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Gestão institucional para a inclusão social na escola e na comunidade (página 2)

Lisete Maria Massulini Pigatto

Neste contexto, o trabalho avalia as Práticas Pedagógicas inovadoras desenvolvidas no Projeto Recreação e Cidadania. Percebe a eficácia da proposta na Gestão do Professor e consequentemente a qualidade na educação, pois as práticas pedagógicas favorecem a aprendizagem e a cidadania pró-ativa. Ajudam o aluno e a comunidade a desenvolver a sua autonomia, melhora a convivência e a participação social. Nos aspectos metodológicos trata-se de um estudo de caso, do tipo misto, de nível exploratório e descritivo. Atua numa linha de investigação sócio-educativa, por meio da pesquisa-ação. Percebe a escola como uma instituição potencial, capaz de favorecer o desenvolvimento da aprendizagem e da cidadania pró-ativa para a inclusão social de forma alternativa e interativa, inclusive na educação a distancia, pois permite a troca de experiências.

O trabalho justifica-se devido á mudança de paradigma educacional, que vai do método tradicional ao emancipador. Sendo que as escolas precisam adequar-se e os Professores necessitam de qualificação para atuar neste novo cenário. A proposta parte do contexto histórico e da legislação. Fundamenta-se na Teoria da Complexidade de Edgar Morin (2001), na Pedagogia da Consciência Crítica de Paulo Freire (1999), nos Saberes de Jacques Delors (1999). Apresenta uma análise institucional em busca da Educação Social. Na sua essência, visa á humanização e a emancipação, desenvolve princípios e valores para a ética e uma cultura de paz. O Projeto implantou na escola um método que aceita as vivências, o diálogo e a problematização para desenvolver, aprimorar o saber no intuito de que as pessoas consigam aprender a fazer, a viver e a conviver de forma mais saudável.

A experiência tem suas limitações, nem todos os Professores atuam como emancipadores e se comprometem com a proposta inclusiva, mas participam.  No entanto para se obter sucesso com este projeto, a gestão do Professor é imprescindível. Deve ser trabalhada de forma alternativa e interativa com qualidade. O Projeto apresenta bons resultados, promoveu a aprendizagem e a cidadania pró-ativa nos alunos, resgatou a confiança das famílias na escola. Tornou-se referencia pela ousadia em trabalhar com as práticas pedagógicas inovadoras, a Educação Fiscal e outros projetos concomitantemente. No intuito de que alunos e Professores possam ajudar as pessoas a desenvolver-se neste novo paradigma que requer cada vez mais informações e conhecimentos para o desenvolvimento das habilidades e competências para a transformação individual e coletiva.

O Projeto fundamenta-se na interação dos (as) alunos (as), Professores (as) e membros da comunidade interessados no assunto. O qual propõe a criação de Centros de Convivência nas escolas e na comunidade. De modo que as pessoas possam interagir por meio dos temas, das ações e das atividades educativas na sala de aula, nos ambientes de recreação natural e informatizado, nas oficinas convencionais ou de sensibilização. No intuito de que possam aprender a aprender, aprender a fazer e a conviver por meio de vivencias saudáveis, as quais partem das seguintes premissas:

·         O paradigma atual reconhece que a educação não se faz somente por meio do currículo formal, mas do informal e de tudo aquilo que vem ampliar os horizontes dos alunos, Professores (as), da comunidade escolar e da sociedade.

·         O protocolo para promover ações educacionais e a saúde mental, indica a escola e os centros comunitários como espaços idôneos para a aquisição de informações e conhecimentos sobre a Inclusão Social. Um lugar ideal para a aquisição de hábitos e atitudes para favorecer o desenvolvimento de uma convivência saudável.

·         A comunidade se constitui como uma organização social dinâmica. Que toma consciência das necessidades e potencialidades na medida em que desenvolve memórias á responsabilidade social de forma construtiva. Desse modo desenvolve uma cultura, um ensino ideal e uma educação de qualidade.

·         Os alunos e os membros da comunidade são agentes ativos capazes de difundir informações, conhecimentos, atitudes e condutas éticas. Comportamentos que contribuem para criar e desenvolver um ambiente social agradável, rico de significados. Os quais integram os conhecimentos científicos e populares.

·         O desenvolvimento de conceitos, conhecimentos, hábitos e atitudes são produtos indispensáveis para o desenvolvimento humano na sociedade. Sendo assim o esforço deve ser conjunto para desenvolver habilidades e competências. Integrar os setores educativos, a saúde, a escola e a comunidade para obter bons resultados.

Nesta perspectiva, o agir como educadores, estará de acordo com as concepções e idéias acerca de um processo ou de um fenômeno, que seja objeto de ação e interação. Assim investigam-se novas práticas pedagógicas, as quais se encontram intimamente ligadas ás necessidades apresentadas pela sociedade nesse espaço de tempo.  Até 1940 segundo Mortatti (2004) considerava-se uma pessoa alfabetizada aquela que soubesse ler e escrever o próprio nome.  A partir de 1950, por orientação da ONU e da UNESCO, a pessoa alfabetizada era a que tinha a capacidade de ler e escrever um bilhete. Atualmente temos milhares de analfabetos funcionais que não conseguem interpretar o que lêem. A partir destes dados formula-se a seguinte pergunta: onde está o problema? No aluno, no Professor, no sistema, na ordem ou na metodologia empregada.

Fundamentados nesses dados é que se desenvolve este trabalho. No contexto atual, a escola não pode mais educar apenas com cartilhas[7], organizando fonemas e grafemas de acordo com as dificuldades do aluno. E continuar atuando com métodos de marcha sintética - nos processo de soletração e silabação; ou na marcha analítica - com palavras e sentenças onde se priorizam estórias, frases e os nexos analítico-sintéticos conforme Mortatti (2000).  é preciso uni-las em sinergia, em projetos que unam a teoria e prática, para que demonstrem claramente o inicio, o meio e o fim da operação. De modo que os alunos tomem ciência de que existe uma ordem e um sistema regulador. Onde tudo se fundamenta numa lógica racional de organização, mas que também se encontra recheada de emoções e encantamento.  Isso é a vida e assim deve ser a escola, como um espaço de convivência saudável, onde possam exercitar a cidadania de forma alegre e divertida.

Ao trabalhar com Projetos, a escola desenvolve metodologias, caminhos para a aprendizagem de forma eficaz. Possibilita ao aluno sonhar e exercitar-se para as suas responsabilidades futuras como cidadão na sociedade. Nessa perspectiva, Libâneo (1991, p. 149) percebe no método "um conjunto de procedimentos que conduz a pratica e que depende da teoria." Na prática os métodos reducionistas[8] são mais simples e atuam no concreto. Na historia se tem vários exemplos de métodos reducionistas: o "Método Paulo Freire", o "Método Construtivista", e o "Método de Projetos". Reduzidos há receituários preenchidos com o senso comum, ou seja, crenças que vigoram porque são mais adaptados ao modo de vida difundido e organizado pelo sistema.

Sendo estes ideais para trabalhar com o ensino fundamental, pois permitem um feedback rápido e eficaz entre a teoria e prática. Desde que contemplem a aprendizagem de forma integral, se voltem para a realidade e os interesses do aluno. O artigo está organizado da seguinte maneira: identifica a qualidade na educação, o Projeto Recreação e Cidadania e a mudança de paradigma para a inclusão social. Seguida das considerações finais e das referencias bibliográficas.

A Qualidade na Educação

A Educação Emancipadora decorre do desenvolvimento das relações sociais Políticas, econômicas e culturais de forma contextualizadas, sendo que a sua gestão contribui para o fortalecimento da escola pública de qualidade. [9] Desse modo a escola de qualidade contribui com a formação dos alunos nos aspectos culturais, antropológicos, econômicos e políticos, para que possam exercer a cidadania com autonomia. Numa educação capaz de transformar a sociedade.

Sendo assim, a escola não pode mais atuar de forma convencional. O contexto encontra-se recheado de atrativos oferecidos pela tecnologia e requer uma nova instituição, capaz de oportunizar ao aluno aprendizagem e inclusão social. Portanto, não comporta mais o ensino meramente reprodutivista. Segundo Macedo (2000) a alfabetização tradicional, resultam de um viés positivista de pesquisa, no qual exalta o "rigor científico e o refinamento metodológico, enquanto a teoria e o conhecimento são subordinados aos imperativos da eficiência e da maestria técnica" (p. 86).

Sendo assim, as práticas de alfabetização excluem os contextos ideológicos em que são produzidas e ignora-se a "inter-relação entre as estruturas sociopolíticas de uma sociedade e o ato de ler" (Macedo 2000, p. 87). Práticas excludentes, que valorizam apenas o método e não os saberes. Contestadas por Morin (2001) quando aborda a complexidade na forma transdisciplinar dos fenomenos[10]. Onde salienta a necessidade da escola repensar os saberes e a nova dinamica mundial. O conceito de qualidade na educação prevalente nas Políticas Públicas Inclusivas. Precisa de alguns ajustes, mas possibilita humanizar e emancipar para desenvolver a Educação Social.

O Projeto Recreação e Cidadania

O Projeto Recreação e Cidadania[11] se desenvolvem na Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maya Bertoia, Santa Maria, RS, Brasil com alunos (as) da primeira a nona série. Coordenado pela Educadora Especial Lisete Maria Massulini Pigatto, conjuntamente com os (as) Professores (as). Tem como objetivo favorecer o desenvolvimento da aprendizagem e da cidadania pró-ativa para a autonomia, a participação, o autocontrole e a responsabilidade social. No intuito de encantar o (a) aluno (a), minimizar os índices de analfabetismo, a evasão e a repetência escolar.

Fundamenta-se na LDB 9394/96, no Estatuto da Criança e do Adolescente, nos Parâmetros Curriculares Nacionais e no Ensino Fundamental de nove anos. Aprovado pelo Projeto de Lei N º 11.274 (2006). Resultado de uma reivindicação antiga da educação popular conquistada primeiro com a Lei 11.114 (2005) que fixa o ensino fundamental aos seis anos. A aprovação ocorreu, de acordo com a análise da Comissão de Educação do Senado[12], pois "já havia uma prática bastante difundida, principalmente entre as famílias de maior renda, de antecipar o início da escolarização." Uma dívida histórica que vem sendo resgatada por meio da proposta de inclusão social.

O Projeto Recreação e Cidadania têm um desenho metodológico contextualizado, contemplado no Projeto Político Pedagógico da escola. O PPP foi instituído na instituição a partir da LDB 9394/96, em seu artigo 12 inciso 1º, diz: "Os estabelecimentos de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica". No intuito de promover um ensino ideal e levar qualidade a educação escolar. O PPP apresenta a visão, define ações para alcançar metas e objetivos. As quais expressam a prática pedagógica que se reflete nas relações sociais.

O Projeto justifica-se por ser um trabalho preventivo que permite ao aluno (a) aprender e vivenciar a sociologia na teoria e na prática. Trata-se de uma metodologia no processo de ensino aprendizagem que permite ao aluno aprender a lidar com as coisas sérias de uma maneira alegre e divertida. Constitui-se como uma experiência educativa que investigam: "as Contribuições da Metodologia Recreação e Cidadania no processo de ensino aprendizagem na Sala de Aula, nos Ambientes de Recreação e nas Oficinas." No intuito de inspirar a formulação de Políticas Públicas Inclusivas para que se desenvolvam na escola e na comunidade uma Educação Social de qualidade.

Nessa perspectiva o trabalho do (a) Professor (a) tem um papel relevante, não apenas no processo de ensino aprendizagem, mas na orientação e na condução da sociedade. Na operacionalização do projeto utiliza-se a Metodologia Recreação e Cidadania, a Gestão por Competência e a Educação Fiscal numa dimensão sociológica do Ter, como estratégia para trabalhar a integralidade do Ser humano. Realiza-se concomitantemente com os Projetos: Agrinho, Construindo a Nação, Educação Fiscal, Juniors Achievement e Vira Mundo que se integram, no intuito de alcançar os objetivos propostos e favorecer o desenvolvimento da inclusão social.

O Projeto Recreação e Cidadania fundamentam-se na Teoria Construtivista de Piaget (1973), na Sociointeracionista de Vygotsky (1994), na Teoria da Emoção de Wallon (1973), na Aprendizagem significativa de Ausubel (1980), na Pedagogia da Consciência Crítica de Freire (1999) e na Teoria da Complexidade de Morin (2001) Além da contribuição imprescindível de outros autores e atores sociais no desenvolvimento da metodologia no projeto. O Projeto visa desenvolver a cultura da Inclusão Social na escola e na comunidade, no intuito de minimizar as diferenças. Nos países desenvolvidos a inclusão ocorre de forma concomitante em todas as áreas. Uma dificuldade enfrentada pelos países em desenvolvimento, devido á falta de conscientização sobre a mudança de paradigma.

A escola contemporânea deve enfrentar este desafio, pois "tem como característica a substituição da educação intelectualista pela educação ativa." (Martins 1998, p.30) Tem o compromisso de instigar os alunos á re-elaborar as suas informações e conhecimentos de maneira a conformar princípios e valores contextualizados para a ética, minimizando o preconceito. Nessa perspectiva, almeja-se desenvolver uma sociedade inclusiva, capaz de contemplar os anseios da condição humana que é poder viver em paz e Ser feliz. Para isso necessita-se de oportunidades de socialização, educação, trabalho, emprego, ocupação e renda.  De modo que possam contribuir com o seu potencial de forma pluralista e democrática como reza a Constituição Cidadã de 1988.

Para isso elaboram-se Projetos como: Recreação e Cidadania, no intuito de reverter á dramática situação em que se encontra grande parte da população. Nessa perspectiva trabalham-se além da aprendizagem convencional, a cidadania pró-ativa, as relações humanas e a sua posição diante do mundo. O projeto aborda com acessibilidade a educação ambiental. Valoriza a Saúde como um direito de todos. A Pluralidade cultural, pois respeita á diversidade do patrimônio e dos povos.

Na orientação sexual, respeita a diversidade do comportamento humano. Garante a integridade e a dignidade do ser ao expressar as suas emoções, os seus sentimentos e os afetos. Desta forma vincula os temas transversais, aos conteúdos e á cidadania. De perspectiva ampla, os temas trabalhados traduzem as preocupações do país. Contemplam a ética, o meio-ambiente, a saúde, a pluralidade cultural, a orientação sexual, a educação & trabalho. O Projeto instiga o desenvolvimento de uma nova ética. Princípios que articulam o conhecimento a vida cidadã, formando hábitos e atitudes. Um novo pensar, uma nova postura diante da complexidade do mundo.

O Projeto fundamenta-se nas Diretrizes Curriculares Nacionais que "propõe um novo paradigma curricular em que se estabeleça um currículo em seu conceito mais amplo" (PNEF, 2005, p.33) A Inclusão Social trabalha com perspectiva e não com expectativa. A perspectiva extrapola o planejado, vislumbra o futuro, vai além das leis.  A Gestão por Competências[13] na escola contribui para desenvolver um ser humano capaz de estabelecer acordos e parceria (PIGATTO, 2007). De participar com co-responsabilidade, produzir, prestar serviços e amenizar as diferenças.

A dinâmica do projeto instiga a formação do autor, estimula o diálogo, a problematização, a pesquisa-ação. O projeto alcançou os seus objetivos, no trabalho que realiza concomitantemente com a Educação Fiscal, a qual se considera uma excelente estratégia para desenvolver a cidadania pró-ativa e promover a inclusão social. Devido a sua importância, percebe-se há necessidade de chamar a atenção das autoridades para a relevância social da proposta e a necessidade de formação de Professores para trabalhar com a inclusão social na escola e na comunidade.

O Novo Paradigma

A Teoria de Edgar Morin (1991) aponta a mudança de paradigma,  abandona o reducionismo[14] na investigação científica, e dá lugar á criatividade e ao caos.  Percebe o paradigma como um tipo de relação  de inclusao, conjunção, disjunção e exclusao. Onde "um paradigma privilegia certas relações logicas em detrimento de outras e é por isso que um paradigma controla a logica do discurso." (MORIN, 1991, p.162)laçma como ", acriticamente por meio de senso comum."ganha autonomia.oposta de trabalho e ao grupo  Segundo o autor, as teorias têm na sua essência a completude e também o seu contrário: a incompletude. A completude se defasa na dinâmica da história, ou se re-constitui e, por meio da sua outra essência, a incompletude, cria a renovação. Torna possível a perspectiva da inclusão social pelo acesso a diversidade. Viabilizam operações sociais, "que utilizam á lógica, são de facto comandadas por princípios "supralógicos" de organização do pensamento ou paradigmas, princípios ocultos que governam a nossa visão das coisas e do mundo sem que disso tenhamos consciência." (MORIN, 1991, p.15) Desenvolvem saberes.

Assim, um paradigma se desenvolve e não pode ser exterminado, pois é preciso, "observações, experiências nos núcleos teóricos, para que então possa acontecer o desabamento do edifício minado." (MORIN, 1998, p. 275) A tempos atrás, de acordo com o pensamento cartesiano acreditava-se que bastava ao Professor ter um método de trabalhodumodernizava a educaçãorola a logica do discurso.". Um paradigma superado, pois atualmente o Professor deve ser versátil, flexível, capaz de adaptar a sua metodologia, a proposta de trabalho ao grupo com o objetivo de obter bons resultados no processo de ensino aprendizagem.

Em virtude disso, a escola passa a trabalhar com projetos e ganha autonomia. Resgata a teoria, desenvolvendo novas metodologias para não cair no senso comum e na Pedagogia Tecnicista. Mesmo sem consciência do referencial teórico repassam o modelo de sociedade, "reproduzindo o que existe, acriticamente por meio de senso comum." (SANTOS)[15] De forma consciente ou inconsciente repassa o modelo de sociedade no intuito de melhora-la de forma dialética dialógica. Assim, salienta-se a inclusão social, como "uma ação que combate a exclusão social geralmente ligada a pessoas de classe social, nível educacional, portadoras de deficiência física, idosas ou minorias raciais entre outras que não têm acesso a várias oportunidades." [16] A Inclusão Social visa oferecer aos mais necessitados oportunidades de participar da educação e da distribuição de renda do País, dentro de um sistema que beneficie a todos e não somente uma camada especifica da sociedade. No intuito de inseri-los em todos os setores da sociedade.  Desse modo á inclusão social refere-se não apenas aos deficientes, mas a todas as diferenças, como: as de credo, crença, raça, condições econômicas e idades e outros. Sejam estas crianças ou idosos, com preferência sexual diversa. Favorecer a inclusão social tornou-se uma palavra da moda, que dá status e na escola virou progressão automática visando favorecer alunos com dificuldade de aprendizagem.

Na analise de Pedro Demo (2005), atualmente as crianças são empurradas para cima de qualquer maneira e logo alcançam as séries finais, mas ainda não conseguem ler e muitas vezes nem escrever. Assim como, famílias integradas no Programa Bolsa família, melhoram as condições materiais, mas dificilmente conseguem sair da situação assistida, pois não tem acesso a ações complementares para que possam superar-se. Nesta perspectiva questiona-se a prática atual da inclusão social. O pobre continua há margem do sistema, mudou apenas o modo de ver a pobreza, mas não o modo de como tira-los dessa situação dramática. Desse modo sugere-se o Projeto Recreação e Cidadania como uma alternativa, uma nova oportunidade com potencial para qualificar este grupo de pessoas que se encontram fora da escola, independente da idade. Trata-se de um método eficaz para trabalhar a Inclusão social na escola e na comunidade. Oferece uma gestão em condições para desenvolver a aprendizagem e a cidadania pró-ativa nos alunos com qualidade.

Considerações Finais

A Inclusão Social é uma proposta viável e instiga a qualidade na educação. Porem, se percebe a necessidade do Educador Especial como o Gestor da Inclusão Social, o qual deve atuar como um facilitador para que se desenvolva uma Política de Educação Social permanente. De modo que se contemple a todos com oportunidades de educação, trabalho, emprego, ocupação e renda. No intuito de ampliar os horizontes, minimizar as diferenças, para que não se mantenham no poder apenas os privilegiados. Desse modo se sugere a ampliação da oferta de Cursos de Educação Especial, bem como qualificação para os Professores que queiram trabalhar com essa proposta.

A Gestão Institucional para a Inclusão Social na escola e na comunidade trata-se de uma proposta metodológica simples, prática, eficaz e pode ser implantada em qualquer escola ou em lugares alternativos e interativos na comunidade. Requer muito diálogo, planejamento e um trabalho de equipe. Para isso necessita-se de três pontos de apoio: o Professor (a), o Educador Especial e o Psicopedagogo. - Onde o Professor atua na sala de aula de acordo com o seu planejamento e a sua metodologia. - O Educador Especial ou outra pessoa faz a gestão da Inclusão. O que é isso? Um planejamento feito no inicio do ano com todos os (as) Professores (as) de modo que atendam os objetivos do grupo. Nela se contemplam os temas de interesse, desde a Educação Fiscal, a saúde, a cultura e outros. Semanalmente, ou num período estipulado o trabalho é realizado pelo coordenador do projeto nas turmas com canto, dança, leitura, escrita, artesanato, associado á informática educacional. Vinculando os temas de acordo com o conteúdo e o nível de compreensão do (a) aluno (a) de forma sistematizada. Concomitantemente o Professor dá seqüência ao projeto na sala de aula, associando com o seu conteúdo. Os alunos com mais dificuldades são trabalhados de forma individualizada ou em pequenos grupos pelas alunas da Pedagogia e da Educação Especial. Um trabalho que pode ser feito pelo Psicopedagogo com as dificuldades de aprendizagem, em casos mais graves pelo Educador Especial ou outro especialista de acordo com o problema.

Os resultados tem sido surpreendentes. A proposta permite ao Professor trabalhar a teoria e a prática associadas, num trabalho de equipe. Ao vincular a teoria e prática, impede que o nível de abstração do Professor fique muito alto e que o aluno não consiga compreender a sua linguagem para aprender os conceitos e os conteúdos. O fato de lidar com o concreto possibilita confirmar a teoria e a certeza de que houve aprendizagem, fortalecendo a confiança na proposta educacional.

O Projeto Recreação e Cidadania têm ajudado os Professores na transição do Paradigma Tradicional em direção ao Paradigma Emancipador. A sair de uma educação fragmentada que visa apenas os conteúdos, do tipo cognitivista comportamental, para uma educação que visa a Inclusão escolar e social. No inicio os Professores ficaram com um pouco de medo devido á ousadia do projeto, mas atualmente tem aceitado a proposta com muita confiança  e determinação.

As Práticas Pedagógicas inovadoras apresentadas no Projeto de forma alegre, dinâmica e divertida despertaram muita curiosidade com relação ao saber. Percebe-se que os alunos vêem para a escola com mais satisfação, pois ali aprendem com alegria e prazer. A aprendizagem feita de forma alternativa, diversificada e interativa por meio da informática os torna cada vez mais autônomos e participativos, pois conseguem ampliar a sua visão de mundo. Gradativamente adquirem um certo autocontrole e noções sobre a responsabilidade social ao exercitar a cidadania pró-ativa na prática.

O numero de alunos, praticamente dobrou. Apesar das suas particularidades, percebe-se que paulatinamente, vem diminuindo o índice de evasão e repetência. As famílias voltaram a acreditar na escola, pois tudo o que se ensina está sendo utilizando na vida prática.  Na grande maioria os nossos alunos são filhos de coletores de resíduos  que vivem da coleta e da venda de sucatas, mas são pessoas que querem aprender para melhorar a sua qualidade de vida. O modelo está desenhado para atender alunos de forma geral, mas nada impede que seja utilizado a grupos específicos como: na Educação de Jovens e Adultos, na qualificação profissional de grupos que se encontram fora da escola, devido há falta de oportunidades e outros trabalhos alternativos para mulheres, idosos.

O Projeto Recreação e Cidadania têm o intuito de reintegrar as pessoas a sociedade por meio de novas oportunidades de educação, trabalho, emprego, ocupação e renda. De modo que possam incluir-se de fato e não apenas de Direito nas ações e nas atividades sociais. O projeto pode ser trabalhado de forma alternativa e interativa também com a educação a distancia. Para os Professores o trabalho pode ser feito em forma de grupos de apoio, com oficinas de sensibilização de modo que percebam a diferença entre a Educação Inclusiva e a Inclusão Social. No intuito de que identifiquem em que perspectiva pretende atuar. Apenas com a Inclusão Escolar ou com a inclusão social numa perspectiva mais ampla. De modo que os alunos consigam melhorar as suas condições de vida e os Professores atuem na escola com mais tranqüilidade e segurança neste novo paradigma. Associando o conteúdo formal ao informal com as vivencias contextualizadas.

Conclui-se que a Gestão Institucional para a Inclusão Social na escola e na comunidade requer qualificação de Professores. Planejamento e organização, de modo que se trabalhem os temas, as ações e as atividades educativas vinculando a teoria e a prática. No intuito de que se desenvolva uma cultura de Inclusão Social por meio de projetos que visam humanizar e emancipar.

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Autora:

Lisete Maria Massulini Pigatto

lisetepigattoaid[arroba]yahoo.com.br

outubro 2008

Lisete Maria Massulini Pigatto é Doutora em Ciências da Educação. Atua como Psicanalista Humanista, Educadora Especial na Rede Estadual e Municipal na Cidade de Santa Maria, RS. Tutora no Curso de Pedagogia EAD da UFSM.


[1] Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad2.pdf Acesso 08/10/2008.

[2] Silva, Edevaldo. 2003. Educação e qualidade. Disponível em: http://www.universia.com.br/html/noticia/noticia_clipping_hegc.html. Acesso 10 de outubro de 2008.

[3] Uma educação de qualidade visa á emancipação dos sujeitos sociais e não guarda em si mesma um conjunto de critérios que a delimite. é a partir da concepção de mundo, sociedade e educação esposada, que a escola procura desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes que irão encaminhar a forma pela qual o indivíduo vai se relacionar com a sociedade, com a natureza e consigo mesmo. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad2.pdf Acesso 08/10/2008

[4] Educação Emancipadora possibilita compreender a realidade, desenvolver habilidades e competências para atuar na escola e na comunidade. Conceito desenvolvido pela autora.

[5] Inclusão Social é um processo de emancipação que vai alem das Leis e favorece o desenvolvimento do ser humano na sua plenitude. Conceito da autora do Paper.

[6] Estigma - condição ou qualidade que traz reprovação social. (FERREIRA, 2001)

[7] Na análise crítica de Mortatti (2000), as cartilhas não são só disseminadoras de métodos, mas também de uma cultura, ideologia, modo de pensar, sentir, querer e agir, que "embora restrito aos limites de uma situação escolar, tende silenciosamente acompanhar estes sujeitos em outras esferas de sua vida pessoal e social" (p. 50).

[8] Exemplos de métodos reducionistas: "método Paulo Freire", o "método construtivista", e o "método de projetos" reduzidos a receituários preenchidos com o senso comum, ou seja, crenças que vigoram porque são mais adaptados ao modo de vida difundido e organizado pelo sistema, como se o Método, pelo título, equivalesse á Teoria pedagógica correspondente e substitui-se o termo "método" por "pedagogia" sem maiores preocupações com a teoria que envolve tais "métodos".

[9] Disponível em: Portal MEC - Sitio SEB

http://portal.mec.gov.br/seb Fornecido por Joomla! Produzido em: 10 October, 2008, 11:16. Acesso em 08 de outubro de 2008.

[10] O conceito de 'fenómenos' levou a uma tradição filosófica conhecida como Fenomenologia. Algumas personalidades de destaque nesta tradição: Hegel, Husserl, Heidegger e Derrida.

[11] PIGATTO, Lisete. 2007. A contribuição da metodologia recreação e cidadania no processo de ensino-aprendizagem com a educação fiscal  Disponível https://www.monografias.com/pt/trabalhos2/educacao-fiscal/educacao-fiscal2.shtml acesso em 20 de fevereiro de 2008.

[12] Senado da Republica. Folha on line (27/01/2006) Senado aprova duração mínima de nove anos para o ensino fundamental. Disponível em < http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u18306.shtml> acesso 04 dez 07.

[13] PIGATTO, Lisete. 2007. A contribuição da metodologia recreação e cidadania no processo de ensino-aprendizagem com a educação fiscal. Disponível

https://www.monografias.com/pt/trabalhos2/educacao-fiscal/educacao-fiscal.shtml. Acesso 20 fev 2008.

[14] O reducionismo é um recurso incorporado ao nosso modo de pensar, introduzido pelo princípio cartesiano de descontextualizar, simplificar, reduzir cada vez mais quando um fenômeno é complexo (DESCARTES, 1973). Uma pedagogia resulta da relação entre Filosofia, História, Psicologia, Sociologia, Antropologia, Política, Economia, ciências em geral, enfim, todo o conhecimento humano acumulado tornando-se um campo realmente complexo. Um campo de natureza transdisciplinar.

[15] Santos, Akiko. Referencias transdiciplinares para o Método de Projetos. Disponível Link Acesso 10/10/2008.

[16] Inclusão Social. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_social. Acesso 12/10/08.



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