RESUMO: Foram avaliados os aspectos qualitativos da carne de cordeiros Santa Inês submetidos, na fase de terminação, a sistemas de alimentação diferenciados. Foram analisadas 24 pernas de cordeiros não-castrados, com idade de abate entre seis e dez meses, distribuídos eqüitativamente segundo as dietas recebidas: T1 = feno de capim-d'água + concentrado, T2 = feno de restolho de abacaxi + concentrado, T3 = palma + mistura, T4 = silagem de milho + concentrado. A utilização de quatro tipos de alimentos volumosos exerceu influência significativa sobre os teores de composição centesimal, cálcio, fósforo, colesterol, fosfolipídios, ácidos graxos saturados e poliinsaturados e nos parâmetros sensoriais da carne de ovinos Santa Inês. Os cordeiros alimentados com volumosos energéticos (T1, T2 e T4) apresentaram carnes com maiores concentrações lipídicas em (6,93; 8,09 e 8,38%, respectivamente), melhor qualidade sensorial e maiores percentuais de ácidos graxos monoinsaturados (C18:1, C16:1, com médias de 41,38; 46,40; 43,15 e 3,44; 3,34; e 2,76%, respectivamente). O uso de palma forrageira (T3) na alimentação dos cordeiros resultou em uma carne com teores de umidade, proteínas, fósforo, cálcio, colesterol e ácidos graxos saturados significativamente maiores em relação aos demais volumosos (T1, T2 e T4), porém com qualidade sensorial inferior.
Palavras-chave: análises químicas, carne ovina, dietas, palma, silagem de milho
ABSTRACT: This study had the objective of evaluating the qualitative aspects of lamb meat from Santa Ines breed when submitted in the termination phase to different feeding systems. Twenty four legs from entire lambs with slaughter age from six to ten months were equally distributed among four different diets: T1 = capim-d'água hay + concentrate, T2 = pineapple hay + concentrate, T3 = forage palm + mixture, T4 = maize ensilage hay + concentrate. The utilization of four different forager feeds resulted in significant difference among the percentages of centesimal composition, calcium, phosphorus, cholesterol, and phospholipid, saturated and unsaturated fatty acids and in the sensorial parameters of lamb meat. Lambs fed diet with high-energy forage (T1, T2 and T3) had meat with the highest percentages of fat (6.93, 8.09 and 8.38%, respectively), and monosaturated fatty acids (C18:1, C16:1, with average of 41.38, 46.40 and 43.15 and 3.44, 3.34 and 2.76%, respectively), associated to a better sensorial quality. The use of forager palm (T3) in lamb feeding resulted in lamb meat with higher percentages of humidity, protein, phosphorus, calcium, cholesterol and saturated fatty acids in comparison with the others treatments (T1, T2 and T4), although this lamb meat had lower sensorial quality in relation to the meat obtained from the others treatments.
Key Words: chemical analysis, corn silage, diets, lamb meat, palm
A ovinocultura tem-se apresentado como uma das opções do agronegócio brasileiro, em virtude de o Brasil possuir baixa oferta no consumo interno da carne ovina e dispor dos requisitos necessários para ser um exportador desta carne, como: extensão territorial, mão-de-obra de baixo custo, rebanho expressivo, entre outros.
A raça Santa Inês, denominada ovino deslanado, é apontada como uma alternativa promissora em cruzamentos para a produção de cordeiros para abate, por ter capacidade de adaptação, rusticidade e eficiência reprodutiva, baixa susceptibilidade a endo e a ectoparasitos. Além destas vantagens, não apresenta comportamento estacional (Sousa, 1987), exercendo importante papel na produção de proteína em áreas de clima seco, como o semi-árido do nordeste do Brasil. Pesquisas vêem sendo realizadas sobre influência dos fatores pré e pós-abate na qualidade da carne de ovinos Santa Inês. Bressan et al (2001) reportaram a influência do peso ao abate nos parâmetros físico-químicos da carne de cordeiros Santa Inês e Perez et al. (2002), estudando o mesmo fator relataram o perfil de ácidos graxos, do colesterol e da composição química da carne de cordeiros Santa Inês.
No semi-árido nordestino, a alimentação é fator limitante da produção de carne ovina. Nessa região, a base da alimentação animal é a caatinga, que sofre influência de duas estações distintas – a chuvosa e a seca. Durante a estação chuvosa, o alimento disponível é abundante e de boa qualidade nutricional, enquanto, na estação seca, a disponibilidade e a qualidade da forragem são reduzidas em virtude da lignificação da parede celular e do decréscimo de proteína bruta das plantas, escasseando a produção de alimentos (Simplício, 2001).
A terminação em confinamento com alimentação de elevado valor nutritivo constitui-se uma prioridade, quando o sistema de produção visa atingir níveis elevados de ganho de peso e a obtenção de carcaças de melhor qualidade. Entre os sistemas de terminação no nordeste, o confinamento é um método alternativo, para a obtenção de animais na entressafra (Perez, 2003).
Com a maior demanda por alimentos para composição das rações concentradas formuladas para as diversas categorias animais da ovinocultura, aumenta-se a procura por produtos que permitam boa performance animal e econômica aos sistemas intensivos de criação. Em função disso, a adoção de alimentos alternativos vem se destacando como excelente alternativa como componente energético para rações de ruminantes.
Considerando a importância da alimentação sobre o efeito na produção e nas características gerais da carne ovina, justifica-se a necessidade de estudos sobre a influência da alimentação na qualidade da carne de ovinos da raça Santa Inês, visando detectar sistemas de alimentação alternativos adaptáveis às condições de criação no semi-árido nordestino.
Avaliou-se, neste trabalho, a influência de quatro tipos de alimentos volumosos sobre os aspectos qualitativos da carne de ovinos Santa Inês.
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