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Influência do uso de fitorregulador no crescimento do arroz irrigado (página 2)

Cleomar Cezar Hermes, Sandro Luis Petter Medeiros; Paulo Augusto Manfron, B

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", USP, situada em Piracicaba, SP, 22º42’20"S de Latitude, 47º38’07"W de longitude e 546 m de altitude. A topografia do terreno é plana. Utilizou-se a cultivar de arroz IAC- 103, submetida à irrigação por inundação.

A semeadura foi realizada no dia 26.11.2001, na densidade de 100 sementes por metro linear. A adubação de base constou de 300 kg ha-1 da fórmula 08-26- 16. As adubações de cobertura foram realizadas aos 34 e 48 dias após a emergência da cultura, aplicando-se 90 kg ha-1 de uréia. A inundação das parcelas foi realizada dia 03.01.2002, mantendo-se uma lâmina constante de 10 centímetros, até aproximadamente 10 dias antes da colheita. O florescimento pleno ocorreu no dia 04 de março de 2002, aos 89 (oitenta e nove) dias após a emergência da cultura.

Não ocorreram doenças que pudessem comprometer a pesquisa, e para o controle da Bicheira-do-arroz (Oryzophagus oryzae), foi utilizado o inseticida Carbofuran na dose de 1.000 g i.a. ha-1.

As plantas infestantes foram controladas através da aplicação em préemergência do herbicida Oxadiazon, na dose de 1.000 g i.a. ha-1, e da aplicação em pós-emergência, nos dias 19.12.2001 e 03.01.2002 do herbicida Ethoxysulfuron, na dose de 72,00 g i.a. ha-1. Durante a condução do experimento foi executada três retiradas manuais de plantas infestantes (roguing), que visaram o controle de capim-arroz (Echinochloa spp.) e arroz-vermelho (Oryza sativa L.).

Os tratamentos constituíram-se de diferentes doses do fitorregulador Stimulate®, descritos na Tabela 1. O produto foi utilizado em três formas distintas de aplicação: (i) em tratamento de sementes, realizado no dia 26.11.2001, momentos antes da semeadura; (ii) no momento da semeadura em pulverização dirigida na linha, no dia 26.11.2001; e (iii) em pulverização foliar, no dia 17 de janeiro de 2002, aos 43 dias após a emergência das plantulas (DAE).

Utilizou-se um pulverizador costal a gás carbônico, equipado de bico jato plano de uso ampliado XR Teejet 80,02Vs, numa pressão constante de 30 lb/pol². As pulverizações na linha de semeadura foram realizadas com pulverizador equipado de 01 (um) bico, com volume de calda de 260 l ha-1. As pulverizações foliares foram realizadas utilizando-se um pulverizador equipado de barra com 07 (sete) bicos, com volume de calda equivalente a 400 l ha-1. As condições climáticas no momento da aplicação eram respectivamente nos dias 26.11.2001 e 17.01.2002: temperatura ambiente de 35ºC e 20ºC, umidade relativa do ar 39% e 70%, umidade do solo 14,5% e 25,0% e velocidade do vento de 2,0 km h-1 e 4,5 km h-1.

O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso com quatro repetições. As variáveis analisadas foram o número de plantas emergidas (NPE), através da contagem em um metro linear, amostrando-se cinco linhas de 1m por parcela; número de colmos (NC), cinco amostras de um metro linear por parcela; número de panículas por metro linear (NP), amostragem de 20 plantas por parcela; estatura das plantas (EP), amostrando-se 20 plantas no interior da parcela; comprimento das panículas (CP), medindo-se do nó a extremidade; número de grãos por panícula (NGP), média dos grãos totais formados e os chochos; peso de mil grãos (PMG), rendimento da cultura corrigida para 12,5% (REND). As parcelas foram constituídas de 13 (treze) linhas de plantas de arroz, com 8m de comprimento, espaçadas de 0,35 m, apresentando área de 36,4m². As médias dos tratamentos foram comparadas através do teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A emergência das plântulas de arroz ocorreu no dia 5.12.2001, nove dias após a semeadura. A cultura não apresentou doenças ou plantas infestantes que interferissem no desenvolvimento da cultura. Pode-se observar (Tabela 2) que as variáveis número de plantas emergidas (NPE), número de colmos (NC), estatura das plantas (EP), número de panículas (NP), comprimento das panículas (CP), número de grãos por panícula (NGP) e número de grãos chochos por panícula (NGCP), não foram afetadas pelos diferentes tratamentos aplicados.

Para a variável percentual de grãos chocos, os tratamentos T10 e T8 foram os que apresentaram menores valores. O tratamento T9, não diferiu desse grupo, além de estar ligado a um grupo intermediário. O tratamento T1 (controle) foi o tratamento que apresentou o maior percentual de chochamento de grãos, sendo que o tratamento T3, não apresentou diferença significativa desse grupo.

Indicando que esse tratamento não foi eficiente para a redução do percentual de grãos chochos. Para a variável peso de mil grãos (PMG), observa-se que o tratamento proporcionou os maiores valores para esta variável. Já os tratamentos 2, 4, 5, 6, 9 e 10, não diferiram desse tratamento, mas também estão ligados a um tratamento intermediário que foi o tratamento 3. E o menor peso de mil grãos foi obtido pelo tratamento controle T1.

O rendimento de grãos (REND), apresentou três grupos distintos de produções. O primeiro grupo (maiores rendimentos) foi formado pelos tratamentos T8, T9 e T10, que atingiram respectivamente as produções de 8.725 kg ha-1, 8.761 kg ha-1e 8.753 kg ha-1. A média de produção atingida pelos tratamentos desse grupo é de 8.746kg ha-1, que é 271% superior a produtividade média de arroz no mesmo período da região sudeste, que foi de 2.358 kg ha-1 (AZAMBUJA et at., 2004). Isso indica que a dose aplicada não possui uma interferência marcante, pois os tratamentos que resultaram nas maiores produções possuíram concentrações que variaram de 0,25 a 0,75 l do produto comercial. Esta faixa é uma faixa intermediária de concentrações aplicadas no produto, mas destacou-se a época de aplicação, pois somente aos 43 dias após a emergência houve resultados significativamente diferentes dos outros tratamentos.

O segundo grupo (rendimentos intermediários), diferiu significativamente do primeiro e do terceiro, foi formado pelos tratamentos T2, T3, T4, T5, T6 e T7, onde a média do rendimento nesse grupo é de 8256 kg ha-1. Dessa forma esses dois grupos diferiram em 496 kg ha-1, quando considerados suas médias. Então, analisando as épocas de aplicação do fitorregulador, a aplicação na semente e a aplicação dirigida no momento da semeadura proporcionam os mesmos resultados de rendimento, estando em um grupo intermediário que está entre os maiores rendimentos conseguidos em pulverizações foliares sem aplicação de nenhum produto. MAGALHÃES JUNIOR et al. (2004), descreve que no período que varia de 40 a 60 dias após a emergência das plantas, dependendo de fatores genéticos e condições ambientais, ocorre à diferenciação do primórdio floral. E como o regulador de crescimento foi aplicado poucos dias antes desta fase ocorrer, certamente houve influencia na formação das espiguetas das panículas.

COSTA et al. (2002), destaca que para as variáveis estatura de plantas e rendimento de grãos o coeficiente de variação foi classificado como baixo, dessa forma, garantindo a qualidade dos resultados apresentados. Para as demais variáveis ainda parâmetros de classificação para a cultura do arroz, mas destaca-se que os valores do coeficiente de variação, não foram superiores a 6,48 (NPE), o que é um bom indicativo para as demais variáveis.

A aplicação do fitorregulador proporcionou aumentos de rendimentos de até 14,37%, quando comparado com o tratamento testemunha.

A amplitude dos rendimentos foi de 1.101 kg ha-1, essa magnitude foi obtida devido a influencia das outras variáveis que são componentes do rendimento do arroz, como por exemplo, as variáveis percentual de grãos chochos (GC%) e peso de mil grãos (PMG), certamente contribuíram para inflacionar esta amplitude.

Para a cultura da soja, LEITE et al. (2003), descrevem que a emergência das plantas e o comprimento das raízes foram reduzidos com o tratamento de sementes (giberelina e citocinina), porém com o decorrer do experimento a diferença no crescimento radicular desapareceu. Outros aspectos observados foram à redução na estatura das plantas e a formação de um número menor de nós, diâmetro de caule, área foliar e produção de fitomassa seca. A estatura da planta, altura do primeiro nó, diâmetro do caule, área foliar e a produção de fitomassa seca foram aumentados pela aplicação foliar de giberelina. Não foi verificado efeito de giberelina e citocininas exógenas sobre o número de folhas, número de ramificações e matéria seca da raiz. A aplicação conjunta de giberelina e citocinina tendeu a diminuir os efeitos da giberelina. Citocinina aplicada às folhas durante o crescimento vegetativo da soja, não apresentou efeito sobre quaisquer variáveis analisadas.

CONCLUSÕES

A aplicação do promotor de crescimento influencia os resultados de percentagem de grãos chochos, peso de mil grão e rendimento de grãos, principalmente quando aplicado aos 43 dias após a emergência da cultura do arroz em qualquer uma das dosagens testadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

AZAMBUJA, I.H.V., VERNETTI JR. F.J., MAGALHÃES JR., A.M. Aspectos socioeconômicos da produção de arroz. In: GOMES, A. S.; MAGALHÃES JÚNIOR, A.M. DE (Ed), Arroz irrigado no sul do Brasil. Embrapa, Brasília, DF, 2004, p. 23- 44.

CASTRO, P.R.C., PACHECO, A.C., MEDINA, C.L. Efeitos de Stimulate e de micro-citros no desenvolvimento vegetativo e na produtividade da laranjeira `pêra' (Citrus sinensis l. osbeck). Sciencia Agrícola, vol. 55, n. 2, p. 338-341. Piracicaba, SP, 1998.

COSTA, N.H. DE A.D., SERAPHIN, J.C. AND ZIMMERMANN, F.J.P. A new method of variation coefficient classification for upland rice crop. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v.37, n.3, p.243-249, 2002.

LEITE, V.M., ROSELEM, C.A., RODRIGUES, J.D. Gibberellin and cytokinin effects on soybean growth. Scientia Agricola, v.60, n.3, p.537-541, 2003.

MAGALHÃES JÚNIOR, A.M., TERRES, A.L., FAGUNDES, P.R., FRANCO, D.F. ANDRÉS, A. Aspectos genéticos, morfológicos e de desenvolvimento de plantas de arroz irrigazo. In: GOMES, A. S.; MAGALHÃES JÚNIOR, A.M. DE (Ed), Arroz irrigado no sul do Brasil. Embrapa, Brasília, DF, 2004, p. 23-44.

TAIZ, L. & ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004, 559p.

WEAVER, R. J. Reguladores del crescimiento de las plantas en la Agricultura. México, Editorial Trillas, 1976. 622p.

TABELAS

(1) Tratamento de sementes - Dose em P.C./100 kg de sementes.
(2) Tratamento de sementes - Dose em i.a./100 kg de sementes.
(3) Pulverização dirigida na linha de semeadura, no momento da semeadura (P.C. ha-1).
(4) Pulverização dirigida na linha de semeadura, no momento da semeadura (i.a. ha-1).
(5) Pulverização foliar, quando as plantas encontravam-se no estádio 1 (P.C. ha-1).
(6) Pulverização foliar, quando as plantas encontravam-se no estádio 1 (i.a. ha-1).

Rev. Fac. Zootec. Vet. Agro. Uruguaiana, v.11, n.1, p. 183-191, 2004.

Geraldo José Aparecido Dario1; Durval Dourado Neto2;
Thomas Newton Martin3; Reinaldo Antonio Garcia Bonnecarrére3;
Paulo Augusto Manfron4; Evandro Binotto Fagan5; Paulo Eduardo Nobre Crespo6.

manfronp[arroba]smail.ufsm.br
1. Engo Agro Dr. Prof. Dep. Produção Vegetal, ESALQ/USP.
2. Engo Agro Dr. Prof. Associado Dep. Produção Vegetal, ESALQ/USP, Bolsista CNPQ,
Autor para correspondência e-mail
dourado[arroba]esalq.usp.br .
3. Engo Agro Doutorando ESALQ/USP, Bolsista CNPQ
4. Engo Agro Dr. Prof. Titular Dep. de Fitotecnia, UFSM, Bolsista CNPQ
5. Engo Agro Mestrando, Dep. Fitotecnia, UFSM 6. Engo Agro Estagiário Departamento de Produção Vegetal, ESALQ/USP.



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