Efeito da desmama precoce sobre o desenvolvimento de bezerros e sobre a eficiência reprodutiva de vacas nelore criadas em jaraguá e campo nativo

 O intervalo entre partos é, pelo seu caráter abrangente, uma medida que fornece boa indicação do desempenho reprodutivo de um rebanho. Este intervalo, para a maioria das fazendas de criação de gado de corte no Brasil Central, tem sido mais longo do que seria desejável. O que geralmente acontece a uma vaca ter duas paricões em um período de três anos, com intervalo médio entre partos de 500 dias.

A media dos intervalos entre partos publicados por pesquisadores de gado Zebu no Brasil tem sido de 520 dias enquanto que, na Índia, esta média cai para próximo de 470 dias.

Estes intervalos, indesejavelmente longos, têm preocupado os Zootecnistas do mundo inteiro. Assim, tem sido relatadas as mais diferentes pesquisas, envolvendo nutrição pré e pós-parto de vacas, desmama interrompida de bezerros e outras, com o intuito de diminuir os intervalos entre partos.

No entanto, nas condições de criação de gado de corte no Brasil Central, onde predomina o sistema extensivo, estas práticas tornam-se difíceis de serem implementadas. Assim, o objetivo do presente trabalho foi o de testar 3 métodos de desmama definitiva, em regime exclusivo de pasto, na tentativa de se diminuir o intervalo entre partos das matrizes, atentando-se também para os aspectos de crescimento dos bezerros.

O experimento foi desenvolvido, no período de julho de 1977 a julho de 1982, utilizando-se vacas prenhes retiradas ao acaso do rebanho geral do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte. Destas, foram formados, aleatoriamente, dois grupos de 51 vacas que, por sorteio, foram postas em pastagens de jaraguá (Hyparrhenia rufa, Ness Stapf) e campo nativo.

Dentre cada um destes rebanhos foram sorteadas as vacas que teriam seus bezerros desmamados aos 3, 5 e 7 meses de idade, no total de 17, para cada um destes grupos. Os touros, em número de 3 para cada um dos grupos, permaneceram sempre os mesmos e os rebanhos foram mantidos nos mesmos pastos até o final do experimento.

O campo nativo que se caracterizava por solos de baixa fertilidade era formado principalmente por gramíneas dos gêneros Paspalum sp., Andropogon sp., Aragrostis sp. e Aristida sp. As leguminosas, principalmente, Arachys sp. e Stylosanthes .sp. apareciam com freqüência, sem terem contudo expressão na dieta do gado. Este "campo nativo" foi sempre queimado em meados do mês de julho, durante todo o período experimental.

Logo após a desmama os bezerros e bezerras eram mantidos, durante uma semana, em um piquete formado por braquiária. (Brachiaria decumbens e capim guiné Panicum maximum) e, em seguida, eram soltos em um pasto maior, formado de guiné onde permaneceram, os machos, até os 12 meses de idade.

Por outro lado, 40 fêmeas foram mantidas no pasto de guiné até aos 18 meses (1ª. recria) e, após esta idade, foram divididas em dois grupos para 2ª. recria em campo nativo e jaraguá, onde permaneceram até a ocasião da 1ª. parição.

Os bezerros foram pesados ao nascer, à desmama e aos doze meses; as bezerras, além destas pesagens foram pesadas até ao parto. Os cuidados sanitários foram os de rotina: cura do umbigo e vacinações contra aftosa e carbúnculo sintomático e os animais permeceram exclusivamente a pasto tendo somente acesso permanente à mistura mineral.

A média geral dos intervalos entre partos (IEP), coletados nas temporadas de reprodução 78/79, 79/80 e 80/81, foi estimada em 422± 5 dias, com um coeficiente de variação de 15,7%.

A análise de variância evidenciou efeitos significativos (p<0,05) do ano do parto, tipo de pasto, ordem de parição, época de fecundação e da idade da desmama sobre os intervalos entre partos.

O maior intervalo entre partos (450 ± 8 dias) foi observado no período 78/79 não sendo diferentes, estatisticamente, os intervalos observados em 79/80 (421 ± 8 dias) e 80/81 (397 ± 10 dias).

O IEP observado no "campo nativo", (434 dias) foi mais elevado que o do jaraguá (411 dias), uma decorrência natural da qualidade das gramíneas que caracterizavam as duas pastagens.

Com relação a ordem de parição, não se observaram diferenças de IEP de vacas da 2ª. ate a 7ª. ordem. O aumento observado no intervalo entre partos a partir da 7ª. ordem de parição pode ser causa da queda das condições físicas e fisiológicas das fêmeas, em função da idade, com repercussão negativa na fertilidade. A partir da 7ª. ordem, a idade das vacas foi superior a 12 anos.