Eficiência de uma barra de pulverização para aplicação de herbicida em lavouras de café em formação

Enviado por Fernandes, H.C.


  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Material e métodos
  4. Resultados e discussão
  5. Literatura citada

RESUMO:

Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de uma barra de pulverização com um protetor contra deriva de um pulverizador de transporte animal, para aplicação de herbicida não-seletivo, em lavouras de café em formação. Foram utilizados bicos de pulverização de jato plano e distribuição uniforme do tipo 80-EF-015, três volumes de calda e duas doses de glyphosate. Os ensaios foram conduzidos em uma lavoura de café com 18 meses de plantio. Todos os tratamentos apresentaram valores de eficácia de controle de plantas daninhas, na entrelinha, superiores a 98%. O equipamento proporcionou proteção total contra a deriva, não sendo observado nenhum sinal de impacto de gotas da calda na cultura, bem como não foi observado nenhum sinal de toxicidade do herbicida até 30 dias após as aplicações.

Palavras-chave: Coffea arabica, deriva, espectro de gotas, herbicida, tecnologia de aplicação.

ABSTRACT: This work aimed to evaluate the efficiency of a sprayer boom with a drift protector of an animal powered sprayer for non-selective herbicide applications in young coffee crops. Flat fan type 80-EF-015 nozzles with uniform distribution were used to apply three application volumes and two glyphosate doses. The experiments were conducted in an 18-month-old coffee crop. All treatments showed efficacy values higher than 98% for weed control within the row. The equipment offered total protection against drift, as no signs of drop impact on the crop and of herbicide toxicity for up to 30 days after applications were observed.

Key words: Coffea arabica, drift, drop spectrum, herbicide, application technology.

INTRODUÇÃO

Em lavouras de café em formação, o manejo de plantas daninhas na linha de plantio, feito manualmente, é dispendioso e o controle químico carece de produtos seletivos para uso nessa fase da cultura, bem como de tecnologias adequadas à aplicação de herbicidas não-seletivos (Ronchi et al., 2001). Embora existam vários herbicidas registrados para a cultura, poucos apresentam seletividade para serem aplicados diretamente sobre as plantas de café, principalmente aqueles utilizados em pós-emergência das plantas daninhas (Alcântara, 2000).

Herbicidas como glyphosate, paraquat e 24 D têm sido largamente empregados no controle de plantas daninhas na cultura do café. Contudo, quando utilizados em aplicação dirigida, próxima ao caule do cafeeiro jovem, é freqüente a intoxicação das plantas pela deriva da calda pulverizada (Ronchi et al., 1999). Ao avaliarem os efeitos da deriva simulada, em cafeeiros no campo, com um ano de idade, Ronchi et al. (1999) verificaram que as plantas foram muito sensíveis à deriva de glyphosate e de 2,4-D, visto que apenas as folhas localizadas na região inferior da copa foram atingidas e o nível de injúrias atingiu 90% (numa escala em que 100% significa a morte da planta).

O herbicida deve exercer a sua ação sobre o organismo que se deseja controlar; portanto, segundo Ramos (2001), qualquer quantidade de produto químico que não atinja o alvo não terá qualquer eficácia e estará representando uma forma de perda. Entretanto, o que se vê no campo é a falta de informações sobre a tecnologia de aplicação (Cunha & Teixeira, 2001). De maneira geral, tem-se dado grande importância ao princípio ativo utilizado e pouca a técnicas de aplicação e equipamentos. Isso provoca menor eficácia do controle e induz recomendação de doses superiores às necessárias, aumentando o custo de produção (Teixeira, 1997; Fernandes, 1997).

A tecnologia de aplicação de agrotóxicos, segundo Matuo et al. (2001), envolve o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica e com o mínimo de contaminação de outras áreas.

Atualmente, os equipamentos e máquinas agrícolas motomecanizados possuem uma tecnologia que os tornam praticamente inacessíveis ao pequeno produtor rural, principalmente devido ao alto preço para a sua aquisição. Segundo Vicente et al. (1999), mais de 80% dos pulverizadores em utilização são costais ou semi-estacionários, que são de uso geral e normalmente não são projetados para atividades específicas, como aplicação de herbicidas na cultura do café. São de baixa capacidade operacional e não possuem um sistema eficiente de proteção contra a deriva. Por outro lado, o aplicador, ao tentar pulverizar toda a rua com apenas uma passada, o faz sem um critério, movendo a barra lateralmente em "ziguezague", ocasionando grande consumo de água, gasto excessivo de herbicidas e aplicação desuniforme, possibilitando assim a contaminação da planta pela deriva (Ronchi et al., 2001). Outro problema são os equipamentos de tração animal, que, por serem conduzidos sobre rodas, tornam-se inoperantes em regiões montanhosas.

A busca de uma maior eficiência dos equipamentos, com conseqüente diminuição dos custos com as aplicações, tem levado os agricultores a diminuir o volume de calda aplicada (Silva, 1999). No entanto, o volume aplicado deve ser o mais uniforme possível, sob pena de se exigirem aplicações adicionais para compensar os pontos ou faixas que receberam quantidades menores (Perecin et al., 1998). Essa redução depende da qualidade do equipamento de aplicação, que, de qualquer forma, deve assegurar a uniformidade de distribuição e o número de impactos por unidade de área. Barthelemy et al. (1990), estudando o número de impactos por unidade de área para as aplicações, concluíram que 30 a 40 impactos de gota cm-2 deve ser a quantidade mínima permitida para uma boa aplicação dos herbicidas utilizados em pós-emergência. Sabe-se, porém, que é difícil estabelecer esse número ideal de gotas em função do tipo e da velocidade de absorção do herbicida.

O sucesso de um tratamento fitossanitário depende fundamentalmente da utilização de produtos de eficácia comprovada e de uma tecnologia específica de aplicação, em que a máquina se torna o principal fator. Devem-se ainda considerar as necessidades e a estrutura socioeconômica dos usuários. Logo, este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de uma barra de pulverização com um protetor contra deriva, acoplada a um pulverizador transportado por animal, construído na UFV, para aplicação de herbicidas não-seletivos em lavouras de café em formação.


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