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A educação é uma parte dos costumes dos grupos sociais que a criam e recriam, juntamente com outras invenções de sua cultura, em seu meio social. No modo de vida dos grupos sociais estão inseridas manifestações que exprimem seu conhecimento, ideologias, suas estrutura social, e dentre essas manifestações, uma das que mais tem poder de difusão é a música.
O poder de difusão que faz com que a música seja uma das principais manifestações culturais do Brasil pode ser explicado pelo fato de não ser imprescindível a utilização de um instrumento ou de um aparelho eletrônico para se executar uma música. Um dos instrumentos musicais mais completos, o aparelho fonador, está disponível a quase todos; pobres, ricos, negros, brancos; não é necessário ter dinheiro para cantar. Como afirma Cavalcanti (2002, p.85), "a cultura produzida neste mundo de tecnologias é repleta de informações geográficas" e a música tem um poder de penetração que une as várias culturas, diminuindo distância e diferenças. É um dos meios de comunicação mais democráticos porque não depende exclusivamente de aparelhos e de técnicas para ser ouvida ou executada. Qualquer ser humano pode ouvir ou ver música, não importando sua situação financeira ou sua capacidade de tocar um instrumento ou cantar.
A música está muito ligada à cultura brasileira, tanto por influência indígena, quanto por influência negra e européia. Convivemos com a música ao longo de quase todo o nosso dia-a-dia, no trabalho, em casa, na rua, em vários momentos estamos cantarolando alguma música que apreciamos. Podemos considerar que a música ouvida no dia-a-dia é instrumento educador, já que difunde idéias em letras e sentimentos em melodias. E por estar presente quase que integralmente na vida de cada um, a música pode se tornar um recurso eficaz na educação formal.
Por envolver tanto o campo visual (texto da música), o campo auditivo (melodia), o campo comunicativo (expressão de idéias nas músicas), a música pode proporcionar raciocínio, contextualização, percepção, concentração, desinibição, criatividade e aproximação da realidade do educando. Essas habilidades, proporcionadas pelo uso da música, devem ser utilizadas com um planejamento bem feito, considerando as especificidades dos alunos, da escola e da comunidade.
1.3 - A ARTE NA DIDÁTICA
Assim como os campos perceptivos, as habilidades e as especificidades devem ser considerados também no âmbito artístico, porém um fator que deve ser levado em conta é o perigo de se realizar, com a utilização da música, apenas uma produção artística, sem ressaltar os conteúdos disciplinares existentes na música. O lado artístico deve ser usado tendo como referência sua utilização didática.
Uma das propostas de utilização da música é apresentada nos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) de arte (BRASIL, 1998). Segundo o documento citado, a música pode ser utilizada no ensino tendo como referência três eixos:
Com base nesses três eixos é possível sugerir três objetivos do uso de músicas no ensino de geografia:
Considerando esses objetivos, as especificidades de alunos e escolas, e as propriedades sensitivas e socio-construtivas da música, podemos abordar alguns gêneros e grupos musicais que além de terem grande alcance entre os jovens, tem um teor crítico-social significativo, e por isso mesmo podem ser utilizadas no ensino dos conteúdos de Geografia. Entre eles está o RAP (Rhythm and poetry), o Hip Hop e o rock nacional.
1.4 – O PAPEL DO RAP, DO HIP HOP E DO ROCK NACIONAL NA EXPRESSÃO DE IDEOLOGIAS.
O RAP surgiu entre os negros norte-americanos. É um gênero caracterizado por ritmo acelerado e quase inexistência de melodia e harmonia, com letras longas e entremeadas de gírias dos guetos e gangues. Essas características tornam o RAP um dos gêneros que mais se adaptam as atividades propostas no ensino, já que engloba a crítica social e o ritmo interessante aos alunos.
Assim como o RAP, o "Hip Hop" também se baseia na denúncia de alguma situação, acontecimento e comportamento de injustiça social, de preconceito e de descaso do estado em relação aos problemas sócio-culturais da sociedade. Usam termos contundentes, sem exitar em citar nomes e instituições, contando estórias fictícias ou fatos reais de forma detalhista e integral. Por denunciar as injustiças sofridas pelas classes menos favorecidas, podemos considerar que estes gêneros atendem a esta classe, com a ideologia de não aceitação das condições vividas pela mesma e a mudança de atitudes que levariam à reversão de tais situações.
Alguns grupos e músicos de RAP e Hip Hop se destacam no cenário musical brasileiro, como:
Um outro gênero que se destacou por algumas músicas de conteúdo crítico foi o Rock Brasileiro, principalmente nos anos 80. O Rock, que nasceu nos Estados Unidos e se expandiu das décadas de 50 e 60 no Brasil, teve como símbolo o Rei do "Oba-oba" Roberto Carlos. O gênero assume uma identidade brasileira nos anos 80 com Cazuza, Raul Seixas e nos anos 90 com Renato Russo do grupo Legião Urbana. Sua história difere do RAP e Hip Hop pela contundência e violência presentes com mais freqüência nos dois últimos. O rock usa uma linguagem mais poética e suas mensagens são geralmente implícitas na letra e não explícitas como no rap e hip hop. O gênero tem maior alcance entre a classe média e geralmente passa as mesmas ideologias dos rappers, como a luta contra as drogas, contra as desigualdades, a desvalorização do ser humano e da cultura e a luta contra os preconceitos. Dentre as principais bandas e "roqueiros" brasileiros, se destacam:
Com toda riqueza musical de nosso país e com toda a musicalidade presente no cotidiano é imprescindível que os educadores lancem mão deste importante recurso. Essa é a proposta desta pesquisa que será detalhada no Capítulo 2.
Pensando em toda a riqueza cultural e contextualidade expressa na música, propomos o uso da música no ensino de Geografia. Segundo nossa proposta, os alunos, levando em conta seu conhecimento individual, analisam músicas conhecidas, correlacionam o conteúdo destas com conteúdos de Geografia e, finalmente, compõem sua própria música, de forma crítica, e com base no conhecimento científico. Inicialmente os alunos analisam uma música já conhecida, através de um roteiro de análise previamente estabelecido. Posteriormente eles deverão produzir uma estória ou uma dissertação com base nos conteúdos geográficos. Desses textos sairão as letras das músicas.
Quanto à melodia, poderá já ser conhecida ou inédita feita pelo aluno, de acordo com suas possibilidades. Vale lembrar que será avaliada nessa atividade, não a capacidade musical em si, mas a capacidade de análise, contextualização e cognição, em todo o trabalho de criação. O objetivo é fazer com que os alunos possam aprender conceitos, possam desenvolver sua produção de texto e possam entender a necessidade de mudança de atitudes que são denunciadas nas músicas, as quais dificultam a sociedade de ser justa e consciente nos seus atos.
Com base na bibliografia pesquisada, formulamos a atividade que serviu de base para a pesquisa de campo realizada em um colégio público estadual em Anápolis, no período de 13 de setembro a 09 de outubro de 2004, na turma de 2ª série do Ensino Médio. A atividade foi dividida em 4 fases, sendo elas:
Se narrativa:
Se dissertativa:
Narrativa
Dissertativa
b) Composição da música
2.2- COLOCANDO NA PRÁTICA
Na 1ª fase, de apreciação, os alunos foram chamados a se envolver com a atividade, dando opiniões sobre a estruturação da atividade, sobre os estilos de música a serem trabalhados, sugeriram músicas que tinham um conteúdo geográfico e opinaram sobre os temas que seriam desenvolvidos durante a atividade. A partir das opiniões dos alunos escolheram-se os gêneros, os grupos musicais e as músicas. As respostas foram bem diversificadas, alguns responderam rock, outros rap, outros pop, etc. explicamos então que o gênero que apresentava menor dificuldade, por não haver melodia, seria o rap ou hip-hop, mas foi decidido que cada grupo escolheria seu gênero. Foi dito aos alunos que eles seriam os colaboradores na pesquisa deixando clara a importância de sua participação. A reação da maioria foi de entusiasmo com a possibilidade de fazer algo diferente do rotineiro. Ainda nessa fase os alunos foram estimulados a verem a música que eles ouvem no dia-a-dia, como um instrumento de transmissão de idéias, de críticas, de sentimentos e, principalmente, da cultura e organização socio-política da sociedade da qual fazem parte.
Após a apresentação do trabalho e organização dos grupos, foram especificadas as fases do trabalho estabelecidas de acordo com o cronograma.
A 2ª fase, a fase de contextualização, foi realizada tendo com base um roteiro que norteou a análise da música, ressaltando quatro principais eixos:
A música lida e ouvida foi Planeta Água do cantor e compositor Guilherme Arantes. Sua escolha se deveu ao fato de apresentar o tema que estava sendo estudado no momento pelos alunos, o Meio Ambiente. Após a leitura e audição da mesma, a análise foi feita oralmente com todos os grupos, mas cada qual optando pela resposta que lhe parecia mais adequada. O papel do professor foi direcionar a análise.
A participação dos alunos não foi muito intensa, notava-se certo desinteresse por parte de alguns, mas em relação aos grupos que participaram com mais interesse concluiu-se que o objetivo proposto: de contextualizar a mensagem expressa na música relacionando com o conteúdo de geografia foi alcançado com êxito. Uma das colocações mais expressivas, foi a de um aluno que falou, após termos discutido o fato de a música descrever o ciclo da água, que se não fosse a análise da música ele não notaria a presença deste fenômeno na letra, ou seja, ele identificou o processo de contextualização, do qual ele próprio participou. A colocação deste aluno vem reforçar a viabilidade da metodologia, logo após um certo "fracasso" na tentativa de conseguir a participação de todos os alunos.
Na 3ª fase ocorreu a produção musical. Após os alunos terem conhecido e analisado a música Planeta Água eles produziram suas letras e em alguns casos a música, utilizando o que aprenderam na análise e na contextualização realizadas na 2ª fase.
Para compor a letra eles seguiram um roteiro que norteou a criação, fazendo-os escolher o tema, a classe social que pretendiam alcançar, a ideologia que pretendiam defender e se fariam uma narração ou uma dissertação. Era importante que eles tivessem uma idéia do que pretendiam escrever para que o trabalho atingisse os objetivos dentro da construção do ensino geográfico, do contrário eles poderiam fazer uma mera cópia de músicas já existentes e apenas a descrição de fenômenos sem análise. Também para a composição da música foi feito um roteiro, seguindo a escolha do gênero musical, a música modelo no caso de ser paródia e a escrita musical em partituras, cifras ou tablaturas; com a letra já colocada.
Vale lembrar que não se pretendeu exigir técnicas musicais na composição de música e letra. O aluno pôde usar rimas simples e métrica livre pois o importante era o entendimento do ouvinte. No caso da composição da música e não da paródia, foi necessário que se tivesse o mínimo de educação musical, principalmente na colocação de acordes. Nessa fase o aluno foi incentivado a construir conhecimento a partir do que já havia conhecido, de seu dia-a-dia na sociedade e do conhecimento cientifico aprendido na escola.
Após explicar e exemplificar o roteiro de composição de letra e música, os grupos escolheram seus temas e decidiram se fariam paródias ou composições próprias. Apenas um grupo optou pela composição própria. Foi estipulado um prazo para a entrega das letras. Foram entregues quatro letras de um total de sete grupos. As letras apresentavam temas como as desigualdades sociais, a preservação do meio ambiente e o desperdício da água.
Na música "Sociedade" os sete alunos relatam as diferenças sociais entre as classes favorecidas economicamente e intelectualmente, e as classes menos favorecidas. Os autores da música tomaram como modelo grupos que denunciam de forma contundente o que consideram errado, utilizando gírias e palavrões, porem não fizeram uma paródia, compuseram letra e música próprias.
Podemos fazer uma análise da música, em relação a sua ligação com a produção do espaço urbano e suas implicações sociais e culturais. A idéia central da música é a contradição entre as classes sociais, segundo eles "ricos" e "pobres". Primeiramente eles mostram como é o cotidiano do "pobre", em relação ao trabalho, dizendo que ele acorda às cinco e meia da manhã, mal sabe a hora em que vai parar e se suja no trabalho braçal. O rico, segundo eles, acorda às dez e meia da manhã, acaba seu expediente as três da tarde e ganha três mil e oitocentos reais no fim do mês. Em uma terceira estrofe eles demonstram sua indignação em relação a estas diferenças tão fortes, utilizando expressões fortes. Segundo eles, os "pobres" precisam "matar não por maldade e sim por necessidade". Essa afirmação parece extremista, mas revela como estes jovens interpretam o que vêem e ouvem no dia-a-dia: uma sociedade cruel, corrupta, onde se justifica o ato de matar, em cada cena e notícia passadas nos veículos de comunicação.
Cinco e meia da manhã ele acorda,
já vai trabalhar, mal sabe a hora em que vai parar.
Vida de pobre não é fácil não,
Vai limpo, volta sujo, põe a mão no chão.
Esse mundo é uma merda!
Só rola inflação!
Tinha que rolar porrada!
É só corrupção!
Vida de rico é muito fácil,
Acorda dez e meia trabalha até as três.
Três mil e oitocentos reais no fim do mês.
Refrão...
A discriminação social é uma porra!
Vida de rico é só sorrir e ser feliz,
Vida do pobre é só sofrer, chorar e quem sabe até matar,
Matar não por maldade e sim por necessidade.
Refrão...
Na música "Natureza e cia", sete alunas escolheram o tema "destruição da natureza e suas conseqüências no equilíbrio natural". De forma menos contundente e extremista, elas colocaram as várias formas de degradação do meio natural pela ação antrópica, como desmatamento, a poluição, o extermínio da fauna e flora originais, os derramamentos de petróleo, a destruição da camada de ozônio, as queimadas, e, num segundo momento, relataram conseqüências como climáticas e o efeito estufa. Por fim apresentam as soluções, convocando a sociedade para uma mudança de atitude, mostrando as belezas e a importância da natureza para a humanidade. As autoras utilizaram um rap já conhecido para fazer uma paródia, usando uma linguagem coloquial, porém sem gírias e palavrões, optaram por uma postura mais ponderada. O conteúdo da música demonstra informação e consciência em relação à questão ecológica, também uma capacidade de contextualização já que o tema utilizado é parte do conteúdo ministrado nas aulas de geografia.
A natureza vem sofrendo com o passar do tempo
não vou ficar só no lamento.
Dia após dia vai crescendo o desmatamento,
rios sendo poluídos pra muita gente é uma besteira.
Sinceramente ai nossos rios estão virando lixeira,
Depósito de bicho morto, o mau cheiro de esgoto a céu aberto.
Através do RAP eu denuncio, então vai o meu protesto.
O que mais se vê na TV é empresa que agride a natureza,
manchando de petróleo o nosso mar, acabando com a beleza.
prejudicando assim a minha a sua a nossa respiração
Muitas queimadas são provocadas por fazendeiros.
Ta pensando o que?Nosso mundo não é cinzeiro,
pra ficar só o pó, mas a natureza não fica calada, responde a agressão e vem sem dó.
Vem vento à 150 Km/h, devasta tudo sonha com outra trajetória,
É furacão versos a população.
O clima está ficando louco é primavera no outono, é inverno no verão.
Efeito estufa, camada de ozônio, el niño.
Vamos população, preserve esse é o caminho!
Tanto que é lindo e bonito de se ver,
As arvores florescendo ali na praça, e os Ipês.
Na mata só o verde predomina.
Na nascente aqui do rio nasce água cristalina,
A flor que nasce no campo representa a beleza pura.
Nas arvores tem ninho isso mostra que a vida continua.
Braços cruzados não vira não, então vamos ai povão fazer a opinião,
O destino do mundão está em nossas mãos.
Os sete alunos que compuseram a paródia sobre a água na música "Exagerado" de Cazuza, abordaram também a questão ambiental, com foco no desperdício da água e sua possível escassez. Eles utilizaram uma linguagem poética bem menos contundente que as outras duas músicas mostradas, relatando a importância da água para a humanidade, o desperdício e suas conseqüências, a falta de consciência das sociedades e a necessidade de se mudar a atitude em relação à água. Os autores desta música demonstraram consciência ambiental, capacidade crítica e de contextualização dos conceitos e fenômenos geográficos com o tema tão atual e importante para a sociedade.
Paródia da música "Exagerado" de Cazuza
Água da minha vida
Daqui até a eternidade
O seu destino foi traçado
Pra humanidade.
Desperdício cruel, desenfreado.
O nosso povo não tem te amado
E com esse desperdício
Está tudo acabado.
Esse desperdício está mesmo exagerado
O mundo não está conscientizado.
Nunca mais vou me alimentar,
Se você não parar de gastar.
Eu posso até morrer de fome,
Se você não economizar.
E pela água eu faço tudo,
Não vou gastar vou economizar
Até nas coisas mais banais,
Pra mim é tudo ou nunca mais.
Exagerado
Esse desperdício está mesmo exagerado.
O mundo não está conscientizado.
Na paródia "Preserve a natureza", feita sobre a música "Eu quero sempre mais" do grupo Ira, as alunas abordaram a questão ambiental destacando a necessidade de se preservar e o fato de isso não acontecer na realidade. Elas utilizaram uma linguagem poética, com poucos detalhes e exemplificações de agressões a natureza. A mensagem é, sobretudo de mudança de atitude e frustração diante da falta dessa mudança. Nota-se nesse caso uma maior influencia da "moda" da ecologia e não de um sentido crítico e contextualizado com a geografia, porém o objetivo de expressar a mudança atitudinal foi alcançado com certo êxito.
Da natureza, eu preciso cuidar
Todos os dias, preservar para não acabar
Na ruína dos seres vivos no planeta.
Nos meus sonhos eu procuro tentar não desmatar a flora, mas a realidade que
Vem depois não é aquela que planejei.
Eu cultivo sempre mais,
Eu preservo sempre mais,
Eu cuido sempre mais de te.
Por isso hoje estou tão triste
Pois a realidade é diferente do que sonhei
E o que eu quero está tão longe de acontecer,
De acontecer, de acontecer...
De modo geral, a execução do trabalho se deu sem grandes problemas e os principais objetivos foram alcançados por grande parte dos alunos que conseguiram produzir suas próprias composições a respeito da temática analisada. Todavia, a quarta fase do trabalho, a fase de apresentação das músicas produzidas não foi executada, o que nos impede de avaliar melhor os resultados obtidos com o trabalho.
Apesar dessas limitações o que chamou atenção foi o fato de os alunos em suas músicas terem apresentado diferentes concepções a respeito de natureza, a cidade e o urbano. Essa questão será melhor explicitada no Capítulo 3.
Para entendermos melhor as relações decorrentes das visões da sociedade em relação ao meio em que vivemos e da produção do espaço urbano, implícitas nas músicas produzidas pelos alunos, devemos fazer uma análise de conceitos como o de natureza e os de cidade e urbano, principalmente no que se refere as atitudes da sociedade em relação a estes temas e como a música atua na mudança destas atitudes.
3.1 - O CONCEITO DE NATUREZA NA EXPRESSÃO MUSICAL
Em três, das quatro músicas produzidas pelos alunos, a temática abordada foi a preservação da natureza, e dentro destas abordagens pudemos identificar duas vertentes: a) uma baseada na "ecologia da mídia", que trata os problemas ambientais de forma superficial, sem aprofundar nos processos de intervenção antrópicos e suas implicações na sociedade e na ocupação do espaço; b) outra vertente baseada mais em teorias geográficas, onde se expõem conceitos e fenômenos que podem auxiliar no entendimento dos processos de intervenção do homem no meio natural, além dos conteúdos atitudinais.
Na primeira vertente os conceitos e fenômenos são pouco abordados e nota-se pouca base teórica. O destaque deste tipo de abordagem são os conteúdos atitudinais, onde pode-se obter resultados quanto a mudança de comportamento. Expressões como "eu preciso cuidar", "eu preservo sempre mais", "eu procuro tentar não desmatar a flora", da música "Preserve a natureza", e "água da minha vida", "desperdício cruel desenfreado", "(água) nosso povo não tem te amado", "esse desperdício está mesmo exagerado", na paródia da música "Exagerado", são exemplos de mensagens de mudança de atitude.
Na segunda abordagem a influência da ecologia mostrada na mídia também está presente, porém com menos importância. Nota-se que o uso da ecologia teve a função de facilitar a expressão de idéias de forma interessante e menos técnica. Expressões como "não vou ficar só no lamento", "vamos população preserve este é o caminho", "braços cruzados não vira não", "vamos povão fazer a opinião o destino do mundão está em nossas mãos", da música "Natureza e Cia", são exemplos de mensagens de mudança de atitude em relação ao meio ambiente. Já na frase "tanto que é lindo e bonito de se ver, as árvores florescendo ali na praça, e os Ipês na mata, só o verde predomina, na nascente aqui do rio nasce água cristalina" se nota o uso da ideologia ecológica da mídia para incrementar o texto.
Os fenômenos geográficos mostrados implicitamente foram o mal uso do espaço urbano, mostrado na frase "(em relação aos rios) depósito de bicho morto, o mal cheiro de esgoto a céu aberto", problemas típicos das áreas de ocupação nas margens dos rios; o processo de produção no modo capitalista e suas implicações no meio ambiente, mostrado na frase "o que mais se vê na TV é empresa que agride a natureza, manchando de petróleo o nosso mar, acabando com a beleza", problema freqüente da exploração de petróleo; o desenvolvimento da indústria automobilística, e suas implicações no meio ambiente, mostrado na frase "o progresso traz a evolução e com ela a poluição, prejudicando assim, a minha, a sua, a nossa respiração", com o automóvel vieram o gases poluidores que provocam alterações na atmosfera; a expansão agrícola que trouxe a prática das queimadas, mostrada nas frases "muitas queimadas são provocadas por fazendeiros.Ta pensando o que? Nosso mundo na é cinzeiro"; e por fim, as alterações climáticas e atmosféricas que os autores acreditaram serem provocadas pelas intervenções mostradas anteriormente: tormentas como os furacões, alterações climáticas como o El niño e o efeito estufa, e as alterações causadas pela destruição da camada de ozônio, mostradas nas frases "mas a natureza não fica calada, responde a agressão e vem sem dó.Vem vento à 150 Km/h, devasta tudo sonha com outra trajetória. É furacão versos a população. O clima está ficando louco é primavera no outono, é inverno no verão.Efeito estufa, camada de ozônio, el niño".
Para entendermos por que se pode dizer que foram usados dois tipos de abordagem do conceito de natureza, nas músicas, devemos nos ater a evolução deste conceito pelos tempos até a concepção de nossos dias.
O conceito de natureza passa por várias concepções ao longo dos tempos. Na antiguidade a natureza era vista como mágica, sobrenatural, na qual apenas divindades podiam intervir, de onde surgiu o antropomorfismo. Tudo que era inexplicável se tornava mágico, motivo de temor e adoração, manifestação de um poder supremo.
Os fenômenos naturais eram personificados em divindades e demônios, pelos quais objetos eram animados e realizava-se cultos, rituais e exorcismos, na tentativa de abrandar as conseqüências destas manifestações divinas. Surgem assim, deuses como posseidon, deus dos mares, talves na tentativa de explicar fenômenos como furacões, maremotos, etc.
A concepção mágica de natureza é rompida definitivamente pela cosmologia grega, que em meio a mudanças nas relações sociais e o desenvolvimento do comércio, propicia o aparecimento do filósofo, teorizando os aspectos da natureza, que passa a ser sistematizada por teóricos como Aristóteles, que consideravam que "as coisas naturais têm uma causa de movimento em si mesmas, ou seja, têm um princípio de nascimento, organização e movimento. A natureza, dessa forma, manifesta-se como processo crescimento e mudança" (MORAIS, 1999, p.78).
Na renascença, a cosmologia, opondo-se a grega, negava a concepção de natureza como, organismo vivo e inteligente, considerando a dinâmica da natureza resultado de imposição do exterior, das leis da natureza, ordenadas por uma inteligência divina, ao contrário dos gregos que acreditavam que essa inteligência se originasse da própria natureza. A abordagem da natureza passa a ser matemática, quantitativa, substituindo a categoria substância, abordada por Aristóteles.
O geocentrismo é substituído pelo heliocentrismo, onde se defendia que o Universo não teria um centro, o sol seria considerado centro, apenas para cálculos. Essa concepção veio opor o organicismo, no qual o organismo se caracteriza pela diferenciação funcional do espaço e pelo comando dessas funções exercido por um centro. Há nesse período a negação da visão religiosa da natureza, presente no período feudal.
A concepção moderna de natureza fundamentou-se na junção de estudos históricos dos problemas humanos e estudos das ciências naturais, com enfoque não para a idéia de progresso, mas para a concepção de evolução.
Segundo a filosofia cartesiana, a natureza é considerada um recurso, simples objeto a ser transformado, enquanto o homem, na condição de sujeito, passa a ser o centro do mundo, externalidade em relação à natureza. Esta concepção de natureza externalizada, a torna matéria-prima do progresso material da sociedade e da Revolução Industrial no século XVIII."O homem tornou-se uma parte física do processo de engrenagem, através da venda de sua força de trabalho" (MORAIS, 1999, p.84). O homem passa a ter a função de transformar os elementos naturais em mercadorias.
Com base neste pequeno apanhado sobre a concepção de natureza, podemos considerar que hoje, a visão predominante acerca da natureza é herança de sua tecnização e capitalização, de forma que o homem deve explorá-la para o desenvolvimento industrial. Essa forma de conceber o meio natural provocou fortes transformações no meio ambiente, com a exploração discriminada dos recursos naturais.
Com o desenvolvimento de ciências como a biologia, a química e a geologia, a partir do século XVIII, a relação entre homem e natureza passou a ser constituída como unidade e não mais como dicotomia. Com Bérgson, no século XX, a concepção mecanicista de natureza é ultrapassada, sendo que o foco neste momento é a vida.
Dentro do conceito de natureza externalizada, ou seja, objeto a ser dominado pelo homem, existem a natureza hostil e a virtuosa. Hostil no sentido de oferecer resistência à dominação humana e por seus fenômenos muitas vezes catastróficos. "A natureza é vista como hostilidade principalmente para a população que está sujeita a sofrer as conseqüências de suas intempéries, isto é, aquelas ocasionadas pela atuação do homem no meio, impulsionadas pelas desigualdades sociais existentes no modo de produção capitalista" (MORAIS, 1999, p.95). Essa concepção pode ser notada na música "Natureza e Cia", pelo fato desta mostrar tanto as hostilidades provocadas por catástrofes como os malefícios da perturbação do equilíbrio natural pela ação humana, além de ressaltar a mudança de atitude.
A concepção de natureza virtuosa afirma haver uma natureza "harmoniosa e bondosa" (MORAIS, 1999, p.95) e homens que a devastam, permanecendo a dicotomia homem-natureza. Essa concepção ofereceu fundamentos à ocupação do Oeste americano, domesticando-se e urbanizando-se a natureza. Esse também foi foco usado por Getúlio Vargas na "Marcha para o Oeste". A eclosão da dicotomia homem-natureza na sociedade moderna, se deu a partir dos anos 70 com os movimentos ecológicos, movimentos que provocaram a difusão da "moda" ecológica, e em muitos casos são apenas marketing. Essa concepção de natureza pode ser identificada nas músicas "Preserve a natureza" e paródia da música "Exagerado", e essa visão é a mais difundida na atualidade, mas ela tem implicações no modo como a sociedade atua nesta natureza. Por isso é preciso que se ultrapassemos o "modismo" e comecemos a lidar de forma racional e sustentável com os problemas ambientais.
3.2 – A CIDADE E O URBANO NA EXPRESSÃO MUSICAL
A cidade enquanto forma, concretização das relações sociais, e o espaço urbano como expressão das relações sociais em sentimentos, em abstração, são palco de um intenso processo de segregação sócio-espacial.
O modo de produção capitalista impõe à produção do espaço urbano, a lógica de aglomeração do capital, na qual sua racionalidade engendra a definição de lugares na cidade de acordo com a dinâmica do processo de produção. Isso produz a espacialidade em função da funcionalidade capitalista, produzindo a segregação, que é um processo importante no entendimento das relações entre cidade/urbano, a cultura e o exercício do direito à cidade, ou seja, a cidadania. (CAVALCANTE, 2001)
Ao mesmo tempo em que há uma tendência à hegemonia da racionalidade capitalista, na produção do espaço urbano, temos as contraracionalidades, que são os movimentos de resistência a essa hegemonia. Essa resistência cria conflitos, na medida em que se reivindica o direito a cidade, que é controlada pelas classes dominantes, surgindo movimentos culturais marginais como os funkeiros, rappers, heavymetal, "góticos", rockabillyes, hippies, punks, headbangers, darkers, death metal, entre outros. Dentre estes já citamos o movimento dos rappers em capítulo anterior, mas iremos nos ater a ele novamente por exemplificar o processo que está sendo explanado. ( CALDAS, 1995)
Essa "tribo" chamada rappers expressa bem a resistência a lógica capitalista, por ser parte da contraracionalidade atuante na maioria das grandes cidades do mundo. Expressando, através da música, as contradições provocadas pela segregação sócio-espacial (em seu estilo de vida e em suas manifestações culturais) e mostrando a necessidade de se reivindicar a cidadania, este movimento reforça a característica musical de expressar a espacialidade urbana, já que esta é resultado da funcionalidade capitalista, que define e redefine formas e funções.
Esta constatação, torna a música ainda mais importante na análise do processo de produção do espaço, e conseqüentemente, na construção do conhecimento sobre este assunto, pelos alunos.
Se nos basearmos nessas concepções de cidade e de espaço urbano e considerarmos que um dos objetivos da metodologia proposta neste trabalho, era usar todas as propriedades da música, como motivadora, como elo de ligação entre a vida do aluno e a ciência geográfica, e principalmente como meio de comunicar processos, procedimentos e atitudes, podemos fazer uma releitura da música "Sociedade" feita por alunos, agora com enfoque na produção do espaço urbano e as relações intrínsecas nela.
A primeira constatação é a idéia central da música, que trata das diferenças no cotidiano entre as classes dominantes e as classes dominadas, fator resultante do processo de produção capitalista e sua decorrente definição de formas e funções, que vão produzir a segregação e a má distribuição de benefícios para a maioria da população.
Ao mostrarem as diferenças entre as classes sociais em sua música, eles destacaram a divisão sócio-espacial do trabalho, produzida pela ideologia de que trabalhos braçais, com pouca remuneração, são funções da classe dominada, chamada classe operária e trabalhos intelectuais são funções da classe dominante, que com base na espacialização baseada na produção capitalista cria as formas segundo as funções. Assim o trabalhador da classe dominada, que executa funções com menos "importância" na sociedade, terá a forma e a localização de sua moradia determinada pela função que exerce, acontecendo o mesmo com as classes dominantes. Isso é produto da segregação, que produz vários tipos de paisagens, muitas vezes separadas por muros, mas de contrastes intensos.
Por fim, no refrão os autores mostram de forma contundente a indignação diante dessas situações decorrentes das desigualdades, e parecem querer instigar a mudança de atitude em relação à situação, ou seja, instigar a reivindicação da cidadania. Ser cidadão é participar da construção material e ideológica da cidade (de suas instituições, de sua cultura,etc) de forma que a organização espacial e a atuação dos organismos que controlam a cidade sejam direcionados a todos os cidadãos e não aos interesses da elite capitalista. Esse sentimento de territorialidade é essencial no contrapeso a tendência a "globalização", que homogeneíza os espaços e dissipa as particularidades e diferenças locais.
Dentro dessa análise da cidade e do urbano na expressão musical podemos considerar a música como um instrumento de resistência à ação globalizante do processo capitalista de construção do espaço, já que pode expressar as particularidades culturais locais e promover a mudança de atitude em relação ao papel de cada cidadão na construção, reivindicação e democratização da cidade e do urbano.
A realização desse trabalho teve como meta principal levar os alunos a desenvolverem três capacidades importantes:
1) Senso crítico na identificação e análise de temas geográficos presentes nas músicas ouvidas no seu dia-a-dia. Essa capacidade tem a função de interligar a disciplina Geografia ao meio social e cultural do aluno;
2) Contextualização dos conteúdos geográficos com as mensagens, fenômenos e relações expostas na música. Assim como na capacidade de crítica e identificação, na contextualização há uma interligação da Geografia com o dia-a-dia, porém de forma mais aprofundada, levando o aluno a identificar e analisar os conceitos e fenômenos da ciência geográfica, não mais em nível do senso comum, mas na perspectiva da construção do conhecimento geográfico;
3) Desenvolvimento da habilidade de produzir algo, a partir do que foi visto, ouvido e analisado. Esta habilidade engloba a expressão de conceitos e fenômenos geográficos, e conteúdos atitudinais, que são passados aos outros alunos. Esse terceiro objetivo consistiu na principal meta a ser alcançada. Pretendia-se, a partir do que foi visto nas músicas e nas teorias geográficas, que os alunos elaborassem novas músicas que expressassem conceitos, ideologias e atitudes aos ouvintes destas, iniciando, assim um ciclo de comunicação que levassem à produção do ser pensante e atuante na sociedade.
Como vimos anteriormente, as músicas produzidas pelos alunos, apresentam características que se aproximaram das metas propostas. Nas músicas "Natureza e cia" e "Sociedade", esteve presente a consciência e a capacidade crítica em relação aos problemas vividos pela sociedade, o que nos leva a concluir que os objetivos do trabalho com a música foram alcançados, nestes casos, de forma mais completa, promovendo a formação de ouvintes críticos, a contextualização com o conteúdo geográfico e a conscientização com relação à função da música, e de todos os veículos de comunicação, de despertar a mudança de atitude.
Já nas outras duas músicas "Preserve a natureza" e "Paródia da música Exagerado", nota-sse uma visão mais voltada para o modismo da ecologia e não para uma análise da situação ambiental com base na Geografia. Os autores das duas músicas abordaram especialmente os conteúdos atitudinais, enfatizando menos os fenômenos e conceitos geográficos.
Considerando a Taxonomia de Bloom (MORETTO, 2001), podemos concluir que a metodologia de utilização da música, proposta nesta pesquisa, englobou os 6 (seis) níveis de avaliação:
Com base nos objetivos e no que foi realizado, podemos avaliar a metodologia como satisfatória, principalmente se for desenvolvida com maior planejamento e durante um tempo maior. O ideal seria sua utilização durante todo o ano letivo, pois isso possibilitaria o estabelecimento de regras e procedimentos junto aos alunos, aumentando possivelmente a participação dos mesmos. Além desse fator podemos considerar os seguintes pontos positivos e negativos:
Mas apesar dessas falhas o rendimento surpreendeu, mostrando que, se os alunos são incentivados e há a vontade de inovar e melhorar, pode-se alcançar resultados excepcionais. O que ocorre com freqüência é o pré-julgamento de que não adianta fazer nada novo por que os alunos não se interessam e não têm capacidade. Mas qual é a função do professor se não a de extrair dos alunos as capacidades menos desenvolvidas, de incentivar o crescimento intelectual tornando-os capazes de construir seu próprio conhecimento? O ponto crítico pode estar justamente na consciência de cada professor acerca de sua função, por isso é cada vez mais necessário que nós professores repensemos a educação a partir de nós mesmos, por que a mudança só é possível quando cada um toma pra si a responsabilidade de mudar.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Artes. Brasília: MEC/SEF, 1998.
CAVALCANTI, Lana de Souza.Geografia e praticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
______. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas, SP : Papirus, 1998.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. – (Coleção questões da Nossa Época; V. 67).
MORAIS, Eliana Marta Barbosa de. Evolução epistemológica do conceito de natureza. Boletim Goiano de Geografia. 19(2): 75-98, jan. /dez.1999.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas. Porto Alegre : DP&A Editora, 2001.
SOUZA, Nestor Pereira de. Aplicação Metodológica da Música no ensino de geografia.2001.Monografia (conclusão do curso de Geografia) – Unidade de Ciências Econômicas, Sociais e Humanas, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, 2.001.
VIEIRA, Fábia Magali Santos. A utilização de Recursos de Ensino em Função das Mudanças sociais e tecnológicas recentes.In: EduTecNet: Rede de Tecnologia da Educação. Disponível : http://www. prossiga.br/edistancia.
AGRADECIMENTOS
À Deus e a Nossa Senhora, pela graça de contar com uma família e amigos que são a base do equilíbrio, que leva ao sucesso.
À minha família, principalmente minha mãe, por fazer de tudo para eu terminar o curso, em meio ao desânimo.
À professora Loçandra pelo incentivo, orientação e apoio em horas difíceis, e à professora Janes também pelo apoio.
Leandro Rodrigues de Paula
Orientadora: Prof. Ms. Loçandra Borges de Moraes
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS
CURSO DE GEOGRAFIA
Anápolis
2004
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Geografia da Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, para a conclusão do curso de Licenciatura em Geografia.
Orientadora: Profa. Ms. Loçandra Borges de Mora
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