resultados e discussão
  5. Conclusões
  6. Referências

RESUMO:

O estudo de crescimento radicular de arroz de terras altas em função da disponibilidade de fósforo é, praticamente, inexistente. O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de diversas cultivares de arroz de terras altas em diferentes condições de disponibilidade de fósforo. O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação, em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4 x 4, com quatro doses de P (0, 50, 100 e 200 mg dm-3) e quatro cultivares: Maravilha (grupo moderno), IAC 201, IAC 202 e Carajás (grupo intermediário). A cultivar Carajás possui sistema radicular que melhor se desenvolveu sob baixa disponibilidade de P. Sob baixa disponibilidade de P as cultivares IAC 201 e IAC 202 priorizaram o desenvolvimento do sistema radicular em relação a parte aérea. A cultivar Maravilha requer níveis elevados de fósforo para atingir o máximo desenvolvimento. Sob baixa disponibilidade de fósforo as cultivares de arroz diminuíram o diâmetro radicular.

Palavras-chave: adubação, comprimento radicular, matéria seca, oryza sativa L.

ABSTRACT: Very little is known of phosphorus availability for upland rice. The objective of this work was to evaluate root growth of upland rice cultivars in different conditions of phosphorus availability. The experiment was carried out in greenhouse, in a completely randomized design, as a 4 x 4 factorial, with four doses of P (0, 50, 100 and 200 mg dm-3) and four cultivars: Maravilha (modern group), IAC 201, IAC 202 and Carajás (middle group). The Carajás root system grew more in low availability of P than other cultivars. In low availability of P the cultivars IAC 201 and IAC 202 priorized root system growth to aerial growth . The Maravilha cultivar needs high Plevels to reach maximum growth. In low availability of P the upland rice cultivars decreased root diameter.

Key words: fertilization, root length, dry matter, oryza sativa L.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil, cerca de um terço da produção de grãos de arroz origina-se de lavouras cultivadas no ecossistema de terras altas. Essas áreas, por sua vez, correspondem a dois terços da área total cultivada com o cereal, e tem o sistema de sequeiro como principal modalidade. A quase totalidade do arroz produzido no ecossistema de terras altas é cultivado na região do cerrado brasileiro. Os solos dessa região, em sua maioria, têm baixa capacidade de retenção de água, baixo teor de P e alto teor de alumínio, sendo os três fatores que mais limitam a produção no cerrado.

Dentre os macronutrientes primários, o P é o de menor exigência para a cultura do arroz, porém é o de maior exportação percentual no produto colhido (FORNASIERI E FIRNASIER FILHO, 1993) e o mais deficiente na maioria dos solos brasileiros, devido ao baixo teor natural e a alta capacidade de fixação (FAGERIA, 1999).

Em diversas culturas tem sido demonstrado que o P exerce grande influência sob o crescimento radicular, no entanto, na cultura do arroz de terras altas os estudos são, praticamente, inexistentes. No arroz cultivado no ecossistema de várzea, a literatura é abundante, porém, as cultivares possuem sistema radicular mais superficial e denso, morfologicamente diferente das cultivares de arroz utilizadas no ecossistema de terras altas (NEMOTO E SHIGENORI, 1994).

O contato íon raiz para o P dá-se por difusão, movimentado-se pouco e vagarosamente no solo, obrigando a um crescimento constante do sistema radicular (ROSOLEM, 1995). A difusão de P no solo é mais limitante para a absorção de P do que a velocidade de absorção radicular (ARAÚJO, 2000). Segundo ROSOLEM et al. (1994), os principais fatores que afetam a absorção de P pela plantas são a taxa de crescimento radicular, a concentração do P na solução do solo e raio médio das raízes.

Embora o padrão de enraizamento esteja sob controle genético, o crescimento da raízes pode ser modificado por características químicas e físicas do solo (TAYLOR E ARKIN, 1981).

Estudos desenvolvidos por KLEPKER E ANGHINONI (1996) E ROLOSEM (1995) permitem inferir maior crescimento de raízes de milho, tanto em massa como em comprimento, quanto maior a disponibilidade de P para as plantas. Vários autores relatam que além dos parâmetros fisiológicos da absorção (Imax, Km, Vmax), a capacidade de absorção de nutrientes está relacionada com o comprimento radicular (BARBER, 1984; TEO et al., 1995; ROSOLEM et al., 1999), especialmente para aqueles nutrientes de baixa mobilidade no solo como o P.

Segundo VILELE E ANGHINONI (1984), baixa concentração de P no solo provoca diminuição no comprimento e o engrossamento das raízes de soja, entretanto, em milho, SHENK E BARBER (1977) verificaram redução no raio médio da raiz com a diminuição do teor de fósforo no solo.

BARBER (1984) observou aumento no crescimento radicular de cultivares de milho com o suprimento de P no solo, entretanto, esse efeito pareceu ser dependente das cultivares (SHENK E BARBER, 1980). Para elementos com baixa taxa de difusão no solo, como os fosfatos, plantas com maior superfície radicular possuem maior capacidade para absorção dos nutrientes do solo (TEO et al., 1995), em virtude da proximidade entre a superfície absortiva da raiz e o nutriente ser muito importante (HARPER et al., 1991; ROSOLEM, 1995).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da adubação fosfatada no crescimento radicular de cultivares de arroz de terras altas.


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