"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar" (MANDELA, 2008, p 1)
Este estudo tem como objetivo analisar as imagens do negro no livro didático em cinco livros pesquisados do Ensino Fundamental I à luz da Lei 10.639/2003 que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira. No primeiro momento apresenta-se um estudo teórico sobre o início da vinda dos negros para o Brasil, período da escravidão. No segundo momento um breve relato das lutas dos movimentos sociais para a criação da Lei que reconhece e valoriza de maneira correta a cultura negra. No terceiro momento há um relato do livro didático no Brasil e de como a imagem do negro está representada de maneira negativa, na maioria das vezes, nesse tão importante veículo de informação, finalizando com a política do branqueamento que idealiza a cor e a cultura da classe dominante excluindo assim a cultura e o povo negro. Para encerrar, a pesquisa de campo aonde se encontra uma análise das imagens do negro no livro didático na tentativa de perceber se depois da Lei que obriga o estudo correto dos estudos afros, essa imagem ainda é ilustrada de maneira subalterna.
Palavras-chave: imagem, negro, livro didático, Lei 10.639/2003, cultura negra.
No Brasil, com o aumento da democratização do ensino, o número de alunos matriculados nas escolas públicas cresce cada vez mais, diante deste fato, o Governo brasileiro percebeu a necessidade de oferecer a alunos e professores uma gama de livros didáticos e dicionários que facilitem o ensino-aprendizagem destas instituições. A qualidade destes livros tem melhorando ao longo dos anos, principalmente porque todos são avaliados pelo Ministério da Educação. Porém, a imagem social dos negros nestes livros didáticos ainda está vinculada a papéis de menor prestígio no contexto social, o que dificulta legitimar o negro na sociedade brasileira como um cidadão com direitos e deveres iguais a todos os outros.
Assim, é possível afirmar que uma criança negra que estuda com livros didáticos que apresentam a imagem do negro depreciado, possivelmente sentirá profundas dificuldades na formação da sua identidade e na elevação da sua auto-estima, sobre essa afirmação Silva comenta:
"Isso tem um impacto sobre a construção da identidade dos educandos de ascendência africana, indígena e mestiça, que não encontram referências positivas a sua origem, a sua cultura e a sua história, omitida ou mostrada de maneira caricatural, estereotipada e folclorizada na escola." (SILVA, 1995, p. 135)
Diante disto, este trabalho monográfico tem como objetivo fazer uma análise das imagens do negro no livro didático de Português, dos três livros do Projeto Aymará, do programa Cidade Educadora e do livro história e cultura, da coleção afro-brasileira e indígena do primeiro ano do Ensino Fundamental I da escola Municipal Novo Horizonte, localizada no bairro de Sussuarana, Salvador-Ba.
O trabalho está dividido em três partes temáticas, no primeiro capítulo está presente um breve histórico do momento da chegada dos primeiros negros da África ao Brasil até os dias atuais, de sua total exclusão nos espaços educativos e sua trajetória de lutas a fim de conquistar a autonomia e a cidadania que durante séculos lhes foram negados.
No segundo capítulo, ressalta-se a história da Lei 10.639, sancionada em Janeiro de 2003, pelo Presidente Lula, que já se encontra em vigor nas escolas públicas e particulares em todo o território nacional, é claro que em alguns espaços educativos com mais rigor e em outros ainda de maneira tímida. A Lei contempla o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, e a participação destes povos na construção da história do nosso País. O Brasil, País como o maior número de afro-descendentes tem sua história relegada e desconhecida por grande parte da sociedade brasileira. Foi à luta pelo reconhecimento da história da cultura afro que levou a promulgação desta Lei.
Contém também um ligeiro comentário sobre o livro didático no Brasil e do negro no livro didático. Estudos comprovam que, este sujeito aparece de maneira muito limitada nas imagens e quando aparece ocupa sempre papéis de menor prestígio da sociedade. Sem contar a falta de compromisso que este veículo de informação não tem para divulgar a original história dos negros no Brasil, negligenciando também o valor da miscigenação, já que carregamos na nossa formação forte influência africana e é esta mistura que torna o Brasil um País multicultural.
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