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O trabalho foi desenvolvido na área da empresa Sococo S.A. Agroindústrias da Amazônia, nas coordenada geográficas 02o 07’ 00’’ de latitude Sul e 48o de longitude Oeste de Greenwich, Município de Moju, Pará. O clima da região é definido como tropical quente e úmido, com duas estações de precipitação bem definidas: uma chuvosa, que vai de janeiro a julho, e outra de estiagem, que compreende o período de agosto a dezembro. As mudas foram cedidas pela Embrapa / Centro de Pesquisa do Tabuleiros Costeiros - CPATC, Aracaju, SE.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com sete tratamentos (três cultivares anões e quatro híbridos), três repetições e parcelas representadas por nove plantas. Os tratamentos avaliados foram:T1 – Anão vermelho de Gramame (AVG); T2 – Anão amarelo de Gramame (AAG); T3 – Anão verde de Jiqui (AveJ); T4 – Híbrido Anão verde de Jequi x Gigante do Brasil do Rio Grande do Norte (AveJ x GBrRN); T5 – Híbrido Anão vermelho de Gramame x Gigante do Brasil da Praia do Forte (AVG x GBrPF); T6 – Híbrido Anão amarelo de Gramame x Gigante do Oeste Africano (AAG x GOA); T7 – Híbrido Anão verde de Jequi x Gigante do Oeste Africano (AveJ x GOA). O espaçamento usado foi de 8,5 m x 8,5m para os híbridos e 7,5 m x 7,5 m para os cultivares anões.
As mensurações foram realizadas entre fevereiro de 2000 a novembro de 2001, em intervalos variáveis. Os caracteres avaliados foram: circunferência do coleto (CC): efetuada a 5 cm do solo, com auxílio de uma fita métrica; número de folhas vivas (NFV): número de folhas verdes e adultas com mais de 50% de folha aberta; número de folíolos na folha três (NfoF3): contagem de folíolos da folha 3, ou seja, a terceira folha completamente aberta a partir do ápice para a base da planta; comprimento do folíolo da folha três (CfoF3): medida de três folíolos centrais; comprimento da folha três (CF3): determinado com auxílio de uma fita métrica e comprimento do limbo (CL). As análises de variância foram realizadas para cada época de avaliação, de acordo com os procedimentos comuns a um delineamento de blocos casualizados. Para o teste comparativo de médias, aplicou-se o teste de Tukey.
Na Tabela 1, apresentam-se os resultados do teste F, coeficiente de variação experimental (C.V.exp.) e o teste de comparação de médias obtidos para CC, NFV, CfoF3, NfoF3, CF e CL nas diferentes épocas de avaliação. Comparando-se as médias obtidas para todos os caracteres, observou-se que valores superiores foram obtidos nos híbridos relativamente aos cultivares anões. Tal fato era esperado, haja vista que os resultados disponíveis na literatura evidenciam que o fenômeno do vigor de híbrido tem se manifestado para diversos caracteres em coqueiro (SANTOS et al., 1982; SATYABALAN, 1984).
Constata-se que a precisão experimental avaliada pelos coeficientes de variação experimental apresentou uma tendência de maiores valores nas primeiras avaliações relativamente às últimas. De um modo geral, esses valores encontram-se entre os limites obtidos por Marcilio et al.(2001) e Nascente e Sá (2001).
No caso da fonte de variação genótipos, foram detectadas diferenças significativas para todas as épocas de avaliação para o caráter CC. Em relação aos demais caracteres, a significância foi variável de acordo com a época de avaliação, indicando haver efeito significativo para a interação genótipo x época de avaliação. Fez-se a decomposição do efeito de genótipos em anões e híbridos.
O contraste entre essas duas categorias para todas as épocas de avaliação apontou significância para CC e CfoF3. Esse resultado, até certo ponto, era esperado, pois de acordo com Ferraz, Pedrosa e Melo (1987), Souza et al. (2000) e Santos et al. (1982), o CC é um dos caracteres em que a heterose se manifesta com maior intensidade.
O melhor desempenho para CC em todas as avaliações foi obtido pelo híbrido AVG x GBrPF, apesar de não ter diferido significativamente dos híbridos AveJ x GOA, AAG x GOA, AVeJ x GBrRN e dos cultivares AAG e AVG aos 30 meses, e o pior pelo genótipo AVG. A tendência do híbrido AVG x GBrPF de apresentar maiores valores para CC, e o genótipo AVG, o pior, também foi observado por Nascente e Sá (2001), em Goiás. O desempenho superior desse híbrido foi também destacado por Marcilio et al. (2001) em Mato Grosso, o que reflete a adaptabilidade do genótipo a diversos ambientes.
Tabela 1. Valores médios de circunferência do coleto (CC), número de folhas vivas (NVF), comprimento do folíolo da folha 3 (CFoF3), número de folíolos da folha 3 (NFoF3), comprimento da folha (CF) e comprimento do limbo foliar (CL) em sete genótipos de coqueiro avaliados aos 6, 16, 24 e 30 meses após o plantio. Moju, Pará, 2002.
Para o caráter NFV, não se observou diferença significativa no período de avaliação, fato também observado por Jucá et al. (2002), quando estudaram seis cultivares de coqueiros-anões. Em todas as épocas de avaliação, o genótipo AVG apresentou sempre a menor estimativa para NFV. Alguns autores (BOVI, 1984; OLIVEIRA; MÜLLER, 1998; FARIAS NETO, 1999) têm encontrado associações altas e positivas entre CC e NFV, com produção de frutos em palmeiras. Assim sendo, o genótipo AVG, por apresentar a tendência de menores estimativas para esse caráter aos 30 meses, possivelmente tenderá a apresentar menor produção de frutos.
Entretanto, apenas o NFV não é suficiente para se conhecer o potencial da planta em produzir fotoassimilados, sendo necessário conhecer também o número de folíolos na folha 3, o comprimento da folha 3 e o comprimento do folíolo da folha 3, os quais fornecem melhor estimativa da área foliar da planta, de difícil determinação em condições de campo (JUCÁ et al., 2002).
Avaliando-se o comprimento e o número de folíolos da folha 3 aos 30 meses, observouse que o híbrido AveJ x GOA apresentou o maior comprimento e número de folíolos, diferindo estatisticamente dos genótipos AVG e AAG e não diferindo estatisticamente dos híbridos AAG x GOA, AVG x GBrPF e AVG x GBrPF, AVG e do cultivar AveJ.
Apesar dos híbridos AVG x GBrPF, com 365 cm e AAG x GOA, com 332 cm apresentarem os maiores comprimentos de folha, não houve diferenças significativas com os demais genótipos. Nascente e Sá (2001) também verificaram superioridade desses híbridos aos 12 meses e Marcilio et al. (2001), aos 20 meses de idade.
Os híbridos AVG x GBrPF, AAG x GOA, AveJ x GOA e AveJ x GBrRN e o genótipo anão AveJ apresentaram os melhores desempenhos iniciais para as características avaliadas. Portanto, constituem-se em um conjunto geneticamente promissor para a seleção de genótipos superiores de coqueiro, com vistas a atender tanto às indústrias (albúmen fresco) quanto à venda de cocos " in natura" para consumo de água.
BOVI, M. L. A. Pesquisas em desenvolvimento com o açaizeiro no Instituto Agronômico. O Agronômico, Campinas, v.36, n.2, p.155-78, 1984.
FARIAS NETO, J.T. Estimativas de parâmetros genéticos em progênies de meios-irmãos de pupunheira. Boletim de Pesquisa Florestal, v.39, p.109-117, 1999.
FERRAZ, L.G.B.; PEDROSA, A.C.; MELO, G.S. Avaliação do comportamento de coqueiro híbrido e cultivares nacionais.
Recife:Instituto Pernambucano de Pesquisa, 1987. 7p. (Pesquisa em Andamento, 5).
JUCÁ, M.P.; GAÍVA, H.N.; PEREIRA, W.E.; MILESKI, A. Comportamento vegetativo de seis cultivares de coqueiroanão (Cocos nucifera L.) em Santo Antônio de Leverger-MT. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 24, n. 2, p. 463-467, 2002.
MARCÍLIO, H. de C.; GAÍVA, H.N.; ABREU, J.G. de; ARAGÃO, W.M.; FRESCHI, J.C. Avaliação de caracteres vegetativos de híbridos de coqueiro (Cocos nucifera L.) na região não pantanosa do município de Poconé, MT. Revista Brasileira de Fruticultura, v.23, n. 2, p. 437- 440. 2001.
NASCENTE, A.S.; SÁ, L.F. Comportamento morfológico de genótipos de coqueiro (Cocos nucifera L.) no estado de Goiás. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 1., 2001, Goiânia. Resumos... Goiânia: Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas, 2001. CD-ROM.
OLIVEIRA, M. do S.P. de; MÜLLER, A.A. Seleção de germoplasma de açaizeiro promissor para frutos. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1998. 5p. (Pesquisa em Andamento, 191).
RELATÓRIO TÉCNICO ANUAL DO CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE COCO-1990/92. Aracaju: EMBRAPA – CNPCo, 1993.
SANTOS, G.A; CARPIO, M.C.B.; ILAGAN, M.C.; CANO, S.B.; DELA CRUZ, B.V. Flowering and early yield performance of four IRHO. Coconut hybrids in the Philippines. Oleagineux, Paris, v.37, n.3, p.571-582, 1982.
SATYABALAN, K. Genetic improvement of coconut palm. Indian Coconut Journal, v.15, n.3/4, p. 3-11, 1984.
SIQUEIRA, E. R.; RIBEIRO, F. E.; ARAGÃO, W. M. Melhoramento genético do coqueiro. In: FERREIRA, J. M. S.; WARWICK, D. R. N.; SIQUEIRA, L. A., (Ed.). A cultura da coqueiro no Brasil. Aracaju: EMBRAPA-SPI, 1994. p. 1-65.
SOUZA, V.A.A..B.; NOGUEIRA, C.C.P.; VELOSO, M.E.C.; VASCONCELOS, L.F.L. Avaliação de híbridos entre coqueiro anão e gigante na microrregião do baixo parnaíba piauense. In: ENCONTRO DE GENÉTICA DO NORDESTE, 15., 2000, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Sociedade Brasileira de Genética, 2000.
Paulo Manoel Pontes LINS2; João Tomé de FARIAS NETO3; Antônio Agostinho MÜLLER4
tome[arroba]cpatu.embrapa.br
1. Aprovado para publicação em 06.11.03. Trabalho realizado em parceria entre a Embrapa Amazônia Oriental e a Empresa Sococo S. A Agroindústria da Amazônia.
2. Engenheiro Agrônomo, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa Sococo S.A Agroindústria da Amazônia Rod. PA 252, km 38, CEP 68450-000. CP 15, Moju,PA. e-mail: pmplins[arroba]uol.com.br .
3. Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. Trav. Dr. Enéas Pinheiro s/n. CP 48, e-mail: tome[arroba]cpatu.embrapa.br .
4. Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. Trav. Dr. Enéas Pinheiro, s/n. CP 48. email: amuller[arroba]cpatu.embrapa.br .
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