Resumo: O crescimento das plantas é influenciado pelas condições meteorológicas. Dessa forma, os cultivos dentro e fora de estufa ganham dimensões diferentes, uma vez que as variáveis meteorológicas sofrem alterações em decorrência da cobertura plástica. Neste sentido, o presente trabalho foi conduzido em estufa plástica e ambiente natural, e teve como objetivo quantificar a ação das variáveis meteorológicas sobre o crescimento da alface conduzida nos dois ambientes. Os experimentos foram conduzidos na primavera de 1999 e no verão, outono e inverno de 2000, utilizando-se a cultivar Regina. Nos dois ambientes, foram quantificadas a radiação solar global incidente, a temperatura máxima e mínima do ar, bem como a taxa de crescimento da cultura. O crescimento da alface ocorreu mesmo com baixos valores de radiação solar global que incidiam no interior da estufa, e foi observado no cultivo de outono uma taxa de crescimento de 0,048 g dia -1 em uma condição média semanal de 4,4 MJ m-2 dia-1. As temperaturas máximas afetaram, porém não cessaram o crescimento visto que foi observado um valor de 0,099 g dia-1 em condição de média das máximas igual a 37,2ºC. No outro extremo, com valor de temperatura média das mínimas do ar igual a 2,1ºC, ainda foi verificado crescimento com um acúmulo de fitomassa igual 0,024 g dia-1.
Palavras-chave: crescimento, alface, temperatura, radiação solar incidente.
Abstract: The crop growth is influenced by meteorological conditions. In that way, the crop growing inside greenhouse and field conditions are submitted at different meteorological conditions. The present work was conduced under greenhouse and field conditions with the objective to quantify the action solar radiation and air temperature in growth of lettuce. The experiments were carried out in spring of 1999 and summer, fall and winter 2000. The Regina cultivar was used. The global solar radiation was not limiting for the lettuce growth inside greenhouse, since there was observed a growth of 0.048 g day-1 on the with averange global solar radiation incident of 4.4 MJ m-2 day-1. Maximum and minimum affected crop growth, but it was not stopped. In condition of the maximum averange temperature equal, 37ºC growth rate was 0.099 g day-1 and at the other extreme, in condition of the minimum average temperature was 2.1ºC growth ratethat was 0.024 g day-1.
Key words: growth, lettuce, temperature, radiation solar incident.
A quantidade e a qualidade da radiação solar global incidente que atinge o dossel vegetativo pode limitar o acúmulo de fitomassa. De acordo com a FAO (1990), valores abaixo de 8,4 MJ m-2dia-1 são considerados como limitantes para o crescimento das hortaliças de verão. De acordo com BURIOL et al. (2000), em condições naturais, a radiação solar global incidente pode tornar-se limitante para a cultura do tomateiro nos meses de junho e julho nas regiões da Depressão Central, Campanha, Serra do Nordeste e Litoral do Rio Grande do Sul. Em ambientes parcialmente protegidos, a limitação seria maior, pois segundo BURIOL et al. (1995), o policloreto de vinil (PVC), com 200m de espessura, possui 82% de transmissividade à radiação de onda curta.
Para as condições de Pelotas, RS, FARIAS et al. (1993b) observaram que, no interior de estufa plástica, coberta com polietileno de baixa densidade (PEBD), em média 45% da radiação solar global incidente correspondeu à radiação difusa, ao passo que no meio externo esse percentual correspondeu a 24%.
Do mesmo modo, CAMACHO et al. (1995), no mesmo local, constataram que no interior de estufa plástica com PEBD, em média 55% da radiação solar global incidente correspondeu à radiação difusa. Por sua vez, esta tem sua importância por ser multidirecional, o que lhe permite penetrar melhor no dossel vegetativo e pode ser uma das causas do maior crescimento de plantas no interior de estufas, apesar da menor disponibilidade da radiação solar global incidente (BURIOL et al., 1995).
Para a região de Santa Maria, RS, os valores médios de temperatura mínima do ar verificados no interior de estufa foram 1 a 3ºC superiores àquelas observados em abrigo meteorológico instalado na estação meteorológica (DALMAGO et al., 1994).
HELDWEIN et al. (1995) observaram que a média da temperatura mínima do ar foi 2ºC, maior na altura de 1,5m no interior da estufa, chegando essa diferença em média a 2,6ºC, em dia com formação de geada forte, em relação à condição padrão da estação meteorológica.
A cobertura plástica é mais efetiva no aumento dos valores de temperatura máxima do ar do que nos de temperatura mínima no interior das estufas, e estas, quando elevadas, podem exercer ação desfavorável ao desenvolvimento das plantas. FARIAS et al. (1993a) verificaram que as média das temperaturas máximas do ar foram maiores no interior da estufa, diferindo de 1,2 a 4,4ºC das observadas externamente.
Num dia claro, as diferenças de temperatura variaram entre 0,5 a 9ºC, e as maiores diferenças foram observadas no período da tarde.
De acordo com FILGUEIRA (1982), a temperatura máxima do ar tolerada pela alface é 30ºC.
JOUBERT & COERTZE (1982) mencionam que a temperatura diurna favorável para o crescimento da alface situa-se entre 17 e 28ºC e a noturna entre 2 e 12ºC. Para SANCHES et al. (1989), as temperaturas médias, das máximas de 21ºC e das mínimas de 4ºC são consideradas as extremas para promoverem o crescimento e desenvolvimento desta cultura.
Para as hortaliças de verão, a temperatura do ar durante a fase clara do dia não deveria ultrapassar os 25ºC, pois é a que representa o melhor balanço entre fotossíntese e respiração. Do mesmo modo, as temperaturas noturnas não deveriam ficar abaixo de 15ºC pois comprometeriam o crescimento das culturas (ANDRIOLO, 1999).
A eficiência das plantas em relação a esses fluxos é influenciada pelas condições ambientais, principalmente, a radiação solar global incidente e a temperatura do ar. Para tanto, a quantificação dessas variáveis meteorológicas e a sua ação sobre o acúmulo de fitomassa possibilitarão determinar a potencialidade do uso de um ambiente de cultivo. Para tanto, o objetivo deste trabalho foi determinar a influência da densidade de fluxo de radiação solar global incidente e a interferência dos valores extremos de temperatura do ar sobre o acúmulo de fitomassa de alface cultivada em ambiente estufa e natural nas diferentes estações do ano.
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