As diferenças no balanço cátion-aniônico de sódio, potássio, cloro e enxofre da dieta (BCAD) no balanço de minerais e na concentração sérica de sódio, potássio e cloro foram avaliados através de um ensaio de digestibilidade utilizando-se 16 carneiros machos, da raça Santa Inês, por um período de 26 dias, sendo 7 de adaptação. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro tratamentos. Para a manipulação do BCAD foram adicionados cloreto de cálcio e bicarbonato de sódio, obtendo-se os seguintes tratamentos: -12; +30; +76 e +133 mEq/kg MS da ração. Verificou-se que a manipulação do BCAD interferiu no metabolismo de macrominerais em carneiros adultos.
Palavras-chave: BCAD, cloro, enxofre, potássio, sódio
ABSTRACT. The dietary cation-anion balance (DCAB) differences in the sodium, potassium, chloride and sulfur mineral balance and serum concentration of sodium, potassium and chloride were evaluated of digestibility trial used in sixteen adult sheeps, from Santa Inês breed, during 26 days, being 7 days for adaptation. The design used was randomized complete blocks with four treatments. For DCAB manipulations were added calcium chloride and sodium bicarbonate in order to achieve the values: -12; + 30; +76 and +133 mEq/kg DM. The manipulation of DCAB interfered the metabolism of macrominerals in sheeps.
Key words: DCAB, chloride, sulfur, potassium, sodium.
O balanço entre cátions e ânions da dieta pode ter interferência no metabolismo de alguns minerais.
Desta forma, Block (1994) relatou que os minerais Na, K, Cl e SO4 foram escolhidos para o cálculo do balanço devido à importância que desempenham no metabolismo ruminal pela participação indireta no balanço osmótico, balanço ácido-base, integridade e mecanismo de bomba das membranas celulares.
O balanço cátion-aniônico dietético (BCAD), também conhecido por diferença cátion-ânion da dieta (BCAD) ou balanço eletrolítico (BE), representa a diferença entre os cátions e os ânions fixos totais presentes na dieta, sendo mais comumente expresso em miliequivalentes/kg de matéria seca (mEq/kg MS).
Em geral, o BCAD é calculado em mEq de (Na+ + K+) - (Cl- + SO4 -2) /Kg ou 100 gramas de Matéria Seca (MS). Os minerais sódio, cloro e potássio estão associados primeiramente ao BCAD e, segundo Stewart (1978), são denominados "íons fixos" por serem íons biodisponíveis que não são metabolizados.
O cloreto é o principal elemento acidogênico a ser considerado, pois, quando em excesso na dieta, pode levar à acidose metabólica e/ou respiratória (Guyton, 1988). Em nutrição de ruminantes isto é particularmente importante, devido à prática de alimentação com sal comum (NaCl) na ração e "ad libitum", em cochos. A influência acidogênica do cloreto pode ser minimizada pelo sódio e potássio, que são elementos alcalinogênicos. Por outro lado, o excesso de consumo de sódio e/ou potássio pode induzir a uma alcalose respiratória e/ou metabólica. O enxofre é incluído por muitos pesquisadores nessa equação, embora não seja um íon fixo, mas o sulfato acidifica diretamente os fluidos biológicos e pode alterar o balanço ácido-básico, se adicionado em altas concentrações na dieta. O sódio é responsável pela maior parte da capacidade catiônica do plasma sanguíneo. A concentração de sódio é mantida relativamente constante no sangue pela regulação do consumo e excreção do elemento. A excreção de sódio e potássio na urina obedece a uma relação de reciprocidade, na qual o potássio é conservado pelo Acta Scientiarum. Animal Sciences Maringá, v. 26, n. 3, p. 373-378, 2004 organismo às custas do sódio. O excesso de um cátion em relação a outro pode causar uma deficiência induzida, mesmo que os níveis estejam dentro dos limites de exigências nutricionais (Block, 1994).
Em um experimento de BCAD, para verificar os efeitos do excesso de íons fixos no balanço ácidobásico, no cálcio e no fósforo, em cabras prenhas e em lactação, Fredeen et al. (1988) aplicaram três diferentes dietas: catiônica (maior concentração de sódio), controle (maior concentração de potássio e concentrações de sódio e cloro intermediárias) e aniônica (maior concentração de cloro). Observaram aumento nos teores de Na plasmático da dieta catiônica em relação à aniônica, durante a prenhez e a lactação. O Cl plasmático foi aumentado, enquanto que a concentração de potássio diminuiu, durante a lactação, na dieta aniônica.
Empregando diferentes quantidades de enxofre na dieta de cabras em lactação, Qi et al. (1992) encontraram pequeno efeito no "status" ácido-básico.
Embora houvesse um aumento linear no consumo, as perdas de enxofre, via fecal, foram semelhantes em todos os tratamentos. Já a excreção urinária de enxofre se apresentou responsiva ao consumo. A digestibilidade aparente do enxofre aumentou de 48,6%, na dieta basal, para 95,8%, na dieta com 0,36% de enxofre suplementar. Qi et al. (1993) obtiveram aumentos na excreção fecal do enxofre com dietas suplementadas, diferindo dos resultados obtidos no trabalho anterior.
Delaquis e Block (1995) empregaram BCAD de 481,8 e 327,2 mEq/kg MS, para vacas secas prenhas.
Nenhuma diferença ocorreu para o balanço de Ca, Mg, P, K e Cl. A excreção fecal de sódio, a absorção e a excreção urinária de enxofre foram aumentadas pela dieta com balanço 327,2 mEq/kg MS. Ainda relataram que pequenas alterações no BCAD, mesmo dentro de valores positivos, afetaram o "status" ácidobásico.
Setti (2001), trabalhando com vacas da raça Holandesa e diferentes níveis de BCAD, reportou que a dieta aniônica aumentou significativamente as concentrações de cloro e enxofre, porém diminuiu as de sódio e potássio na urina.
Baseado no exposto, o objetivo do trabalho foi o de estudar o balanço cátion-aniônico da dieta no metabolismo dos minerais sódio, potássio, cloro e enxofre em ovinos.
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