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A utilização dos métodos de avaliação na investigação psicopedagógica em grupos (página 2)

Flavia Sayegh

Segundo o autor Zimerman D.E (2000), essas formações se estenderão e amplificarão na vida adulta com a constituição de novas famílias, grupos esportivos e profissionais.

O autor ainda comenta sobre a macrossociologia que diferencia os grandes grupos, enquanto a micropsicologia identifica e nomeia pequenos grupos, distinguindo grupo de agrupamento. As condições de um agrupamento para um grupo é baseada na transformação de "interesses comuns" para interesses em comum."Visto que no agrupamento as pessoas dividem espaços em comum e guardam dentro de si um potencial para desenvolver a construção do grupo, o qual poderão basear-se.

2. O que caracteriza um grupo

Segundo Bock.A (1993) e cols, o grupo é o conjunto de pessoas num processo mútuo relacional que organizado tem o objetivo de fazer algo na esfera imediata ou á longo prazo. Para isso, ocorre a comunicação entre todos os integrantes do grupo com o desenvolvimento de uma continuidade relacional com objetivos, direção e metas.

Segundo Lane.S (1981), mesmo que cada indivíduo participe de grupos sociais, cada organismo humano terá suas características particulares e sentirá diferentes estímulos e que levam as diferentes reações.

"Entre os indivíduos de cada grupo social são encontradas normas sutis, restritas, rígidas e até imperdoáveis se não forem obedecidas por algum membro do grupo. Por exemplo, se todos os integrantes do grupo costumam fazer determinada atividade e um integrante falhar em atuações, tenderá a não ser considerado cooperativo em atuações e  poderá passar por uma não aceitação e negatividade perante os demais."

Segundo Lane.S (1981), os papéis de mãe e de pai se caracterizam por regências que especificam como uma mulher e um homem se relacionam quando eles têm um filho e como os dois se relacionam com o filho, que mostrará em algum momento seu desempenho no papel social com os seus pais. Essas relações sociais existem nas diferentes sociedades: namorados, amigos e família.

"Na instituição empresarial, o gestor só o será, e se estabelecerá em seu papel social, se houver os chefiados, ambos exercerão seus papéis, fornecendo sentido a algum tipo de cargo, formando as relações de grupo, no caso, trabalho.

"Se de um lado os papéis vão sendo definidos no decorrer da vida dos indivíduos, pelas mudanças de época sociais vividas, por outro lado este processo não é simples, porque os grupos e os papéis definidos ou estabelecidos são solidificados e mantidos pelas instituições ou pelo próprio caráter, muitas vezes é mascarado assim, certos questionamentos, mudanças e futuras ações preservando, assim, o atual estato social. Por isso, seria conveniente a aceitação das mudanças, se oportunidades são oferecidas. Na instituição atual e saudável, podemos perceber que ocorrem mudanças que visam satisfazer o empregado, porque conseqüentemente o empregador ficará mais satisfeito e as possibilidades de melhoria ampliarão." 

3.  A utilização da metodologia na prática da investigação grupal  

Observação

O profissional que utilizará o processo de investigação e suas metodologias deve saber observar. Os embasamentos teóricos e práticos tornam os experimentos visíveis e práticos. 

Segundo Selltiz (1974) e cols, o método é a observação de fenômenos. É isso que constituíra o agrupamento de informações sobre as percepções do mundo que nos cerca.

Segundo os autores, na situação prática utilizará a observação quando estiver interessado em saber como os membros de distintos grupos se comportam nas relações, ou seja, observará como as mães educam seu bebê, detalhamento de cerimônias e reuniões religiosas e observações de culturas diferentes. Crianças e animais não são capazes de nos fornecer informações e detalhes descritivos verbais ou gestuais de seus comportamentos e sentimentos, por isso a observação é utilizada aliadas às técnicas de registro dos comportamentos e como este se manifesta.

"Na ciência ocorre uma aceitação dos métodos quantitativos pela riqueza de seus dados que se realizados de forma espontânea pelo grupo estudado contribuem no resultado da pesquisa.  E com isso, nesse caso, ocorre a exclusão na quantificação de dados. Cabe salientar que as interpretações dos resultados obtidos podem ser aliadas com a obtenção de outras técnicas de investigação".  

Segundo Selltiz (1974) e cols o observador pode participar ativamente do grupo que observa ou como observador que não faz parte do grupo. Para as pessoas observadas, sua presença pode ser desconhecida para alguns ou para todos, dependendo do objetivo atual.

O objetivo do estudo envolve quatro questões:

1)       O que deve ser observado

2)       Como registrar as observações

3)       Quais os recursos usados para garantir a exatidão da observação

4)       Qual o tipo de relação que deve existir entre observador e observado

            Observação Assistemática

O momento do registro ocorre durante o acontecimento ou logo após esses acontecimentos para que não ocorra falhas de memória.

            Segundo Selltiz (1974) e cols, a observação assistemática dá-se sob a forma de observação participante. O observador assume e participa no papel de membro do grupo. Deverá saber quem são os participantes, suas formas de relacionamento e quantos são os integrantes.

            A situação pode ser escolhida com os mais diferentes locais, como numa venda, numa residência luxuosa, numa favela, entre outros. "A situação deverá ser estabelecida   para que não ocorram deturpações dos resultados, visto que as reações das pessoas mudam de acordo com os locais, podendo haver timidez, problemas sonoros, e etc".

            Para Selltiz (1974) e cols, o objetivo é quando existe a finalidade dos participantes estarem em algum lugar e como eles reagem a isso ou outras situações; por ex.., aceitam ou rejeitam tal objetivo.

            Selltiz (1974) e cols, comentam que o comportamento social é o que realmente acontece, como os tipos de comportamentos: intensidade, persistência, estranheza, maneirismos e o que o seu comportamento causa nas outras pessoas.

            Os autores comentam que a frequência e a, duração é quando procura-se saber quando foi que a situação aconteceu, durabilidade, se é única essa situação ou repetida. E se repete, com qual freqüência. E quais  as oportunidades que a provocam.

            3.3. Observação Sistemática

            Selltiz (1974) e cols, os aspectos significativos para o objetivo da pesquisa e foca determinados comportamentos. São estabelecidas técnicas dos tipos de comportamento que serão observados. Portanto, as hipóteses de estudos são confirmadas ou não pelo observador, por exemplo: Será que esse grupo, ajuda-se mutuamente, aconselham, passam informações, rejeitam a sugestão do outro, exprimem irritabilidade, demonstram apatia. Suas características em grupo podem ser comparadas à investigação individual. É percebido se ocorrem imitações, se ocorrem ordens, tomadas de iniciativas.

            Para Bales (1950), apud Celtas (1974), foi colocada mais de cinqüenta categorias  para observar situações de grupo.

            "O importante é escolher o quadro de referência utilizável,  prático ou detalhado para tornar o uso adequado ao tipo de investigação".

            "Uma outra forma de observação sistemática é quando existe a participação do observador e do grupo com o registro dos sentimentos e outras observações, através de desenhos e escrito referente à proposta".

3.4   Entrevista

É a descrição verbal da pessoa e seus comportamentos para obtenção de informação, aliados a outros métodos e teoria psicológica. Porém a descrição da pessoa pode não ser sincera. A pessoa pode estar querendo ganhar simpatia, respeito, prestígio, pode estar querendo apenas divertir-se ou espantar ou podem ser incapazes ou utilizar bloqueios.

"As entrevistas podem ser utilizadas com a maioria dos segmentos da população, porque há pessoas que tem dificuldades de compreensão escrita ou de manter um grau de interesse constante."

"O avaliador pode refazer a pergunta a fim de esclarecer o sentido de uma resposta, caso seja solicitado ou como um reforço na expressão gestual de desentendimentos por parte do grupo envolvido,observará assim as emoções e os sentimentos diante dos fatos."

"A entrevista pode ser oferecida num ambiente criado de forma que possa oferecer aos participantes colocarem os sentimentos e comportamentos que poderiam ser desaprovados."

3.5   Questionário

Selltiz (1974) e cols, as informações obtidas pelo avaliador, limitam-se às respostas escritas e questões pré-estabelecidas, num processo com menor custo e um mínimo de explicações. Pode ser aplicado ao mesmo tempo no grupo que podem entender as questões ou não compreendê-as.

"Por isso à explicação dos pré-testes podem tornar fundamental para compreensão homogênea."

A utilização do questionário possibilita o anonimato que faz com que os indivíduos se sintam livres para colocarem suas opiniões que poderiam sentir um desconforto ou desaprovação.

Se o objetivo é evitar as respostas imediatas e menos reflexivas, o questionário pode ser oferecido com bastante tempo para ser respondido.

3.6   Conteúdo da pergunta

Segundo Selltiz (1974) e cols, as perguntas são realizadas tanto com questionários como, com entrevistas. Os conteúdos de uma pergunta são referentes à idade, educação, rendimento, religião, nacionalidade, profissão, estado civil e etc. São feitas perguntas mais amplas e elaboradas para preencher possíveis necessidades. Essas perguntas são sobre características que envolvem: valores, intenções, desejos, aspirações e sentimentos, além de perguntas feitas sobre família, amigos e colegas. Geralmente são elaboradas de acordo com o tipo de investigação que se pretende alcançar.

Para facilitar o entendimento, é sugerida a utilização de perguntas, que ofereçam uma maior liberdade, para a resposta, que é a melhor maneira para pesquisar motivações e sentimentos. Tanto em entrevista, como nos questionários, podem ser oferecido ao grupo três tipos de perguntas.a) Padronizadas- A todas as pessoas, a entrevista e o questionário são padronizados com a mesma ordem de questões e palavras, dando a clareza que os entrevistados respondam o mesmo tipo de pergunta. b) Alternativas fixas- A pergunta com alternativa fixa ou fechada é aquela em que as respostas estão limitadas a um processo fixo.c) Pergunta aberta- Permite uma resposta e discurso livre e não limitada por alternativas apresentadas.

3.7   Método sociométrico

"É observado as interações sociais do grupo de pessoas que será estudado e tomada à coleta de dados para propor uma atividade baseada na intervenção."

É observado a interação ou falta de entrosamento entre os membros do grupo. "Na análise clínica, as descrições verbais são permeadas por pessoas do convívio dos indivíduos, como: com quem se relacionam, quem são seus amigos, com quem conversam, quem emprestariam um jogo, entre outros."

              "Na esfera institucional, a sociometria apresentará um interesse em perceber as relações dos grupos em determinadas situações, visando lideranças, efeitos de tratamentos e preferências por este ou aquele indivíduo. O líder, muitas vezes não é o que aparece mais, o mais esperto, ou falante, o líder não aparece naquele momento de avaliação ou não participa ativamente do grupo. Ao mesmo tempo em que o líder é eleito, ele pode sofrer conseqüências e ser deposto, por ciúmes ou outros sentimentos, daqueles mesmos que o elegeram".

            Segundo Jenning (1943), apud Selltiz (1974), o estudo das razões dadas para as escolhas e rejeições sociométricas levou à conclusão de que a liderança não era explicável por uma característica específica de personalidade ou traços de caráter, mas a partir da contribuição interpessoal que um indivíduo apresenta num determinado grupo.

3.8   Recursos visuais

"Nas situações de avaliação podem, ser utilizadas bonecas, quadros, desenhos, figuras, gravuras emolduradas, entre outros.

Para que pode ser utilizado esse procedimento? Para perceber a reação que esses estímulos desencadeiam nas pessoas, ou seja, como elas reagem a essas situações. Também é substituto de afirmações verbais e em metodologias projetivas que são complementares a todas essas técnicas até aqui, mencionadas.

Logo, se formos fazer uma entrevista, tomamos esses resultados das perguntas e até, as reações dos indivíduos para medida de viés.

Na sociometria , os pedidos de mostrar, gostar, indicar, são utilizados para perceber normas sociais, vontades, sentimentos e preferências, além das vontades de mudanças."

4. Discussão

Foi percebido que essas formas de avaliações grupais fornecem instrumentos para um trabalho social e grupal em qualquer instituição. Esses interesses não visam somente procurar a validade e a precisão de medidas, a não ser que o interesse é tornar preciso algum tipo de resultado ou como forma de conhecimento que vise melhorias.

Várias instituições recorrem a ajuda do profissional nessas descobertas. Após o resultados, cabe a devolutiva aberta, para esclarecer processos de mudanças, se essas poderão se estabelecer. Em relação a motivações, esses procedimentos são válidos, porque é transformador.

As discussões e leituras referentes a temas centrais e qualidades dos grupos nos darão fundamentos a futuras explicações.

5. Consideração final

O fundamental é utilizar algum método de avaliação que possibilite uma investigação mais minuciosa e focada, fundamentando-se na prática psicopedagógica em grupos.

Bibliografias

BOCK.ANA.M. Psicologias. Uma introdução ao estudo da psicologia. Editora Saraiva,1993.

KRECH.D. Elementos de Psicologia. São Paulo: Pioneira, 1980

LANE. SILVIA T. O que é psicologia social.Editora Brasiliense, 1981.

Psicologia e instituição: Novas formas de atendimento/Rosa Maria Macedo (organizadora).-São Paulo: Cortez, 1984.

SELLTIZ. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: E.P.U, 1974

ZIMERMAN. D.E. Fundamentos básicos das grupoterapias: Porto Alegre: Artes médicas Sul, 2000.

 

 

Autora:

Flavia Sayegh

Flavia.sayegh[arroba]uol.com.br

Formada em psicologia pela Universidade Mackenzie e Psicopedagogia Clínica e Institucional. Participa no atendimento a adolescentes na UNIFESP, no ambulatório de Pediatria, além de atuar em clínica particular em São Paulo.



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