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1.1 Solo
A determinação da umidade do solo constitui uma importante ferramenta nos estudos relacionados á movimentação de água no solo e manejo de irrigação (Miranda et al., 2001) é o controle de irrigação associado a sistemas de manejo mais eficientes no uso da água, levam a resultados de produção com maior economia deste recurso (Oliveira et al., 2000). O conhecimento de sua umidade é muito importante para o manejo de irrigação, pois ele indica em que condições hídricas o solo se encontra, (quantidade de água armazenada).
O solo é um sistema complexo, constituído de materiais sólido, liquido e gasoso. As partículas sólidas formam um arranjo poroso tal que os espaços vazios, denominados poros, têm a capacidade de armazenarem líquidos e gases, o solo, portanto pode-se relacionar a um grande reservatório de água. Após uma chuva ou irrigação parte da água fica retida nesses poros para ser, posteriormente utilizada pelas plantas.
As características do tipo de perfil do solo, reservatório do quais as plantas absorvem água e nutrientes, tem significativa influencia, devendo ser analisadas suas condições de textura, estrutura, nível de disponibilidade de água no solo e desenvolvimento das raízes das plantas Grassi, (1968).
Quando ocorre uma precipitação natural (chuva) ou artificial (irrigação), parte da água que infiltra no solo ficará retida nos poros do solo, expulsando praticamente todo o ar, diz-se que o solo se encontra saturado, nessa condição, existirá nos poros água retida e água livre, cessando a precipitação a água livre presente nos poros de maior diâmetro será drenada para as camadas mais profundas, permanecendo nesse perfil, anteriormente saturado contendo apenas a água retida pelos poros de menor diâmetro. Nessa situação o solo estará na capacidade de campo, representando a umidade ideal para o crescimento vegetativo da cultura, pois alem da facilidade de absorção de água pela planta, existirá também certa quantidade de ar no solo, que garantirá a respiração das raízes (Ramos et al., 2000). Utilizando uma linguagem mais simplificada á capacidade de campo é a máxima quantidade de água que o solo consegue reter contra a ação da gravidade. Entretanto com o passar do tempo é com o consumo da planta, a umidade ideal vai diminuindo e consequentemente a planta vai encontrando uma maior dificuldade na absorção de água, podendo chegar a uma situação em que a planta não consegue mais retirar água do solo, nesse momento, diz-se que o solo atingiu o ponto de murchamento, daí em diante se a água no solo não for reposta por precipitação natural ou irrigação, as plantas morrerão, então o ponto de murchamento é a umidade mínima que as plantas conseguem absorver água sem afetar o seu metabolismo (Ramos et al., 2000).
Outro fator de estudo importante para fins de manejo de irrigação é o processo pela qual a água penetra no solo, através de sua superfície, processo este denominado de infiltração, fator importante na irrigação, visto que a velocidade de infiltração de um solo determina o tempo em que se pode manter a água na superfície do solo, de modo que se aplique uma quantidade desejada de água, sem que ocorra saturação do solo, lixiviação de nutrientes é escorrimento superficial. Com a operação de preparo, a estrutura do solo é modificada, o que provoca um aumento da porosidade, à medida que vão ocorrendo às precipitações naturais ou as irrigações, o solo tende a voltar à condição inicial, logo a velocidade de infiltração tende a reduzir de irrigação para irrigação. De acordo com (Bernardo; Soares; Mantovani, 2005) essa variação é grande da primeira para a segunda irrigação, diminuindo da segunda para a terceira, sendo praticamente desprezível a partir de então.
A textura é a estrutura do solo também são fatores de estudo a um bom manejo de irrigação, a estrutura do solo influencia no desenvolvimento das plantas, atuando na aeração do solo, armazenamento de água, grau de compaquitação do solo e disposição das partículas de argila, silte e areia, formando os agregados do solo, já a textura compreende o estudo criterioso do tamanho destas partículas, sua distribuição de diferentes tamanhos, fator este relevante para classificar os solos.
1.2 Água
A molécula da água, cujo diâmetro é (), consiste em dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Para Klar, (1984) à água afeta os processos fisiológicos e, portanto, o crescimento e o desenvolvimento das plantas, sendo essencial para a estrutura das moléculas biológicas e, portanto para as células, tecidos é organismos como um todo.
O Brasil é detentor de um montante de 12% da água superficial do planeta, no entanto, isso não significa dispensar cuidados mediantes à preservação dos recursos hídricos.
Segundo Reichardt, (1990) a qualidade da água em irrigação é um dos fatores mais importantes e devem ser levados em consideração no projeto de irrigação, onde, pequenas quantidades de solutos na água de irrigação podem transformar lentamente uma área fértil em solo salino de baixa produtividade. Estes fatores tornam importantes no manejo racional da água na agricultura é isto implica em um cuidado especial com a qualidade da água. Bernardo; Soares & Mantovani, (2005), definem que para que se possa fazer correta interpretação da qualidade da água em irrigação, os parâmetros analisados devem estar relacionados com seus efeitos no solo, na planta é no manejo da irrigação, os quais serão necessários para controlar ou compensar os problemas relacionados com a qualidade da água. A literatura evidencia então à importância em se considerar a qualidade da água no manejo de irrigação, mas infelizmente muitos dos projetos de irrigação não alcançam o êxito por negligenciar a qualidade da água.
De acordo com (Bernardo; Soares & Mantovani, 2005), seis parâmetros básicos devem ser analisados na água de irrigação.
Outro parâmetro importante é a quantidade e o custo da água de irrigação, em regiões onde estes parâmetros são limitantes, a necessidade de maximizar a eficiência do uso da água, ressaltando a importância da escolha do método de irrigação a ser implantado. A literatura evidencia que sistemas de irrigação localizada, como (gotejamento e microaspersão), conseguem-se maior eficiência.
Segundo (Salomão & Basílio, 2006), os usuários da água, tanto para consumo comum quanto pra irrigação devem ter a consciência de que ela é um recurso finito e que seu uso deverá ser feito de maneira racional, a fim de evitar desperdícios e contaminação de mananciais, já que prevalece no conceito de muitos à idéia de que quanto mais água for aplicada melhor para a planta, mas de acordo com inúmeras literaturas da área de irrigação, quando à quantidade de água for aplicada em excesso, ocorrerá decréscimo na produtividade.
1.3 Planta
As espermatófitas compreendem, aproximadamente, 250 000 espécies variando em forma, "habitat", tamanho e ciclo vital. Há plantas de milímetros e outras de 100m de altura, plantas que duram dias e outras, milênios. Apesar destas diversificações, elas apresentam um plano estrutural semelhante; a parte área consiste em caule e folhas, e as raízes localizam-se abaixo da superfície do solo; têm sementes, flores e, eventualmente frutos. A estrutura vegetativa varia em forma e tamanho para uma determinada espécie e é afetada pelas condições ambientais. O número de partes florais, sua posição e seu arranjamento na planta são constante numa dada espécie de planta, o que é útil para identificação e classificação (Klar, 1984).
De modo geral à maioria das plantas não toleram condições de excesso de água, ocasionando falta de areação nas raízes; água em excesso pode sufocar as raízes pela falta de oxigênio provocando sua podridão ou inibindo o desenvolvimento da planta. O manejo da cultura, bem como suas necessidades e características devem ser levados em consideração na escolha da cultura a ser plantada, para determinada situação e região.
Devido ao grande número de variáveis que interferem na produtividade das culturas e à complexidade das relações que afetam a quantidade e a qualidade do produto, a produtividade pode ser expressa exclusivamente em função da água utilizada pelo cultivo, contando que os demais fatores de produção permaneçam fixos e em nível ótimo (Frizzone, 1998).
Cuidados com a escolha da cultura a ser plantada, bem como, a seleção de culturas tolerantes a concentração de sais, devem ser relacionados, principalmente quando a água de irrigação tem elevados teores de sais, deve-se evitar que a parte área da planta seja molhada, pois às plantas são capazes de absorver íons pelas folhas e se intoxicar mais rapidamente, principalmente com relação aos íons de cloro e sódio.
1.4 Atmosfera
A atmosfera pode ser considerada como a principal parte de estudo para um correto manejo de irrigação, devido sua grande viabilidade espacial e temporal.
A atmosfera ora tem demanda de água, ora tem excesso de água, fazendo, assim sua reciclagem. Em condições de demanda, caracterizadas por ar relativamente seco, radiação solar disponível e vento, o ar pode absorver e transportar enormes quantidades de água. Nessas condições, ocorre a evaporação de água de oceanos, lagos, rios, solo e outras superfícies molhadas.
O vento atua no transporte de massas de ar, arrastando ar úmido para outras regiões e repondo-o com ar seco, capaz de absorver mais água. Em condições de excesso, o ar encontra-se saturado (ou supersaturado) de vapor, o processo de evaporação praticamente cessa, entra em equilíbrio dinâmico e pode haver retorno de água da atmosfera para as superfícies da crosta terrestre, nas formas de chuva, granizo, neve ou orvalho (Reichardt, 1990).
Estudos de Reichardt, (1990) atestam que à atmosfera é uma mistura gasosa, cuja composição volumétrica media seca, é de aproximadamente 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio, 1% de argônio e 0,03% de gás carbônico. Outros gases estão presentes em proporções muito menores da ordem de partes por milhão.
Fatores como vento, temperatura, umidade relativa e tempo de radiação solar ao longo do dia, devem ser analisados para um bom manejo de irrigação, é lógico que regiões com alta temperatura a demanda de água requerida pelas culturas é maior e deve sempre que possível evitar o uso de irrigação por aspersão, nos períodos de maior demanda de temperatura, em virtude da grande perda de água por evaporação. Um processo de simples entendimento e fundamental ao manejo de irrigação, e influencia atmosférica, é a evapotranspiração. De acordo com Ramos et al., (2000) a evapotranspiração é o processo que associa a transferência de água do solo e da planta para a atmosfera. Ela representa na prática, o consumo de água por uma cultura, geralmente medida em milímetros por dia (mm/dia), ela é maior nas regiões de temperatura elevada, umidade relativa baixa e ventos moderados a forte.
O manejo de irrigação não pode ser considerado uma prática isolada, é sim um conjunto de técnicas que busquem determinar o momento coreto da aplicação da lamina de irrigação requerida pelas culturas, melhorando a eficiência no uso da água e respeitando o meio ambiente.
Não se deve irrigar pelo simples prazer de dizer que está praticando agricultura irrigada, mas sim com o objetivo de aumentar o lucro, obter maior produção, quer em quantidade ou em qualidade, ou incorporar à agricultura novas áreas que, sem o uso da irrigação, não seria possível cultivar.
Entretanto um projeto de irrigação em que se vise a atender à máxima produção e à boa qualidade do produto, usando de maneira eficiente a água, requer conhecimentos das inter-relações entre solo-água-planta-atmosfera e manejo de irrigação.
É neste sentido que deverá ocorrer sempre um equilíbrio entre o desenvolvimento agrícola e a responsabilidade ambiental.
BERNARDO, S.; SOARES, A.A.; MANTOVANI, E.C. Manual de irrigação. 7ª ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2005. 611p.
FRIZZONE, J.A. Função de produção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 27, 1998, Poços de Caldas. Manejo de Irrigação. Poços de Caldas: UFLA, 1998. p.86-116.
GRASSI, C.J. Estimación de los usos consuntivos de água y requerimentos de riego com fines de formulacion y diseño de proyetos critérios y procedimentos. Centro Interamericano de Desarrolo Integral de Água y tierras, Mérida, Venezuela, Doc. 53, 1968, 96p.
KLAR, A.E. A água no sistema solo-planta-atmosfera. Livraria Nobel, S.A., 408p, 1984.
MIRANDA, L.N.; AZEVEDO, J.A.; MIRANDA, J.C.C.; GOMES, A.C. Produtividade do feijoeiro em resposta a adubação fosfatada e a regimes de irrigação em solos do cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.4, p. 703-10, 2001.
OLIVEIRA, L.F.C.; NASCIMENTO, J.L.; STONE, L.F. Demanda total de água do feijoeiro nos sistemas de plantio convencional e direto. In: CONGRESO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 30., 2000, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 200.p.12-16.
RAMOS, M.M.; OLIVEIRA, R.A.; LOPES, J.S. Manejo de Irrigação-Quando e Quanto Irrigar. Manual nº231. Viçosa, CPT, 2000. 62p.
REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. Ed. Monole Ltda. São Paulo, 188p, 1990.
SALOMÃO, L.C.; BASILIO, E.E. Irrigação por gotejamento na cultura do café. 2006. 72f. Monografia (Trabalho de Graduação em Tecnologia em Irrigação e Drenagem) – Centro Federal de Educação Tecnológica de Urutaí, Urutaí-Go, 2006.
PARÂMETROS QUE DEVEM SER OBSERVADOS NO MANEJO DE IRRIGAÇÃO
Leandro Caixeta Salomão
salomaoleandro[arroba]gmail.com
Mestrando Agronomia, Área de concentração em Irrigação e Drenagem - UNESP/Botucatu – SP - Brasil.
Trabalho realizado em 16/10/2007.
Categorias: Agricultura e Pecuária
FACULDADE LIONS - COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO - CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA SUPERIOR
Ipameri-GO
2007.
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