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O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade de produção matéria seca (MS) do capim Brachiaria Decumbens sem tratamento e do capim Panicum Maximum cv. Tanzânia submetido a dois tratamentos diferentes e fazendo uma posterior comparação com a produtividade de outras forrageiras sob condições de tratamentos diferenciadas.
O ensaio foi desenvolvido de setembro de 2007 a dezembro de 2007 em dois canteiros caracterizados como tratamento 6 (Brachiaria decumbens) e tratamento 13 (Panicum maximum cv tanzânia) onde cada canteiro media 6 m² , localizados no Campo Agrostológico da Universidade Católica de Goiás, Goiânia- Goiás, Brasil.
Para o desenvolvimento desse ensaio, todos os processos foram separados por etapas e datas, começando pela análise do solo feita em laboratório (Solocria Laboratório Agropecuário Ltda.) feita no dia 28 de fevereiro, onde obteve-se:
A característica física do solo foi:
Latossolo; textura argilosa com 47% de argila
Suas características químicas foram:
Ca+Mg= 2,2 cmolc/dm³ ; Al=0,2 cmolc/dm³ ; H+Al=4,7 cmolc/dm³ ; K cmolc/dm³ ; P=2,4 mg/dm³; com pH (CaCl2)= 6,0 ; saturação por base=33,96%
A calagem foi feita na primeira quinzena do mês de setembro e a incorporação em todos os tratamentos, utilizando-se o método IAC, com base nos cálculos feitos por esse método e a utilização de planta muito exigente para a correção de acidez aplicou-se calcário dolomítico, na quantidade de 1,176Kg no tratamento 6 e 1,176Kg no tratamento 13, com PRNT a 95%, onde a calagem foi feita antes do plantio, totalizando 2,352Kg de calcário (Figura 1).
Figura 1: correção da acidez com o calcário
Na segunda quinzena de setembro foi feito o plantio em linha, onde as sementes foram pesadas contendo 10g de semente da amostra do capim por canteiro.
Na primeira quinzena do mês de outubro foi feito a adubação de cobertura, no tratamento 6 não foi feita nenhum tipo de recomendação, já no tratamento 13 recebeu dois tipos de tratamentos diferenciados quanto à adubação nitrogenada, utilizando 50g de sulfato de amônia dissolvido em água como adubo mineral e 1,5Kg de leguminosa Stylosanthes guianensis como adubo verde, 5 dias após a semeadura (Figura 2).
Figura 2: leguminosa Stylosanthes guianensis como adubo verde
Após todos os processos em dias intercalados (segunda, quarta e sexta-feira), cada canteiro recebeu a quantidade de 15 litros de água/dia, com a utilização de regadores de 5 litros cada ou a mangueira com a permanência de 4 minutos em cada canteiro.
Na primeira quinzena do mês de novembro foi feita a limpeza dos canteiros, retirando-se as plantas daninhas.
Na segunda quinzena de novembro ocorreu o corte das plantas 61 dias após o plantio, com a utilização de um quadrado de 50x50cm, a uma altura de 15cm com o auxílio de uma régua de madeira e uma tesoura de jardineiro, onde foram retiradas duas amostras de cada canteiro e colocadas em sacos de papel furados para que não ocorra o murchamento das amostras e levadas para o laboratório, onde foram pesadas em balança semi-analítica e em seguida colocadas em uma estufa de ventilação forçada a uma temperatura de 55-60°C para o processo de secagem, por um período de 7 dias. Após a secagem o material foi pesado novamente, para a determinação da matéria seca.
Analisando as amostras, conforme a Tabela I, a umidade do tratamento 13 teve maior volume devido ao uso de adubos. Em relação a porcentagem de MS a diferença entre os dois é quase irrelevante.
Tabela I. Valores de amostra úmida, seca e % de MS de Brachiaria Decumbens no tratamento 6 e Panicum Maximum cv Tanzânia no tratamento 13
Trat. |
Descrição do tratamento |
Amostra úmida total (g) |
Amostra seca total (g) |
MS total (%) |
||
6 |
Sem tratamento |
1727,0 |
227,2 |
13,11 |
||
13 |
Com adubo mineral e adubo verde |
2428,1 |
322,2 |
13,22 |
O Brachiaria decumbens é pouco exigente e não requer muitos cuidados e o Panicum maximum cv tanzânia é mais exigente por possuir mais folhagens, isso refere em melhor aproveitamento alimentar, desta forma, no tratamento 13 que possui maior valor de matéria úmida, maior quantidade de conteúdo celular e mais água em relação ao tratamento 6, estavam melhores nutridas e que através disto produziu-se perfilhos mais pesados, com maior área folear e tudo isso contribuiu para o maior peso da MS (Fernandos,1973).
A utilização da leguminosa proporciona grande quantidade de matéria orgânica, bem como a propriedade de fixar o ar, através das bactérias que vivem nos nódulos de suas raízes, além do seu enriquecimento em nitrogênio e da matéria orgânica, evita o desenvolvimento dos propáculos das plantas daninhas, preserva a umidade do solo e protege o solo contra erosão (Junior et al, 2003), (Figura 3).
Figura 3: comparação dos tratamentos 13 (com adubo verde) com o tratamento 6 (sem adubo verde)
Ocorreu também o aparecimento de amarelamento da raiz nos dois tratamentos (Figura 5), com maior quantidade no tratamento 13, isso aconteceu devido à deficiência de potássio (K), onde causa o amarelecimento e necrose dos ápices e bordas das folhas inferiores, que envelhecem prematuramente e caem; necrose e ranhuras finas nos pecíolos e na parte superior das hastes. Embora o potássio tenha ocorrência menos freqüente de deficiência em forrageiras que as de nitrogênio e fósforo, ele merece atenção especial, pois tem papel fundamental no metabolismo vegetal, atua na fotossíntese, na translocação dos carboidratos e funciona como ativador enzimático.
Figura 5: aparecimento de raízes amareladas
De acordo com o Gráfico 1, nota-se que o tratamento 6 teve maior rendimento quanto à % de MS no B. decumbens, devido ao fato de ser um capim pouco exigente e não requer tantos cuidados, seu crescimento não é interferido em relação à adubação.
Gráfico 1: relação % MS do B. decumbens
Em relação à forrageira B. brizantha, como demonstrado no Gráfico 2, obteve-se maior % de MS aquele que foi tratado com adubo orgânico e com o adubo verde, nos solos do cerrado, na sua maioria, em condições naturais apresentam teores médios de matéria orgânica (2 a 4%). Portanto a aplicação de esterco, dependendo da sua composição deve ser efetuada em grandes quantidades e oferece resultados satisfatórios (Gonçalvez, 1992).
Gráfico 2: relação %MS de P. maximum cv Tanzânia
O P. maximum cv Tanzânia é um capim muito exigente e no tratamento 13 foi adicionado o adubo mineral que é o sulfato de amônia que possui 20% de N e o adubo verde, além de fornecer fertilidade e produtividade ao solo, fez com que retesse esse nitrogênio no solo, agindo nos processos metabólicos das plantas.
Conclui-se que a maior porcentagem de matéria seca foi a do tratamento 13 (Panicum maximum Tanzânia), devido à utilização dos adubos (mineral e verde), que mostrou uma boa resposta.
Coelho, F.S, e Verlengia, F. Fertilidade do Solo. 2ed. Campinas, Instituto Campineiro de Ensino agrícola, 1973.
Gonçalvez, D.A. Solos tropicais sob pastagem: características e técnicas para correção e adubação, São Paulo: Ícone,1992.
Junior, J.L Monteiro, F.A.Perfilhamento, área foliar e sistema radicular, vol.29, n4, 2003.
Osaki, Flora; Calagem & adubação, Curitiba,1991.
Peixoto, Aristeu Mendes,ed. Pastagens: fundamentos da exploração racional, 2ed, Piracicaba: FEALQ,1994.
Fernandos, Coelho, et al; Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, Campinas São Paulo,1973.
Autores:
Nayara Arianne Souza
Universidade Estadual de Goiás, Departamento de Pós-Graduação, Morrinhos-Goiás,Brasil
Daniella Silva Costa
dscosta_bio[arroba]hotmail.com
Universidade Católica de Goiás, Departamento de Biologia Goiânia-Goiás,Brasil
Inácio Soares Campos Júnior
inaciojunior1[arroba]hotmail.com
Parque Zoológico de Goiânia, Departamento de Veterinária, Goiânia-Goiás,Brasil
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