"Não há nada que você deva fazer
ou mudar para ser o que você é.
No entanto, existe algo que você deve reconhecer
para deixar de ser aquilo que você não é:
investigue quem você é".
(Anthony Paul Moo-Young)
Mooji
"Tudo aquilo que não enfrentamos em vida
acaba se tornando o nosso destino"
(C. G. Jung)
O presente estudo tem por meta realizar uma reflexão acerca do relacionamento entre a Psicologia e o saber religioso, seus contornos atuais, bem como demonstrar uma forma mais ampla de convergência de ambas as áreas em sentido de mútua colaboração. Os conteúdos das diversas tradições místicas revelam, quando observadas de maneira correta, um precioso conhecimento psicológico, contendo uma rica fonte de estudo que só agora, ao limiar do nascimento de um novo paradigma científico, está sendo descoberto. O desenvolvimento dessa dinâmica demonstrará ao longo do trabalho que, para essa relação se consolidar de forma eficaz, a disciplina psicológica necessitará elevar mais sua atenção e atuação em relação aos meios tradicionais de produção científica. A psicologia, como matéria de investigação da subjetividade na arena psíquica, necessita abordar tais conteúdos em maior grau de profundidade por parte de seus pesquisadores e estudiosos. Assim não correrá o risco de alienar-se em um cenário reducionista, exclusivamente técnico e apartada das demais manifestações de conhecimento sócio-culturais.
PALAVRAS-CHAVE: Psicologia. Religião. Pontos comuns. Novos paradigmas.
ABSTRACT
This study seeks to develop a reflection about the relationship between Psychology and religious knowledge and its present contours as well as to indicate a more focused form of convergence of these two areas in the sense of mutual collaboration. The contents of diverse mystical traditions, when correctly observed, reveal a precious psychological knowledge, constituting a rich source of study which only now, at the dawn of the birth of a new scientific paradigm, is being discovered. The development of this dynamic will demonstrate throughout this reflection that for this relation to coalesce efficaciously, Psychology needs to increase its attention and activity in relation to the traditional means of scientific productivity. Psychology, a discipline which investigates subjectivity in the psychic arena, needs for its researchers and students to approach these contents with greater profundity. Thus it will not risk alienating itself in a reductionist confinement, exclusively technical and separated from manifestations of socio-cultural knowledge.
KEY WORDS: Psychology. Religion. Common points. New paradigms.
O fator religioso é um componente fundamental no cenário geopolítico atual, achando-se nas raízes dos mais diversos movimentos e escola de pensamentos humanos, afetando-os ou sendo por eles afetado. Está, por exemplo, imiscuído ideologicamente como fundamento ético de códigos morais que regem nações inteiras, assim como se faz presente também no âmbito do indivíduo, como fonte de comportamentos e práticas usuais nos diversos níveis de sua atuação sócio-cultural, quer considere-se, ou não, uma pessoa religiosa. Estima-se atualmente que cerca de 80% da população mundial pertence a algum dos vários grupos religiosos, estando ainda fora desta estimativa aqueles não vinculados a comunidades religiosas, mas que afirmam ter algum tipo de crença (CRAWFORD, 2005).
A religião está embasada na vivência do sagrado e, sendo esta vivência seu fundamento, também constitui um ponto de conversão comum, vez que a experiência divina é o elo de ligação entre todas as expressões religiosas (BELLO, 1998). Esse sentido reestrutura-se como uma dinâmica que supera os horizontes da instituição religiosa, que transcende fronteiras político-sociais e semeia-se em todas as culturas conhecidas sem dispor de tempo e localização para sua manifestação.
Pode-se afirmar que, por tais características, ela assemelha-se ao fenômeno psicológico. Ambos os assuntos acham-se entrelaçados em suas raízes a ponto de não se conseguir comprovar em que ponto o psíquico desvela o religioso ou este influencia o último.
O crescente interesse pelo estudo das crenças pela ótica psicológica vem ganhando horizontes cada vez mais amplos, principalmente no país, como demonstra Paiva e Zangari (2003) ao constatar o progressivo aumento da discussão de temas referentes a psicologia da religião em artigos de periódicos publicados a nível nacional. Tal levantamento aponta uma dicotômica tendência para o estudo das características compartilhadas entre as duas vertentes do saber, tanto no sentido de traçar fronteiras epistemológicas concretas que as difiram, como para construir uma ponte conceitual que as unifique.
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