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Percepção da influência da prática de projetos extracurriculares (página 4)

Prof. Edelene Soraia Da Silva
Partes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7

"Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido" (Charles Chaplim apud RESENDE, op.cit., p. 156).

No Clube da Árvore Ecologia Nota 10, os alunos têm total liberdade de decidir sempre sobre sua própria participação inserindo nas inter-relações pessoais compromissos inerentes à execução das tarefas e ao convívio social, o que garante o sucesso dos resultados na maioria das atividades propostas e executadas pelo Clube na escola.

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Figura 2. Fundação do Clube da Árvore Ecologia Nota 10 na E.E.B. Santa Catarina em 21/05/2003

Fonte: registros da pesquisadora

É importante ressaltar neste histórico a diretoria de fundação do Clube que consta na primeira agenda recebida do Instituto Souza Cruz, a qual contém os registros de reuniões, atividades e decisões deliberadas pelos participantes:

Presidência – Luan Carlos Ternus – 6ª série

Vice-Presidência – Ricardo Kyoshi Takabatake – 5ª série

Secretaria – Luan Leopoldo Vidal – 5ª série

Coordenação – Profª. Edilene Soraia da Silva

Desde sua fundação, as atividades e projetos foram sendo desenvolvidos aleatoriamente em função das idéias e necessidades de colaborar com a organização da escola. A cultura de não valorização do patrimônio escolar estava instituída pelo descaso da máquina estadual que submete a escola a uma obra de reforma que se arrasta há mais de quatro anos sem conclusão, expondo todos os profissionais e usuários a condições insalubres e de desconforto absoluto.

A motivação para a criação do Clube foi em primeira idéia, a construção de uma Horta Escolar para reforçar a merenda, uma vez que a verba destina-se apenas ao ensino fundamental, que constitui apenas uma décima parte da clientela da escola, que é basicamente de ensino médio. Porém, o projeto ficou em suspenso em função da obra que destruía todos os espaços onde se pensasse construir a horta.

Cada pessoa é diferente, como cada aluno apresenta-se com suas diferenças individuais, capacidades intelectivas mais ou menos aguçadas para aquilo ou aquilo outro. O tratamento igualitário às pessoas e principalmente ao aluno não é uma questão de justiça. É uma questão de necessidade requerida pela própria diferença (RESENDE , op.cit., p. 34).

Sem desanimar, as crianças do Ensino Fundamental passaram a exercer outras atividades na promoção do desenvolvimento humano e do desenvolvimento sustentável do meio ambiente (Anexo V), como criar flores em vasos e floreiras, criar mudas de árvores e enfeitar janelas e corredores, dança, canto, teatro, brechó, turismo, palestras, filantropia, jogos, cursos, pesquisa científica, concursos, comemorações, etc.

E tudo que faziam era com dedicação, alegria, atenção e muito respeito aos professores, colegas, à escola e ao meio ambiente.

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Figura 3. Plantio de Sementes de Árvores Nativas Figura 4. Canteiros de mudas de árvores nativas.

Fonte: dados da pesquisadora

Fonte: dados da pesquisadora

Logo os jovens do Ensino Médio gostaram da iniciativa e vieram participar trazendo outras idéias e contribuições de trabalho voluntário para reorganização e decoração da escola, como identificar salas de aula, mobílias, demais dependências da escola e pelo volume de pessoas engajando-se nas atividades surgiu a necessidade de criação de um mural de comunicação mais efetiva entre os participantes que atuavam nos três turnos de seu funcionamento e uma árvore de correio.

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Figura 5. Mural geral do Clube de 2003 Figura 6. Árvore Correio de 2003

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

 

O interessante é que através destas atividades diversificadas, ao cuidar da escola, os alunos aprendem a cuidar das suas casas, do seu bairro, da sua cidade e do seu país, promovendo formas eficazes de Educação Ambiental na escola, pelo interesse deles próprios.

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Figura 7. Mural geral do Clube de 2004 Figura 8. Árvore Correio de 2004

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

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Figura 9. Boatinhas Figura 10. DJs no som das festas

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

Pela necessidade de materiais para execução dos projetos, o Clube passou a fazer promoções e eventos e sua diretoria que constava apenas de Presidente, Vice-Presidente e Secretário, passou a contar com Tesoureiro e Sub-Coordenadores responsáveis pelas atividades e projetos.

Espelhando-se na Teoria da Autogestão Gorkiana de Makarenko, a seguir, os alunos voluntários do Clube aprendem a lidar também com pequenos capitais e recursos que eles mesmos administram.

"A pessoa que começa uma vida independente deve ter alguma experiência no controle da sua poupança, calcular seu orçamento e saber como gastar o que ganha. Não se deve entrar na vida sem saber o que é o dinheiro". Makarenko ao instituir o salário para os educandos, proporcionou uma nova perspectiva pedagógica baseada na função produtiva da escola (MAKARENKO apud CAPRILES, op.cit., p. 101).

Assim, os alunos se organizam e controlam o dinheiro arrecadado nos eventos e depois de contabilizá-lo, em formulário próprio (Apêndice I), pagar os custos anexando notas e recibos ao formulário, passam o restante à coordenação para guardar até que necessitem para custear outra atividade. Tudo é muito bem controlado por todos em equipe e a confiança é a base da relação neste controle.

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Figura 11. Venda de lanches Figura 12. Brechó de roupas e calçados

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

Os alunos decidem em conjunto o que fazer com todo o dinheiro e material que arrecadam e recebem.

Geralmente utilizam nos próprios projetos que criam, em passeios culturais e de lazer, em premiações a alunos, grupos de alunos, turmas, nos concursos e gincanas que promovem, auxiliam no pagamento de contas da escola, na compra de materiais de consumo para utilização dos alunos nos seus trabalhos, etc.

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Figura 13. Exposição de fotos e materiais de registro e pedagógicos do Clube no Cine Teatro X de Novembro em São Francisco do Sul – SC em 28/10/2004.

Fonte: registros da pesquisadora

Os próprios alunos assumem as tarefas e coordenam as atividades sob supervisão da Coordenação geral do Clube. Assim, foram desenvolvendo gosto nas mais diversas áreas cognitivas, sociais, culturais, artísticas e administrativas, promovendo o empreendedorismo pelo protagonismo juvenil e o desenvolvimento cognitivo e sociocultural dentro e fora da escola. Aliás, as atividades e projetos do Clube já ultrapassam os muros da escola nos trabalhos culturais e filantrópicos, em espetáculos, ações sociais, busca por patrocínios e recursos, etc.

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Figura 14. Coleção Biológica p/ Laboratório Figura 15. Desfile cívico

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

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Figura 16. Teatro para crianças Figura 17. Natal para o primário

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

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Figura 18. Homenagem aos professores Figura 19. Teatro de fantoches

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

O objetivo geral do Clube da Árvore Ecologia Nota 10 é atuar nos mais diversos níveis da educação básica oportunizando o desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos educandos de forma dinâmica e direta através da participação pela prática e da co-responsabilidade pela educação ambiental e pela instituição escolar, promovendo os valores da comunidade.

Os objetivos específicos do Clube da Árvore Ecologia Nota 10 são:

  • Estudar sobre o meio ambiente e os seus fatores bióticos e abióticos;

  • Praticar educação ambiental, ciência, arte e cultura;

  • Conscientizar sobre a interdependência dos seres vivos e destes com o meio;

  • Promover a cultura conservacionista, a co-responsabilidade, o empreendedorismo e o protagonismo juvenil;

  • Incentivar a autonomia de aprendizagem e a busca pela qualidade de vida;

  • Estimular a busca pelo conhecimento nos diferentes níveis e áreas da educação básica;

  • Desenvolver a criatividade e a psicomotricidade;

  • Integrar todos os membros da comunidade escolar;

  • Oportunizar iniciativas positivas e de cooperação;

  • Conhecer a importância da saúde nos setores físico, mental e social;

  • Buscar alternativas de solução aos problemas práticos da escola;

  • Organizar eventos culturais;

  • Auxiliar na organização dos eventos escolares;

  • Aproveitar bem os espaços da escola;

  • Resgatar o civismo e o patriotismo cultural;

  • Promover o resgate de valores éticos e sociais;

  • Valorizar e divulgar a qualidade de educação e dos profissionais da escola;

  • Estabelecer parcerias para a obtenção de recursos materiais, de pessoal voluntário especializado e de programas educativos e culturais.

4.2.1. Metodologia de atuação do Clube na escola

A prática das atividades foram sendo desenvolvidas, de início, sem perspectivas de abrangências aos níveis socioculturais, mas aos poucos, e com velocidade em razão direta aos interesses dos alunos, houve necessidade de sistematizar e registrar com cuidado tudo que se organizava em função do volume de pessoas envolvidas e das ações praticadas.

A pedagogia, especialmente a teoria da educação, é, sobretudo uma ciência com objetivos práticos. Não podemos simplesmente educar um homem, não temos o direito de realizar um trabalho educacional, quando não temos frente aos olhos um objetivo político determinado. Um trabalho educativo que não persegue uma meta detalhada, clara e conhecida em todos os seus aspectos, é um trabalho educativo apolítico (idem. p. 90).

Nesta fala de Makarenko, compreende-se a função política das atividades e projetos extra curriculares desenvolvidos pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10, na forma como se conduzem assembléias para decisões conjuntas em prol do bem comum. Mas sempre respeitando as normas superiores da escola e a hierarquia da sua direção e da coordenação do Clube.

Todas as atividades criadas pela coordenação ou pelos voluntários do Clube somente são executadas mediante aprovação da direção escolar. Qualquer atividade ou projeto poderá ser proposto desde que se enquadre aos objetivos específicos do Clube da Árvore Ecologia Nota 10.

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Figura 20. Conferência do Meio Ambiente Figura 21. Recreio Cultural

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

As atividades e projetos extracurriculares desenvolvidos pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10 desenvolvem-se em três modalidades (Apêndice II):

a. Atividades e projetos permanentes – são as atividades e projetos que acontecem durante todo o ano letivo na escola ou fora dela;

b. Atividades e projetos sazonais – são as atividades e projetos que acontecem uma ou duas vezes ao longo do ano letivo na escola ou fora dela;

c. Atividades e projetos eventuais – são as atividades e projetos que acontecem em única edição também na escola ou fora dela.

Cada atividade ou projeto deve ter no mínimo um aluno responsável pela sua organização e execução, podendo ser auxiliados por outros alunos ou pessoas da comunidade escolar que irão compor sua equipe de apoio. Todos os alunos envolvidos devem estar em contato direto com a coordenação do Clube, informando os passos de suas atividades e seguindo sua orientação dentro da proposta do PPP da escola.

Cada atividade ou projeto deve ser descrito apresentando as seguintes informações: cabeçalho, título do projeto, data de início, duração, coordenação, aluno responsável, sua turma, equipe de apoio, objetivo geral, objetivos específicos, material e métodos, avaliação, e resultados (Apêndice III).

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Figura 22. Cantinho do Clube na Biblioteca com documentos, materiais para pesquisa e jogos (Hemeroteca e Ludoteca montadas pelos alunos)

Fonte: registros da pesquisadora

Todo o material adquirido, desenvolvido e criado pelo Clube deve ser registrado e arquivado em local que toda a comunidade escolar tenha acesso juntamente com suas contas e outras documentações de interesse dos voluntários, caracterizando transparência administrativa.

Os alunos e demais pessoas da comunidade escolar que fizerem parte do Clube, poderão atualizar as normas de atuação e participação (Apêndice IV), em assembléias ordinárias ou extraordinárias sempre que se fizer necessária adequação à realidade educacional, ficando livre a possibilidade de criação ou não de estatuto ou outro documento legal de sociedade filantrópica sem fins lucrativos.

4.2.2. Facilidades e dificuldades para implementação das atividades

Nem tudo são flores, mas na grande maioria das vezes tudo foi muito gratificante. Houveram parcerias e apoio quase sempre, principalmente dos próprios alunos entre si. Mas também houveram episódios desagradáveis por parte dos que não compreendem a dimensão do processo educativo através deste tipo de projeto dentro e fora da escola, mas o resultado foi satisfatório ao ponto de ser foco de estudos desta pesquisa.

Tenho que trabalhar muito; atualmente me ocupo sobretudo dos jovens. São pessoas cheias de vontade, de decisão, de resistência e energia, mas, infelizmente, falta-lhes talento, é e essa é uma coisa terrivelmente importante. Por isso, temo muito que meu trabalho seja em vão (ibidem. p. 173).

Esta fala de Makarenko, retrata parte das dificuldades e ao mesmo tempo das facilidades, pois se por hora os alunos são inxeperientes, por outro lado são muito cheios de energia e motivados às inovações.

Dentre as facilidades de implementação iniciamos pela criação do Clube da Árvore Ecologia Nota 10, que foi um presente para todos os envolvidos, pois a receptividade das crianças à idéia de formar um Clube delas, somada à sua vontade de aprender brincando e participando das atividades práticas, trouxeram uma resposta imediata de forma positiva e eficaz.

O apoio inicial da diretoria da escola em confiar na seriedade do trabalho e dos projetos a serem desenvolvidos pelo Clube.

O interesse quase instantâneo das demais turmas e séries dos três turnos em participar do Clube e ajudar a escola através das atividades e projetos, passando inclusive a trazerem idéias em cascata para trabalhar de forma voluntária e extraclasse, superando as atividades propostas pelo Instituto Souza Cruz, fazendo com que o Clube passasse a ser uma entidade autônoma dentro da unidade escolar.

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Figura 23. Passeios culturais Figura 24. Passeios de lazer

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

O respeito crescente pelas atividades e materiais do Clube, tanto pelos adultos como pelas crianças e jovens envolvidos ou não da comunidade local, gerando um clima de cumplicidade e companheirismo entre os alunos e destes com os professores.

A integração absoluta de alunos que antes não participavam de nada relacionado a atividades extracurriculares, pelo incentivo dos convites dos colegas que os trazem à participação espontaneamente.

A força de vontade das nossas crianças e jovens em cuidar da escola e promover eventos culturais para saúde sociocultural de nossa comunidade escolar, etc.

  • O reconhecimento por parte da comunidade, empresas, comércio local e de entidades políticas municipais, no apoio com patrocínios, concessão de locais para utilização, doações, etc.

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Figura 25. Gravação de CD Figura 26. Palestras de Educação Ambiental

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

Um aspecto de extraordinária importância em nosso trabalho consiste em que ele deve ser inquestionavelmente útil. Estamos obrigados a educar o cidadão que nossa sociedade necessita. Em ocasiões diversas a sociedade apresenta este imperativo com muita impaciência e muita exigência: necessitamos médicos, engenheiros, torneiros, técnicos, etc. (ibidem. p. 95).

Sem dúvida as atividades e projetos desenvolvidos pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10 atendem aos anseios da comunidade e são de utilidade uma vez que surgem deles próprios não apenas as idéias, mas os recursos, o trabalho e o fazer com vontade.

Quanto às dificuldades de implementação, pode-se dizer que no início foi bastante difícil conseguir a participação de alguns, pela cultura de não valorização da escola, pelo descontentamento geral em função de uma reforma, que já se arrastava há quase quatro anos dificultando o trabalho dos professores, o aprendizado dos alunos, a administração da direção escolar e a própria limpeza e higiene das instalações pelos serventes, pois a precariedade de recursos nos diversos setores desanimava e o descaso das autoridades, levou a comunidade à acomodação e à apatia gerando a não preservação do pouco que ainda se dispunha.

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Figura 27. Janelas com vasos de flores Figura 28. Refeitório provisório

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

Aos poucos, através do Clube, os alunos passaram a mobilizar-se em enfeitar a escola com plantas e flores, cartazes e placas, murais informativos, painéis de arte, etc., mas ainda havia muita depredação por parte dos descontentes. Porém a insistência dos alunos conservacionistas foi recompensada pelo retorno, sendo que nota-se uma diminuição considerável dos atos de vandalismo e violência na escola.

Um dos piores males que o poder público vem fazendo a nós, no Brasil, historicamente, desde que a sociedade brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós correr o risco de, a custo de tanto descaso pela educação pública, existencialmente cansados, cair no indiferentismo fatalistamente cínico que leva ao cruzamento dos braços. "Não há o que fazer" é o discurso acomodado que não podemos aceitar... Como cobrar das crianças um mínimo de respeito às carteiras escolares, às mesas, às paredes se o Poder Público revela absoluta desconsideração à coisa pública? (FREIRE, op.cit., p. 50).

Com a retomada da reforma e com as novas instalações, apesar de ainda não concluídas, o ânimo voltou e até o clima de individualismo vinha sendo rompido através de projetos interdisciplinares propostos pelo Clube e pela sua participação e apoio a outros projetos e idéias de outros professores e disciplinas. Com isso observou-se uma melhora geral de relacionamento interpessoal nos diversos segmentos da comunidade escolar, que era o maior entrave ao aproveitamento geral dos conhecimentos a serem adquiridos através dos projetos.

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Figura 29. Feira de Ciências Figura 30. Folclore Quadrilha Caipira

Fonte: registros da pesquisadora Fonte: registros da pesquisadora

Mas essa melhora foi passageira. Ao final do ano letivo de 2004, por conta de boatos e atos de desconformidade com o sucesso do Clube até na mídia (Anexo VI), houve novo distanciamento de alguns professores, desinteressando-se em absoluto pelas suas atividades e projetos, ao ponto de gerar desavenças e um clima de desconfiança entre estes, direção da escola e direção do Clube, resultando na suspensão absoluta da atuação do Clube na escola em reunião de conselho de Classe.

Esta atitude veio de encontro ao descrito pelo próprio corpo docente da escola no PPP deste período, sobre a desunião entre a classe (Anexo VII).

Porém, após esclarecidas as situações, em junho de 2005, o Clube foi reativado, porém restrito à disciplina de Ciências e suas atividades limitadas ao cumprimento das tarefas do Instituto Souza Cruz apenas com a turma da sexta série. Como o mais importante é a participação dos alunos que gostam de ajudar a escola e aprender a respeitar as diferenças e trabalhos alheios, outros projetos foram então implementados na escola, procurando envolver outros professores e outras disciplinas.

As citações de Makarenko inclusas nesta parte do trabalho, sugerem semelhança no seu modo de atuar na pedagogia socialista com o modo como o Clube da Árvore Ecologia Nota 10 se desenvolveu na escola, sempre buscando formas de ajudar a comunidade e trazer atividades culturais e de lazer.

Quando ele fala que aos jovens falta talento, sua preocupação está relacionada à inexperiência de vida, mesmo que suas histórias sejam repletas de infortúnios e sofrimento. Os jovens não são dotados das vivências necessárias ao desenvolvimento natural das atitudes de iniciativa para a solução de problemas. Claro que a vivência dos jovens da Colônia Gorkiana, de Makarenko*, é muito diferente e bem mais organizada e puxada que as vivências das crianças e jovens do Clube, porém o desenvolvimento de tais habilidades também são possibilitadas nas atividades desempenhadas por eles uma vez que aprendem a ter que se organizar para programar suas ações e distribuir tarefas que vão desde um simples ato de aguar uma floreira até contabilizar lucros e administrar burocracias e materiais do Clube.

Quando ele fala que precisa-se preparar o cidadão que a sociedade necessita, leva à reflexão sobre a utilidade do trabalho do educador. De que satisfaça ao mesmo tempo que atendam às demandas de mercado até mesmo adiantaria educarmos nossos joves para serem todos astronautas? Claro que isso não significa que deva-se intervir na escolha de suas profissões, mas oferecer-lhes contato com o universo, de modo que conheçam a infinidade de possibilidades e dentro destas possam optar por algo que lhes para garantia de sua qualidade de vida e de sua família.

Barbara Vitale, diretora da Meta Inteligence Instituto de Nova York, diz: "Atitudes que estimulam a baixa auto-estima podem criar uma barreira intransponível no ensino. Seria como se a escola pudesse programar uma pessoa para fracassar" (RESENDE, op.cit., p. 67).

Esta cita nos remete à reflexão sobre estas desavenças e individualismos comuns entre a classe de professores, que infelizmente já é característico em boa parte das escolas públicas. Seria muito mais interessante, ao invés de preocupar-se em procurar os defeitos no trabalho alheio, tentar ajudar a solucioná-los de forma amigável, desinteressada, somente visando o objetivo geral da Educação, que é a _________________

*A colônia Gorkiana era chamada assim pelos próprios alunos de Makarenko, que identificaram com as histórias de Máximo Górki.

formação plena do educando e não apenas o bem estar do professor em não precisar preocupar-se além dos conteúdos de suas aulas.

O compromisso com a Educação, inclui doação por parte dos professores e demais profissionais da escola, e essa doação ocorre em amplos aspectos desde o tratar bem o seu aluno, até dedicar-se a eles fora de seu horário, se preciso e possível. É necessário boa vontade e companheirismo. Enxergar o aluno como alguém com quem convive-se às vezes mais do que com a própria família e por isso não podem ser considerados apenas como números de chamada ou de avaliações.

Encerra-se então mais este capítulo com mais uma fala de Makarenko, que foi um grande exemplo e o iniciador da pedagogia socialista.

O meu princípio fundamental (...) tem sido sempre exigir o máximo do educando e, ao mesmo tempo, tratá-lo com o maior respeito possível (MAKARENKO apud CAPRILES, op.cit., p. 154).

Todo educador deve interessar-se em conhecer os trabalhos e a história de vida deste Homem. Anton Semiónovitch Makarenko (Anexo VIII), ao criar a Pedagogia Socialista, pensou na igualdade entre os homens, na qualidade de vida e valorizou cada ser humano que passou por ele dessa forma. Como ser humano.

Suas principais obras foram: Poema pedagógico, O livro dos pais e Problemas da educação escolar, nas quais descreve toda sua vivência, experiência e lições, que sempre é preciso aprender na prática pedagógica de qualquer escola, de qualquer sistema educativo, de qualquer país, pois o ser humano é igual em qualquer parte do mundo nas necessidades sociais e educacionais.

Sugere-se ainda assistir ao filme de Nikolai Ekk (1931), O caminho da vida, baseado na experiência vivida pelos gorkianos, narrando a epopéia makarenkiana.

Através de suas obras, pode-se compreender os sentimentos das pessoas envolvidas em todos os aspectos do trabalho em prol da escola como referência à propriedade pública, da comunidade. E este sentimento torna-se responsável por motivar as pessoas a estimular sua criatividade e motivadas, buscar mais e mais formas de completarem-se enquanto seres sociais através da integração nas atividades e projetos desenvolvidos pelo Clube, de modo prazeroso, voluntário, rico e solidário.

5 – METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo apresentaremos de modo sistematizado os procedimentos adotados para esta pesquisa, segundo a metodologia científica.

Para Bueno (2004, acesso em 05/03/2005), a palavra METODOLOGIA é de origem grega com os seguintes significados: Meta: "ao largo"em torno de - Odos: "caminho" - Logos: "discurso, estudo"

Assim, a metodologia é o caminho pelo qual podemos chegar a um estudo lógico.

Quanto à pesquisa em si, para RUDIO (2002, p. 09), é um conjunto de atividades orientadas que busca um determinado conhecimento. Ela deverá ser organizada e sistematizada, valendo-se do método e da técnica de forma clara e sistematizada, por estar relacionada à realidade empírica.

Seguindo seus passos lógicos dentro destes conceitos, esta pesquisa realizou-se na Escola de Educação Básica Santa Catarina, de São Francisco do Sul – SC.

A E.E.B. Santa Catarina, já cinqüentenária, passou por diversas reformas, mas nenhuma que durasse tanto tempo e causasse tantos transtornos como a última, que ainda não acabou de fato. Embora já inaugurada, vários detalhes de acabamento ficaram pendentes. Por tanto tempo com a escola desarrumada e até perigosa na questão física, a comunidade escolar já não valorizava seu patrimônio e apenas a freqüentavam por falta de opção.

Isso gerava muita depredação ao ambiente escolar o que deixava ainda mais difícil a convivência no local. Os profissionais trabalhavam estressados e os alunos descontentes no meio da sujeira e desordem.

Ainda sem previsão de término da obra, surgiu por acaso, a possibilidade de formação de um Clube da Árvore com objetivos de preservação ambiental na escola por iniciativa de alguns. Logo se percebeu que a comunidade estava precisando de um estímulo para mudar esse quadro de descontentamento e melhorar as condições da escola de formas simples, mas com resultados rápidos e satisfatórios.

Os próprios alunos passaram a cuidar da escola em nome do Clube e diante da sua organização percebeu-se uma transformação de comportamento nos âmbitos tanto de cognição quanto de relações culturais.

Parecia que os alunos que se envolviam com as atividades do Clube, mesmo sendo extra classe, tornavam-se mais responsáveis e passavam a interessar-se mais não só pela escola como pelos estudos de forma geral.

Passou-se a registrar tudo que se relacionasse aos eventos e atividades do Clube para fins de organização, memória histórica, valorização dos feitos e aproveitando para promover um estudo sobre a influência das atividades e projetos extracurriculares no desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos alunos envolvidos.

Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa é analisar as atividades e projetos extracurriculares desenvolvidos pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10 na Escola de Educação Básica Santa Catarina nos anos de 2003 e 2004 e a percepção de sua influência no desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos educandos que participam.

Seus objetivos específicos são os seguintes:

  • Determinar quais são as atividades e projetos extracurriculares desenvolvidos pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10 da E.E.B. Santa Catarina nos anos de 2003 e 2004;

  • Determinar a percepção das influências no desenvolvimento cognitivo e sociocultural nos educandos participantes do Clube;

  • Comparar os rendimentos escolares dos alunos envolvidos nas atividades e projetos do Clube no ano de 2004 com de outros alunos não envolvidos.

Para chegar a estes objetivos, a pesquisa terá como orientação as seguintes questões a serem esclarecidas:

  • Que tipos de atividades e projetos foram realizados pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10 da E.E.B. Santa Catarina nos anos de 2003 e 2004?

  • Que tipos de influências podem ocorrer no desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos educandos envolvidos com as atividades e projetos extracurriculares do Clube?

  • O envolvimento dos alunos nas atividades e projetos desenvolvidos pelo Clube, influi no seu rendimento escolar?

A hipótese acerca dos resultados desta pesquisa é de que o envolvimento dos alunos em atividades e projetos extracurriculares pode influenciar de forma positiva na solução de problemas de ordem disciplinar, social, comportamental, de aprendizagem, de saúde geral, de integração social, de rendimento escolar, etc., em relação aos alunos que participam das atividades e projetos do Clube na escola.

5.1. Contextualização da pesquisa

Por ser a Escola de Educação Básica Santa Catarina, a maior da região e que recebe na maioria alunos do ensino médio, sua clientela é bastante diversificada nos aspectos sociais, econômicos e culturais e atende a crianças e jovens de todo o município.

Sua localização central facilita o acesso dos estudantes, porém, estes dependem de condução, o que dificulta para os alunos de baixa renda. A prefeitura municipal, que antes só oferecia vale transporte aos alunos do ensino fundamental, passou a oferecer aos que residem há mais de três quilômetros de distância da escola, que cursam o ensino médio também a partir de 2004, porém seus pais, dificilmente comparecem à escola, dada esta dificuldade de transporte.

Diante de tanta diversificação, os conteúdos são trabalhados, na maioria das vezes, de forma tradicional, descontextualizada para alguns e de forma multidisciplinar.

Os projetos interdisciplinares restringem-se a eventos como feiras culturais e de ciências, feira das nações, noite literária e eventualmente algum projeto promocional de cursos de capacitação, mas geralmente não envolvem todos os alunos da escola. Mesmo assim, os alunos trabalham de forma isolada em disciplinas isoladas, com professores à sua escolha somente na disciplina de interesse para o trabalho em questão.

Contudo, há participação da maioria dos alunos o que indica que os projetos agradam à comunidade, que comparecem para assistir e participar dos trabalhos nos dias que acontecem tais eventos.

O Clube da Árvore Ecologia Nota 10, desde que foi fundado, despertou grande interesse dos alunos em participar e gerou um movimento de atividades que foram avolumando-se em torno de projetos ambientais, culturais, educativos, de lazer, etc., pelo anseio dos próprios alunos de fazer algo mais e participar da escola.

Mesmo tendo alunos tão diferentes desde sua faixa etária até sua condição social engajados nas atividades, os projetos aconteciam e integravam as crianças e jovens cada vez mais dentro da escola. Assim, surgiu a possibilidade de se utilizar deste cenário educativo como fonte de pesquisa sobre a influência das atividades e projetos extracurriculares no desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos educandos que participavam do Clube. A pesquisa poderá beneficiar à comunidade escolar se trouxer resultados que ofereçam alternativas de melhoramento na qualidade de ensino e de educação através deste estudo.

A pesquisa foi realizada no período entre os anos de 2003 e 2004, na E.E.B. Santa Catarina, em São Francisco do Sul – SC, mais especificamente, sobre as atividades e projetos extracurriculares desenvolvidos pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10.

O universo da pesquisa corresponde a todos que participam das atividades de rotina da escola, sendo estes: diretores dois (2); funcionários sete (7); corpo administrativo onze (11); professores quarenta (40) e alunos novecentos e cinco (905).

O número de pais não é possível estimar, pois não são presentes no dia-a-dia da escola e esta não dispõe desta informação. No entanto, quatorze (14) pais de alunos, que eventualmente visitam a escola, participaram da pesquisa respondendo aos questionários e, portanto, foram contabilizados no seu universo, totalizando novecentos e setenta e nove (979) pessoas participantes da comunidade escolar.

O gráfico a seguir representa o universo da população pesquisada, correspondente aos membros da comunidade escolar da E.E.B. Santa Catarina no final do ano de 2004.

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Fonte: registros da secretaria da E.E.B. Santa Catarina.

A amostra desta investigação foi do tipo intencional seletiva por tratar-se de um estudo mixto, envolvendo analise quantitativa e qualitativa descrita durante a analise dos resultados de cada unidade de investigação no próximo capitulo.

5.2. Classificação da pesquisa

Trata-se de uma pesquisa básica descritiva, no período que compreendeu os anos de 2003 e 2004, sobre as influências das atividades e projetos extracurriculares realizados pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10, sobre o desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos educandos.

Sendo uma pesquisa descritiva, uma de suas características significativas está na utilização de técnicas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática, a fim de classificar, explicar e interpretar os fatos que ocorrem.

A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base pata tal explicação (https://www.monografia.srv.br/dicas/. Acesso em 05/03/2006).

O caso do Clube da Árvore Ecologia Nota 10, ao longo dos dois anos de sua existência e atuação, preocupou-se em organizar as formas de desenvolvimento das atividades e projetos e sua distribuição entre os participantes, a fim de que tudo acontecesse de forma natural, ordenada, organizada e significativa, não apenas para os envolvidos, mas para a própria instituição educacional. Dessa forma se pode manter registros de tudo, que serviram de amplas fontes de consulta para esta pesquisa.

Também utilizou-se de técnicas observacionais, pois tratou-se de uma pesquisa na qual a experimentação prática ocorreu de forma indireta através da execução das atividades pelos alunos e comunidade.

A pesquisa foi de ordem social, uma vez que interessou-se pelo desenvolvimento do educando enquanto ser intelectual e social. A pesquisa social é o processo formal e sistemático que, utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos conhecimentos.

Foi também uma pesquisa correlacional, ao estabelecer relação entre as variáveis do desenvolvimento cognitivo e sociocultural, como as séries dos participantes, suas idades, com as atividades extras desenvolvidas pelos educandos através do Clube.

A hipótese de que as atividades extracurriculares do Clube influem no desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos educandos, partiu da simples observação dos fatos. Trata-se de uma hipótese clara, específica, com referências empíricas, relacionada às técnicas disponíveis para pesquisa e à teoria já existente sobre o tema. Segundo estudos de grandes mestres da educação, a criança desenvolve-se segundo o meio social ao qual está inserida, portanto, atividades e projetos extracurriculares, deverão influenciar para seu desenvolvimento.

5.3. Descrição das técnicas, instrumentos e fontes da pesquisa

A pesquisa trata de um estudo de caso visando obter informações sobre as possibilidades de influência no desenvolvimento dos alunos, pela qual se utilizou dados extraídos de diversas fontes. Os instrumentos e técnicas foram classificados de acordo com os objetivos e as hipóteses da pesquisa, assim se obteve informações específicas de cada técnica aplicada e instrumentos utilizados.

A técnica utilizada foi a da observação e os instrumentos foram: questionários fechados com questões objetivas e discursivas e entrevista estruturada além de pesquisa documental a registros de matrícula, rendimento escolar e ocorrências disciplinares, fotos, filmagens e anotações sobre o desempenho dos alunos nas diversas atividades desenvolvidas pelo Clube na escola.

As fontes de consulta utilizadas para obtenção de informações foram: pessoas representantes de todos os segmentos da comunidade escolar; documentos de registros da secretaria e do serviço de orientação da Escola de Educação Básica Santa Catarina; documentos de registros de atividades do próprio Clube; fotos e filmagens do desenvolvimento das atividades do Clube da Árvore Ecologia Nota 10.

As informações que se buscou através de tais técnicas e instrumentos foram específicas sobre:

  • o conhecimento das pessoas sobre atividades, projetos e alunos atuantes do Clube;

  • percepção de mudanças e influências de comportamento, relacionamento e rendimento escolar dos alunos atuantes do Clube;

  • importância e experiências do Clube na escola;

  • freqüência de ocorrências disciplinares registradas em relação aos alunos participantes do Clube;

  • comparação do rendimento escolar entre os alunos participantes e os não participantes do Clube no final do ano letivo de 2004.

Tudo isto foi feito a fim de que os dados coletados pudessem ser relacionados de forma sistemática, lógica, empírica, redutora, e até mesmo replicável.

Ao final deste capitulo, há uma tabela que organiza as fontes de pesquisa, as informações obtidas, as técnicas e instrumentos utilizados, de modo que se possa ter uma visão globalizada e resumida da metodologia empregada, relacionando-os às informações que trazem.

Para aplicação de questionários no mês de outubro de 2004, foram distribuídos aleatoriamente quinhentos (500) questionários fechados com sete (7) questões objetivas e uma (1) discursiva, todas com espaço para complementação (Apêndice V), aos professores, corpo administrativo, funcionários, pais de alunos e alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, de turmas tanto participantes como não participantes do Clube da Árvore Ecologia Nota 10, da E.E.B. Santa Catarina, representando todos os segmentos da comunidade escolar, tendo sido retornados à pesquisadora:

  • 11 - de professores, corpo administrativo e funcionários;

  • 14 - de pais de alunos;

  • 218 - de alunos de turmas participativas nas atividades do Clube;

  • 87 - de alunos de turmas não participativas, sem contato direto e diário com a coordenação do Clube.

O número de questionários respondidos em relação ao universo da pesquisa soma um total de trezentos e trinta (330) entrevistados representando uma amostragem de 33% da comunidade escolar estimada em novecentos e setenta e nove (979) pessoas.

O baixo retorno dos questionários por parte dos professores e do quadro administrativo da escola, refletem a situação de desunião e falta de cooperação do grupo docente, segundo suas próprias concepções, conforme descrito por eles próprios no PPP da instituição (Anexo VII).

Sendo a comunidade, na maioria carente, o acesso dos pais à escola com freqüência é bem restrito, caracterizando pouca participação destes às atividades e eventos escolares em geral, justificando o baixo número de participação destes nos questionários aplicados. Para obter dados deste segmento da comunidade escolar, foram distribuídos alguns questionários a alunos do ensino fundamental, cujos pais são os mais presentes, mesmo que raramente, para que levassem a eles e lhes pedisse para responder e entregar de volta.

O número de alunos, no entanto, foi bem maior entre os participantes do Clube pela facilidade de contato diário com estes, ao passo que os não participantes, geralmente são alunos de outros professores, aos quais se dependia de horário disponível para aplicação do questionário.

Através do questionário se pode fazer uma pesquisa qualitativa acerca do trabalho desenvolvido pelo Clube dentro da escola à visão dos entrevistados que constituem maiores interessados em sua atuação. Pó outro lado, aproveitou-se os dados coletados através deste questionário para uma pesquisa também quantitativa sobre o volume de atividades desenvolvidas e de pessoas envolvidas.

Para Richardson (1999, p. 87)

(...) no método qualitativo, existe relação muito próxima entre pesquisador e informante, o que possibilita informações detalhadas; as inferências são superficiais, descrevendo-se em detalhe o concreto (...) No método quantitativo, as perguntas do questionário ou entrevista são formuladas clara e detalhadamente; mantém-se o anonimato do entrevistado para evitar distorção nas respostas; as definições são precisas e operacionalizam-se com indicadores específicos.

Obedecendo a esta metodologia, elaborou-se um questionário fechado que foi aplicado a representantes de todos os segmentos da unidade escolar, identificando apenas os segmentos que ocupam nesta comunidade, sem conhecer a identidade dos indivíduos.

Para cada questão elaborada, objetivou-se obter informações específicas conforme descrição das questões aplicadas a seguir:

Nas questões um, dois, três e sete do questionário, que tratam, respectivamente, sobre o conhecimento pela comunidade das atividades desenvolvidas, da colaboração, dos alunos participantes e da importância do Clube na escola, objetivou-se atender ao primeiro objetivo específico da investigação, o qual consistiu em analisar as atividades e projetos extracurriculares realizados pelo Clube na escola, conhecer respectivamente, o nível de popularidade das atividades desenvolvidas entre a comunidade escolar, o volume de pessoas que participaram alguma vez das atividades, a popularidade dos alunos voluntários do Clube na escola, a opinião da comunidade sobre a importância do Clube para a escola e suas razões.

Com as perguntas quatro e seis do questionário, que tratam da visão das pessoas sobre o fato de as atividades serem desenvolvidas extraclasse e sobre sua percepção sobre a influencia destas no rendimento escolar dos alunos que participam, se quis conhecer a opinião das pessoas sobre o fato de as atividades do Clube serem fora dos horários de aula regular, relacionando-a com o terceiro objetivo específico em relação ao rendimento escolar dos alunos envolvidos.

Na quinta questão deste questionário, tratando sobre a percepção sobre a influencia no comportamento e nos relacionamentos dos alunos que participam das atividades do Clube, se objetivou coletar informações acerca do segundo objetivo específico, relacionado ao desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos alunos envolvidos e conhecer a opinião das pessoas sobre os tipos de habilidades e conhecimentos que as atividades do Clube podem contribuir para o desenvolvimento do educando além das habilidades e conhecimentos proporcionados pelos conteúdos programáticos regulares.

A técnica da entrevista foi aplicada informalmente no final do ano letivo de 2004, algumas até mesmo por telefone, com os dois diretores da escola e com os sete funcionários da E.E.B. Santa Catarina, objetivando conhecer suas opiniões de acordo com suas observações, sobre as mudanças de comportamento dos alunos da escola, constituindo uma amostra exaustiva, uma vez que se obteve êxito na coleta de dados com todos os entrevistados propostos nesta etapa.

Finalizando esta unidade de investigação, na oitava questão, sobre a percepção de influência para o desenvolvimento de outras habilidades além das desenvolvidas em sala de aula, objetivou-se contribuir para reforçar o objetivo especifico pela busca de informação sobre a percepção de influência sobre o desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos alunos que participam das atividades do Clube na escola.

Para isto elaborou-se uma entrevista estruturada buscando informações acerca das observações dos entrevistados sobre as possíveis transformações no comportamento dos alunos, considerando diversos aspectos e critérios (Apêndice VI), tais como:

Na primeira parte da entrevista, foi elaborada uma única questão fechada com doze (12) itens objetivando respostas diretas como: Comportamento e educação em geral; Relacionamento interpessoal; Respeito aos professores e funcionários; Depredação de cadeiras e carteiras; Conservação de paredes e portas; Quebra de vidros das janelas; Lixo jogado pelo chão da escola; Higiene e conservação dos banheiros; Desperdício de merenda; Pratos e canecas de merenda espalhados; Demonstrações de atos de violência; Envolvimento e união em prol da escola. Procurando saber se:

  • Houve melhora;

  • Houve piora;

  • Não houve transformação significativa.

O objetivo desta pergunta foi relacionar as respostas dos entrevistados e suas opiniões acerca das possíveis transformações que tenham observado no comportamento geral dos alunos da escola, com as influências que as atividades do Clube possam exercer sobre estas transformações. Reforçando dados de informação para atingir o segundo objetivo específico da investigação acerca do desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos alunos por influência das atividades e projetos do Clube.

Na segunda parte da entrevista, elaborou-se uma questão aberta para coleta de opiniões dos entrevistados, sobre se consideram que as atividades do Clube exercem influência para a melhoria geral dos alunos da escola. Também objetivando coletar as opiniões dos entrevistados e relacionar com a hipótese de que as atividades do Clube possam exercer influências sobre o desenvolvimento dos educandos.

Também foram analisados registros documentais de rendimento escolar dos alunos objetivando atender ao terceiro objetivo específico da investigação fazer análise de dados puramente quantitativos e contínuos, trabalhando-se com duas amostras que formaram dois grupos passíveis de comparação por percentuais entre seus rendimentos escolares, relacionando-os à hipótese de influência das atividades do Clube sobre o desenvolvimento cognitivo dos educandos.

Os dados coletados foram extraídos das planilhas de registros de notas finais no mês de dezembro do ano de 2004 apenas, devido a rotatividade dos alunos na diretoria e nas atividades e projetos do Clube. Muitos já nem estão mais na escola e muitos novos alunos estão participando neste ano.

Para esta pesquisa foram selecionados dois grupos de dez (10) alunos cada. O primeiro grupo, formado pelos dez (10) alunos mais citados e reconhecidos como atuantes do Clube pelos entrevistados no questionário citado no item 5.3.1 deste capítulo, e o segundo grupo formado por dez (10) alunos sorteados entre turmas com as quais a coordenação não trabalha e convive diretamente.

O primeiro grupo constituiu uma amostra conglomerada na qual se elegeu somente os dez (10) alunos mais citados e reconhecidos como atuantes entre os alunos que participam do Clube e o segundo grupo constituiu uma amostra aleatória, pois foram sorteados alunos de turmas diversas e que não atuam nem participam das atividades do Clube na escola.

Foram coletadas as médias anuais de cada aluno dos dois grupos e de todas as disciplinas cursadas, com as quais se calculou uma média geral anual para cada aluno, primeiro individualmente e depois por grupo, atribuindo uma média geral de rendimento escolar para cada um dos dois grupos analisados.

Para a análise com base nos registros de ocorrências disciplinares, foram analisados os materiais de registros de ocorrências de posse do serviço de supervisão e orientação escolar da E.E.B. Santa Catarina, ao final do ano letivo de 2004, contendo os registros de ocorrências disciplinares dos alunos da escola deste mesmo ano apenas, pois não há arquivamento de anos anteriores.

Verificou-se os alunos envolvidos e seus turnos, séries e turmas, relacionando os alunos citados nos registros, à participação nas atividades do Clube tendo em conta que:

(...) em estudo sobre personalidade, atitudes e comportamentos que empregam a metodologia do estudo comparativo causal para investigar as causas que determinam as condições atuais, há necessidade de informações mais detalhadas sobre aspectos biográficos, relações mantidas entre os membros da família e com outros grupos de referência (...) Com relação a particularidades que dizem respeito aos problemas mencionados, ressalte-se que a dimensão qualitativa que envolve tais problemas não permite apenas tratamento exclusivamente estatístico, mas um tratamento de caráter qualitativo no qual tanto o comportamento como as atitudes dos indivíduos são analisados num contexto mais amplo, para aprofundar a explicação das relações descobertas. (idem. p. 74).

Assim, buscou-se obter informações sobre as particularidades dos alunos e fez-se uma análise comparativa entre as freqüências de registros de ocorrências disciplinares do ano de 2004, verificando o aumento ou a diminuição de ocorrências ao longo do ano letivo.

Então os registros disciplinares foram analisados para relacionar as informações e os índices apurados à possibilidade de desenvolvimento dos alunos também por influência da sua participação nas atividades e projetos extra curriculares do Clube e de sua própria atuação enquanto entidade educativa dentro da escola, conforme o segundo objetivo específico acerca do desenvolvimento sociocultural dos alunos.

Para a análise com base nos registros documentais das atividades do Clube, procedeu-se como se segue:

Em janeiro de 2005, com o Clube já desativado, analisou-se todos os registros de atividades e projetos (Apêndice II), que descrevem individual e detalhadamente todas as informações sobre os participantes, período, objetivos, metodologia utilizada e resultados obtidos, de cada atividade desenvolvida pelo Clube.

Parte do estudo se fez através da análise dos registros do Clube da Árvore Ecologia Nota 10, de onde se extraiu dados referentes às atividades e projetos desenvolvidos pelos seus integrantes buscando as seguintes informações:

  • Número e tipo de atividades e projetos desenvolvidos;

  • Número, idade e série dos alunos voluntários;

  • Tempo e grau de envolvimento dos alunos nos projetos;

  • Grau de integração entre os participantes;

  • Outros atores de outros seguimentos da comunidade escolar envolvidos.

Esta análise se realizou para verificar nesta etapa, os tipos de atividades e projetos extracurriculares desenvolvidos pelo Clube na escola, suas modalidades, durabilidade, procedência, abrangência, relevância, alunos e outros voluntários participantes e suas séries e idades, para relacionar com a possibilidade de sua influência na transformação cognitiva e sociocultural dos educandos envolvidos, atendendo ao primeiro objetivo específico sobre os tipos de atividades e pessoas envolvidas com o Clube da Árvore na escola.

Na análise com base nos registros visuais das atividades do Clube, utilizou-se da técnica da observação simples na análise de fotografias e filmagens das atividades desenvolvidas pelo Clube durante sua atuação nos anos de 2003 e 2004. A análise foi feita em janeiro de 2005, após a desativação do Clube.

O objetivo desta etapa da pesquisa foi reconhecer os alunos mais presentes nas imagens e comparar seu comportamento, fisionomia, oralidade e desenvoltura desde as primeiras até as últimas atividades registradas, relacionando-as ao primeiro e ao segundo objetivos específicos em relação às atividades e ao desenvolvimento dos alunos, respectivamente. Na tabela abaixo, pode-se visualizar um resumo claro de todas as técnicas e instrumentos utilizados na investigação.

Tabela 1. Organização das fontes de pesquisa

FONTES

TÉCNICA

INSTRUMENTOS

INFORMAÇÃ.ES

Diretores(2), professores

(9), alunos(305), pais(14) e funcionários(2) da UE

Enquete

Questionário fechado com 7 questões objetivas e 1 discursiva com espaço para demais comentários.

Conhecimento sobre atividades, projetos e alunos atuantes, influências de comportamento, relacionamento e rendimento escolar, importância e experiências do Clube na escola.

Diretores(2) e Funcionários(7)

Enquete

Entrevista estruturada com 13 questões objetivas.

Observação de mudanças de comportamento dos alunos em geral para melhor, pior ou nenhuma mudança.

Registros de rendimento escolar dos alunos

Análise Documental

Planilha de registro de notas da secretaria da escola,

Média anual de 2004 de alunos atuantes e de alunos não participativos do Clube.

Registros de ocorrências dos alunos

Análise Documental

Material de registros de ocorrências com alunos da escola, das orientadoras educacionais.

Freqüência de ocorrências registradas em relação aos alunos participantes do Clube.

Registros de atividades do Clube

Análise Documental

Material de registros e documentação do Clube

Tipo e volume de atividades; número, série e idade dos alunos envolvidos.

Registros visuais das atividades desenvolvidas

Observação

Fotos e filmagens

Grau de desenvoltura, integração e participação dos alunos.

Fonte: documentos de registro do Clube e da secretaria da E.E.B. Santa Catarina.

6 – RESULTADOS OBTIDOS

Este capítulo descreve cada passo da pesquisa realizada, discutindo os resultados obtidos, procurando expor de forma ordenada os dados coletados, conforme a aplicação dos instrumentos e técnicas selecionados para alcançar os objetivos deste trabalho de investigação.

Do universo da investigação, entre professores, funcionários e corpo administrativo, somente onze (11) retornaram os questionários respondidos. Dos alunos obteve-se um retorno de trezentos e cinco (305) questionários respondidos, sendo duzentos e dezoito (218) de alunos pertencentes às turmas participantes do Clube e oitenta e sete (87) de alunos das turmas não participantes do Clube.

Apesar das dificuldades de acesso aos pais, pois estes não costumam freqüentar a escola, obteve-se, quatorze (14) questionários respondidos de pais de alunos, que eventualmente aparecem na escola, totalizando um número de trezentos e trinta (330) pessoas participantes diretas da pesquisa constituindo uma amostra de 33% da comunidade pesquisada.

6.1. Análise dos resultados dos questionários

De acordo com o questionário aplicado em outubro de 2004, fez-se a análise dos resultados obtidos de cada questão, conforme descrição que se segue:

Acerca da primeira pergunta sobre o conhecimento das atividades e projetos desenvolvidas pelo Clube da Árvore Ecologia Nota 10, obteve-se o seguinte:

As atividades e projetos realizados pelo Clube são divulgados através do Mural Geral e de visitas e convites em salas de aula, geralmente nos períodos matutino e vespertino e principalmente nas turmas em contato direto com a coordenadora em aulas normais. Porém, o turno noturno, no qual não há presença e atuação do Clube e da Coordenadora, a divulgação quase não ocorre senão em ocasiões especiais, nas quais voluntários se dispõem a vir divulgar e promover eventos organizados pelo Clube com a participação da comunidade. E estes voluntários são geralmente, alunos dos turnos matutino e vespertino, dificilmente há participação de pessoas do corpo docente, administrativo ou mesmo de funcionários da escola.

Tabela 2. Conhecimento das atividades do Clube

ENTREVISTADOS

AMOSTRA

Conhecem

%

Não conhecem

%

Prof. CA. Func.

11

11

3,3

0

0,0

Pais de alunos

14

13

3,9

1

0,3

Turmas particip.

218

178

53,9

40

12,1

Turmas não partic.

87

57

17,2

30

9,0

TOTAL

330

259

78,4

71

21,5

Monografias.com

Nas quatro categorias pesquisadas, observou-se conhecimento das atividades do Clube pela maioria das pessoas. Na maioria dos questionários analisados foram citados um mínimo de três (3) atividades diferentes conhecidas, observa-se, portanto, que o alcance do Clube entre a comunidade escolar tem sido satisfatório embora muitos entrevistados, principalmente entre os pais e alunos que não participam por não ter muito contato com a coordenação, escreveram solicitando mais divulgação para oportunizá-los a participar e palestras para que fiquem sabendo melhor sobre o Clube e suas atividades.

Com respeito à segunda pergunta sobre a colaboração com as atividades e projetos do Clube da Árvore Ecologia Nota 10, obteve-se que:

Qualquer membro de qualquer seguimento que faz parte da comunidade escolar pode participar das atividades e projetos extracurriculares como voluntários e conforme as normas do Clube, os alunos regulares devem exercer as atividades nas quais se engajarem em horários extraclasse ou se necessário, em horário de aula, desde que com liberação e aprovação expressa do respectivo professor da disciplina do momento, pois um dos objetivos do Clube é promover o voluntariado, sem que isso atrapalhe a vida estudantil dos alunos.

Tabela 3. Participação com as atividades e projetos do Clube

ENTREVISTADOS

AMOSTRA

Colaboram

%

Não colaboram

%

Prof. CA. Func.

11

8

2,4

3

0,9

Pais de alunos

14

6

1,8

5

1,5

Turmas particip.

218

150

45,4

71

21,5

Turmas não partic.

87

23

6,9

64

19,3

TOTAL

330

187

56,6

143

43,3

Monografias.com

Mesmo entre os que não têm contato direto com a coordenação do Clube se obtém números significativos de indivíduos que buscam colaborar de alguma forma, demonstrando que as atividades desenvolvidas são atraentes às pessoas da comunidade escolar, principalmente aos alunos, despertando nestes o interesse e a vontade de colaborar e fazer parte do Clube. Isso nos sugere influência no desenvolvimento sociocultural dos educandos, uma vez que demonstram interesse em participar das atividades da comunidade escolar através das atividades do Clube.

Na terceira questão, sobre o reconhecimento dos alunos que atuam pelo Clube, identificamos que os alunos que atuam mais ativamente pelo Clube, geralmente estão em contato direto com os seus respectivos professores, com os funcionários da escola, com os alunos da sua turma e das demais turmas do seu turno de estudos e eventualmente com alunos de turnos opostos, conforme a atividade que estejam desenvolvendo. Já com os pais, geralmente encontram-se somente em ocasiões de eventos que reúnem os membros da comunidade escolar, pois estes são pouco participativos e não costumam freqüentar a escola, em função da sua localização central, normalmente distante das residências, uma vez que atende alunos de todas as localidades do município, por ser a única escola pública que oferece ensino médio diurno e cursos técnicos de Magistério e Administração Comercial.

Tabela 4. Reconhecimento dos alunos ativos do Clube

ENTREVISTADOS

AMOSTRA

Sabem

%

Não Sabem

%

Prof. CA. Func.

11

9

2,7

2

0,6

Pais de alunos

14

11

3,3

3

0,9

Turmas particip.

218

150

45,4

68

20,6

Turmas não partic.

87

34

10,3

53

16,0

TOTAL

330

204

61,8

126

38,1

Monografias.com

Os alunos atuantes do Clube são reconhecidos por boa parte de todos os seguimentos da comunidade escolar pesquisada, que responderam, a maioria, que sabem quem são os alunos ativos do Clube, demonstrando que sua atuação desperta a atenção das pessoas, tornando-os populares entre os freqüentadores da escola.

A quarta questão trata sobre a participação dos alunos nas atividades do Clube de forma extraclasse. Os próprios alunos em assembléia decidiram pela execução das atividades relacionadas ao Clube de forma extraclasse para não prejudicar seus estudos e não provocar desconforto no relacionamento com os professores em geral. Mesmo nas aulas diretamente com a coordenadora do Clube, os assuntos são tratados rapidamente, se necessário, buscando não misturar atividades do Clube com as tarefas curriculares de forma a não prejudicá-las. Somente em casos de extrema necessidade, os alunos são autorizados pelos professores a ausentar-se da sala de aula em horário regular para executar tarefas do Clube.

Tabela 5. Participação extraclasse

ENTREVISTADOS

AMOSTRA

Opinaram Positivamente

%

Não opinaram

%

Prof. CA. Func.

11

10

3,0

1

0,3

Pais de alunos

14

8

2,4

6

1,8

Turmas particip.

218

162

49,0

56

16,9

Turmas não partic.

87

37

11,2

50

15,1

TOTAL

330

217

65,6

113

34,1

Monografias.com

Muitos demonstraram não ter compreendido o significado da questão deixando de opinar, mesmo assim, a maioria respondeu positivamente e os comentários dos que opinaram foram os melhores possíveis como nos exemplos a seguir: criativa; de alto nível de comprometimento; boa iniciativa da professora dando aos jovens oportunidade de participar e ser responsável; positiva; ativos; interessados; prestativos; cumpridores de suas tarefas; alegres, sentem-se importantes; bom que não perdem aula; solidários; ótimo; dedicados, ajudam com empenho, ajudam a escola, é até bonito de ver; que são capazes de realizar atividades divertidas e educativas, esses alunos terão mais habilidades do que os que só ficam em sala; trabalham por amor sem ganhar algo em troca; têm um aprendizado a mais, melhoram sua cultura e educação; unidos, se ajudam se divertindo, sempre em grupos produtivos; informativos, atenciosos, ficam mais ligados nos estudos; promovem a interação interclasses; ao invés de estarem nas ruas estão ocupados com atividades edificantes; preparação para a vida através do companheirismo; trabalhamos com muito gosto e organizados; ficam depois da aula; pode prejudicar os estudos se não souber conciliar; tudo que une os alunos é importante para o desenvolvimento pedagógico das crianças; os alunos gostam da professora e do que estão fazendo; etc. Todos os relatos demonstram reconhecimento das pessoas sobre a boa influência das atividades do Clube para as crianças e jovens que participam, o que novamente nos sugere também influência para seu desenvolvimento cognitivo e sociocultural.

A quinta questão sobre a percepção de influências no comportamento e/ou de relacionamento entre os alunos que participam das atividades do Clube, revelou que os alunos que se interessam em participar do Clube normalmente estão em constante atividade na escola, isso os leva a estar mais em contato com as pessoas e mais visados facilitando a observação de seu desempenho dentro da comunidade escolar e até mesmo fora das instalações da instituição de ensino. Mesmo que não sejam visados diretamente, seus trabalhos são percebidos ao ficarem expostos e à disposição de todos.

Tabela 6. Percepção de influências de comportamento e/ou relacionamento

Partes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7

ENTREVISTADOS

AMOSTRA

Percebem

%

Não percebem

%

Prof. CA. Func.

11

9

2,7

2

0,6

Pais de alunos

14

12

3,6

2

0,6

Turmas particip.

218

111

33,6

107

32,4



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