RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do selênio e da vitamina E sobre a prevalência de mastite clínica em vacas da raça Holandesa. Oitenta vacas foram distribuídas em quatro tratamentos: controle e suplementação com 2,5 mg selênio dia-1 , com 1.000 UI vitamina E dia-1 e com 2,5 mg selênio + 1.000 UI vitamina E dia-1 . A suplementação foi iniciada 30 dias antes da provável data de parição, prolongando-se até o parto. Amostras do volumoso e do concentrado foram colhidas, quinzenalmente, para análise bromatológica completa e levantamento dos níveis de selênio. O sangue foi colhido antes do início da suplementação, no parto, 30 e 60 dias após o parto, para determinação dos níveis de selênio. O teste de Tamis e a análise clínica do úbere foram realizados semanalmente, para detecção de mastite até a décima segunda semana de lactação. Um mês após a suplementação, as vacas que receberam selênio apresentaram níveis séricos superiores (p<0,05) ao grupo controle. A vitamina E e o selênio não afetaram a prevalência de mastite clínica, nas doze primeiras semanas de lactação, e não foi encontrada interação entre os dois elementos.
Termos para indexação: antioxidante, pré-parto, qualidade do leite, suplementação oral.
ABSTRACT: The aim of this work was to evaluate the effect of selenium and vitamin E on incidence of mastitis in Holstein cows. Eighty cows were allocated into four treatments: control, supplementation with 2.5 mg Se day-1, supplementation with 1,000 UI vitamin E day-1 , and supplementation with 2.5 mg Se day-1 + 1,000 UI vitamin E day-1 . The supplementation started 30 days prior to probable parturition date until parturition. Forage and concentrate samples were taken every 15 days for chemical and selenium analyses. Blood samples were taken before starting supplementation, right after parturition, 30 and 60 days after it to determine the selenium serum levels. Tamis test and udder analysis were weekly performed to detect clinical mastitis. Selenium supplemented cows had higher serum selenium concentration compared with control group (P<0.05). Vitamin E and selenium did not decrease the prevalence of clinical mastitis up to 12th week and there was no interaction between those elements.
Index terms: antioxidant, prepartum, milk quality, oral supplementation.
Os efeitos favoráveis do selênio e da vitamina E nos mecanismos de defesa da glândula mamária vêm sendo estudados nos últimos anos com importante enfoque sobre a incidência de mastite, principal afecção dos animais destinados à produção leiteira (Langoni, 2000). No Brasil, a incidência de mastite é alta e acomete 71% das vacas em rebanhos de Minas Gerais e São Paulo (Costa et al., 1995, 1999).
O primeiro estudo sobre o efeito do selênio e da vitamina E na incidência de mastite clínica foi realizado por Smith et al. (1984), que verificaram diminuição de 37% da afecção em vacas que receberam suplementação de 740 UI de vitamina E por dia, durante o período seco. Weiss et al. (1997) utilizaram doses mais elevadas e constataram que o fornecimento de 2.000 UI de vitamina E dia-1 (pré-parto) diminuiu a incidência de mastite clínica de 25% para 2,6%. Valle (2000) suplementou vacas no pré e pós-parto com níveis de vitamina E de 1.000 a 3.000 UI dia-1 e constatou maior incidência no grupo-controle. Por sua vez, Leblanc et al. (2002) não encontraram efeito da vitamina E sobre a incidência de mastite clínica em vacas injetadas com dose única de 3.000 UI, uma semana antes do parto.
Paschoal et al. (2003, 2003a) concluíram que a suplementação diária com 5 mg de selênio, iniciada 30 dias antes do parto, diminuiu em 38% a prevalência de mastite clínica nas primeiras 12 semanas de lactação. Segundo Costa et al. (1997), não houve diferença significativa entre o tratamento com selênio (0,1 mg kg-1 MS) e o grupo-controle (sem suplementação), quanto à incidência de mastite clínica, diagnosticada pela prova de Tamis. Malbe at al. (2003) não encontraram efeito positivo do selênio sobre a incidência de mastite clínica, quando suplementaram animais com 0,2 ppm dia-1.
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